A decisão do governo federal de intervir na segurança pública do Rio
de Janeiro já era especulada, diante da falência total da elite política
e administrativa do Rio de Janeiro, que teve no final do ano passado a
dramática situação de ter três ex-governadores presos: Sérgio Cabral,
Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho; o presidente e quatro
conselheiros do Tribunal de Contas do Estado; o presidente da Assembleia
Legislativa, Jorge Picciani; o influente ex-presidente da Câmara
Eduardo Cunha, além de empresários como Eike Batista e outros, que
simbolizaram a quadrilha que se instalou no Estado.
A intervenção já foi cogitada por diversas vezes pelo senador
Lindbergh Farias, durante os governos de Lula e Dilma, ex-presidentes
que, em diversas ocasiões, exaltaram os governos de Sérgio Cabral e
assim, conviriam com o saque ao Estado, que ficou à beira da insolvência
absoluta, especialmente após as obras superfaturadas para a Copa do
Mundo e as Olimpíadas. Hoje, com as instituições desacreditadas e as
contas falidas, o Rio vê o crime organizado tomar conta do Estado e
controlar setores da própria polícia. Diante disso, não há como negar
que a intervenção não é um ato despropositado. Algo precisa ser feito de
imediato para conter esse câncer que tem o poder do tráfico de drogas
para comprar mais poder, como bem retratado no filme “Tropa de Elite 2”,
do diretor José Padilha. Não há como as organizações criminosas se
desenvolverem a esse ponto sem uma certa cumplicidade do aparelho de
estado.
O avanço do crime é um problema do Brasil inteiro, sim, mas é mais
evidente no Rio de Janeiro, onde os territórios são disputados pelas
organizações de traficantes em verdadeiras guerras que impedem até mesmo
as crianças de ir à escolas, por medo de tiroteios e balas perdidas, e
criam o caos na cidade em momentos como o carnaval. Por isso, é difícil
encontrar naquele Estado quem seja contra uma intervenção. Só no ano
passado, 134 policiais militares foram assassinados. Este ano, até
quarta-feira, 21, outros 17 policiais haviam sido mortos.
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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018
Um remédio amargo
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