No vídeo em que pede votos para o filhote do Bolívar-de-hospício, o palanque ambulante tortura com selvageria a verdade e a gramática
“Nos oito anos em que fui presidente do Brasil, tive a oportunidade de
conviver com Nicolás Maduro, que era ministro das Relações Exteriores da
Venezuela”, confessa Lula já na largada do vídeo, gravado em abril de
2013 para abrilhantar a campanha eleitoral do filhote de Hugo Chávez.
“Maduro se destacou brilhantemente na luta pela construção de uma
América Latina mais democrática e solidária”, mente em seguida o
palanque ambulante, convertendo em defensor do Estado de Direito o
tiranete trapalhão que acaba de fracassar na tentativa de erradicar o
Poder Legislativo.
Tanto o Bolívar-de-hospício quanto o herdeiro que lembra um motorista de caminhão sem freios zanzando na estrada à beira do penhasco fizeram o possível para tornar a economia venezuelana ainda mais dependente do petróleo. Ambos desperdiçaram irresponsavelmente os bilhões de dólares auferidos com os preços do barril na estratosfera.
O legado da dupla é uma nação com um parque industrial anêmico e um agronegócio assolado pelo raquitismo. debilidade do agronegócio. No vídeo, o orador trata a realidade a pontapés. “Uma frase resume tudo o que sinto”, capricha no fecho indigente. “Maduro presidente é a Venezuela que Chávez sonhou”.
Não só Chávez e Maduro: também Lula sonhou com a materialização do balaio de ideias de jerico que pariu um um país em acelerada decomposição, partido ao meio, devastado pela inflação anual superior a 500% e sangrado pela diáspora dos desiludidos. É compreensível que o réu da Lava Jato tenha caído na clandestinidade desde que o Tribunal Supremo de Justiça, por ordem do presidente trapalhão, anunciou o fechamento da Assembléia Nacional. O recuo desmoralizante reforçou a suspeita de que Maduro pode ter desferido um tiro letal na própria testa.
Lula não tem tempo para socorrer o amigo vigarista, nem para saber como foi a última conversa com Chávez ─ que reencarnou num passarinho para dar conselhos ao herdeiro permanentemente em apuros. O sitiante sem sítio precisa concentrar-se 24 horas por dia numa urgência urgentíssima: planejar o que fará e dirá para sair sem danos irreparáveis do encontro com Sérgio Moro, marcado para o começo de maio.
É uma tarefa e tanto. Tão complicada quanto a situação em que se meteu a Venezuela bolivariana.
Fonte: Coluna do Augusto Nunes - Veja