Gazeta do Povo
O Brasil vive numa encruzilhada hoje. A bifurcação que se apresenta como escolha é clara: ou o país vai dar uma guinada à esquerda novamente, mirando nos exemplos da Argentina e da Venezuela, ou vai insistir com um governo de direita, com agenda reformista liberal.
Alguns pseudo-liberais chegam ao ridículo de fingir que ambos são igualmente antagônicos ao discurso liberal, sendo que Lula prega mais estado para tudo, enquanto Bolsonaro defende as privatizações e abertura comercial. Ser indiferente entre Mantega e Paulo Guedes é piada. Ignorar que os ministérios bolsonaristas possuem configuração técnica, enquanto Lula rateava cada posto como feudo político, é bizarro.
Não obstante, os "liberais" insistem nesse teatro patético. Alguns chegam a esconder muito mal seu esquerdismo patológico. É o caso de Carlos Góes, do Livres, que escreveu: "Você, centrista como eu, pediu para Lula mover-se ao centro. Ele chamou Alckmin para ser seu vice-presidente. Colocou Marina, Cristovam e, finalmente, Meirelles o seu palanque. Construiu a frente ampla que tanto queríamos. Agora, sejamos coerentes. É Lula, lá". [o descondenado chamou 'reforços' ao perceber que apesar das pesquisas que lhe dão mais de 100%, não vai ganhar.]
O liberal clássico João Luiz Mauad ironizou: "Esses 'liberais' do Livres nunca nos surpreendem". Guilherme Fiuza brincou também com a situação geral: "Segundo analistas, a frente ampla de Lula já conta com 8 ex-presidenciáveis, 9 ex-BBBs, 10 ex-mensaleiros e 11 ex-jornalistas, além do Ipec, do Datafolha, do Twitter Moments e do William Bonner. Se continuar crescendo assim, a frente ampla vai precisar alugar um auditório maior".
Tem até "conservador" pregando voto nulo, como se o ideal fosse se omitir diante das alternativas que se apresentam. Os "conservadores isentões" se colocam indiferentes entre Mensalão e governo sem escândalo, entre Mantega e Paulo Guedes, entre roubalheira nas estatais e privatização e lucros recordes das estatais.
Sentem-se limpinhos com essa omissão pecaminosa, ignorando que no Inferno de Dante o espaço reservado a tais pecadores não é nada confortável. Se o Brasil virar a nova Argentina, vão chorar, e ainda vão culpar Bolsonaro!
Rodrigo Constantino, colunista - VOZES - Gazeta do Povo