O autoritarismo quer voltar
O Brasil tem uma tradição autoritária. Nem bem a República completou dez anos, muitos dos seus propagandistas, durante a monarquia, já estavam desiludidos com o novo regime.O entusiasmo dos primeiros dias foi substituído pelo pessimismo. Os principais ideólogos das ideias republicanas, como Silva Jardim, logo foram colocados de lado. A nova ordem acabou se alicerçando no que havia de mais atrasado do velho regime. Monarquistas logo vestiram a fantasia de republicanos enquanto que os antigos republicanos foram relegados à plano secundário. Machado de Assis, em “Esaú e Jacó,” retrata esse momento com os gêmeos Pedro e Paulo.
A desilusão com o novo regime logo foi substituída pela negação da democracia. As eleições fraudulentas, as atas falsas, o voto a descoberto, a violência que se abatia sobre a oposição, abriu caminho para o pensamento autoritário. Qualquer mudança só poderia ocorrer pela força das armas. E a consolidação do coronelismo — os senhores do baraço e do cutelo, no dizer de Euclides da Cunha — reforçava essa leitura. Fortalecer o Estado, governar distante dos princípios liberais, modernizar o País, efetuar reformas, enfraquecer o poder local, só seria possível com um governo forte e centralista.
A crítica de Oliveira Vianna à República Velha (vide, especialmente, “O idealismo da Constituição”), seguindo a trilha de Alberto Torres, é uma síntese do pensamento nos anos 1920, de que o sistema político não tinha qualquer possibilidade de se auto-reformar.
Restava como única alternativa romper a estrutura coronelística pela rebelião armada.
Foi por tal veio que seguiram os tenentistas — tanto militares, como civis. Basta recordar as rebeliões de 1922 e 1924, e a Coluna Prestes.A chegada do marxismo ao Brasil agregou ao pensamento autoritário nacional mais alguns componentes legitimadores.
Os anos 1930 foram marcados por “soluções” fora do campo legal, desde a Revolução de Outubro, passando pela Revolução Constitucionalista (1932), a Intentona Comunista (1935), o golpe do Estado Novo (1937) e a tentativa fracassada da rebelião integralista (1938). E os acontecimentos de 1964 e a luta armada reforçaram essa vertente.
Novamente o autoritarismo ronda o Brasil. [a intervenção militar constitucional, que alguns chamam de autoritarismo, se aproxima por ser a única saída para o Brasil recuperar sua economia, para a ORDEM E PROGRESSO voltarem a reinar.]
E tem no fracasso da democracia — a corrupção é apenas uma de suas facetas – o seu principal aliado.