Um ano depois do impeachment
Um ano após assumir a Presidência da República em definitivo, no dia 31 de agosto, após o impeachment
de Dilma Rousseff, Michel Temer se dividiu entre o Congresso e a
Justiça. Com foco na recuperação da economia, o governo viu diminuir a
chance de aprovar seu principal objetivo, a reforma da Previdência,
depois que sua base começou a rachar quando foi revelado que Temer havia
sido gravado pelo empresário Joesley Batista, da JBS.
Desde que foi
denunciado pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, o presidente dedicou
esforços para barrar o prosseguimento da ação penal na Câmara dos
Deputados, sua vitória mais importante em 365 dias. Veja também o que aconteceu com os principais líderes políticos desde então.
Corrupção que segue
Nos meses que antecederam o impeachment da ex-presidente Dilma
Rousseff, milhões de brasileiros foram às ruas protestar contra a
corrupção. Um ano depois de ela ter deixado o cargo definitivamente, a
mobilização já não é mais a mesma, mas o número de autoridades acusadas
de desviar dinheiro público só cresce.
O governo do presidente Michel Temer, que assumiu interinamente em
maio do ano passado e substituiu Dilma, definitivamente, em agosto, é
alvo de vários acusações. Logo em 23 de maio do ano passado, foi
divulgada uma gravação do senador Romero Jucá (PMDB-RR), escolhido por
Temer para ser o ministro do Planejamento, em que ele dizia ser preciso
“estancar a sangria", numa referência à Operação Lava-Jato. No mesmo
dia, teve de deixar o cargo. Foi o primeiro.
De lá para cá, novos escândalos apareceram, até seu ápice em maio de
2017, quando o GLOBO revelou que o próprio presidente Michel Temer foi
gravado pelo empresário Joesley Batista, do frigorífico JBS. O caso
levou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a denunciar Temer
ao STF por corrupção passiva, acusando-o de ter acertado o pagamento de
propina com o empresário. Mas como a Câmara não deu aval para a
continuidade do caso, o processo vai ficar parado até o fim do mandato
presidencial. [lembrando sempre que apesar de Joesley Batista ter confessado mais de 200 crimes, o atual procurador da República, Rodrigo Janot, assumiu poderes de 'poder judiciário supremo' e concedeu perdão total e absoluto aos irmãos Batista.]
Jucá tem 14 inquéritos no STF e, num prazo de uma semana, neste mês,
foi denunciado três vezes por Janot. Mas nada disso o impediu de manter
poder. É o líder do governo no Senado e presidente do PMDB, partido de
Temer. Mas outros ex-ministros não tiveram a mesma sorte: Geddel Vieira
Lima e Henrique Alves chegaram a ser presos. Rodrigo Rocha Loures e
Tadeu Filippelli, dois ex-assessores de Temer, também amargaram um tempo
na cadeia.
A delação da empreiteira Odebrecht, tornada pública em abril de 2017,
levou à abertura de inquéritos no STF para investigar oito dos atuais
28 ministros do governo Temer: Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), das
Relações Exteriores; Blairo Maggi (PP), da Agricultura; Bruno Araújo
(PSDB), das Cidades; Eliseu Padilha (PMDB), da Casa Civil; Moreira
Franco (PMDB), da Secretaria-Geral da Presidência da República; Gilberto
Kassab (PSD), da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações; Helder
Barbalho (PMDB), da Integração Nacional; e Marcos Pereira (PRB), da
Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Blairo deverá ter mais dor de
cabeça ainda com a delação do ex-governador de Mato Grosso Silval
Barbosa.
Fora do governo, também são alvos de investigações aliados e
opositores. Alguns deles já foram até condenados, como é o caso do
ex-presidente Lula. Entre investigados, réus e condenados, há ainda
outros três ex-presidentes: Dilma Rousseff, Fernando Collor e José
Sarney. As investigações também atingiram Aécio Neves (PSDB-MG), que
teve de se licenciar do comando tucano.
Outrora aliado Eduardo Cunha, o ex-presidente da Câmara é o único que
ficou completamente fora de cena durante este período. Após articular o
impeachment, foi para a cadeia em outubro do ano passado.
Fonte: O Globo