Policial foi morto na manhã deste sábado (26) em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Região é a que tem o maior número de mortes: 27 só este ano.
Morreu, na manhã deste sábado (26), o 100º policial militar no estado do Rio somente neste ano. É a maior média em mais de 10 anos. Fábio Cavalcante e Sá era segundo sargento da PM, tinha 38 anos e era lotado no 34º BPM (Magé). Segundo testemunhas, ele estava próximo ao Largo do Guedes, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, quando foi atingido por 11 disparos. Os criminosos atiraram mais de 30 vezes, segundo uma testemunha ouvida pelo RJTV.
De acordo com parentes do policial, o soldado estava de folga e sem
farda em um local que é próximo à casa de familiares, onde costumava ir
regularmente. Os criminosos teriam chegado em um carro e tentaram
assaltar o PM, mas perceberam que ele estava armado e dispararam contra
Fábio.A principal testemunha do assassinato é o pai do sargento, que viu toda
a ação. Ele chegou a pedir para os bandidos não atirarem no filho. Não
há informações sobre o estado de saúde do pai de Fábio.
Outra pessoa que presenciou o crime descreveu a cena como “uma guerra”.
Depois dos disparos, os criminosos ainda roubaram a arma e todos os
outros pertences do policial. O PM chegou a ser socorrido para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA)
Nilo Peçanha, em Duque de Caxias, mas não resistiu aos ferimentos e
morreu. Policiais da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense realizaram perícia no local do crime e recolheram várias cápsulas que
ficaram no chão. O segundo sargento Fábio Cavalcante trabalhava há mais de 15 anos na Polícia Militar e deixa esposa e um filho de oito anos.
"É uma contagem macabra com aqueles que tem missão de nos defender. Só
desse grupo tivemos 100 homens tombados, sem contar mais de 200
baleados. Não podemos nos esquecer. Muitos deles continuam fora de
serviço e podem ficar com sequelas grandes porque cometeram um 'erro
capital': serem policiais militares", diz o ex-chefe da Polícia Civil,
Fernando Veloso. "São 100 pessoas a menos cuidando da nossa segurança",
resume.
Baixada Fluminense é a região com mais mortes
O número indica que um policial é morto a cada 57 horas, pouco mais de dois dias. A média é a maior desde 2006, quando um policial foi assassinado a cada 53 horas.
A Baixada Fluminense é a região com maior número de mortes. Foram 27
este ano, mais de um quarto do total. A maior parte das mortes ocorreu
entre quinta-feira e domingo.
Segundo o coronel Fabio Cajueiro, da Comissão de Vitimização da Polícia
Militar, a Polícia do Rio está lutando em uma "guerra inglória". "Eu
acredito que a população do Rio ainda não gosta de criminoso. E a gente
tem outro problema: em qualquer lugar do mundo tem tráfico. Mas
narcotráfico associado à arma de guerra e caçada a policial, a gente só
vê aqui no Rio", lamenta Cajueiro.
3 mil PMs mortos em 22 anos
Em média, um policial morreu a cada 64 horas no Rio desde 1995 e 2017.
Foram 3087 durante este período. Essa é a conclusão feita a partir de
estatísticas da Polícia Militar sobre a morte de soldados da corporação,
a que o G1 teve acesso. A taxa de mortalidade entre
1994 e 2016, segundo a PM, é maior do que a de soldados americanos na
Segunda Guerra Mundial.
Nos últimos 22 anos, 3,52% dos 90 mil integrantes do efetivo da PM do
Rio morreram. Durante 3 anos e meio da participação americana na guerra,
405 mil soldados americanos morreram, o equivalente a 2,52% da tropa,
composta por mais de 16 milhões de soldados.
Em 2017, a PM realizou uma mudança metodológica nos próprios dados:
além de contar os policiais mortos em serviço e os que estavam de folga,
a corporação passou a contabilizar também as mortes dos PMs reformados.
Anteriormente, apenas as mortes causadas por perfurações de armas de
fogo eram contabilizadas. Desde 2017, qualquer tipo de morte violenta
também passou a entrar na estatística.
Mortes de PMS entre 1995 e 2017
São mais de 3 mil mortes registradas no período, em serviço e de folga
2017 (até 26/08)
Anos 100
Anos 100
Fonte: Polícia Militar/Divulgação
É nas folgas que os policiais são mais vítimas de mortes violentas. Das
3083 mortes ocorridas desde 1995, 2465 ocorreram durante a folga dos
agentes, ou seja, 80% dos casos. No período, o número de policiais
mortos em serviço foi de 598. Se o problema já é antigo,o aumento entre 2015 e 2016 chama a atenção.
Em 2015 foram 91 mortes, entre mortos em serviço e de folga. Já no ano
seguinte, o número chegou a 146, um aumento de 60%.
Fonte: G 1