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quarta-feira, 21 de setembro de 2022

O pecado da omissão - Rodrigo Constantino

Gazeta do Povo

O Brasil vive numa encruzilhada hoje. A bifurcação que se apresenta como escolha é clara: ou o país vai dar uma guinada à esquerda novamente, mirando nos exemplos da Argentina e da Venezuela, ou vai insistir com um governo de direita, com agenda reformista liberal.

O típico "isentão" tenta criar uma falsa equivalência entre os dois polos da polarização. No quesito ética, criam a narrativa patética de que tanto Lula quanto Bolsonaro são corruptos, ignorando que o petista comandou o maior escândalo de corrupção do planeta, enquanto o atual governo segue sem qualquer caso comprovado de corrupção. Até Ciro Gomes admitiu: "O PT, se você deixar, bate a sua carteira". [até celulares já são roubados nos comícios do ladrão petista - com um detalhe: com algumas  dezenas de pessoas, na maior parte das vezes reuniões fechadas, com entrada  restrita aos devotos; 
- nos do presidente Bolsonaro, nas ruas e praças, acesso livre, e com milhares de pessoas, nada é furtado, quanto mais roubado. 
Oportuno lembrar que o criminoso petista criticou 'meninos' serem presos por roubarem celulares.]

Alguns pseudo-liberais chegam ao ridículo de fingir que ambos são igualmente antagônicos ao discurso liberal, sendo que Lula prega mais estado para tudo, enquanto Bolsonaro defende as privatizações e abertura comercial. Ser indiferente entre Mantega e Paulo Guedes é piada. Ignorar que os ministérios bolsonaristas possuem configuração técnica, enquanto Lula rateava cada posto como feudo político, é bizarro.

Não obstante, os "liberais" insistem nesse teatro patético. Alguns chegam a esconder muito mal seu esquerdismo patológico. É o caso de Carlos Góes, do Livres, que escreveu: "Você, centrista como eu, pediu para Lula mover-se ao centro. Ele chamou Alckmin para ser seu vice-presidente. Colocou Marina, Cristovam e, finalmente, Meirelles o seu palanque. Construiu a frente ampla que tanto queríamos. Agora, sejamos coerentes. É Lula, lá". [o descondenado chamou 'reforços' ao perceber que apesar das pesquisas que lhe dão mais de 100%, não vai ganhar.]

O liberal clássico João Luiz Mauad ironizou: "Esses 'liberais' do Livres nunca nos surpreendem". Guilherme Fiuza brincou também com a situação geral: "Segundo analistas, a frente ampla de Lula já conta com 8 ex-presidenciáveis, 9 ex-BBBs, 10 ex-mensaleiros e 11 ex-jornalistas, além do Ipec, do Datafolha, do Twitter Moments e do William Bonner. Se continuar crescendo assim, a frente ampla vai precisar alugar um auditório maior".

Tem até "conservador" pregando voto nulo, como se o ideal fosse se omitir diante das alternativas que se apresentam. Os "conservadores isentões" se colocam indiferentes entre Mensalão e governo sem escândalo, entre Mantega e Paulo Guedes, entre roubalheira nas estatais e privatização e lucros recordes das estatais.  

Sentem-se limpinhos com essa omissão pecaminosa, ignorando que no Inferno de Dante o espaço reservado a tais pecadores não é nada confortável. Se o Brasil virar a nova Argentina, vão chorar, e ainda vão culpar Bolsonaro!

Rodrigo Constantino, colunista - VOZES - Gazeta do Povo

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Doutor em cinismo - Augusto Nunes

 Revista Oeste

Advogado de bandidos irrecuperáveis ganha o prêmio reservado à frase mais cretina da década


Antônio Mariz | Foto: Divulgação/ Estadão Conteúdo
Antônio Mariz | Foto: Divulgação/ Estadão Conteúdo
 
Por ser amigo do presidente da República, o advogado Heráclito Fontoura Sobral Pinto recusou a vaga no Supremo Tribunal Federal que Juscelino Kubitschek lhe ofereceu no primeiro ano de mandato conquistado nas urnas. Contestada pela feroz oposição liderada por Carlos Lacerda, a vitória de JK em outubro de 1955 foi assegurada também pela mobilização de Sobral Pinto e outros juristas que, em defesa da Constituição e da vontade popular, destroçaram as vigarices urdidas por chicaneiros a serviço dos golpistas. Ao justificar a recusa, o convidado ponderou que a indicação para o STF poderia ser interpretada como um agradecimento do presidente, que havia apoiado “em defesa da legalidade presente, não em busca de favores futuros”.

Por ser amigo do presidente da República, o advogado Antônio Claudio Mariz de Oliveira mandou encomendar o terno azul-Brasília quando o impeachment de Dilma Rousseff era apenas um brilho nos olhos de Marcela Temer. Enquanto ganhava força o movimento que afastou o poste fabricado por Lula do gabinete que desonrou, Mariz caprichava na pose de ministro (da Justiça, de preferência, mas até da Eucaristia se “o Michel”, como se referia ao futuro presidente, topasse incluir a segunda alternativa no primeiro escalão federal). Três vezes preterido, acompanhou pelos jornais a passagem pelo ministério de Alexandre de Moraes, Osmar Serraglio e Torquato Jardim. Mas o sonho continua, sugere o que anda fazendo para tornar-se amigo de infância de Lula.

A última proeza de Mariz foi encerrar, em 27 de dezembro de 2021, o concurso instituído para premiar a frase mais imbecil da década. Os anos 20 estão em seu começo, mas nenhuma sumidade do ramo conseguirá ultrapassar a marca estabelecida, com apenas nove palavras, por esse colosso do Prerrogativas ajuntamento de bacharéis em direito que enxergam uma Madre Tereza de Calcutá no mais medonho serial killer de filme americano.  
O surto de cretinice já foi desmoralizado pelo ótimo Caio Coppolla em seu artigo de estreia nesta Oeste. Mas o vídeo que documenta o momento histórico irrompeu na internet quando eu estava longe, e peço licença para revisitar a noite do espanto.

Lula chefiou o maior esquema corrupto de todos os tempos. Mas a roubalheira estava consumada, o que que adiantou punir?

O rosto afogueado, o olhar de quem flutua sobre nuvens gloriosamente azuis, as pausas impostas pela busca exasperante da palavra certa — não faltaram sinais de que o orador cruzara a fronteira além da qual são permitidas quaisquer obscenidades retóricas. O ator Humphrey Bogart dizia que a humanidade está três doses abaixo do normal. 
 Não se sabe quantos mililitros foram necessários para que Mariz desandasse no surreal: “O crime já aconteceu. O que que adianta punir?”. 
 
Enfim abrira o coração o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, a referência imoral do Prerrogativas, o eterno candidato a ministro de qualquer coisa e, desde aquele momento, o autor da mais cretina frase da década. Bandido é coisa que Mariz conhece como poucos viventes. É respeitado por todos os corruptos da classe executiva pelo desempenho na guerra suja movida contra a Operação Lava Jato. Mas craque genuíno joga nas onze. Enquanto lidava com empreiteiros gatunos e assaltantes fantasiados de executivos, encontrou tempo para canonizar os assassinos Suzane von Richthofen e Antônio Pimenta Neves. 
A discurseira no jantar em homenagem a Lula foi uma declaração de amor à ladroagem vip. 
Mas seu trecho mais pornográfico resume uma tese que se estende a todas as ramificações da grande tribo dos fora da lei: se a norma legal já foi atropelada, castigar o atropelador é perda de tempo, mania de gente perversa.
 
Suzane, por exemplo, planejou a morte do pai e da mãe, que supervisionou acomodada num sofá da sala de visitas
A condenação da parricida vai acaso ressuscitar o casal? Não, não vai. Portanto, instalar numa cela essa jovem órfã é pura maldade. 
Sim, Pimenta Neves executou a ex-namorada com um tiro nas costas e outro na cabeça. 
Mas o que tira o sono de Mariz é a curtíssima temporada na cadeia do cliente que manteve em liberdade por dez anos recorrendo a rabulices de constranger o mais desinibido 171. 
Aos olhos do doutor, contudo, ninguém merece mais afagos do que a vitima da maior iniquidade produzida pela Justiça desde o surgimento do primeiro tribunal. 
Quando Lula foi para o xilindró, a Petrobras já fora saqueada (até havia recebido de volta algumas fatias do imenso produto do roubo). 
Os empreiteiros tinham embolsado o naco que lhes cabia, alguns até dormiram longas noites na prisão. 
Sim, Lula chefiou o maior esquema corrupto de todos os tempos. 
Mas a roubalheira estava consumada, o ex-presidente da República já fora deposto do comando da quadrilha pelos cruéis integrantes da Lava Jato. 
O crime já acontecera. O que que adiantou punir?

As nove palavras compõem mais que uma frase irretocavelmente cretina. Resumem uma tese grávida de originalidade, que pode desdobrar-se na mais revolucionária proposta do programa de governo do PT no campo da Justiça. 

Até agora, a menos que tenha sido capturado pela imaginação do ministro Alexandre de Moraes, nenhum brasileiro pode ser preso antes de cometer um crime. Mariz foi muito mais longe: se for assentado por Lula no Ministério da Justiça, e montar sua equipe com as sumidades do Prerrogativas (Prerrô, para os pais fundadores), não será preso mesmo alguém que resolver metralhar às 3 da tarde aquela multidão que circula pelas calçadas da Avenida Paulista e, em seguida, sentar-se no meio-fio para consumir em paz um saquinho de pipoca. 

Por falta de punidos, a população carcerária deixará de existir. Por se tornarem desnecessárias, as cadeias serão demolidas e os terrenos vazios, fraternalmente repartidos pelo MST e pelo MTST. O único problema é que o fim do risco de cadeia provocará o sumiço da freguesia que garante a sobrevivência dos milhares de advogados que ganham a vida tentando provar que todo culpado é inocente — e que não há pecadores no País do Carnaval.

Finalmente ministro, Mariz saberia o que fazer para poupar a categoria profissional do fantasma do desemprego. A frase campeã informa que não lhe faltam ousadia e criatividade. Some-se a isso o buquê de prerrogativas com cara de salvo-conduto e tudo estará pronto para a disseminação de cursos de reciclagem profissional. Instaladas nas sedes e subsedes da entidade, as escolinhas da OAB transformariam bacharéis desempregados em doutores na prática de crimes sem remorso, sem sustos e sem perigo de cadeia.

Leia também “A esperança venceu a vergonha”

Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Nome aos Bois

Atendendo a um pedido de amável leitor, postado nos comentários de 11 de fevereiro corrente, tenho a dizer:

A Constituição foi rasgada diversas vezes nos últimos tempos.

O “fatiamento” do impeachment foi o ato mais evidente.

Permitir a prisão de um réu antes do trânsito em julgado de sua sentença condenatória, é um regresso à barbárie. A Carta Magna consagra o princípio da presunção da inocência. Ignorá-lo, é admitir que os fins justificam os meios.
 

Admitir a criação de reserva “indígena”, com a expulsão de agricultores, brasileiros, de parte do território nacional, é tornar possível a criação de um enclave; embrião de um “Kosovo”, com perda de soberania e/ou de território. Por “coincidência” a dita reserva está sobre a maior mina de nióbio do mundo (alvo da cobiça estrangeira) avaliada, por baixo, em TRILHÕES de dólares (USD).

[Um pouco fora do Tema.
Incompetência autêntica ou esperteza ladina?
 Lobão quando era ministro das Minas e Energia não sabia diferenciar uma tomada elétrica de um focinho de porco.
Agora presidente da poderosa CCJ do Senado declara que anistia a caixa 2 é constitucional - uma demonstração da mais completa ignorância jurídica, haja vista que não havendo (pelo menos até a eleição passada) a tipificação penal da prática denominada 'caixa 2', os seus praticantes não estavam cometendo nenhum crime. o que torna desnecessário qualquer tentativa de anistiar o não crime.]
 
Quanto aos traidores, corruptos e mentirosos, apelo à inteligência dos leitores. A imprensa (canalha) e as redes sociais, todos os dias nos brindam com um elenco de nomes.  Os bandidos mais perigosos aparentam ser “bonzinhos”. Outros, menos hábeis e inteligentes, mentem e/ou se deixam pilhar em manobras desairosas.

Talvez haja em toda a classe política, umas raras aves peregrinas, sem mácula aparente. No entanto, no dia da fúria, os inocentes pagarão junto aos pecadores.


Por: Carlos Maurício Mantiqueira é um livre pensador. Transcrito do Blog Alerta Total