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segunda-feira, 20 de junho de 2016

Após resgate em hospital, polícia busca traficante Fat Family em favelas do Rio - Secretaria de Segurança do Rio foi avisada sobre plano de resgate em hospital com 48 horas de antecedência



Segundo a PM, um dos focos da ação é a comunidade Santo Amaro, onde o criminoso foi preso. Outros 25 bandidos também são procurados
A Polícia Militar do Rio de Janeiro realiza nesta segunda-feira uma operação em dezenas de favelas do Rio de Janeiro em busca do traficante Nicolas Labre Pereira de Jesus, o Fat Family, de 28 anos, que foi resgatado na madrugada de domingo no Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro da capital. Os policiais também fazem buscas pelos 25 criminosos que participaram da ação.

Um dos focos é a Favela Santo Amaro, no Catete, na Zona Sul, onde Fat Family foi preso, há uma semana, e ferido no rosto. Pelo menos 37 comunidades serão inspecionadas. Vinte e dois Batalhões de Polícia Militar estão envolvidos na operação, que começou às 6 horas.

Segundo a Polícia Militar, a ação também tem o objetivo de prender criminosos que vêm praticando roubos e latrocínios na região metropolitana do Rio. O policial militar e o funcionário do hospital que foram baleados na ação dos criminosos continuam internados. Maior hospital público do Rio, o Souza Aguiar foi escolhido como referência para emergências na Zona Norte e no Centro durante a Olimpíada.

Resgate - Os invasores chegaram ao hospital às 3h15 e se dividiram: um grupo ficou no pátio na frente da emergência e outro subiu para o Setor de Ortopedia, pelas escadas. Os bandidos quebraram a algema que prendia o criminoso à cama com um alicate. Ronaldo Luiz Marriel de Souza, filho de um oficial da Marinha, estava no hospital para receber atendimento, foi baleado e morreu.

Fat Family é apontado pela polícia como chefe do tráfico na Favela Santo Amaro. Ele é irmão de Marco Antônio Pereira Firmino da Silva, o My Thor, preso na Penitenciária Federal de Catanduva, no Paraná, e um dos líderes do Comando Vermelho (CV).

Mais de 20 homens armados invadiram o Hospital Souza Aguiar, mataram filho de oficial da Marinha e resgataram bandido. Alerta sobre operação foi dado na quinta, mas não houve reforço no policiamento

Mais de 20 bandidos armados com fuzis, pistolas e granadas invadiram o Hospital Souza Aguiar, no centro do Rio de Janeiro, e resgataram o traficante Nicolas Labre Pereira de Jesus, o Fat Family, na madrugada deste domingo. Irmão de Marco Antônio Pereira Firmino da Silva, o My Thor, um dos maiores líderes da facção Comando Vermelho (CV), o criminoso havia sido preso na tarde do dia 13, por agentes da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), no Morro Santo Amaro, no Catete, Zona Sul da cidade.  No cerco, acabou baleado na cabeça e levado para o hospital. Na quinta-feira passada, a Polícia Civil avisou ao Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) da secretaria de segurança pública que havia um plano para resgatar o traficante. Nada foi feito. Na noite passada, o preço da omissão foi trágico. Ronaldo Luiz Marriel de Souza, filho de um oficial da Marinha que estava na unidade esperando atendimento morreu, e um PM e um enfermeiro foram baleados.

Dois policiais militares apenas faziam a escolta do bandido. O alerta dado pela Polícia Civil foi emitido pouco depois das 20 horas da última quinta-feira, dia 15, como 'informação A1', que na classificação de órgãos de segurança significa de 'alto nível de credibilidade'. De acordo com mensagens trocadas em grupos de policiais, às quais o site de Veja teve acesso, além do CICC, o aviso de que o plano de resgate estava sendo estudado partiu da Dcod e também foi repassado ao Cecopol (Centro de Comunicações e Operações Policiais) e à Assinpol (Serviço de Inteligência da Polícia Civil). Em seguida, a informação foi para a Subsecretaria de Inteligência (Ssinte) da secretaria de Segurança e para a cúpula da Polícia Militar, que é a responsável pela custódia de criminosos hospitalizados.

Segundo testemunhas, os bandidos chegaram em pelo menos quatro carros por volta das 3h e renderam o dono de uma barraca de doces. Ele foi feito de escudo humano. Logo que invadiram o hospital atirando e arremessando granadas, os criminosos foram em direção ao sexto andar, onde Fat Family estava internado. Com uma enfermeira feita de refém, eles chegaram à sala onde o traficante estava internado. Para se ter ideia da falta de controle sobre quem o visitava, várias fotos feitas com telefones celulares de visitantes começaram a pipocar nas redes sociais nos últimos dias.

Os bandidos deixaram um rastro de violência no hospital de referência no atendimento de emergência da cidade que vai ser a sede da Olimpíada daqui a 45 dias. Detalhe: a unidade fica a cerca de um quilômetro do Batalhão de Choque da PM e da sede da Polícia Civil, e a 500 metros do prédio da secretaria de segurança, onde trabalha diariamente o secretário José Mariano Beltrame.

Fonte: Revista VEJA