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quarta-feira, 13 de setembro de 2023

A vida na cidade mais pobre e subdesenvolvida do Maranhão

Ideias - Bruna Komarchesqui

Menor IDHA - Apenas 3% com emprego formal: 

 Imagem do governo maranhense divulgando obra de pavimentação da MA-012, que liga Fernando Falcão a Barra do Corda

Imagem do governo maranhense divulgando obra de pavimentação da MA-012, que liga Fernando Falcão a Barra do Corda - Foto: Divulgação/ Agência de Notícias do Maranhão [algo como ligar o NADA a LUGAR NENHUM.] 

[apenas para registro: o atual ministro da Justiça, Flávio Dino, governou o estado do Maranhão por 8 anos - 2015 a 2022.]

Entre os quase 11 mil habitantes de Fernando Falcão, cidade mais pobre e subdesenvolvida do Maranhão, apenas 343 (pouco mais de 3%) têm ocupação formal, sendo 333 deles (ou 97%) listados na folha de pagamento da prefeitura — é isto mesmo: apenas dez habitantes trabalham formalmente no setor privado, 0,1% da população. 
O município, que somou 78% de votos em Lula no segundo turno das últimas eleições, amarga o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado mais pobre do Brasil e só perde no ranking nacional para Melgaço (PA) ficando em um patamar comparável ao de países miseráveis como Afeganistão, Etiópia e Serra Leoa. 
O resultado é a população vivendo abaixo da linha da pobreza, com baixo desempenho escolar, além de saneamento, saúde e infraestrutura precários.
 
Com uma parcela ínfima do território urbanizada (quase 6 km2 dos 5.086,589 km2 totais), boa parte da população de Fernando Falcão (que fica a 542 km da capital São Luís) está no campo, o que explica em alguma medida a pequena taxa de ocupação formal. 
A maioria dos cidadãos (82%), no entanto, é beneficiada por transferências do Programa Bolsa Família. Segundo o Ministério da Cidadania, até o fim de agosto, 8.958 dos 10.873 fernandenses recebiam algum benefício federal, totalizando um investimento de R$ 1.970.889,00 (uma média de R$ 220 por pessoa ou R$ 785 por família).
 
O IDH de 0,443 evidencia baixo desempenho municipal em dimensões básicas do desenvolvimento humano, como renda, educação e saúde. 
No quesito renda, por exemplo, o PIB per capita de Fernando Falcão é de R$ 8.051,53, o que equivale a menos de um quarto da média nacional (R$ 35.935,74). “Se Fernando Falcão fosse um país, estaria entre os 15 mais pobres do mundo. Abaixo do Sudão. De Ruanda. Do Zimbábue. Não tem nem dez mil habitantes e mais de 70% estão abaixo da linha de pobreza", dizia um texto publicado pelo governo do Maranhão em 2018. De acordo com a publicação, a renda per capita mensal na cidade era de R$ 106,99.
 
Segundo dados de 2015 do IBGE, 94 % das receitas de Fernando Falcão são provenientes de transferências federais e estaduais. A título de comparação, o município de São Paulo tem apenas 30% de suas receitas oriundas de fontes externas. 
Em 2020, Fernando Falcão estava entre as dez piores cidades em desigualdade social no Brasil, segundo o Índice Brasileiro de Privação (IBP), criado pela Fiocruz.

Saúde precária
De acordo com o Plano Municipal de Saúde de Fernando Falcão (2022-2025), a cidade conta com cinco Unidades Básicas de Saúde (UBS), um hospital e uma unidade móvel terrestre, todos administrados pela prefeitura, além de dois Postos de Saúde Indígenas, de competência federal. O Hospital Municipal de Fernando Falcão conta com 23 profissionais da saúde, sendo três médicos, seis enfermeiros e seis técnicos/auxiliares de enfermagem. São 18 leitos, nenhum deles cirúrgico, para clínica geral (10), obstetrícia clínica (4) e pediatria clínica (4).

O documento mostra que, em 2021, a cidade registrou 355 mortes hospitalares, sendo 60 por doenças infecciosas e parasitárias, 46 por gravidez, parto e puerpério, mais oito por afecções originadas no período perinatal, 56 por lesões, envenenamento e algumas outras consequências de causas externas. “No perfil morbidade do município de Fernando Falcão, as doenças [sic] gravidez, parto e puerpério foram as mais destacadas, no período 2018-2021, seguidas de algumas doenças infecciosas e parasitárias e lesões, envenenamentos e algumas outras consequências por causas externas. Nesse quadro, evidencia-se inúmeros problemas na deficiência da assistência ao pré-natal, parto e puerpério. Embora realizando de seis a sete consultas no pré-natal, questiona-se a qualidade dessas consultas, a época que são iniciadas e o acompanhamento, assim como alta segura, no parto", detalha o plano.

Já o fato de doenças infecciosas e parasitárias representarem a segunda maior causa de morbidade no quadriênio anterior é “influenciada pelas condições ambientais”. “A falta ou precariedade do acesso ao saneamento básico favorece o aumento do contágio de doenças. Deve-se considerar iniciativas de gestão para manter adequadas as condições de vida da população: abastecimento permanente de água segura, coleta de resíduos sólidos, coleta e tratamento de esgoto, infraestrutura rodoviária, condições adequadas de moradia, oferta de serviços de saúde eficaz, entre outras condições, são fatores determinantes para evitar a proliferação de agentes infecciosos e vetores”, completa o documento.

Em 2021, a taxa de mortalidade infantil média na cidade era de 29,13 por mil nascidos vivos. Ou seja, a cada cem crianças nascidas em Fernando Falcão, cerca de três morrem antes de completar um ano de vida. No Brasil, a média no período era de 11,9 óbitos por mil nascidos vivos. Um relatório do projeto Primeira Infância Primeiro aponta que, enquanto em nível nacional 73% das gestantes tiveram mais de sete consultas pré-natal em 2021, no município maranhense esse índice foi menos da metade (32%).

No mesmo ano, o país registrava 13% de partos de adolescentes (até 19 anos), já em Fernando Falcão as mães adolescentes representaram 30% do total dos partos.  
A cidade também tem índices piores que os nacionais nos quesitos “percentual de peso baixo ou muito baixo para a idade -- 0 a 5 anos” (7,43% x 4% no Brasil) e “crianças de 0 a 5 anos muito baixas para a idade” (17,3% x 5,35% no Brasil).
 
No início de 2021, uma mulher de 29 anos de idade, grávida de sete meses, morreu durante uma transferência clínica de Fernando Falcão para a capital maranhense, São Luís, com um quadro grave de insuficiência respiratória aguda. 
Antes disso, ela chegou a ser atendida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município vizinho de Barra do Corda. Ela e o bebê morreram dentro da ambulância na BR-135, próximo ao município de Santa Rita.

Saneamento e urbanização
Dados do DATASUS/ IBGE (2010) presentes no Plano Municipal de Saúde apontam 0% de domicílios com esgotamento sanitário adequado, 0% de domicílios urbanos em vias públicas com urbanização adequada (presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio) e 86,5% de domicílios urbanos em vias públicas com arborização. Imagens do Google Street View, de 2020, mostram que Fernando Falcão tem grande parte de suas vias com pavimentação esburacada e sem calçada.

Apesar de garantir que o fornecimento de água é normal em sua casa, Antonio Wecto Carvalho, 31 anos, dono de um depósito de materiais para construção na cidade, diz que "a falta é frequente” no bairro vizinho. “No meu comércio é frequente a visita de clientes do bairro vizinho, Vila Resplandes, comprando bomba, comprando mangueira, com problema de água no bairro. É o bairro mais novo aqui da cidade", afirma.

Menos verba para educação
De acordo com o Censo Escolar, até o ano passado, Fernando Falcão tinha 34 escolas, sendo 30 rurais e quatro urbanas, com 2.816 estudantes matriculados (incluindo vagas de creche, EJA e educação especial).  
Os dados mais recentes do QEdu apontam apenas 9% das crianças com aprendizado adequado em português (a média nacional era de 34%) e 5% em matemática (eram 16% no Brasil). 
No ano passado, foram 65 reprovações e oito abandonos nos anos iniciais do ensino fundamental, 104 reprovações e 38 abandonos nos anos finais e 13 reprovações e um abandono no ensino médio. 
A cada 100 crianças, aproximadamente 22 estavam com atraso escolar de dois anos ou mais na cidade.

Segundo a Lei Orçamentária Anual (LOA), o orçamento total da cidade aumentou em 10,4% de 2022 para 2023, indo de R$ 21,6 milhões para R$ 23,8 milhões. Por outro lado, o orçamento destinado à Educação caiu cerca de 17,7% no mesmo período: são R$ 3,27 milhões para este ano, R$ 705 mil a menos em relação ao orçamento do ano passado.

Emprego e renda
O Cadastro Central de Empresas
, publicado pelo IBGE, mostra apenas 27 empresas ativas em Fernando Falcão, e a média salarial dos empregados formais da cidade, dois salários mínimos. Já o Painel do Mapa de Empresas do Governo Federal, afirma que há 122 empresas ativas na cidade, sendo 12 filiais e 110 matrizes, entre as quais mais da metade (61) são MEIs.

Antonio Wecto Carvalho conta que “neste novo governo” o comércio está mais fraco, com uma queda de 60% das vendas neste mês, em relação ao mesmo período do ano anterior. “Ano passado eu não trabalhava com material grosso (tijolo e telha). Hoje eu tenho, e ainda assim a venda caiu. Aqui como a cidade é pequena... o Brasil todo está sofrendo com a queda do gado de corte. Querendo ou não, o gado é o carro chefe, principalmente no interior. O que fazia girar o comércio era a compra e venda de gado. E hoje fracassou. Quem morava no interior e criava um gadinho, hoje para vender é a maior dificuldade e fica nisso: dependendo só de Bolsa Família e aposentadoria. Se você pegar o número de empresas registradas em Fernando Falcão é um dos piores do Brasil”, afirma.

Josi Lemos, por outro lado, lamenta que a população seja “pobre de consciência” e não aproveite o potencial e as belezas naturais da cidade para empreender. “A própria população não coloca um restaurante top na beira do rio, não tem aquele atendimento muito bom, o pessoal reclama muito sobre o atendimento. E eu não ganho nada, se eu te falar que eu não ganho um real, e todo dia eu estou lá passando contato de hotel, de pousada”, diz, em referência a indicações que faz de estabelecimentos em sua página nas redes sociais. “Infelizmente, 80% da população de Fernando Falcão dá lucro em Barra do Corda. Porque o povo aproveita, querem comprar mais barato e acabam vindo pra cá", afirma.

Pobreza
As cenas de pobreza e de suspeita de corrupção
na cidade já estamparam reportagens como uma do Fantástico em 2013, que mostrava a vida de Francielle Silva, que criava duas filhas ganhando em média R$ 30 por mês. No mesmo ano, o UOL noticiou que moradores denunciavam a pobreza da cidade assistência médica precária, como a falta de saneamento básico, iluminação pública e estrutura nas escolas municipais — em uma página na internet. Na época, segundo relatos, as sessões na Câmara municipal ocorriam uma vez por semana e não chegavam a durar dez minutos.

Em 2015, uma reportagem do programa Record Investigação, vencedora do prêmio Vladimir Herzog de direitos humanos, apontava Fernando Falcão como "uma das cidades mais isoladas do Maranhão”
A matéria trazia a rotina da família de Carmen, que tinha cinco filhos e morava em uma casa de barro. 
O café da manhã da família era apenas uma xícara de café, e uma das crianças chorava porque não tinha farinha para comer.

(...)

Para os moradores, uma parte do problema da pobreza na cidade estaria ligada à questão indígena, já que “eles têm apoio do governo”, “produzem muito pouco e vivem só de Bolsa Família”. “Eles têm um cartão e tiram um valor x de mercadoria e deixam o cartão penhorado. O dono do comércio saca o dinheiro", afirma Carvalho.

Controvérsias políticas
Fernando Falcão é dominada por um mesmo grupo político há cerca de 20 anos. Dos nove integrantes da atual Câmara de Vereadores, seis são do PDT e três são do PCdoB, partido ao qual pertencia Flávio Dino quando governou o estado.  
Um mesmo grupo está no comando da prefeitura da cidade há mais de duas décadas. 
A atual prefeita é Raimunda da Silva Almeida, a Raimunda do Josemar (PDT), que ganha um salário bruto mensal de R$ 18 mil.
 
Em agosto, o Ministério Público do Maranhão abriu procedimento investigatório sobre a situação precária das ambulâncias doadas entre 2015 e 2022 pela União e pelo Estado a Fernando Falcão e municípios vizinhos.  
Um mês antes, um blog local denunciava a contratação pela prefeitura de uma empresa de eventos por R$ 2.717.450,00 para a realização de shows artísticos na cidade.

Denúncias envolvendo ex-prefeitos e grilagem de terras ou compra de votos por meio de terrenos em loteamentos também aparecem em sites locais, nos últimos dez anos.

A Gazeta do Povo entrou em contato com a prefeitura de Fernando Falcão, que informou, por e-mail, que "não chegou ao conhecimento" do município qualquer informação sobre denúncias de compras de votos por meio de loteamentos. "Não há, na municipalidade, distribuição de senhas para recebimento de lotes, uma vez que sequer lei de autoria do poder Executivo existe para tanto". Acerca da investigação das ambulâncias, a assessoria de imprensa disse que o município "ainda não foi notificado para apresentar alegações de defesa" e que há, atualmente, três veículos do tipo em Fernando Falcão, um deles em "manutenção corretiva".

No quesito saneamento, a prefeitura confirma que "ainda não há coleta de esgoto em Fernando Falcão". Questionada sobre os problemas de abastecimento de água em alguns bairros, relatados por moradores, a assessoria disse que "a prefeita de Fernando Falcão busca junto aos órgãos executores do Governo Federal recursos a fim de custear tais benfeitorias, uma vez que os recursos próprios do município são insuficientes para tanto".

(Colaborou com a reportagem David Ágape)

Atualização: O texto foi atualizado com as respostas da assessoria de imprensa da prefeitura de Fernando Falcão.

Bruna Komarchesqui, colunista  - Gazeta do Povo - Ideias

 

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Para evitar a fragmentação do Brasil - Paz no Campo

            362.000 hectares de terra para cerca de 60 (sessenta) índiosEsta é a dimensão da Terra Indígena Kapôt Nhinore nos Estados do Mato Grosso e do Pará, a qual já foi identificada pela FUNAI e está em fase de implantação.  Serão 60 milhões de metros quadrados para cada um!

Há ali 201 fazendas produzindo gado, soja, etc.  
Tudo deverá ser abandonado, por bem ou à força, sem direito a indenização Sim, nas terras que forem declaradas como indígenas, todos os títulos de propriedade, ainda que centenários, serão considerados nulos e sem valor.  
Isso em qualquer lugar do Brasil e a qualquer momento.  
A menos que seja mantida a garantia do Marco Temporal.
 
 Não fique parado. Clique abaixo, para defender o Marco Temporal e a Civilização Cristã, contra o avanço dos princípios comunistas.
 Clique aqui para assinar
 
O Marco Temporal foi estabelecido pela Constituição de 1988, a qual define em seu artigo 231, que são terras indígenas aquelas já ocupadas tradicionalmente por indígenas naquela data. 
Não abrange portanto as que eles venham a ocupar posteriormente ou que tenham ocupado no passado. 
O Marco Temporal é, portanto, a data da Constituição.  
O Supremo Tribunal Federal já vinha levando em conta esse Marco Temporal em seus julgamentos.

Caso esse Marco Temporal não seja observado, a qualquer tempo e em qualquer lugar do Brasil, qualquer terra, seja urbana ou rural, poderá ser reivindicada como Terra Indígena.

De acordo com o Censo Demográfico do IBGE de 2022, vivem atualmente em áreas indígenas, 622.100 pessoas que se declaram como índios. São 573 áreas, perfazendo um total de 110 milhões de hectares.  Isso dá em média 176 hectares ou 1.760.000 metros quadrados para cada um, seja homem, mulher, idoso, criança ou bebê.

Essas áreas já ocupam 13% do território nacional, o que equivale ao total somado dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, todo o Estado de São Paulo e metade de Minas Gerais.

E ainda estão sendo reivindicadas mais 598 áreas, o que elevará o total a 26% do território nacional, equivalente a quatro vezes o tamanho da França!

Cada vez menos índios e cada vez mais terras

A grande imprensa deu a entender, através dos títulos das matérias publicadas, que o número de índios mais do que dobrou, desde o censo de 2010 até o de 2022.

Mas de fato, nas terras indígenas, foi o contrário que aconteceu.  Havia 681.421 em 2010 e caiu para 622.100 em 2022.  Uma diminuição de quase 10%.

O que aumentou foi a quantidade de pessoas que se declaram como indígenas, mas que residem fora das terras indígenas, em locais urbanos, rurais, favelas, etc.  
Porém, esse dado não pode ser considerado ao pé da letra, pois corresponde à pergunta: “você se considera indígena?”, feita pelos agentes do IBGE.  
Ora, muitos podem ter hesitado diante dessa pergunta ou levaram em consideração a sua ancestralidade.

A realidade é que a população nas terras indígenas vem diminuindo.  É natural, pois a tendência dos jovens é de querer estudar e progredir.

Em sentido contrário, as terras indígenas têm aumentado. Ainda agora, a FUNAI voltou a mostrar interesse em 66 áreas, as quais já tinham sido descartadas anteriormente.

Essa expansão, de fato, obedece a uma ideologia, que o Professor Plínio Corrêa de Oliveira já denunciava profeticamente em 1977 e que denominou como um “ideal comuno-missionário”. 
Esse ideal é impulsionado por inúmeras ONGs, muitas delas estrangeiras, sendo a principal delas o CIMI – Conselho Indigenista Missionário, um órgão da CNBB, que tem pouco de missionário e muito de ideológico. Há grupos que já não disfarçam, e afirmam com todas as letras que “O Brasil é  Terra Indígena”, querendo significar que qualquer lugar do País poderá ser considerado terra indígena, mesmo  áreas urbanas de São Paulo.

Atualmente, o Supremo Tribunal Federal voltou a tratar do assunto e está julgando um processo que decidirá pela manutenção do Marco Temporal garantido pela Constituição ou se, pelo contrário, o Marco Temporal não teria mais vigência e qualquer local do Brasil, seja rural ou urbano poderia ser declarado como Terra Indígena, com a consequente “desintrusão” dos habitantes do local e sem direito a indenização pela propriedade.

Concomitantemente, está tramitando no Senado Federal o Projeto de Lei nº 2.903, que regulamenta o Marco Temporal, deixando claro que não poderão ser declaradas novas terras indígenas, além daquelas tradicionalmente ocupadas por ocasião da Constituição.

A falácia da pretensa indenização

Há os que defendem que não deve prevalecer o Marco Temporal, mas que no entanto as terras atingidas poderão ser indenizadas, desde que os proprietários demonstrem que as adquiriram de boa fé.  
Essa pretensa solução “salomônica” só virá agravar a situação, incentivando invasões, como tem acontecido com relação à Reforma Agrária.  
Essa indenização é quase uma quimera. 
Serão anos de disputas judiciais, com resultado incerto e no final, caso seja concedida alguma indenização, quem sabe quando será paga efetivamente e por que valor.  Ademais, essa “solução” é contrária à Constituição, a qual estabelece em seu artigo 231, parágrafo sexto, que as terras consideradas indígenas não serão indenizadas.

Não fique parado. Clique abaixo, para defender o Marco Temporal e a Civilização Cristã, contra o avanço dos princípios comunistas.
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terça-feira, 8 de agosto de 2023

A fábrica de números do PT - J. R. Guzzo

Revista Oeste

Pouca gente neste governo Lula preenche tão bem o perfil do incompetente metido a 'transformador social' quanto o novo presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

 

Recenseadores do IBGE | Foto: Montagem Revista Oeste/Agência Brasil

Uma das maiores misérias que podem acontecer com um governo, ou melhor, com a população que sustenta esse governo, é a nomeação, para cuidar de qualquer coisa, do incompetente com planos
O incompetente básico, em geral, fica na sua — não faz nada de bom, nunca, mas também não dá muito prejuízo para a vida de ninguém. 
Já o incapaz que se acredita qualificado para ter ideias, ou que quer usar seu emprego público para “mudar a sociedade”, é uma máquina de fabricar o pior. 
Pouca gente neste governo Lula preenche tão bem o perfil do incompetente metido a “transformador social” quanto o novo presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística — e olhem que, em matéria de ruindade pura, simples e incurável, Lula conseguiu nomear o primeiro escalão mais horrendo que já se viu na história da República brasileira. 
O novo barão da burocracia lulista não entende nada de geografia nem de estatística, embora conheça muito bem o come e dorme desses “institutos” que vivem de mamar dinheiro público e jamais produzem um parafuso de rosca. 
Ele ganhou o cargo por ter passado a vida como militante do PT, desses que ficam grudados em Lula como ostra na pedra — e têm a ideologia de homem das cavernas socialisteiro que tanto agrada ao presidente em sua atual encarnação de “esquerdista” ao estilo Chico Anysio. 
 
O único aspecto positivo da escolha do novo estatístico-chefe do Brasil é que o IBGE não manda em nada — sua capacidade de tomar decisões erradas, portanto, fica limitada à insignificância prática daquilo que é resolvido ali. 
Em compensação, é um dos melhores recantos do governo para contar mentiras. 
Saem do IBGE os números oficiais sobre o desempenho da economia — da inflação à taxa de desemprego
E é de lá que saem, também, os dados públicos sobre a situação social, o recenseamento, o número de quilombolas e mais um monte de outras coisas que os operadores do aparelho estatal julgam importantes para o conhecimento do público. É o tipo de repartição pública de que Lula gosta. 
 
O presidente tem 40 anos seguidos de uso profissional e deliberado da mentira para subir na vida política. Sempre deu certo para ele, e não há razão para mudar de sistema. Lula, na verdade, não precisa do IBGE para mentir com números. 
Ele mesmo admitiu em público que inventou cifras sobre o número de “menores abandonados” no Brasil, para impressionar plateias amestradas de estrangeiros.  
Disse, por sinal, que é “impossível” ser político e não mentir. Lula mente, de olhos fechados, com os dois pés — para falar mal dos outros e falar bem de si mesmo
Ultimamente, quando estava na oposição e queria mostrar que o Brasil era um inferno, vinha repetindo que há “33 milhões” de brasileiros “passando fome”.
Agora, é claro, vai dar cifras provando que o Brasil é um paraíso.



O IBGE, na sua cabeça, vai servir exatamente para isso — e foi exatamente para isso que ele nomeou esse Marcio Pochmann para o emprego de presidente.  
Não falou uma palavra sobre a escolha com a pobre coitada que se apresenta como “ministra do Planejamento”, e a quem o instituto é subordinado. 
Ela admitiu, inclusive, que nunca tinha ouvido falar do nome que vai dirigir o IBGE. Para sapatear um pouco mais em cima da ministra, Lula chamou Pochmann para uma reunião com gatos gordos do governo antes mesmo de seu nome ser anunciado para a imprensa. 
Quem fez o anúncio oficial, a propósito, foi outro ministro, e não a infeliz que deveria ser a chefe do nomeado; parece que ela vai ser recebida por Pochmann um dia desses. (“Nada mais justo do que atender o presidente Lula”, disse a ministra, no desespero de segurar o emprego — e como se tivesse alguma escolha entre atender ou não. É um desempenho de “superação”, como dizem os cursos de autoajuda, levando-se em conta que a Brasília de hoje é a capital mundial dos puxa-sacos.) 
 

(....)

 

Pochmann é o subalterno ideal para tocar o IBGE do jeito que Lula gosta. Tem as piores relações pessoais com os números — em primeiro lugar porque não sabe nada sobre números e, mais ainda, por ser francamente contra eles —, não admite que possam mostrar uma realidade diferente daquela que está nos seus circuitos mentais. 
A aritmética, para ele, deve estar a serviço das “causas progressistas”; seno, cosseno ou raiz quadrada, mais todo o resto, só podem ter existência legal se ajudarem de alguma forma a propaganda do PT. Do contrário, serão denunciados como “golpistas” à Polícia Federal do ministro Flávio Dino ou deportados para o inquérito sobre “atos antidemocráticos” do ministro Alexandre de Moraes. 
Pochmann não tem o menor entendimento das regras elementares da ciência estatística nem qualquer interesse no assunto. Foi para o IBGE com a função “política” de massagear os números e de colocar uma fantasia matemática nas miragens que Lula vende aos devotos da sua religião — o “carrinho” popular, o “apartamentinho com varanda” dos pobres, o “precinho” barato para a batedeira de bolo e outras vigarices da mesma natureza. É claro que o presidente pode continuar com a sua conversa fiada, inventando números que não existem. Mas, já que está no governo e manda no que bem entender (“nada mais justo”, segundo a ministra a quem chamou de “Simone Estepes” na campanha eleitoral), por que não transformar o IBGE na sua fábrica pessoal de números, e colocar ali um Pochmann a mais? 
Não há nenhum risco, enquanto ele estiver lá, de sair estatística ruim.Marcio Pochmann, o escolhido de Lula para comandar o IBGE | Foto: Divulgação

É típico do PT. Se a população é a favor, da pena de morte à licença para comprar armas, o PT é contra; se a população é contra, da educação sexual nas escolas aos traficantes de drogas, o PT é a favor. Não falha

O novo presidente do IBGE, em termos de divulgação pública e maciça de ideias cretinas, é um vulcão em atividade permanente. É contra o Pix, que considera “neocolonial”, sabe lá Deus por quê. É difícil encontrar, em toda a história financeira deste país, alguma coisa que tenha tido tanta aprovação do povo brasileiro quanto o Pix; acaba de ser batido o recorde de 135 milhões de operações num único dia Pois então: o escolhido de Lula é contra
Todo mundo, obviamente, gosta da possibilidade de converter reais em dólares. Pochmann acha que isso transforma o Brasil num “protetorado dos Estados Unidos”. 
Diz que a taxa de juros não tem nada a ver com a inflação, e que o pecado mortal do Banco Central não está nas decisões que toma, mas no fato de ser independente dos políticos — e, neste momento, de Lula. Lá ele não manda, e Pochmann tem certeza de que a solução para qualquer problema do Brasil, ou do Sistema Solar, tem de ser dada por Lula ou pelo “Estado”. O novo chefe do IBGE imagina que a exploração do “espaço sideral” é uma ideia séria para o crescimento do Brasil. 
Pelo que dá para entender, Pochmann propõe uma “GPSbras”; segundo ele, país que “não tem GPS” não tem nada, porque está na dependência de “empresas estrangeiras”.


Pochmann diz que deveria haver um Imposto de Renda de 60% para quem ganha de 50 mil reais por mês para cima. (O que os juízes, procuradores etc. etc. do Brasil achariam disso?)

(...)

Enfim: Pochmann tem tudo para estar 100% alinhado com as coisas que Lula diz hoje e com o pensamento-raiz de Janja, Flávio Dino e outros grandes cérebros do governo. Mais que tudo, talvez, conseguiu perder as três eleições que disputou. Ou seja, a população disse, da forma mais clara possível, o seguinte: “Não queremos você”. Três derrotas seguidas? No Brasil atual de Lula e do PT, é a maneira mais eficaz de melhorar de vida.

A sorte do cidadão deste país é que ele não tem bala para acabar com o Pix, introduzir as quatro horas de trabalho diário ou criar uma estatal que vai inventar o GPS brasileiro
Pode vir com as estatísticas que quiser, mas não pode mudar nada. 
Deus é grande.  
 
 

Coluna -  J. R.Guzzo - Revista Oeste 

 

 

domingo, 30 de julho de 2023

Pochmann, o inimigo dos números, é o pior chefe que o IBGE poderia ter - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo 

Novo estatístico-mor do Brasil acha, desde sempre, que a aritmética não pode atrapalhar seus desejos políticos

O presidente Lula fez das nomeações para o seu ministério e para o “primeiro escalão” uma calamidade nacional – um concentrado inédito de incompetentes incuráveis, transmissores de ideias cretinas, gente enrolada com a Justiça penal e daí para baixo. 
Como alguém consegue juntar tanta gente ruim num mesmo governo? Não se sabe, mas isso já foi. A questão, agora, é saber se o nível pode cair ainda mais. É difícil – mas não é impossível.  
Como nos casos de “superação”, Lula consegue ir além dos seus próprios recordes: confirmou a nomeação, para presidir o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de um dos piores chefes para este tipo de serviço que se poderia encontrar em qualquer lugar do mundo.  
É simples: o novo estatístico-mor do Brasil é um inimigo dos números. Acha, desde sempre, que a aritmética não pode atrapalhar seus desejos políticos.
Como ex-presidente do IBGE, estou ofendido”, diz o economista Edmar Bacha, um dos participantes da equipe que montou o Plano Real.É um dia de luto para a estatística brasileira”, diz a economista Elena Landau. Marcio Pochmann, o nome imposto por Lula (a ministra do Planejamento, a quem cabe a escolha, foi a última a saber) é um militante da “ala esquerda” do PT; não tem nada a ver com as exigências técnicas do cargo. “Ele é um ideólogo e não terá problema nenhum de colocar o IBGE a serviço dessa ideologia”, diz Bacha. “É uma pessoa que não entende de estatística e não tem preparo para presidir o IBGE”, diz Elena. O que se sabe de Pochmann não é edificante
Passou a vida no serviço público, do qual se aposentou aos 58 anos de idade nunca contribuiu para a produção de um único pedaço de rapadura neste país. Sua passagem por uma repartição federal de pesquisa econômica foi “desastrosa”, segundo Elena Landau – demitiu técnicos competentes e interferiu nos trabalhos por razões ideológicas. Fora isso, disputou três eleições, para prefeito de Campinas e deputado; conseguiu perder as três.
A ideologia de Pochmann não tem ideiasé apenas uma declaração de guerra a tudo o que o cidadão brasileiro acha bom. 
O homem é contra o PIX, que acaba de bater seu recorde: 135 milhões de transações num único dia. Afirma que a possibilidade de converter reais em dólares transformou o Brasil num “protetorado dos Estados Unidos”. Defende que o Imposto de Renda possa chegar a 60%. 
Diz que o Brasil deveria explorar “o espaço sideral” para a “geração de riqueza” – e por aí vamos. Mas e daí?  
Lula quer no IBGE um subalterno que dê um jeito nas suas estatísticas, fazendo sumir os números ruins e fabricando números bons. O consumo da picanha vai bombar.


J. R.Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo


sábado, 29 de julho de 2023

Estragar o IBGE, não vai. Mas pegou mal. - Carlos Alberto Sardenberg

Numa boa: se era para colocar o economista Marcio Pochmann no governo, a presidência do IBGE foi uma saída de pouco dano. Lá, o potencial de estragos é menor, quase nada.[além do mais, o IBGE - com HISTORIA, REPUTAÇÃO e TRADIÇÃO ilibadas e que esperamos não sejam  manchadas pela sua administração petista -  integra um ministério fraco , no qual está uma ministra fraquíssima - tanto que o atual presidente a chama de 'estepe' e usa um órgão do seu ministério como 'estepe']

Com todo o respeito que o IBGE merece, o fato é que lá não se formula nem se pratica política econômica. Trata-se de um órgão que pesquisa e elabora dados. Mede e calcula população, inflação, emprego, desemprego e renda, o Produto Interno Bruto, contas nacionais.

Mais: o IBGE tem tradição e estruturas consolidadas, além de um corpo técnico profissional e gabaritado.

Algumas pessoas levantaram hipóteses de manipulação dos dados, de modo a criar uma imagem mais favorável do país, beneficiando a propaganda do governo.

Por exemplo: martelar os índices de inflação, “produzir” números bem baixinhos, circunstância que favorece o governo de diversas maneiras. Ajudaria a pressionar o Banco Central para uma redução mais acentuada da taxa básica de juros.

Cristina Kirchner fez isso na Argentina. Maduro ainda faz na Venezuela. Aqui mesmo, já houve pressões sobre o IBGE; isso nos anos 80, governo Sarney, para mudar os métodos de cálculo da inflação. Não deu certo. Houve reações políticas e sociais, permitidas pelo ambiente democrático.

Mas, no tempo da ditadura, houve manipulação. Ao final do governo Médici, em 1974, o então todo-poderoso ministro da Fazenda, Delfim Netto, exibia crescimento econômico de milagre, com inflação moderada para a época, 12% ao ano, isso para 1973.

Muita gente desconfiava, mas como reclamar na ditadura?

Só de dentro do regime. Foi o que aconteceu no governo Geisel. Nomeado ministro da Fazenda, Mário Henrique Simonsen, entre suas primeiras medidas, providenciou uma revisão da inflação de 1973: não havia sido de 12%, mas de 26,6%, um salto e tanto.

Não foi propriamente uma falsificação, mas um truque. Para conter as óbvias pressões inflacionárias, Delfim havia imposto um controle de preços. A Fazenda fixava os preços, digamos, oficiais, dos principais produtos.

E como sempre acontece nessas circunstâncias, o mercado continua funcionando. Ou seja, havia o preço da tabela e o real, maior, claro. O truque: considerar, na medida da inflação, os preços oficiais. [o truque ainda existe e está sendo aplicado; quem vai aos supermercados comprova que os preços estão sempre crescendo e bem mais do que os percentuais apregoados pelo DESgoverno do petista.]

Ocorre que se mediam também os preços reais, que ficavam no armário. Simonsen mandou abrir, e a inflação de verdade era mais que o dobro da oficial.Seguiu-se um debate entre os dois economistas, mas ficou claro, especialmente para a população, que 26% era o número. O Banco Mundial também fez uma revisão dos dados brasileiros e chegou a uma inflação de 22,5% para 1973. Era por aí.

Qual a chance de acontecer de novo? Zero.[respeitosamente discordamos, está acontecendo e os números e os fatos COMPROVAM,]

Imagine que o presidente do IBGE tente interferir na coleta de preços e cálculo do índice. Em menos de um dia o caso estará na imprensa. Será vazado por funcionários do instituto, zelosos de seu trabalho e sua moral.

Além disso, os índices do IBGE são acompanhados com lupa por centenas de analistas. Há economistas de banco cujo trabalho é adivinhar os números.

Nas consultorias, equipes especializadas até fazem coleta de preços essenciais, além de seguir o detalhe das pesquisas do IBGE, de modo a antecipar cenários para seus clientes.

Basta acompanhar o noticiário. Na véspera da divulgação de qualquer indicador importante, jornais e sites trazem as estimativas do mercado. E sempre bate, não na mosca, mas no alvo.

Tudo considerado, o mercado, os analistas, os jornalistas perceberão qualquer tentativa de manipulação.

Quer dizer, então, que a escolha de Pochmann para o IBGE não tem importância alguma?

Tem. Trata-se de um mau sinal. Indica que a ideia foi colocar um companheiro numa boa posição, mesmo ele não tendo o currículo e a expertise para o cargo.

Ele não interferirá na gestão da política econômica, como sugeriram pessoas ligadas à ministra Simone Tebet e ao ministro Fernando Haddad. Algo do tipo, deixa pra lá, mal não fará.

Mas pode fazer algum estrago administrativo ou técnico num órgão tão importante.

Mede-se um governo pelo que faz e pelo que não faz. Não mexer no IBGE seria melhor.

Sobretudo porque a mexida sugere que podem existir coisas piores em andamento.

Coluna publicada em O Globo - 29 julho 2023

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista  

 

quinta-feira, 27 de julho de 2023

Pochmann foi ‘escolha pessoal’ de Lula e será bem-vindo no IBGE, diz Tebet [minista 'estepe' amarelou

A ministra do Planejamento afirmou que não havia sido avisada sobre a indicação antes do anúncio de Paulo Pimenta, mas que acataria qualquer nome

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, comentou há pouco a escolha do economista Marcio Pochmann, do PT, para ser o novo presidente do IBGE, anunciada na noite desta quarta pelo ministro Paulo Pimenta. Ela disse que Lula fez uma “escolha pessoal”, que não havia sido avisada sobre a indicação do petista antes do anúncio do chefe da Secom, mas que “acataria” qualquer nome. [para a 'estepe', o que interessa é estar ministra,vale qualquer coisa para não perder a 'boquinha'.]

Sem responder a perguntas, Simone afirmou a jornalistas que o próximo passo será marcar uma reunião com o futuro presidente do IBGE na semana que vem, “quando a agenda permitir”, [lógico que a agenda do indicade que, agora que sabe o nome dele, terá “o maior prazer de atender, portanto, o pedido do presidente Lula”. Disse ainda que não faz pré-julgamentos e que vai ouvi-lo primeiro, sabendo que há “um lado” falando bem do economista e outro que tem feito “questionamentos”.

“Eu não quero saber do passado, eu quero saber do presente. A conversa será técnica e ele será tratado como técnico e será muito bem-vindo à nossa equipe. E continuará no IBGE enquanto estiver atendendo aos interesses da sociedade brasileira”, comentou.

A ministra também fez questão de dizer que o atual chefe interino do instituto, Cimar Azeredo, “foi um presidente técnico e cumpriu uma missão exemplar, sem nenhum ruído, conseguindo fazer de um limão uma grande limonada ao trazer e apresentar pro Brasil o Censo”. E citou o “diagnóstico preciso que o IBGE enquanto instituto sério e responsável costuma fazer”.

Ao se manifestar sobre o assunto, ela declarou que já havia um consenso dentro do seu ministério e do Palácio do Planalto de que “nós faríamos, no momento oportuno, a troca do presidente do IBGE”.

“Também fui avisada, já não é de agora, de alguns dias, que o presidente da República teria um nome e gostaria de fazer uma escolha pessoal em relação à presidência do IBGE. Naquele momento, não perguntei por nomes e muito menos o faria, porque acho mais do que justo esse pedido. E digo por quê. Eu quero deixar muito claro pra vocês o seguinte: o presidente não me fez um pedido até hoje. Nenhum pedido, dentro do ministério ou fora. Aliás, ele não me pediu sequer pra apoiá-lo no segundo turno. Vocês se lembram que eu fiz uma declaração de apoio antes mesmo de conversar com o presidente Lula. Diante disso, nada mais justo, óbvio, que atender o presidente Lula, independentemente do nome que ele apresentaria, que ele ainda não havia me apresentado”, afirmou a ministra.[alguém precisa informar que a ministra no papel de aceita qualquer coisa - pelo menos o apedeuta presidente ao alcunhá-la de 'estepe', deixou claro sua faceta de 'aceita tudo' -  não ode esquecer que ocupa um cargo de livre nomeação/exoneração = demissível 'ad nutum' = e que o presidente,  ainda que  o atual, não necessita pedir nada a nenhum ministro, apenas determina - se o ministro não gostar, é só sair.]

“Então, diante disso, como o ministro (Paulo) Pimenta, não sabendo que na reunião que tivemos com o presidente não havíamos citado o nome, anunciou preliminarmente, e já está colocado, o nome será oficializado no momento certo, depois da conversa que teremos na semana que vem com o presidente Lula”, complementou.

Na sequência, ela falou dos próximos passos após a decisão do chefe: “Acataremos qualquer nome que venha. O nome já tá posto? Já está posto. Será esse? Confirmei com a Casa Civil, confirmei com o ministro Padilha se era o nome que eles estavam mencionando. Eles confirmaram que sim e agora o próximo passo é na semana que vem marcar uma reunião, quando a agenda permitir, com o economista e professor da Unicamp Marcio Pochmann, que agora eu sei o nome dele e terei o maior prazer de atender, portanto, o pedido do presidente Lula. Quero antecipar que não faço pré-julgamentos, portanto aqui não vou atender a nenhum questionamento que me façam, que eu sei a ordem, de que ordem virá, porque já fui muito pré-julgada na minha vida profissional e política. Eu vou ouvi-lo primeiro, né?”

Radar - Revista VEJA

terça-feira, 18 de julho de 2023

Supersalários: 25 mil servidores ganham acima do teto e custam R$ 3,9 bi por ano aos cofres públicos - O Estado de S.Paulo

Bianca Lima

Levantamento do Centro de Liderança Pública, com base em dados do IBGE, mostra que 60% dessas remunerações estão nos Estados; teto foi atualizado para R$ 41,6 mil em abril deste ano

A pequena casta de servidores públicos que ganha acima do teto do funcionalismo – atualmente em R$ 41,6 mil mensais – custa R$ 3,9 bilhões por ano aos cofres da União, Estados e municípios.

No ano passado, 25,3 mil pessoas faziam parte desse grupo seleto, o que representa 0,23% dos servidores estatutários, aqueles que foram aprovados em concurso e têm estabilidade no cargo.

Apesar do número ínfimo, o impacto nos orçamentos públicos é relevante. A cifra bilionária que considera os dados de 2022, quando o teto era de R$ 39,3 mil – supera, por exemplo, a verba prevista neste ano para o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, que soma R$ 3,5 bilhões.

A maior parte do gasto está concentrada nos Estados (R$ 2,54 bilhões, cerca de 60%), seguidos da União (R$ 900 milhões) e dos municípios (R$ 440 milhões).

Os números foram compilados pelo Centro de Liderança Pública (CLP), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). No documento, o CLP ressalva que parte dos valores extra-teto são referentes a indenizações legítimas, mas aponta que, mesmo excluindo esses montantes, o impacto anual superaria os R$ 3 bilhões.

Segundo o levantamento, o valor máximo recebido por um servidor, em 2022, foi de R$ 302,2 mil mensaiscifra quase oito vezes o teto vigente à época e 54 vezes o salário médio de um funcionário público no País, que no ano passado somava R$ 5,6 mil.

“Isso mostra o quanto o Estado brasileiro ainda tem de gordura do ponto de vista de despesa e a importância de uma reforma administrativa”, afirma Tadeu Barros, presidente do CLP. “Sabemos que é impossível discutir duas reformas ao mesmo tempo e que o foco, agora, é a tributária, mas gostaríamos que o assunto estivesse na agenda e voltasse ao radar.”

Em 2021, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto que tem o objetivo de combater os supersalários de agentes públicos, já que limita o pagamento de auxílios que hoje driblam o teto constitucional. O texto, porém, está há dois anos parado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, à espera de um relator. “Se a matéria tivesse sido aprovada logo na sequência, quase R$ 8 bilhões poderiam ter sido economizados nesse período”, diz Barros, que lembra que o governo está em busca de verbas para garantir o equilíbrio fiscal e zerar o rombo das contas públicas no ano que vem.

Penduricalhos multiplicam salários
O teto do funcionalismo público está inserido na Constituição, mas acaba sendo driblado com frequência. Isso porque os salários são inflados por uma série de “penduricalhos” – benefícios que se somam ao valor da remuneração.

Em maio deste ano, por exemplo, o procurador-geral da República, Augusto Aras, definiu as regras para liberar um novo benefício que pode aumentar o salário de integrantes do Ministério Público da União (MPU) em R$ 11 mil. O caso foi revelado pelo Estadão.

Os procuradores terão compensação pelo chamado “acúmulo de acervo processual, procedimental ou administrativo”, mesmo quando estiverem em férias, licença ou recesso e afastados para atuar em associações de classe
A cada três dias trabalhados, eles ganharão um de folga, que poderá ser revertido em indenização. 
Um procurador da República tem salário de R$ 33,7 mil. “Se você tem um teto constitucional, ele deveria ser aplicado. O que acontece, hoje, é que muitas verbas remuneratórias acabam sendo classificadas como indenizatórias exatamente para burlar esse limite”, afirma Marina Atoji, diretora de programas da Transparência Brasil. Procurado, o MPF não respondeu.

Em outro exemplo, a Justiça de Minas Gerais liberou a juízes e promotores um auxílio-creche retroativo de até R$ 57 mil por filhovalor que deve ficar ainda maior, já que as resoluções preveem que será acrescido de juros e correção monetária. Procurado, o Tribunal de Justiça de MG afirmou que ainda não há previsão de número de magistrados que receberão o benefício, mas que já é possível adiantar que a medida alcançará um “porcentual baixo”. “Essas verbas (extra-teto) acabam fomentando a desigualdade dentro do funcionalismo público, quando poderiam estar sendo usadas exatamente no sentido oposto: reduzir as desigualdades em todo o País, além de ajudar no equilíbrio fiscal”, diz Marina.

Economia - O Estado de S. Paulo

 


sexta-feira, 30 de junho de 2023

População - O bom e o ruim dos números do Censo - Alexandre Garcia

Vozes - Gazeta do Povo

PIB

A população do país chegou a 203,1 milhões em 2022, com aumento de 6,5% frente ao censo demográfico anterior, realizado em 2010.| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Não é uma boa notícia... é boa, mas não é boa, como diria a ex-presidente Dilma: nossa população não cresceu como esperávamos. Somos 203 milhões de brasileiros, e não 215 milhões. 
O IBGE chegou a projetar que a população havia subido para 213 milhões, mas constataram outra coisa no Censo. 
Mesmo considerando que 4% das residências não atenderam, projetou-se um número de moradores, e chegaram a pouco mais de 203 milhões de habitantes.
 
A notícia boa é que, na última década, crescemos 0,5% ao ano, enquanto na década anterior crescíamos o dobro disso, e lá atrás crescíamos 2%, 3%.  
Quando eu nasci, nós éramos um quinto, 20% do que somos hoje. Crescemos muito e isso demanda serviços públicos de saúde, de educação, de transporte, é um desafio. 
Escola para todo mundo, emprego para todo mundo, renda para todo mundo, alimento para todo mundo. Estamos crescendo menos.
 
Qual é o lado ruim, afinal? Crescer menos é bom. 
Mas a população inativa está crescendo e a população ativa está se estabilizando. 
Isso significa que menos pessoas vão ter de sustentar mais pessoas na Previdência Social
E aí vamos precisar de outra reforma de Previdência, cobrar mais caro. 
Ou então fazer as pessoas se prevenirem já, com seus fundos.

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Vamos ver outros números interessantes
Dos 5.570 municípios, 3.168 cresceram, os outros 2.399 diminuíram. 
Os que mais cresceram estão em Roraima, Santa Catarina e Mato Grosso – e a atividade econômica atraindo gente. 
Por exemplo, no topo da lista, com crescimento de 189%, está o município de Canaã dos Carajás (PA), porque existem duas minas lá da Vale. Já o que mais caiu, perdendo 46% da população, foi Coatiba (BA). 
Eu estou falando do município, não da cidade. 
Está cheio de jornalista que jura que “cidade” e “município” são a mesma coisa, mas não são. É que eles vivem em cidade grande e confundem a cidade, que é a sede do município, é o aglomerado urbano, com o município, que é a área toda, área urbana e área rural. 
Eu sempre digo, brincando, que se cidade fosse o mesmo que município, então a maior cidade do mundo seria Altamira (PA).
 
A cidade mais populosa do Brasil continua sendo São Paulo – é o município mais populoso também, porque em São Paulo cidade e município têm a mesma área. 
São 11,5 milhões de habitantes, mais que o Rio Grande do Sul, que está mais estabilizado – a população caiu em 58% dos municípios gaúchos. 
A capital que mais perdeu população foi Salvador: 258 mil pessoas a menos, ou 10%. 
O Rio de Janeiro perdeu 109 mil pessoas nesses 10, 12 anos. Já Boa Vista (RR) passou de 284 mil habitantes para 413 mil, aumento de 45%. 
 Em 2010, o país tinha 67 milhões de residências, agora tem 90 milhões. De 2010 até hoje, a população cresceu 6,5%, mas o número de residências subiu 34%.
 
Mais imposto nos combustíveis, e tráfico em aeroportos
A partir desta quinta-feira tem mais imposto sobre a gasolina, mais 34 centavos por litro de gasolina e 22 centavos por litro de etanol. 
E, por fim, um alerta para o pessoal que usa aeroportos diferentes de Guarulhos. 
A polícia centraliza muito a investigação de drogas em Guarulhos, mas estão pegando drogas em aeroportos secundários também. 
Apreenderam agora 3 quilos de cocaína no aeroporto de Florianópolis, com uma mulher boliviana que estava indo para a Índia. 
Imaginem se ela é pega num daqueles países que prevê pena de morte por transportar drogas? [seria uma traficante a menos = melhor que uma amais.]

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 19 de junho de 2023

O agronegócio brasileiro não para de crescer e com isso vêm desafios e inimigos - Gazeta do Povo

 
 
 
 Foto: SEAPA-MG/Divulgação

Cresci lendo a Gazeta do Povo, veículo de comunicação que vem sendo reconhecido como o grande defensor da liberdade, por posicionamentos claros e transparentes. A Gazeta ocupa hoje local de destaque na discussão dos grandes temas.

Você, leitor, pode imaginar minha alegria em ser convidado para assinar esta coluna semanalmente. Por aqui, vamos explorar as questões da agropecuária brasileira e da política nacional.  
Espero conseguir transmitir um pouco do meu ponto de vista como presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, tendo a responsabilidade de liderar o maior grupo do Congresso Nacional, pois superamos os 350 parlamentares entre deputados e senadores. 
Um grupo diverso, pluripartidário, porém coeso quando tratamos das pautas setoriais.

Sempre digo que nosso setor é envolto em uma guerra de narrativas. Somos um dos maiores players do mercado internacional com tecnologia e sustentabilidade, mas temos grandes concorrentes. Estados Unidos e União Europeia disputam conosco em diversos mercados o protagonismo da produção agrícola no mundo. Iniciativas como o green deal europeu ou medidas protecionistas impostas ao Brasil só comprovam a ideia das narrativas, ou seja, tudo é uma questão comercial.

Certa vez, estava em uma reunião com produtores americanos e foi dito, por um dos palestrantes, que o mundo precisa triplicar a produção para alimentar 8 bilhões de habitantes do planeta e o mais importante: o único local do mundo capaz de fazer isso, com tecnologia e boas práticas, é o Brasil. É simples concluir que nossos concorrentes “tremem na base” ao imaginar ainda mais crescimento e protagonismo brasileiro.

Estados Unidos e União Europeia disputam conosco em diversos mercados o protagonismo da produção agrícola no mundo

Os números da agropecuária são amplamente conhecidos, motivo de orgulho nacional, o agro é responsável por 1/3 do PIB, 25% dos empregos e mais da metade das exportações brasileiras. O IBGE divulgou o crescimento do PIB no 1º trimestre - algo em torno de 2% - e a agropecuária é responsável por quase 22% desse crescimento.

Um setor com essa magnitude, com essa importância, deve ser, no mínimo, respeitado. Fazemos tudo isso, mesmo tendo tanto - e tantos - contra nós. Quando digo que temos muitos contra nós, refiro-me à volta das invasões, às demarcações sem critérios e ao debate ambiental focado no aspecto ideológico, tudo isso apoiado por um governo que despreza nosso setor. 
Mas, isso abordarei na próxima semana. Assunto é o que não falta! Até a próxima…
 
Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima
 
Pedro Lupion, Deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Coluna na Gazeta do Povo - VOZES