Para enfrentar a criminalidade, o presidente monta um time de excelência. Mais do que combater a escalada da violência, o governo quer promover uma reforma nas forças de segurança e deixar um legado. Se conseguir, Temer pode virar o senhor da própria sucessão
TRIO DE FERRO - 1 - Raul Jungmann, ministro da Segurança Pública
– O novo ministro promoverá a integração dos serviços de segurança
pública em todo território nacional em parceria com os Estados, que
estão desarticulados
2 -
General Joaquim Silva e Luna, ministro da Defesa –
Depois de vinte anos sob comando civil no Ministério da Defesa, Temer
nomeou um general para ocupar o posto, numa demonstração de que o
presidente quer valorizar os militares3 - Rogério Galloro, diretor-geral da Polícia Federal –
Sucessor de Fernando Segovia, Galloro investirá mais em ações de
inteligência que “fechem” as fronteiras para o crime organizado (Crédito: Divulgação)
Por isso, cumprido ao menos parte do objetivo, Temer terá turbinado o motor de seu destino: emergirá, provavelmente, como um dos senhores da própria sucessão, a mais acirrada desde 1989. Na quarta-feira 28, o capitão escolhido pelo presidente, ministro Raul Jungmann, adentrou o auditório Tancredo Neves do Ministério da Justiça para dar sua primeira entrevista coletiva acompanhado dos homens que escolheu para a sua equipe, a quem atribuiu como principais qualidades a “lealdade” e a “confiança”. O político Jungmann, fundador e filiado ao PPS, reuniu ao seu redor um corpo estritamente técnico. Ficou claro que ficará somente com ele mesmo os maneirismos da política. O restante dos seus assessores é gente preparada para tratar os complexos problemas da segurança pública brasileira com rigor estratégico e informações de inteligência.
Ao intervir na segurança pública para reduzir a violência, Temer deseja criar um novo pacto federativo, com mais responsabilidades para a União
Estratégia e inteligência
A mistura do passado comunista com a ascendência militar tornam o novo ministro da Segurança Pública uma mistura singular de humanista com capacidade de liderança para lidar com as forças que terão a difícil tarefa de diminuir os alarmantes índices de criminalidade do país. Ao lado de Jungmann como seu principal assessor na nova pasta estará o general de divisão da reserva do Exército Carlos Alberto Santa Cruz. O general já ocupava no governo o cargo de secretário Nacional de Segurança, no Ministério da Justiça. A secretaria passa para o novo ministério e Santa Cruz continuará à frente dela, mas passa a acumular também a Secretaria Executiva de Jungmann. O gaúcho da cidade de Santa Cruz tem a mesma idade do superior imediato. No seu currículo, está o comando da Força de Paz da Organização das Nações Unidas no Haiti, entre 2006 e 2009, quando liderou no país do Caribe uma tropa de 12 mil homens.
As ações na Cité Soleil, região do Haiti que era dominada por gangues, assemelha-se ao que se enfrentará no Rio de Janeiro com a intervenção federal. “Aparentemente mais fácil lá do que aqui”, disse o general a ISTOÉ. A Cité Soleil é uma região plana. Os morros do Rio com sua urbanização desorganizada serão um desafio maior. “Mas nada que não possa ser enfrentado com organização, estratégia e inteligência”, complementa o general.
Polícia Federal repaginada
Como ministro da Segurança Pública, Jungmann coordenará e promoverá a integração dos serviços de segurança pública em todo território nacional em parceria com os entes federativos. Ele será responsável pela Polícia Federal, que sai debaixo das asas do ministério da Justiça, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional de Segurança Pública e Departamento Penitenciário Nacional.
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