Um misto de chantagem, oportunismo e falta de responsabilidade jogou o
País no imponderável caos. Na boleia dos caminhões que travaram as
estradas Brasil afora um retrato dramático de quão frágil ainda segue a
nossa economia. Com o Governo acuado, nas cordas, refém de um Congresso
venal e a bordo de claras ambições eleitoreiras, havia muito pouco a
fazer. E o mergulho profundo numa espiral de anarquia e confrontos de
rua pareceu inevitável. O retrato desse descalabro foi mostrado ao vivo,
todos os dias. Produtores de laticínios e frigoríficos jogavam fora,
por incapacidade de escoar, milhões de litros e toneladas de mercadoria.
Os bloqueios infernizavam a rotina nacional.
Nem vans levando oxigênio
de uso hospitalar passavam. Postos abarrotados de carros à espera de
abastecimento. Aeroportos no limite do colapso aéreo. Ameaças de
escassez de suprimentos básicos em supermercados, armazéns e farmácias.
Sobrepreços e ágios de toda natureza. A bagunça virou tônica. O Brasil
experimentou dias de Venezuela. Não poderia ser diferente em um país
onde 70% dos fornecimentos dependem do transporte rodoviário. É de certa
forma inaceitável assistir a uma nação inteira refém de uma categoria. É
também inconcebível que um cartel de distribuidoras – os reais
articuladores por trás da paralisação – queira impor sua vontade,
arrancando vantagens setoriais às custas do sacrifício da população. De
outro lado, a política de reajustes dos combustíveis seguindo a variação
do dólar, como ocorre em boa parte dos mercados mundo afora, carrega
aqui um componente de injustiça. Cerca de 80% do consumo interno é
atendido via produção local e a paridade com a moeda americana não
deveria, por isso mesmo, servir de referência essencial. Nessa toada, o
valor do diesel, para ficar no caso mais emblemático, cresceu cerca de
50% no ano, diante de uma inflação irrisória, praticamente
inviabilizando a atividade de frete. O alerta sobre o perigo da situação
foi feito diversas vezes e de maneira antecipada, sem que respostas
eficazes e soluções saíssem.
Apenas diante da desordem instalada
autoridades trataram de dar agilidade às discussões. Faltou diálogo,
faltaram planejamento e negociação. Restou o confronto. No ringue do
combate o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, fez as vezes de imperador
que decreta de quem é a razão. Tratou de agir como dono do espetáculo.
Mostrou cara feia e falou grosso. Parecia se deleitar com os devaneios
do poder. Tal qual um César, de início somente admitiu discutir e
avaliar os impostos em uma semana. Ou os grevistas aceitavam o prazo ou
nada feito. Jogou literalmente querosene no fogaréu. Os articuladores
reforçaram as trincheiras. Em 23 estados e no Distrito Federal
quilômetros de fila eram formados por um comboio desgovernado, em
perigoso protesto. Tiros, pneus furados ou queimados, paravam os
motoristas à força. Diante do estrangulamento da malha rodoviária e da
iminência do desastre, Maia se viu na obrigação de recuar na sentença.
Perdeu a parada. Tratou o assunto à toque de caixa. Na verdade, o
Parlamento não fez o mínimo necessário do seu papel para barrar a
chantagem em curso.
Lideranças dos caminhoneiros exigiram o imediato
expurgo do PIS/Cofins até o final do ano, além da suspensão da CIDE. O
achaque ganhou força. O Senado capitulou. Teve de agendar às pressas uma
reunião na última sexta-feira para votar o tema. A Petrobras, de sua
parte, anunciou uma redução de 10% no preço do diesel, com duração de 15
dias. Era insuficiente para suspender o movimento. Pior: nas bolsas, as
ações da empresa voltaram a ser bombardeadas. O trabalho delicado e
competente de reerguer a companhia depois do desfalque gigantesco
praticado pela quadrilha petista enfrentava seu maior teste.
A fórmula
de correções diárias das tarifas de combustíveis tem que ser
inapelavelmente revista. Há severas distorções nessa política. O
problema da volta atrás é o perigo de recaída no modelo populista,
praticado na gestão Dilma, que quase quebrou a estatal. A bagunça
generalizada que se viu por esses dias demonstra, tristemente, que o
Brasil vai chegando arrebentado às próximas eleições. Existe um quase
conluio de forças contrárias a sabotar o empenho de alguns poucos para a
retomada do crescimento e normalidade de mercado. Não deveria ser
assim. O prejuízo dessa tática recai sobre todos – inclusive os
sabotadores. A armadilha e torcida que opositores fazem contra as
gestões de rearrumação propostas pelo governo, por exemplo, pode ter um
troco caro, cobrado nas urnas por quem não aguenta mais tanta
malandragem.
Carlos José Marques, diretor editorial da Editora Três
Foto: Marcos Bezerra/Futura Press
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
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sábado, 26 de maio de 2018
Fúria sobre rodas
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