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quinta-feira, 30 de março de 2017

“Dormir, talvez sonhar”

“Dormir, talvez sonhar” e outras seis notas de Carlos Brickmann

Enquanto os políticos procuram encobrir como trabalham, coube a um não político, o empresário Marcelo Odebrecht, contar como se faz uma campanha eleitoral


O PSDB tenta convencer o Tribunal Superior Eleitoral de que Dilma usou dinheiro sujo para se eleger em 2014; mas Temer, seu vice, eleito na mesma chapa, com os mesmos eleitores, já que o voto era em ambos, é inocente. Invertendo a frase do apóstolo Mateus, é como se, ao receber o dinheiro ilegal, a mão direita não soubesse o que faz a esquerda.

O senador Romero Jucá, amigo de Temer, se queixa, referindo-se à Lava Jato, de que vivemos uma caça às bruxas, uma Inquisição. Imagine a ousadia, querem pegar corruptos!  Enquanto os políticos procuram encobrir como trabalham, coube a um não político, o empresário Marcelo Odebrecht, contar como se faz uma campanha eleitoral: “o Governo sabia, a população sabia, eu sabia que o empresário, para atuar na Petrobrás, de alguma maneira tinha de atender os interesses políticos daquela diretoria. Eu fazia vista grossa, a sociedade fazia vista grossa, todo mundo fazia vista grossa”.

Ele sabe das coisas; costumamos ignorar os sinais exteriores de riqueza de quem não tem renda legal para pagá-los. Depois criticam os corruptos e esperam que o país melhore. Mas, em vez de apontar a corrupção, preferem o clássico discurso de Hamlet: “Dormir! Talvez sonhar”.

A verdade…
Já que Marcelo Odebrecht mostra os fatos como são, mais um trechinho do que disse (se mentiu, arrisca-se a ficar anos na prisão): “Duvido que tenha um político no Brasil que tenha se eleito sem caixa 2. E, se ele diz que se elegeu sem, é mentira, porque recebeu do partido. Então, impossível”.

…do dinheiro
Do dinheiro reservado pela Odebrecht para as campanhas, 25% eram legais; e 75% iam por fora. Marcelo Odebrecht diz: “Caixa 2, para a gente, e acho que para todas as empresas, era visto como natural. Os valores definidos pelos candidatos eram tão aquém do que eles iam gastar que não tinha como a maior parte das doações não ser caixa 2. Era impossível”.

A mentira…
Nos últimos dias de Dilma como presidente, a oposição anunciava que o déficit orçamentário seria de R$ 139 bilhões – um absurdo, considerando-se que o país precisa gerar superávits para reduzir a dívida e o pagamento de juros. Dilma caiu, e o novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reafirmou que o rombo – o déficit primário, antes do pagamento dos juros) – seria de inacreditáveis R$ 139 bilhões. E ninguém poderia acusar Meirelles de adversário do petismo: ele foi presidente do Banco Central durante os dois mandatos de Lula, e Lula cansou de indicá-lo a Dilma para o Ministério da Fazenda. O tamanho do rombo, portanto, era aquele mesmo, e não algo inventado pela zelite galega, branca, de zóio azul.

…dos números…
Assim que assumiu, o presidente Michel Temer deu esplêndidos aumentos salariais a corporações de servidores. O dinheiro, explicou Meirelles, já fazia parte dos tais R$ 139 bilhões (e, sabe-se lá o motivo, não poderia ser usado para reduzir a cratera). Mas era tudo tão real quanto o espelho mágico de Temer (“escravo do espelho meu, dir-me-ás se há no mundo um presidente mais belo do que eu”). Agora, o ministro Meirelles diz que o buracão aumentou para R$ 197 bilhões – R$ 58 bilhões a mais, exatamente o que foi gasto na fabulosa farra dos aumentos.

Quem paga?
Leitores e leitoras desta coluna são inteligentes, bem informados, conhecem este país. Há quem faça a barba. Há quem faça a maquiagem. Seu espelho não é mágico, mas mostra direitinho, quando o Governo diz que é preciso aumentar ainda mais os impostos, quem é que vai pagá-los.

Boa notícia
O deputado Rogério Marinho, tucano potiguar, relator da reforma trabalhista, decidiu propor o fim do imposto sindical. Imposto sindical é aquele dia anual de trabalho descontado do salário de cada trabalhador com carteira assinada e entregue ao sindicato, seja a vítima do desconto associada ou não. Com a vultosa quantia que recebem de imposto sindical, os sindicatos não têm nenhum estímulo para convencer os assalariados de sua base a sindicalizar-se. Se quiserem, os dirigentes sindicais têm condições de se acomodar e ignorar sua base. É também o imposto sindical que dá condições para a existência de tantas centrais sindicais. Mas é jogo duro: nem a ditadura militar conseguiu abolir o imposto sindical.

Fonte: Coluna de Carlos Brickmann

 

domingo, 6 de março de 2016

É até possível que a 'condução coercitiva' de Lula para depor, tenha colocado o ex-presidente na doncição de vítima. Mas, são tantas as acusações contra o ex-presidente, em função dos crimes por ele cometidos, que logo a 'escorregada' do MOro será esquecida. Outras conduções ocorrerão até a prisão do apedeuta



O “partido do judiciário” já nem disfarça seu autoritarismo


A nota da Força Tarefa (o nome, de origem bélica, já bem denota a sua natureza) chamando de “cortina de fumaça” às inúmeras críticas à condução coercitiva de Lula a uma sala do Aeroporto de Congonhas – críticas vindas de todas as partes, inclusive de um Ministro do Supremo, Marco Aurélio Mello – é só uma patética demonstração do autoritarismo que impera do que, sob a inação de seus órgãos superiores, transformou-se o “Partido do Judiciário e Arredores”, porque a ele também se filiam o Ministério Público e a Polícia Federal.


Já se mostrou aqui o esdrúxulo despacho de Sérgio Moro de que Lula  só deveria ser conduzido coercitivamente “caso o ex-presidente, convidado a acompanhar a autoridade policial para depoimento, se recuse a fazê-lo”, que revela um ardil porque, sem a intimação regular, não há como falar em “convite” da autoridade policial que, na prática é um “venha comigo por bem ou por mal”.


É tão insólita essa ordem que dá para a gente se perguntar: Lula aceitou o “convite”? Se tivesse aceito, poderia ter ido no próprio carro? Ou o “convite” só vale dentro do camburão da PF? [primeiro, a condução coercitiva foi a forma segura encontrada pelo juiz Sérgio Moro para obrigar o suspeito a comparecer ao interrogatório sem protelações.
Fosse apresentada uma intimação formal - ou mesmo um convite (sem existência formal no ordenamento legal brasileiro) - Lula espalharia aos quatro ventos o dia e hora, com dois objetivos:
- um dos seus puxa sacos juramentados ingressar com um pedido de liminar suspendendo o depoimento;
- avisar para os militontos promoverem badernas nas proximidades de local do depoimento ou mesmo da residência do Lula - o que mais Lula deseja no momento, ele e o projeto de poder do PT precisam, é de um cadáver.
A condução coercitiva apresenta a vantagem de apresentar para o conduzido uma única alternativa: ir por bem ou por mal.
Com o recurso, legal, da condução coercitiva o juiz Sérgio Moro impediu que Lula protelasse mais uma vez as explicações que deve e insiste em não fornecer, que baderneiros tentassem interferir no trabalho da PF.
PARABÉNS juiz Sérgio Moro.
Lula NÃO FOI CONDUZIDO EM CAMBURÃO - merecia ir de camburão e mais ainda, no cubículo - e sim em veículo da PF, descaracterizado.]

Agora. são os promotores que invocam artigos do Código de Processo Penal (todos eles, aliás, prevendo a medida apenas após intimação não atendida) e uma decisão do Supremo que pouco parece ter a ver com o caso, porque não se trata de iniciativa autônoma, imediata, da autoridade policial, mas de ato judicial adrede preparado.


Tão moderados…Porque não contam que queriam levar também de camburão a D. Mariza e só não o fizeram porque Moro pisou no freio de suas ambições meganhescas?  Porque não tomaram a termo as declarações de Lula em sua própria casa, se estavam tão preocupados em prevenir tumultos e exposições desnecessárias. A resposta é só uma: é o espalhafato, a pirotecnia.


O efeito político do gesto de ousadia. É isso o que o país está condenando e  até desafetos de Lula reconhecem ter sido um desastre para eles, ao ponto de Elio Gaspari ter admitido hoje que “Moro deu a Lula o papel de coitadinho”.


Não, Gaspari, coitado é o Brasil, que não merecia ter servidores públicos tão regiamente remunerados para fazerem isso: servirem apenas a seus próprios ódios e ambições. [concordamos que coitado é o Brasil, mas,  por ter eleitores tão estúpidos que elegeram e reelegeram uma coisa como o Lula presidente da República e continuaram o crime elegendo e reelegendo um 'cérebro baldio' para o mesmo cargo.
Temos uma certeza: Lula estará preso antes do próximo dia 1º de Maio.]

Fonte: Fernando Brito - O Tijolaço