Queda foi maior que a estimada pelo mercado
Com aumento de informalidade e contratações nas prefeituras, o
desemprego recuou no país. A taxa de desemprego caiu para 12,8% no
trimestre encerrado em julho, segundo os dados divulgados nesta
quinta-feira pelo IBGE. Ao todo, o país tem 13,3 milhões de
desempregados. No trimestre imediatamente anterior (que inclui os meses
de fevereiro, março e abril), a taxa ficou em 13,6%, com um total de 14
milhões sem emprego. O número de julho, no entanto, ainda é maior do que
o registrado em igual mês do ano passado, quando estava em 11,6%.
O contingente de 13,3 milhões de desempregados representa uma queda de
5,1% ou 721 mil pessoas frente ao trimestre anterior, mas é 12,5% maior
que igual trimestre de 2016, com 1,5 milhão de pessoas a mais. A expectativa de analistas era que o desemprego se
mantivesse em 13%, de acordo com pesquisa da Bloomberg com 31
economistas. Nos últimos meses, especialistas têm indicado que a fase
mais aguda da crise no mercado de trabalho começou a ficar para trás. A
taxa chegou a 13,7% no trimestre encerrado em março. No segundo trimestre, a taxa de desemprego estava em 13%, com 13,5 milhões de desempregados.
AUMENTO DA INFORMALIDADE
Assim
como observado em meses anteriores, a queda na taxa de desemprego foi
impulsionada pelo aumento da informalidade. Em julho, enquanto o número
de empregados com carteira assinada ficou estável em 33,3 milhões, o
contingente de trabalhadores sem carteira cresceu 4,6%, em relação ao
trimestre anterior (encerrado em abril), para 10,7 milhões de pessoas.
Na comparação com o ano passado, o salto foi ainda maior, de 5,6%. — É uma recuperação, mas sobre uma plataforma informal — resume Cimar Azeredo, coordenador de trabalho e rendimento do IBGE.
O aumento no número de trabalhadores sem carteira ajudou a
impulsionar o número de pessoas ocupadas. Em julho, houve um aumento de
1,6%, em relação ao trimestre imediatamente anterior (fechado em abril).
O país tinha em julho 90,7 milhões de pessoas ocupadas. Já o
contingente de pessoas na força de trabalho, composta por ocupados e
desempregados, cresceu 0,7% na comparação trimestral e 1,6%, frente ao
ano passado, o que significa um acréscimo, no ano, de 1,7 milhões de
pessoas nesse grupo, hoje estimado em 104 milhões de trabalhadores. — Foi a primeira vez desde outubro de 2015 que a população
ocupada não cai, na comparação anual. De lá para cá, todos os trimestres
registraram redução da população ocupada. Isso significa que esse
efeito que a gente está tendo de recuperação no início do ano está tendo
impacto até mesmo na comparação anual — destaca Cimar Azeredo.
No trimestre encerrado em julho, os números de mercado de
trabalho também foram beneficiados por uma recuperação do emprego no
setor público. O setor representou um terço do aumento do número de
ocupados, na comparação com o trimestre encerrado em abril, com alta de
3,8%, ou 423 mil trabalhadores a mais no funcionalismo público. Segundo o
IBGE, esse movimento está relacionado às novas contratações nas
prefeituras, após as eleições municipais do ano passado.
RENDIMENTO ESTÁVEL
O
rendimento médio real ficou praticamente estável, em R$ 2.106. Já a
massa de rendimento real cresceu para R$ 186,1 bilhões, uma alta de 1,3%
frente ao trimestre encerrado em abril, variação não considerada
estatisticamente relevante, de acordo com a metodologia da pesquisa.
Os dados do IBGE são divulgados semanas após o Ministério do Trabalho informar que o país criou 35,9 mil vagas em julho,
o quarto mês consecutivo de geração de empregos com carteira assinada.
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), os
setores que mais abriram postos de trabalho foram a indústria de
transformação e o comércio.
Fonte: O Globo