Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador querosene. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador querosene. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Danem-se todos os Brasis - Revista Oeste

J. R. Guzzo

Lula e os petistas fazem de conta que estão altamente preocupados com as “políticas sociais”. Na verdade, não veem a hora de cair matando nas diretorias da Petrobras e do BNDES

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil 

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil 
 Pouco depois de ser declarado pelo TSE de Alexandre de Moraes e equipe como vencedor das eleições de 2022, o ex-presidente Lula disse que não iria criar “dois Brasis”, nem governar só para os que votaram nele. 
 Mas desde que falou está fazendo exatamente o contrário do que disse — ou, mais precisamente, não parou de montar um Brasil só para ele, no qual os 60 milhões de votos contabilizados em seu favor o autorizam a fazer tudo o que lhe der na cabeça daqui por diante, e os 58 milhões de votos de quem votou contra valem três vezes zero.  
Lula, na verdade, parece achar que foi eleito para o cargo de Deus [por essa ilusão o descondenado vai ter que brigar com alguns supremos ministros = só que por motivos óbvios os ministros supremos acham que foram escolhidos.] — e talvez nada mostre isso com tanta clareza, além das coisas que vem dizendo sem parar, quanto sua viagem para o Egito, onde foi assistir à mais uma dessas conferências mundiais sobre “o clima” que reúnem magnatas em busca de uma causa e não mudam um único milímetro no movimento de rotação da Terra. 
Lula, muito simplesmente e na cara de todo mundo, foi para lá num jatinho Gulfstream G600 do “Júnior da Qualicorp”. E quem é o “Júnior da Qualicorp”?  
É réu num processo penal por corrupção, lavagem de dinheiro e caixa 2, com delação premiada homologada no STF em 2020 pelo ministro Luís Roberto Barroso, justo ele. Quer dizer: o homem nem tomou posse ainda, mas já está assim.
 
Deveria ser o contrário, não é mesmo? Alguém que foi condenado pela justiça brasileira como ladrão, em três instâncias e por nove juízes diferentes, teria de ficar o mais longe possível de qualquer coisa que lembre corrupção — mas eis ele aí de novo, viajando de graça no jatinho do ex-dono de uma empresa de seguro-saúde enrolado até o talo com o Código Penal Brasileiro.  

Não é só a palhaçada de queimar, sozinho, 50.000 litros de combustível numa viagem particular em defesa do “meio ambiente.   (O jatinho do “Junior da Qualicorp” gasta cerca de 1.750 litros de querosene por hora de voo.) 

 Não está sendo diferente, aí, dos outros peixes gordos que foram salvar “o planeta” no Egito empesteando o ar com o dióxido de carbono de seus 400 aviões privados.  
É a promiscuidade com um tipo de gente do qual, francamente, qualquer presidente eleito deveria ficar longe. 
Mas Lula, pelo jeito, desligou a chave-geral do seu sistema de cautelas. É como se ele estivesse dizendo: “Sim, eu estou viajando de graça no avião de um sujeito acusado de corrupção. E daí? Eu sou o presidente do Brasil. Alguém vai reclamar de alguma coisa?” Ou então: “Qual é o problema, se os ministros do STF vão passear em Nova York com tudo pago pela empresa do João Doria?”.
À primeira vista, parece um desvario. À segunda vista, porém, a coisa faz todo o sentido. É simples: honestamente, alguém acha que o STF brasileiro, que desrespeitou durante anos a fio as leis e a Constituição Federal para devolver a Lula a Presidência da República, vai aceitar alguma denúncia de corrupção contra ele, de hoje até o fim da sua vida? Não vai. Por que raios, então, teriam lhe dado o presente que deram? O STF, no que foi a decisão mais ilegal de sua história, anulou as quatro ações penais contra Lula, incluindo as suas condenações por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.  
Não disse nada sobre culpa, provas ou fatos — anulou e pronto. Foi o passo decisivo para tudo o que veio depois. 
Se fizeram isso, e se deram bem, não dá para entender como deixariam Lula ser processado outra vez. 
Deixaram que fosse para a cadeia em 2018: não vão deixar de novo. 
Lula, na verdade, está mais garantido do que nunca — tem, agora, uma espécie de indulgência plenária para tudo o que fizer, ou um certificado prévio de absolvição. 
 
Da primeira vez que passou pelo governo, corria riscos e ainda tinha de tomar cuidado — e com razão, pois acabou condenado e passou vinte meses preso num xadrez da Polícia Federal em Curitiba.  
Agora não corre risco nenhum e não precisa ter medo de mais nada. A viagem no Gulfstream do “Júnior” pode estar sendo apenas a abertura dos trabalhos — vem aí, possivelmente, uma nova Idade do Ouro para tudo aquilo que você imagina. Se já está desse jeito hoje, sabe lá como vai estar depois que o governo estiver funcionando.

É como se ele estivesse dizendo: “Sim, eu estou viajando de graça no avião de um sujeito acusado de corrupção. E daí? Eu sou o presidente do Brasil

É o mesmo descaso em relação às escolhas que vão definir as questões essenciais da inflação, emprego, renda, crescimento, perspectiva de melhorar de vida essas que afetam diretamente a existência material do cidadão. 
O novo presidente, a esta altura, teria de ter mostrado um rumo para as decisões na economia; na verdade, teria de ter feito isso antes da eleição, para dar ao eleitor a oportunidade de saber no que estava votando. 
Mas não. Lula não falou nada antes, exigindo que votassem nele no escuro, e não está falando nada agora. Com metade do país contra ele, deveria prestar atenção no que faz; no mínimo teria de já ter dado dois ou três sinais de tranquilidade para os 58 milhões de brasileiros que queriam manter a situação econômica do jeito que estava — a melhor, por sinal, que o Brasil tem há décadas. 
Do jeito que está, não tranquiliza nem os que votaram nele, e nem os que votaram contra. 
Montou, ou deixou que montassem, uma geringonça inviável na sua pré-equipe econômica, onde um quer o contrário do outro e o público fica sem saber o que vai acontecer com o país. É uma mistura grossa de propostas ginasianas, pressões para repetir quase tudo que já deu errado, e uns nomes de gente que tem fama de competência, ou algo assim, para enfeitar o bolo com um glacê de “seriedade”.  
Não produziu até agora um átomo de coisa útil.

A discussão em torno disso tudo é cansativa; não há nenhuma hipótese de Lula, depois de toda essa encenação de “núcleo econômico de transição”, aceitar para ministro da Economia um nome que não queira e uma política econômica que não goste. Vai colocar lá exatamente o nome que escolher, e para fazer exatamente o que ele mandar. 
Danem-se, aí, a metade da população que votou por um país diferente do seu, os “moderados” que imaginam ter influência e as regras básicas da responsabilidade na gestão da economia — detalhes como inflação, estabilidade fiscal, necessidade de equilibrar despesa com receita. 
Ele vai fazer o que achar que atende melhor aos seus interesses; no momento, dá a impressão de julgar que o “radicalismo-esquerdismo” é o que vai lhe render mais proveito. Fala que a estabilidade é uma bobagem, que a sua obsessão é dar dinheiro público para os pobres e que “o Estado” tem de ser o dono de tudo, porque tem de fazer tudo. “Eu sei o que é bom”, diz. “Vou gastar o que for preciso.” O resto do que pensa e quer é parecido com isso.

Os liberais-civilizados-centristas, como acontece em 100% dos seus romances com Lula, o PT e a esquerda, estão muito desapontados com tudo o que têm ouvido. É cômico, mais uma vez. Quer dizer que eles acreditavam, mesmo, que teriam uma influência “moderadora” na área econômica? Parece que sim. Passaram os últimos quatro anos vivendo com a ideia fixa de “salvar o Brasil” de Bolsonaro, e acharam racional juntar-se a Lula em busca de um mal menor; a sua inteligência, cultura e outros méritos certamente seriam suficientes para lhes assegurar postos com poder de decisão no governo lulista. 

Não podia dar certo, obviamente, mesmo porque nunca deu; mas essa gente tem uma incapacidade de nascença para aprender com a experiência. 
O resultado é que já estão aí, chorando pelos cantos, arrependidos por descobrir que apoiaram um homem que não respeita o equilíbrio fiscal etc. Que surpresa, não? Como eles poderiam imaginar que aconteceria uma coisa dessas? 
Temos aí mais uma vez, então, os Henriques Meirelles e os Armínios Fragas, os Joãos Amoedos e as Elenas Landaus, mais os bilionários de esquerda etc. etc., resmungando que não era isso o que espera

É penoso, a esse propósito, ver economistas como Pérsio Arida e André Lara Rezende metidos com o “núcleo econômico” da equipe que prepara a “transição” para o governo Lula — ou, muito mais exatamente, prepara o seu próprio avanço sobre os empregos, as verbas e as outras comodidades que se abrem a partir de 1º de janeiro, em Brasília e do Oiapoque ao Chuí. 

Os dois parecem perdidos no meio desse bando, onde se leva a sério o MST e se admira o último congelamento de preços na Argentina, desta vez para 1.500 produtos. Não deveria ser assim: ambos já passaram dos 70 anos de idade, e seria normal esperar um comportamento adulto tanto de um como de outro. Mas estão fazendo, agora, o papel de conselheiros econômicos de um presidente que fala “nessa tal de estabilidade”, quer trocar metas de inflação por ”metas de crescimento” e diz que gasto público não é despesa, é “investimento” — sem dizer que tudo tem de ser pago em dinheiro do mesmo jeito, seja despesa, investimento ou o raio que for. 

Participaram dezoito anos atrás da elaboração do Plano Real, o mais bem-sucedido projeto da história econômica do Brasil. Hoje estão num dos 31 núcleos isso mesmo, 31 — da “equipe de transição”, ao lado da chefe de cozinha Bela Gil (que está no “núcleo de combate à fome”, acredite se quiser), do ex-jogador de futebol Raí, da “Janja” e o resto do angu de semicelebridades que habitam o ecossistema da esquerda nacional. Não vão mandar nem na portaria do Ministério do Índio.

É tarde para arrependimento, porém — arrependimento deveria vir antes do pecado, e não depois, quando já não adianta mais nada. O Brasil que os liberais-iluminados cobram de Lula é basicamente o Brasil de Bolsonaro, ou do seu ministro Paulo Guedes; para fazer o que queriam, seria melhor que todos eles tivessem tomado a opção exatamente oposta à que tomaram. 

Ficam agora falando de “PEC da transição”, [segundo a enciumada Landau a PEC do PRECIPITO.] piruetas para inventar dinheiro e outras fumaças. Para quê? A vida real de Lula e do petismo está em outra faixa de onda. Fazem de conta que estão altamente preocupados com a “governabilidade”, o orçamento federal e as “políticas sociais”. 
Na verdade, não veem a hora de cair matando nas diretorias da Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES e outras coisas essencialmente práticas lugares onde há dinheiro que não acaba mais, e onde se pode meter a mão já, com a proteção total do STF e multa de R$ 100.000 por hora para quem for protestar na rua. Lá não é preciso de PEC nenhuma, nem de reforma no orçamento, nem nada é correr para o abraço e para o cofre. Nunca houve tanto dinheiro no caixa das estatais: foram cerca de R$ 190 bilhões de lucro em 2021, o último ano com balanços fechados; em 2022 não será muito diferente
Usar essa montanha de dinheiro para pagar os “investimentos sociais”? Nem pensar. O dinheiro das estatais é para os amigos, e para os amigos dos amigos. A “política econômica”, o Brasil ou os “dois Brasis” que se arranjem. O Brasil que conta agora é o Brasil de Lula — e do “Júnior”.

Leia também “Os devotos da ditadura”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste

 

 

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Povo nas ruas e êxito em negociações externas pode, no mínimo, levar o Congresso a desistir de transformar nosso presidente em 'rainha da Inglaterra'

'Povo na rua não substitui articulação política' 

Deputados e senadores não vão se intimidar diante de uma falsa narrativa que tenta imputar ao Congresso, por exemplo, o atraso na reforma da Previdência

Pela segunda vez em pouco mais de um mês apoiadores do governo Jair Bolsonaro foram às ruas em sua defesa. Se no dia 26 de maio houve ruído quanto à pauta – inicialmente de confronto com Legislativo e Judiciário, para depois passar por um “retrofit” e tirar seu caráter autoritário –, desta vez desde sempre se fixaram duas linhas-mestras: apoio à Lava Jato e a Sérgio Moro e à reforma da Previdência. Mas qual o efeito concreto que esse apelo recorrente ao povo na rua pode ter? [povo na rua não substitui a articulação política - sobre isso nos manifestamos, aqui, com as limitações de nosso amadorismo de escriba; 
Mas, POVO NAS RUAS, somado a governo exitoso em importantes acordos comerciais internacionais - que a maldita esquerda, via lulopetismo, tentou sepultar durante 13 anos de (des)governo, Temer iniciou o recomeço e foi sabotado por aquele ex-chefe da PGR, e nosso presidente JAIR BOLSONARO agora aparou as arestas e deu o ARREMATE FINAL - mais o fato de tudo indica estar se livrando das interferências dos aspones (dos familiares e/ou do ex-comunista, filósofo de fancaria e aiatolá de Virginia) aumenta a força do PODER EXECUTIVO e leva Maia e Alcolumbre a desistirem de transformar o Bolsonaro em 'rainha da Inglaterra'.]
É claro que congressistas e mesmo ministros do STF não são impermeáveis à pressão popular. Muito provavelmente o apoio a Moro e à Lava Jato contou de alguma forma para que a Segunda Turma do Supremo não soltasse Lula com base em uma liminar sem analisar o mérito do habeas corpus de sua defesa, o que jogaria querosene no paiol da manifestação deste domingo. Mas é pouco provável que palavras de ordem sejam definidoras quando os ministros forem analisar a suspeição de Moro. A Segunda Turma vai esperar a fotografia concreta dos vazamentos do The Intercept Brasil e, então, decidir se alguns atos da Lava Jato devem ser revistos. [esses vazamentos do intercePT,  só alguns devotos do Lula ainda lembram deles, além de serem frutos de ação criminosa, não tem sua autenticidade comprovada - são 'o escândalo que encolheu', ou  o 'tiro que saiu pela culatra', ou 'tiro no pé' ou 'deu chabu'.]

Da mesma maneira, o apelo à voz rouca da rua não exime o governo de fazer a articulação política em que vem fracassando há seis meses. Deputados e senadores não vão se intimidar diante de uma falsa narrativa que tenta imputar ao Congresso, por exemplo, o atraso na reforma da Previdência. Há uma tentativa de submeter os demais Poderes mantendo as ruas aquecidas. Mas o apoio a Bolsonaro, por mais que seja ruidoso, não é majoritário na sociedade, e as instituições são ciosas de suas prerrogativas. [as instituições incluem as FF AA e estas tem o DEVER CONSTITUCIONAL de sob a autoridade suprema do presidente da República e mediante solicitação de qualquer um dos Poderes, agirem na manutenção da Ordem Pública - assim, em caso de comoção intestina elas estarão obrigadas a intervir no restabelecimento da ORDEM e neutralização da causa dos distúrbios.] 
 
 


 

sábado, 26 de maio de 2018

Fúria sobre rodas

Um misto de chantagem, oportunismo e falta de responsabilidade jogou o País no imponderável caos. Na boleia dos caminhões que travaram as estradas Brasil afora um retrato dramático de quão frágil ainda segue a nossa economia. Com o Governo acuado, nas cordas, refém de um Congresso venal e a bordo de claras ambições eleitoreiras, havia muito pouco a fazer. E o mergulho profundo numa espiral de anarquia e confrontos de rua pareceu inevitável. O retrato desse descalabro foi mostrado ao vivo, todos os dias. Produtores de laticínios e frigoríficos jogavam fora, por incapacidade de escoar, milhões de litros e toneladas de mercadoria. Os bloqueios infernizavam a rotina nacional. 

Nem vans levando oxigênio de uso hospitalar passavam. Postos abarrotados de carros à espera de abastecimento. Aeroportos no limite do colapso aéreo. Ameaças de escassez de suprimentos básicos em supermercados, armazéns e farmácias. Sobrepreços e ágios de toda natureza. A bagunça virou tônica. O Brasil experimentou dias de Venezuela. Não poderia ser diferente em um país onde 70% dos fornecimentos dependem do transporte rodoviário. É de certa forma inaceitável assistir a uma nação inteira refém de uma categoria. É também inconcebível que um cartel de distribuidoras os reais articuladores por trás da paralisação queira impor sua vontade, arrancando vantagens setoriais às custas do sacrifício da população. De outro lado, a política de reajustes dos combustíveis seguindo a variação do dólar, como ocorre em boa parte dos mercados mundo afora, carrega aqui um componente de injustiça. Cerca de 80% do consumo interno é atendido via produção local e a paridade com a moeda americana não deveria, por isso mesmo, servir de referência essencial. Nessa toada, o valor do diesel, para ficar no caso mais emblemático, cresceu cerca de 50% no ano, diante de uma inflação irrisória, praticamente inviabilizando a atividade de frete. O alerta sobre o perigo da situação foi feito diversas vezes e de maneira antecipada, sem que respostas eficazes e soluções saíssem.

Apenas diante da desordem instalada autoridades trataram de dar agilidade às discussões. Faltou diálogo, faltaram planejamento e negociação. Restou o confronto. No ringue do combate o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, fez as vezes de imperador que decreta de quem é a razão. Tratou de agir como dono do espetáculo. Mostrou cara feia e falou grosso. Parecia se deleitar com os devaneios do poder. Tal qual um César, de início somente admitiu discutir e avaliar os impostos em uma semana. Ou os grevistas aceitavam o prazo ou nada feito. Jogou literalmente querosene no fogaréu. Os articuladores reforçaram as trincheiras. Em 23 estados e no Distrito Federal quilômetros de fila eram formados por um comboio desgovernado, em perigoso protesto. Tiros, pneus furados ou queimados, paravam os motoristas à força. Diante do estrangulamento da malha rodoviária e da iminência do desastre, Maia se viu na obrigação de recuar na sentença. Perdeu a parada. Tratou o assunto à toque de caixa. Na verdade, o Parlamento não fez o mínimo necessário do seu papel para barrar a chantagem em curso. 

Lideranças dos caminhoneiros exigiram o imediato expurgo do PIS/Cofins até o final do ano, além da suspensão da CIDE. O achaque ganhou força. O Senado capitulou. Teve de agendar às pressas uma reunião na última sexta-feira para votar o tema. A Petrobras, de sua parte, anunciou uma redução de 10% no preço do diesel, com duração de 15 dias. Era insuficiente para suspender o movimento. Pior: nas bolsas, as ações da empresa voltaram a ser bombardeadas. O trabalho delicado e competente de reerguer a companhia depois do desfalque gigantesco praticado pela quadrilha petista enfrentava seu maior teste. 

A fórmula de correções diárias das tarifas de combustíveis tem que ser inapelavelmente revista. Há severas distorções nessa política. O problema da volta atrás é o perigo de recaída no modelo populista, praticado na gestão Dilma, que quase quebrou a estatal. A bagunça generalizada que se viu por esses dias demonstra, tristemente, que o Brasil vai chegando arrebentado às próximas eleições. Existe um quase conluio de forças contrárias a sabotar o empenho de alguns poucos para a retomada do crescimento e normalidade de mercado. Não deveria ser assim. O prejuízo dessa tática recai sobre todos – inclusive os sabotadores. A armadilha e torcida que opositores fazem contra as gestões de rearrumação propostas pelo governo, por exemplo, pode ter um troco caro, cobrado nas urnas por quem não aguenta mais tanta malandragem.

Carlos José Marques,  diretor editorial da Editora Três

Foto: Marcos Bezerra/Futura Press
 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Portadores do homossexualismo no Rio estão igual a cachimbo: só levam fumo Defensoria Pública entra com ação de danos morais contra ex-secretário de Direitos Humanos do Rio



A instituição pleiteia o pagamento de indenização no valor de R$ 1 milhão após declaração sobre cura gay
- A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, por meio do Núcleo Especializado de Defesa da Diversidade Sexual e dos Direitos Homoafetivos (Nudiversis), ingressou nesta sexta-feira com uma ação de reparação de danos morais coletivos contra o ex-secretário estadual de Direitos Humanos, Ezequiel Teixeira. A instituição pleiteia o pagamento de indenização no valor de R$ 1 milhão a ser revertida em ações de promoção dos direitos da população LGBT no âmbito da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos. 

A medida foi motivada pela humilhação pública da comunidade LGBT, após declaração do Ex-Secretário em entrevista, em que manifestou ser favorável à chamada “cura gay” e comparou a homossexualidade à AIDS e ao câncer.

Além da indenização, a Ação Civil Pública também requer que o ex-secretário custeie a publicação de texto informativo da Defensoria Pública, esclarecendo sobre os direitos da população LGBT, em veículo de grande circulação no Estado do Rio de Janeiro, com o mesmo destaque e extensão da entrevista concedida ao jornal “O Globo” e publicada em 17 de fevereiro de 2016. A pena pedida para o descumprimento da decisão é de multa diária de R$ 10 mil. 

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, exonerou na quarta-feira o pastor Ezequiel Teixeira (PMB) do cargo de secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos. O cargo será ocupado pelo atual secretário de Governo, Paulo Melo (PMDB). [o novo secretário, Paulo Melo também não é favorável aos gays, tanto que já declarou no Plenário da ALERJ  não acreditar na existência de ex-gays; disse claramente: "garrafa que levou querosene não perde o cheiro jamais". 

O trecho completo está registrado nos arquivos da Casa: "Sr. Presidente, não gostaria de criticar. Penso que devemos acreditar na recuperação do ser humano em todos os níveis. Em alguns casos, exigem-se provas científicas. No interior, existe a "prova da farinha". Se não passar pela "prova da farinha de trigo", não há justificativa. Voto favoravelmente ao projeto, porque devemos investir em todas as propostas, mas "garrafa que levou querosene não perde o cheiro jamais".

O atual chefe de Gabinete do governador, Affonso Monnerat, ocupará a Secretaria de Governo. As mudanças serão publicadas no Diário Oficial desta quinta-feira, como confirmado em nota oficial do governo do estado. Na terça-feira, Ezequiel abriu o verbo para atacar uma das principais bandeiras da própria pasta, o Rio Sem Homofobia. Ao tentar explicar as razões do fechamento de quatro centros de assistência à população LGBT e da suspensão do serviço de teleatendimento, ele discorreu sobre sua posição contra o casamento homoafetivo. Afirmou ainda acreditar na cura gay e chegou a comparar a homossexualidade a doenças como Aids e câncer. 

Prefeito de Nova Iguaçu proíbe material didático sobre diversidade sexual
Nelson Bornier sancionou a lei que gerou revolta entre movimentos LGBT na cidade
O prefeito de Nova Iguaçu, Nelson Bornier, aprovou na última quarta-feira uma lei que proíbe o uso de qualquer material didático contendo orientações sobre diversidade sexual nas escolas do município. O texto, de autoria do vereador Denilson Ambrosio Soares (PROS), foi aprovado pela Câmara Municipal, por unanimidade, em setembro do ano passado, e sancionado anteontem. A medida, divulgada nesta quarta-feira, pela colunista Berenice Seara, do jornal “Extra”, provocou revolta entre pais de alunos e grupos que defendem o direito LGBT.


Lei sancionada em parte pelo prefeito de Nova Iguaçu - Reprodução

A lei 4.576 proíbe a distribuição, a exposição e a divulgação de livros, publicações, cartazes, filmes e faixas que contenham orientações sobre a diversidade sexual. No entanto, nesta quinta-feira, com a repercussão negativa da medida, Bornier excluiu o parágrafo único da lei, que proibia orientações, especificamente, sobre “a prática da homoafetividade, de combate à homofobia, de direitos de homossexuais, da desconstrução da heteronormatividade ou de qualquer assunto correlato”.

O prefeito justificou o veto parcial dizendo que o “conteúdo fere frontalmente as políticas públicas voltadas para o combate à violência e à discriminação por orientação sexual”. A Câmara de Vereadores de Nova Iguaçu tem dez dias para apreciar o veto parcial. Caso seja derrubado pelos vereadores, a lei, que já está em vigor, voltará a ter o texto original.



NELSON BOURNIER, futuro governador do Rio

O vereador Denilson Ambrósio (PROS), autor da lei, afirmou que atua em defesa das famílias de Nova Iguaçu e que sua intenção, com a medida, é preservar as crianças contra apologias à homossexualidade.  — Acho que a escola não deve entrar nesse assunto. Essa lei se direciona a crianças, entre 5 e 12 anos de idade, que formam a maior parte dos alunos da rede municipal. Ainda são muito prematuras. Temos que preservá-las dessa informação tão cruel. Não podemos ferir o que há de mais puro no coração de uma criança. Não queremos que nossos filhos cheguem em casa, tendo descoberto uma coisa sobre sexo por meio do professor — afirmou o vereador, que é evangélico, defende aulas de educação sexual e nega ser homofóbico: — O que é ser homofóbico? O que o homossexual sofre que o negro não sofre? Quem defende a causa do operário que tem que pegar um trem 4h da manhã? Não é favorecendo uma minoria que você consegue mudar a história de um país ou de uma cidade.

BEIJAÇO CONTRA A LEI
Vice- presidente da Associação de Gays e Amigos de Nova Iguaçu e Mesquita, Marisa Justino disse que está organizando, para a próxima segunda- feira, uma passeata contra a nova lei. Os ativistas pretendem sair da Câmara Municipal às 15h e seguir em direção à estação ferroviária, passando pela sede da prefeitura. A ideia é, ao final, promover um beijaço: — Isso caiu como uma bomba nas nossas cabeças. Realmente não esperávamos. Nova Iguaçu não discute essa questão. Inclusive uma das lutas do movimento é poder entrar na escola para debater e promover palestras. A secretaria não permite. Não há discussão sobre a questão de gênero e sobre orientação sexual. Então, como querem proibir algo que não existe? — questionou Marisa.

Procurado, o prefeito Nelson Borrnier preferiu não dar entrevista. Em nota, disse que as escolas municipais atendem majoritariamente o público infantil, o que, na visão dele, tornaria prematura a discussão de conceitos sobre orientação sexual.

PROJETO NÃO TEVE OPOSIÇÃO NA CÂMARA
O projeto de lei foi aprovado por unanimidade pela Câmara de Vereadores em setembro do ano passado. A cidade possui 29 vereadores, incluindo o presidente da Câmara, Mauricio Morais Lopes (PMDB), que não participa das votações.
Na primeira votação, no dia 1º de setembro do ano passado, 25 vereadores votaram a favor. Os outros três (Marcelo Nozinho, do PSD, Jorge Marotti, do PHS, e Eduardo do Doce, do PMDB) não compareceram à sessão. Na semana seguinte, no dia 15 de setembro, os 26 vereadores presentes aprovaram, em segunda discussão, o projeto de lei. Dois faltaram: Marcelo Nozinho (PSD) e Marcelinho Amigo das Crianças (PTN).

Fonte: O Globo