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segunda-feira, 13 de agosto de 2018

PF tinha homens armados para invadir sindicato e prender Lula, diz diretor

[ÓBVIO: policial PODE e DEVE ter livre porte de armas e prender bandido é uma atividade que permite ao policial usar a força necessária.]

Chefe da corporação, Rogério Galloro conta detalhes do dia da prisão do líder petista e relata contrariedade com permanência em prédio do órgão: "Visita"

Trinta homens do Comando de Operações Táticas (COT), a tropa de elite da Polícia Federal, estavam a postos com suas armas para invadir o Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, para cumprir o mandado de prisão emitido pelo juiz Sergio Moro contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).  O diretor-geral da PF Rogério Galloro, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, narrou detalhes das negociações que culminaram com a prisão do líder petista no dia 7 de abril para cumprir sua pena de 12 anos e 1 mês de prisão pela condenação na operação Lava Jato.

Galloro contou que, quando os interlocutores de Lula pediram detalhes da logística da prisão, convenceram a PF de que havia interesse do ex-presidente de se entregar ainda na sexta (6 de abril) — o que não ocorreu. Os petistas queriam evitar a exposição do ex-presidente.  “Chegou o sábado, Moro exigiu que a gente cumprisse logo o mandado. A missa (improvisada no sindicato) não acabava mais. Deu uma hora (da tarde) e eles disseram: ‘Ele vai almoçar e se entregar'”, relata Galloro.

“No sábado, nós fizemos contato com uma empresa de um galpão ao lado, lá tinha 30 homens do COT (Comando de Operações Táticas) prontos para invadir. Ele (Lula) iria sair em sigilo pelo fundo quando alguém, lá do sindicato, foi para a sacada e gritou para multidão do lado de fora, que correu para impedir a saída. Foi um susto. A multidão começou a cercá-lo e eu vi que ali poderia acontecer uma desgraça. Ele retornou.”

O diretor-geral conta que, após isso, deu um ultimato. “Quando tem multidão, você não tem controle. Aquele foi o pior momento, porque eu percebi que não tinha outro jeito. A pressão aumentando. Quando deu 17h30, eu liguei para o negociador e disse: ‘Acabou! Se ele não sair em meia hora nós vamos entrar’. E dei a ordem para entrar. Às 18h, ele saiu.”

Galloro também manifestou sua contrariedade com a permanência de Lula na superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. “Isso não nos agrada. Nunca tivemos preso condenado numa superintendência. É uma situação excepcional. O juiz Moro me ligou, pediu nosso apoio, ele sabe que não temos interesse nisso. Mas, em prol do bom relacionamento, nós cedemos.” [já passa da hora de  Lula ser transferido para uma prisão comum; é um criminoso comum e tem que ficar entre os seus iguais.]
Ele também explicou as restrições a visitas. “Não somos nós que organizamos isso (as regras para visitas), mas o juiz da Vara de Execuções Penais. O Lula está lá de visita, de favor. Nas nossas novas superintendências não vão ter mais custódia. No Paraná, não vamos mexer agora. Só depois da Lava Jato.”

O diretor-geral ainda comentou o vaivém de decisões do dia 8 de julho envolvendo a liberdade de Lula — ao final, o petista permaneceu preso. Galloro explicou que, após a decisão do desembargador plantonista Rogério Favreto, mandado soltar o ex-presidente, prevaleceu um telefonema de João Pedro Gebran Neto, que deu ordem para mantê-lo na PF.
“Diante das divergências, decidimos fazer a nossa interpretação. Concluímos que iríamos cumprir a decisão do plantonista do TRF-4. Falei para o ministro Raul Jungmann (Segurança Pública): ‘Ministro, nós vamos soltar’. Em seguida, a (procuradora-geral da República) Raquel Dodge me ligou e disse que estava protocolando no STJ (Superior Tribunal de Justiça) contra a soltura. ‘E agora?’ Depois foi o (presidente do TRF-4) Thompson (Flores) quem nos ligou. ‘Eu estou determinando, não soltem’. O telefonema dele veio antes de expirar uma hora. Valeu o telefonema.”

PT reage
Em nota, o PT criticou o que qualifica como “abuso de autoridade” e “violência jurídica” e afirmou que as declarações de Galloro são um retrato do sistema atual, que teria como objetivo evitar um novo mandato de Lula. “É um verdadeiro retrato do sistema podre a que estamos submetidos”, diz a o texto. “A ilegalidade da prisão de Lula e da revogação do habeas corpus concedido a ele naquele domingo (8 de julho) já haviam sido denunciadas pela comunidade jurídica. Mas é ainda mais escandalosa a desfaçatez de agentes do Judiciário e da Polícia Federal, ao expor em público sua conduta ilegal e as razões políticas que os moveram”, afirma o documento. [uma nota do PT, não serve nem para papel higiênico, visto que o risco de contaminação do possível usuário é imenso.] 
 
O partido pede que a sociedade e as forças democráticas exijam do Conselho Nacional da Justiça, do Ministério da Justiça e do Senado pronunciamentos sobre o assunto. O documento diz ainda que a sigla não vai aceitar “passivamente a perseguição política e injusta” ao ex-presidente Lula. [por respeito aos nossos dois leitores não vamos dizer claramente o que o PT deve fazer para expressar que não vai aceitar passivamente o que chama de perseguição.
A sugestão envolve o verbo sentar, o dedo médio de uma das mãos e um movimento giratório.] 
 
Estadão Conteúdo - Veja

terça-feira, 6 de março de 2018

A tropa de elite de Temer

Para enfrentar a criminalidade, o presidente monta um time de excelência. Mais do que combater a escalada da violência, o governo quer promover uma reforma nas forças de segurança e deixar um legado. Se conseguir, Temer pode virar o senhor da própria sucessão

 TRIO DE FERRO - 1 - Raul Jungmann, ministro da Segurança Pública – O novo ministro promoverá a integração dos serviços de segurança pública em todo território nacional em parceria com os Estados, que estão desarticulados 2 - General Joaquim Silva e Luna, ministro da DefesaDepois de vinte anos sob comando civil no Ministério da Defesa, Temer nomeou um general para ocupar o posto, numa demonstração de que o presidente quer valorizar os militares3 - Rogério Galloro, diretor-geral da Polícia Federal – Sucessor de Fernando Segovia, Galloro investirá mais em ações de inteligência que “fechem” as fronteiras para o crime organizado  (Crédito: Divulgação)

Sob uma nova bandeira, a tremular no Palácio do Planalto desde o anúncio da intervenção federal no Rio, o presidente Michel Temer resolveu constituir um esquadrão de elite à altura de seus ambiciosos planos. Compõem a tropa o novo ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, e os recém-empossados Rogério Galloro, diretor-geral da Polícia Federal, e o general Joaquim Silva e Luna, ministro da Defesa. Caberá a eles não apenas combater a impiedosa escalada da violência no Brasil, mas colocar em marcha a arrojada meta de reformar as forças de segurança. Para um País carente de um projeto nacional de segurança pública, e em que os Estados se mostram de mãos atadas para enfrentar o crime organizado, não é pouco. 

Por isso, cumprido ao menos parte do objetivo, Temer terá turbinado o motor de seu destino: emergirá, provavelmente, como um dos senhores da própria sucessão, a mais acirrada desde 1989. Na quarta-feira 28, o capitão escolhido pelo presidente, ministro Raul Jungmann, adentrou o auditório Tancredo Neves do Ministério da Justiça para dar sua primeira entrevista coletiva acompanhado dos homens que escolheu para a sua equipe, a quem atribuiu como principais qualidades a “lealdade” e a “confiança”. O político Jungmann, fundador e filiado ao PPS, reuniu ao seu redor um corpo estritamente técnico. Ficou claro que ficará somente com ele mesmo os maneirismos da política. O restante dos seus assessores é gente preparada para tratar os complexos problemas da segurança pública brasileira com rigor estratégico e informações de inteligência.

Ao intervir na segurança pública para reduzir a violência, Temer deseja criar um novo pacto federativo, com mais responsabilidades para a União 

Estratégia e inteligência


A mistura do passado comunista com a ascendência militar tornam o novo ministro da Segurança Pública uma mistura singular de humanista com capacidade de liderança para lidar com as forças que terão a difícil tarefa de diminuir os alarmantes índices de criminalidade do país. Ao lado de Jungmann como seu principal assessor na nova pasta estará o general de divisão da reserva do Exército Carlos Alberto Santa Cruz. O general já ocupava no governo o cargo de secretário Nacional de Segurança, no Ministério da Justiça. A secretaria passa para o novo ministério e Santa Cruz continuará à frente dela, mas passa a acumular também a Secretaria Executiva de Jungmann. O gaúcho da cidade de Santa Cruz tem a mesma idade do superior imediato. No seu currículo, está o comando da Força de Paz da Organização das Nações Unidas no Haiti, entre 2006 e 2009, quando liderou no país do Caribe uma tropa de 12 mil homens. 

As ações na Cité Soleil, região do Haiti que era dominada por gangues, assemelha-se ao que se enfrentará no Rio de Janeiro com a intervenção federal. “Aparentemente mais fácil lá do que aqui”, disse o general a ISTOÉ. A Cité Soleil é uma região plana. Os morros do Rio com sua urbanização desorganizada serão um desafio maior. “Mas nada que não possa ser enfrentado com organização, estratégia e inteligência”, complementa o general.

Polícia Federal repaginada
Como ministro da Segurança Pública, Jungmann coordenará e promoverá a integração dos serviços de segurança pública em todo território nacional em parceria com os entes federativos. Ele será responsável pela Polícia Federal, que sai debaixo das asas do ministério da Justiça, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional de Segurança Pública e Departamento Penitenciário Nacional. 

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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Liberdade em questão



Novo chefe da PF já falou da necessidade de abrir mão de direitos em prol da segurança


Rogério Galloro, novo diretor da PF, é um ex-aluno da Universidade de Brasília, da Fundação Getúlio Vargas e de Harvard (EUA). Em 2011, publicou estudo sobre o passaporte como instrumento de garantia e de constrangimento dos direitos dos cidadãos. Escreveu que após o 11 de Setembro cidadãos abdicaram de liberdades individuais “em prol da proteção contra o ‘mal’”.
 
E questionou: “Vivemos num contexto internacional. Seremos diferentes dos outros? Lógico que não. Provavelmente, concluiremos em dado momento que também vale a pena abrir mão de direitos em prol da segurança. Já estamos perto disso quando tratamos de violência urbana.” 

Lydia Medeiros - O Globo