Às vésperas da decisão sobre o impeachment, aliados abandonam a presidente, ministros pedem demissão e Temer já fala como futuro ocupante do Palácio do Planalto. A presidente já não governa mais o Brasil
Em 2014, Dilma Rousseff resistiu a uma ofensiva de dirigentes petistas e expoentes do PIB nacional para fazer de Lula o candidato do PT à Presidência da República. Reeleita, viu o PSDB recorrer à Justiça Eleitoral para lhe cassar o novo mandato. Desde o ano passado, seu adversário é outro, o poderoso PMDB, patrocinador e beneficiário direto do pedido de impeachment em tramitação. Até agora, a presidente sobreviveu à pressão dos três maiores partidos do país. Um feito considerável para uma neófita no universo dos profissionais da política, mas um desalento para a maioria dos brasileiros. Por um motivo simples. A presidente já não exerce a Presidência de fato.
Dilma Rousseff: empenhada apenas em salvar o mandato, ela se transformou em reles figurante do próprio governo(Adriano Machado/Reuters)
Mostra-se incapaz de
restabelecer o diálogo com os setores produtivos e o Congresso e, assim,
contribui para agravar a recessão econômica. Na prática, seu governo
acabou, e os últimos sinais vitais se restringem a eventos com plateias
cativas, a tentativas de obter apoio com a oferta de cargos a deputados e
senadores e a batalhas na Justiça, com os pedidos de liminares de
última hora no Supremo Tribunal Federal.Os prazos e datas podem ser adiados, mas nada parece destinado a exorcizar o fantasma do impedimento de Dilma, cujos contornos estão cada vez mais delineados.
Colaborou Hugo Marques
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