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quinta-feira, 16 de novembro de 2023

ONU se declara 'horrorizada' com operação israelense dentro do Hospital al-Shifa, em Gaza - O Globo

Conflito no Oriente Médio

Forças Armadas do país dizem que soldados entraram em 'parte determinada' do complexo

O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários disse estar "horrorizado" com a operação militar de Israel dentro do Hospital al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza, como parte da guerra contra o grupo terrorista Hamas. 
A ação, que começou na noite de terça-feira, quando o Exército israelense anunciou que entraria em parte do complexo hospitalar, também foi condenada por outras entidades internacionais, como a OMS e a Cruz Vermelha. 
 

Israel, por sua vez, alega que o Hamas mantém um centro de comando no local. Nesta quarta, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, confirmou a entrada do Exército no local e disse que "não há lugar em Gaza" que as Forças de Israel não consigam alcançar.

"Estou horrorizado com as informações sobre operações militares no Hospital al-Shifa de Gaza. A proteção dos recém-nascidos, pacientes, profissionais da saúde e de todos os civis deve ter precedência sobre todas as outras questões", escreveu Martin Griffiths, diretor do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), na rede social X (antigo Twitter). "Compreendo a preocupação dos israelenses em tentar encontrar a liderança do Hamas. Esse não é o nosso problema. O nosso problema é proteger o povo de Gaza do que está sendo feito contra ele".

O chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, concordou que "os relatos de incursão militar no Hospital al-Shifa são profundamente preocupantes". E alertou que a agência de saúde da ONU "perdeu novamente contato com o pessoal de saúde do hospital". O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, por sua vez, afirmou em comunicado que "está extremamente preocupado com o impacto para pacientes e feridos, profissionais da saúde e civis".

"Estamos extremamente preocupados com a segurança deles e de seus pacientes", escreveu Ghebreyesus na rede social.

Além das organizações internacionais, o Ministério das Relações Exteriores da Jordânia condenou a entrada das forças israelenses no al-Shifa como uma violação do direito internacional, especialmente da Convenção de Genebra, responsabilizando Israel pela segurança dos civis e do pessoal do hospital.

'Operação precisa e direcionada'

Em resposta às críticas, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, alertou mais uma vez que não há lugar seguro para os terroristas do Hamas, durante uma visita a base de treinamento das Forças Armadas de Israel, em Zikim. E disse que "não há lugar em Gaza" que o Exército não consiga alcançar, confirmando a entrada de soldados no Hospital al-Shifa. Nos disseram que não chegaríamos ao arredores da Cidade de Gaza e nós chegamos. Nos disseram que não entraríamos no [Hospital] al-Shifa e nós entramos. — disse Netanyahu, em um vídeo divulgado pelo seu gabinete, acrescentando: — Não há lugar em Gaza que nós não consigamos alcançar.

Nos corredores do complexo hospitalar, alto-falantes informavam, em árabe, ordens dos soldados israelenses aos pacientes: "Todos os homens com 16 anos ou mais, [coloquem] as mãos ao alto e saiam dos edifícios para o pátio interior para se renderem".Centenas de jovens saíram dos diferentes locais de serviço do imenso local, de acordo com um jornalista da AFP que presenciou o alerta.

Em uma publicação nesta quarta-feira na rede social X, o porta-voz das Forças Armadas de Israel, Daniel Hagari, reiterou que o Exército está realizando "uma operação precisa e direcionada contra o Hamas numa área específica" do complexo, salientando que Israel está "em guerra APENAS com o Hamas" e que continua "fazendo tudo o que estiver ao seu alcance para mitigar o risco para os civis". Hagari afirmou que as forças israelenses enviaram tradutores de árabe e pessoal médico para se unirem à incursão. Nesta terça-feira, o Exército disse que enviou incubadoras para bebês, após a morte de três recém nascidos prematuros no al-Shifa devido à queda de energia.

Segundo a ONU, o complexo hospitalar abriga cerca de 2.300 pessoas — entre pacientes, profissionais da saúde e moradores deslocados pelo conflito. Apesar das comunicações interrompidas na região dificultarem o acesso à detalhes sobre a extensão da incursão terrestre, estima-se que mais de 100 soldados israelenses tenham participado da ofensiva no al-Shifa, segundo uma fonte citada pela emissora britânica BBC.

Ainda de acordo com a reportagem, não se sabe o número de mortos e feridos na operação, embora o Escritório das Nações Unidas para Assuntos Humanitários (OCHA), citando o Ministério da Saúde do enclave palestino, aponte que 40 pacientes faleceram.

Testemunhas descreveram, nos últimos dias, condições horríveis dentro do complexo hospitalar, com partos realizados sem anestesia, famílias com escassez de comida ou água vivendo nos corredores e o fedor de cadáveres em decomposição.  
Uma vala comum foi aberta no local, onde já foram enterrados 179 corpos, informou na terça-feira o diretor do hospital, o médico Mohammed Abu Salmiya.

Ao menos nove bebês prematuros morreram depois que foram retirados de suas incubadoras por falta de energia elétrica, em consequência do cerco imposto por Israel desde 9 de outubro. Além disso, 27 pacientes que estavam no CTI morreram porque não tinham um respirador, segundo o Ministério da Saúde palestino, controlado pelo Hamas.

Troca de acusações

Durante anos, Israel afirma que o Hamas construiu um centro de comando militar por baixo do hospital, transformando os seus pacientes em escudos humanos. A Casa Branca destacou que fontes do serviço de inteligência americano corroboraram a afirmação israelense. Contudo, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, disse na terça-feira que os EUA — o aliado mais próximo de Israel — não queriam ver "um tiroteio num hospital onde pessoas inocentes, pessoas indefesas, pessoas doentes que tentam obter cuidados médicos que merecem sejam apanhadas no fogo cruzado".Para os palestinos, contudo, o centro é uma instituição civil, e qualquer papel como base militar foi veementemente negado tanto pela liderança do hospital, quanto pelo Hamas, que já pediu visitas de comissões de investigação internacionais.

A ministra da Saúde da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mai al-Kaila, citada pela agência de notícias palestinas WAFA, disse que as forças israelenses "estão cometendo um novo crime contra a humanidade, os médicos e os doentes". Al-Kaila afirmou ainda que Israel é "responsável pelas vidas dos funcionários do hospital, pacientes e as pessoas que buscam abrigo no al-Shifa". A ANP administra a Cisjordânia, mas não a Faixa de Gaza.

O braço político do Hamas acusa o Exército israelense de cometer "um crime de guerra e um crime contra a Humanidade". Em um comunicado nesta quarta, o grupo disse que "considera a ocupação [de Israel] e o presidente [Joe] Biden totalmente responsáveis pelo ataque do Exército israelense ao complexo médico de al-Shifa".

Para os críticos de Israel, o foco do país no hospital, que nas últimas semanas também tem sido um refúgio para milhares de moradores de Gaza deslocados, além de pessoas gravemente doentes, demonstra o que consideram ser um desrespeito pela vida palestina.

No dia 7 de outubro, o Hamas executou um ataque surpresa no sul de Israel que matou 1.200 pessoas, a maioria civis, segundo as autoridades israelenses. Desde então, o Exército israelense bombardeia a Faixa de Gaza diariamente. 
Mais de 11 mil palestinos morreram nos ataques, segundo o Ministério da Saúde palestino, a maioria civis.

A crise humanitária no enclave palestino tem se intensificado. A ONU, citada pela Ansa, alertou nesta quarta-feira que cerca de 70% da população de Gaza não terá mais acesso à água potável devido à falta de abastecimento de combustível.  

O produto não entra no enclave nos comboios de ajuda humanitária, porque Israel teme o seu desvio pelo Hamas. (Com AFP e New York Times.)

Mundo - O Globo