De todos os cambalachos que a esquerda brasileira inventou para sabotar a democracia
e impor ao país os seus projetos de ditadura, poucos têm sido tão
utilizados quando a agressão permanente às decisões tomadas pelo
Congresso em votação livre dos parlamentares. Lula é
o capataz dessa obra de destruição; age ao contrário, exatamente, das
odes à liberdade do parlamento que fazia logo depois de assumir a
Presidência.
O executor dos ataques, caso após caso,
tem sido o STF e os tribunais superiores em geral, ao aceitarem regularmente todo o tipo de petição que o PT e seus serviçais de outros partidos apresentam.
O resultado é que, juntos,
estão conseguindo anular a vontade do Congresso. Se as leis que os deputados e senadores aprovam são eliminadas pelo
Supremo a cada vez que Lula e a esquerda perdem uma votação no plenário,
como acontece mais e mais, para que serve o Poder Legislativo?
Lula
durante sessão de abertura do ano Judiciário de 2023, em fevereiro; ‘Se
leis são eliminadas pelo Supremo, para serve o Poder Legislativo?’
O
ataque, agora, é contra uma lei aprovada em três turnos de votação –
três, um depois do outro, para não ficar dúvida nenhuma – e após mais de
vinte anos de discussão pública, pela Assembleia Legislativa do Paraná.
Os deputados paranaenses decidiram, com essa lei, privatizar a estatal
de energia do Estado.
O PT e a esquerda simplesmente perderam – e em vez
de aceitarem um dos princípios mais elementares de qualquer democracia,
segundo o qual as leis do país têm de ser aquelas que os parlamentares
aprovam, estão tentando destruir no STF a vontade da maioria.
Resumo da
opera: quem de fato está legislando são os ministros do Supremo, que
nunca receberam um voto na vida, nem no Paraná e nem em lugar nenhum.
Leia outras colunas de J.R.Guzzo
Já aconteceu, de modo especialmente infame, com a Lei das Estatais que
o Congresso havia aprovado e estava em vigor.
Lula e o PT não aceitaram
as medidas mínimas de decência que a lei estabelecia, para dificultar a
criação dos cabides de emprego mais grosseiros; querem, ao contrário,
encher de militantes, parasitas e subalternos as empresas do Estado.
Foram correndo ao STF para pedir que a lei fosse anulada; o caso está
lá, à espera de decisão.
Querem anular a nova lei de demarcação para as
reservas indígenas. Querem anular a lei de reforma do ensino médio.
Querem anular, até mesmo, a lei que tornou voluntário o pagamento do
imposto sindical.
É difícil, em qualquer lugar do mundo, encontrar uma
lei que tenha deixado a população mais feliz – a prova disso, absoluta, é
que nenhum trabalhador quis pagar mais, desde que o imposto virou
voluntário.
O PT exige, por via do STF, que paguem de novo.
Isso não tem nada a ver com democracia. Mas Lula, o PT e o mundo que gira à sua volta também não têm.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo