O governo Dilma está diante do fim antecipado, independentemente de
quanto tempo ela fique no cargo. Um governante se sustenta em apoios, e
hoje concretamente ela não os tem. A base política há muito tempo
desmoronou, o PMDB tem seu próprio projeto, que só se encontra com o de
Dilma quando a mesma ameaça paira sobre ambos. Até o PT se afastou. A
presidente não tem, há muito tempo, apoio popular.
Seu governo é altamente impopular. Qualquer pesquisa de opinião
mostra que pouco mais de 10% acham seu governo bom ou ótimo e sobe de
60% a 70% os que a rejeitam. A situação econômica torna pouco provável
qualquer recuperação dessa popularidade que se esvaiu rapidamente após a
reeleição. Seu mago publicitário permanece na prisão, sem poder ensinar
para ela qualquer outro dos seus truques, que ademais não estavam mais
funcionando.
Sem apoio popular, sem base parlamentar, sem partido que a sustente e
diante de uma devastadora crise econômica é a hora de perguntar, como
nos versos de Drummond: Dilma, e agora? Há um equívoco sobre a relação causal entre a crise política e a
econômica. A economia foi ferida pelos erros na condução da política
econômica, ela não foi vitimada pela política e muito menos pela
Lava-Jato. A política também entrou em seus próprios descaminhos por
outros motivos que não a crise econômica, mas um ambiente de recessão de
dimensão histórica, aumento do desemprego, de quebra de empresas,
certamente piora qualquer crise política. Se o país estivesse crescendo,
ou revertendo situação desfavorável, seria mais fácil para a presidente
recuperar um pouco a popularidade e a partir daí se fortalecer para o
diálogo político. Tudo está ligado de certa forma, mas sem que um seja a
causa do outro. A economia criou a sua crise; a política criou a sua
crise. São dois tornados que se encontraram e viraram gêmeos. Agora um
agrava o outro.
Nessa complexidade, a Lava-Jato tem efeitos econômicos sim e abala a
política. A investigação não é a culpada, porque ela apenas procura
saber, e punir, os que cometeram os mais diversos crimes contra a ordem
política e econômica do país. Neste quadro em que tudo se liga, mesmo que tenha origem diversa,
produzindo uma crise de dimensões gigantescas, a presidente foi perdendo
aos poucos a capacidade de iniciativa política. Ela apenas reage aos
eventos. Ela não governa. O ex-presidente Lula disse que não a deixam
governar, e assim terceirizou, novamente, a culpa que é do governo.
A situação econômica é lastimável. Empresas estão vendo sumir os
consumidores e contratantes, a produção está sendo reduzida, os empregos
estão sendo cortados, a renda, caindo, e a arrecadação, diminuindo. O
efeito dominó das dores econômicas está se espalhando como foi previsto
tantas vezes por tantos. Tudo está dando errado porque o governo errou. A
dívida pública aumentou de forma assustadora e não há perspectiva de
estabilização e queda. Isso alimenta a incerteza. Quanto mais o governo
erra nas decisões que toma — ou adia as medidas necessárias — mais fundo
fica o fundo do poço; mais longa será a caminhada até a recuperação.
Diante disso, o governo Dilma esgotou-se muito tempo antes do seu
fim. Esta é a armadilha na qual o país está. Uma presidente sem força e
sem poder é um lame duck, como se diz em inglês, mas só se pode estar
assim quando o governo apenas conta o tempo para passar a faixa. De tudo o que disse Lula na sexta-feira, o mais importante talvez
seja que ele quer de novo viajar pelo Brasil. Sonha assim em recriar o
ambiente da caravana da cidadania em que viajava atacando o governo de
então e prometia que mudaria tudo.
Ele tenta recriar o ambiente de
campanha eleitoral no qual se sente imbatível — apesar das várias
derrotas eleitorais que amargou — e poderá defender sua tese de
autolouvação. “Eu fui o melhor que todos os presidentes, melhor que os
cientistas políticos, melhor que os advogados...”, disse Lula. Poderá
também defender sua tese distorcida de que a elite não o aceitou, apesar
de ele, o PT e o governo estarem em apuros pelas relações promíscuas
com empresas e empresários da elite brasileira. Se Lula tiver sucesso
nesse ilusionismo populista, no qual, de fato, é bom, ele estará
tornando ainda mais pálida a figura da presidente Dilma.
Fonte: Coluna da Míriam Leitão
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
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domingo, 6 de março de 2016
Dilma, e agora?
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