Governo da Venezuela debocha de ataque a senadores brasileiros
'Se os senadores estão aqui, é porque não têm muito trabalho por lá [no Brasil]', escreveu o vice-presidente venezuelano à Lilian Tintori, mulher do preso político Leopoldo López
O vice-presidente da Venezuela, Jorge Arreaza, debochou nesta quinta-feira da viagem dos senadores brasileiros à Caracas para visitar os presos políticos. Segundo jornal Folha de S. Paulo, Arreaza enviou uma mensagem irônica ao celular de Lilian Tintori, mulher do político oposicionista preso Leopoldo López. "Se os senadores estão aqui, é porque não têm muito trabalho por lá [no Brasil]. Assim, umas horas a mais ou a menos, dá no mesmo", diz o texto enviado a Lilian, que acompanhava a comitiva brasileira e estava presa no trânsito, impedida de chegar à prisão militar de Ramo Verde.O texto debochado só reforça a percepção de que o bloqueio da estrada foi, como suspeitam os senadores e a ex-deputada opositora venezuelana Maria Corina Machado, iniciativa do governo. "Se alguma dúvida ainda existia em relação à escalada autoritária da Venezuela, nós voltamos de lá sem dúvida alguma", declarou o senador Aécio Neves (PSDB). Além do tucano, o grupo era formado pelos senadores Aloysio Nunes (PSDB), Ronaldo Caiado (DEM), Cássio Cunha Lima (PSDB), José Medeiros (PPS), Agripino Maia (DEM), Ricardo Ferraço (PMDB) e Sérgio Petecão (PSD).
Bloqueios e protestos - Na primeira tentativa de chegar à prisão, o veículo em que viajavam os políticos brasileiros ficou preso no trânsito engarrafado devido, segundo a versão das autoridades, a "obras de manutenção" que o governo venezuelano resolveu fazer justamente nesta quinta. Manifestantes chavistas aproveitaram a oportunidade para cercar o micro-ônibus e intimidar os senadores entoando gritos de guerra como "Chávez não morreu, se multiplicou" e "Fora, fora". Segundo Caiado e Ferraço, o veículo foi apedrejado por partidários do presidente venezuelano Nicolás Maduro. Quando finalmente conseguiram retornar ao aeroporto, os políticos foram impedidos de entrar no local onde estava o avião da FAB que os aguardava porque o terminal havia sido fechado.
Os senadores tentaram por uma segunda vez ir até o presídio, mas o túnel de acesso na estrada continuava fechado. As autoridades justificaram o bloqueio dizendo que a passagem estava sendo "lavada", disse Aloysio Nunes. "Esse episódio vai gerar profundos desdobramentos na relação Brasil e Venezuela", declarou Caiado. Em vista dos incidentes, a Câmara aprovou uma moção de repúdio contra os protestos que bloquearam a passagem da delegação brasileira.[senador Ronaldo Caiado não decepcione seus possíveis eleitores em uma futura eleição presidencial; até as pedras sabem que foi tudo feito em comum acordo entre Dilma, Maduro e o estrupício do futuro presidiário, ou futuro presidente da República, Lula da Silva - a desvalorização da presidência da República de 2003 para cá justifica que sejam apresentadas duas alternativas.]
Em nota, o governo brasileiro lamentou os incidentes que impediram a visita dos senadores de oposição aos presos políticos venezuelanos e classificou de "inaceitáveis atos hostis" os protestos que bloquearam o avanço do micro-ônibus da comitiva. A nota emitida pelo ministério das Relações Exteriores afirma que Brasília solicitará explicações do presidente Maduro.
Fonte: Revista VEJA