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sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

E Lula dilmou de vez - Percival Puggina

Adivinhe qual a emissora de TV que Lula escolheu para sua primeira entrevista de temas múltiplos após o início de seu governo? Bingo! Acertou de cara, amigo leitor: a Globo News, representada no ato pela indefectível jornalista Natuza Nery, comentarista de política do canal e de quem nunca se viu, em quatro anos, o mais tênue deslize em sua trincheira oposicionista.

Lula falou sobre a necessária aplicação da lei aos que tentaram golpe de Estado, disse que os militares devem tirar a farda para fazer política e prometeu acabar com o desmatamento. E, de repente se pôs a falar sobre Economia. Nessa área ele consegue ser pior do que Fernando Haddad e transforma a estabanada Dilma Rousseff em seu posto Ipiranga.

O jornalista Álvaro Gribel, da mesma Globo, e sobre cuja posição não cabe dúvida, pois considerou serem palavras “de estadista” aquelas com que Lula respondeu as três questões mencionadas acima, criticou fortemente as posições do novo presidente em questões econômicas. Lula considerou uma bobagem a independência do Banco Central, reiterou ser contra a meta de inflação e contra o teto de gastos.

Lula sempre pensou assim. Lá atrás, no começo do século, ele já pensava “que uma inflaçãozinha não fazia mal algum”. Não foi por outra razão, além da inveja que tinha de FHC, que seu partido se opôs ao Plano Real, sem o qual estaríamos até hoje em hiperinflação. E aquela loucura dos anos 90 do século passado começou com alguma inflaçãozinha e descontrole fiscal vinte anos antes.

Para Lula, estabilidade social e fiscal são objetivos antagônicos por causa da ganância das pessoas mais ricas.  
Ao que se acresce uma sentença que deveria ganhar versões em bronze e enviada aos empresários que apoiaram a volta de Lula ao poder: “O empresário não ganha muito dinheiro porque trabalhou, mas porque os empregados dele trabalharam”.

O novo governante tem instalada na cabeça, sobre Economia, uma verdadeira súmula das idéias que deixaram a situação fiscal do Brasil em pandarecos nas mãos de seu partido, mesmo transcorridas suas quatro gestões num dos períodos mais benfazejos em tempos de globalização. Para ele, todo gasto do governo, mesmo furando o teto, mesmo aumentando impostos, mesmo reestatizando o que foi privatizado, mesmo ampliando a inflação, é “investimento”. Gasto, do tipo dinheiro roubado (imagino), é pagamento de juros.

Ele não sabe que juros elevados não são sobrepreço de empreiteiras e fornecedores. 
Eles são pagos a quem usa seus recursos privados para financiar a despesa pública superior à receita. 
Ou seja, juros da dívida são a consequência inevitável da irresponsabilidade fiscal.  
E é exatamente isso que ele vem prometendo cada vez que fala sobre Economia.

Se, como se diz, “promessa é dívida”, as de Lula  fazem isso mesmo: vão aumentar o endividamento do Estado. Em entrevista exclusiva à Globo, como deferência à empresa e prenúncio de tragédia à nação, Lula apontou o caminho do fracasso.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


domingo, 12 de junho de 2022

Oficio do Ministério da Defesa ao TSE enfileira impropriedades - O Globo

 Bernardo Mello Franco

GENERAL EM CAMPANHA

Ministro da Defesa vira cabo eleitoral de Bolsonaro e tenta intimidar TSE

O general Paulo Sérgio Nogueira em solenidade militar no Palácio do Planalto

O ministro da Defesa apontou a espada para o pescoço da Justiça Eleitoral. Na sexta-feira, o general Paulo Sérgio Nogueira tentou enquadrar o presidente do TSE. Em papel timbrado, lançou novas suspeitas sobre a urna eletrônica e endossou a retórica golpista de Jair Bolsonaro.

O ofício oscila entre o queixume e a intimidação. Na parte lacrimosa, o general diz que as Forças Armadas “não se sentem devidamente prestigiadas” pelo TSE. Na parte perigosa, descreve as eleições como uma questão de “soberania nacional”. [cita não o perigo e sim o óbvio - afinal são eleições livres e transparentes que garantem a SOBERANIA de uma NAÇÃO  que pretenda ser INDEPENDENTE E SOBERANA. 
Uma República democrática que não escolhe seus governantes com eleições livres, soberanas e transparentes, abre mão da sua SOBERANIA.] E cita trechos do artigo 142 da Constituição, deturpado por bolsonaristas que sonham com um novo golpe militar.

Leia mais: Bolsonaro e generais se unem em cerco ao STF

A alegação de desprestígio é infundada. Os integrantes das Forças Armadas receberam mais privilégios do que qualquer outra categoria nos últimos quatro anos. Foram favorecidos na reforma da Previdência, acumularam salários acima do teto e abocanharam mais de seis mil cargos civis no governo, sem contar o comando de ministérios e estatais.[foram escolhidos pela confiabilidade, competência e honestidade. As funções que exercem por merecimento e não por serem frutos do compadrio repugnante e da falta de patriotismo da era 'perda total'.]

A segunda parte do ofício reúne mais impropriedades. Nela, o general Paulo Sérgio parece querer dar ordens ao presidente do TSE, ministro Edson Fachin. “Reitero que as sugestões propostas pelas Forças Armadas precisam ser debatidas”, escreve, embora o tribunal já tenha respondido todos os questionamentos enviados pelo Exército.[não pode ser chamada de impropriedade um  documento no qual seu autor pede resposta às sugestões que apresentou anteriormente, em um outro  documento elaborado com seriedade e por convite do próprio órgão 'cobrado'. Nada mais é do que reiterar a necessidade que o primeiro documento seja analisado, debatido entre as partes para então ser respondido de forma exata e detalhada.]

Em outro trecho, o militar diz que a todos nós não interessa concluir o pleito eleitoral sob a sombra da desconfiança dos eleitores”. Segundo o Datafolha, a ampla maioria (73%) da população confia na urna eletrônica. O general confunde o eleitorado brasileiro com a tropa radicalizada do capitão.

No ofício, o ministro da Defesa ainda propõe “incentivar-se a realização de auditoria por outras entidades, principalmente por partidos políticos”. A passagem escancara o jogo combinado entre Paulo Sérgio e Bolsonaro. Na terça-feira, o partido do presidente indicou uma empresa para auditar as eleições. A entidade escolhida pelo PL foi um certo Instituto Voto Legal, criado no ano passado por um engenheiro com formação militar.

Hoje completa-se um mês da melhor resposta que a Justiça Eleitoral já deu às tentativas de interferência dos quartéis. “Quem trata de eleição são forças desarmadas”, afirmou o ministro Fachin. A frase deveria ter encerrado de vez o assunto, mas o bolsonarismo insiste em misturar a farda com a urna.

Na quarta-feira, o general Paulo Sérgio foi à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. Convocado para explicar o uso de dinheiro público na compra de Viagra, comportou-se como um cabo eleitoral de Bolsonaro. Ao fim da sessão, disse que o governo defende “os valores da família brasileira” e “a liberdade do nosso povo”.

O último ministro da Defesa, general Braga Netto, já subiu oficialmente no palanque. Filiou-se ao PL e deve ser candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro. Seu sucessor deveria guardar distância da política partidária, mas tem se empenhado em seguir a mesma linha. Agora usa o cargo para intimidar o Judiciário e ameaçar a democracia.[encerrando com um comentário (pergunta) que representa nossa opinião e certamente a de milhões de brasileiros: Qual o mal que pode ser causado ao sistema eleitoral do Brasil caso as próximas eleições sejam auditadas?]

Bernardo Mello Franco, colunista - O Globo

 


terça-feira, 7 de setembro de 2021

À espera de Bolsonaro, Paulista tem reza e gritos contra Doria e o STF - Blog Maquiavel

O bolsonarista Nelson Piquet agora é motorista do presidente

Tricampeão mundial de Fórmula 1, piloto dirigiu o Rolls-Royce que conduziu o presidente para a cerimônia de hasteamento da bandeira no Dia da Independência 

O ex-piloto Nelson Piquet, tricampeão mundial de Fórmula 1, deu um passo à frente na sua conversão ao bolsonarismo: atuou hoje como motorista do Rolls-Royce que levou o presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama Michelle Bolsonaro para a cerimônia de hasteamento da bandeira no Dia da Independência.

A cerimônia, que é oficial e ocorreu no Palácio da Alvorada, não contou com a presença de nenhum outro chefe de poder, como ocorre tradicionalmente. Neste ano, por decisão de Bolsonaro, não haverá desfile militar alusivo à data. Desde a noite de ontem, milhares de manifestantes vêm se concentrando na Esplanada dos Ministérios para participar de manifestação em apoio ao presidente.

Há tempos, Piquet vem se aproximando de Bolsonaro. Já o recebeu em sua mansão, já esteve com ele no Palácio do Planalto e já integrou a comitiva de Bolsonaro durante uma viagem ao Acre.

O empresário Luciano Hang, o presidente Jair Bolsonaro e o piloto Nelson Piquet
O empresário Luciano Hang, o presidente Jair Bolsonaro e o piloto Nelson Piquet Divulgação/Divulgação

Também tem comungado cada vez mais do discurso do presidente, como as críticas à TV Globo – em mais de uma vez, ele chamou a emissora de “Globolixo”, uma expressão usada com frequência pelos bolsonaristas.

Manifestantes discursam em carros de som contra Alexandre de Moraes, o governador e em defesa do voto impresso, da intervenção militar e do agronegócio... 

Milhares de manifestantes tomam a Avenida Paulista, na região central de São Paulo, desde o final desta manhã, para apoiar Jair Bolsonaro, defender suas pautas – como a volta do voto impresso — e gritar contra os adversários do presidente.

Além dos protestos contra o Supremo Tribunal Federalem particular o ministro Alexandre de Moraes, alçado à condição de vilão do bolsonarismo –, em São Paulo os gritos também são direcionados a um adversário em particular: o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
O tucano, que é pré-candidato à Presidência da República em 2022, tem se colocado como contraponto ao presidente principalmente nas questões relacionadas à pandemia, como a defesa da vacina e do isolamento social, o que o deixou em rota de colisão com o bolsonarismo. [o tucano, tenta ser pré candidato do PSDB; seu adversário é aquele rapaz, Eduardo, governador do RS.]

Boa parte dos manifestantes, aliás, não usa máscaras ou, se usa, as coloca no queixo. Também há vários pontos de aglomeração. Dois caminhões de som foram colocados na altura da faculdade Cásper Líbero a via é normalmente fechada aos domingos e feriados –, além de um boneco do presidente Bolsonaro.

Além de gritar contra o STF e Doria, os manifestantes defendem o agronegócio e os ruralistas, pedem intervenção militar com Bolsonaro no poder alguns usam farda e coturno –, empunham bandeiras do Brasil e de Israel e fazem orações e coletam assinaturas para a criação do Aliança pelo Brasil, o partido que o presidente pretende criar, mas que encontra dificuldades para sair do papel. Também entoam gritos de “Lula ladrão”, em referência ao ex-presidente, hoje o principal adversário de Bolsonaro na corrida ao Planalto.

A expectativa é que Bolsonaro vá à avenida no final da tarde para falar aos manifestantes, como anunciou durante a semana. Em Brasília, o presidente discursou atacando o STF e dando uma espécie de ultimato ao tribunal para que afaste o ministro Alexandre de Moraes da função.

Blog Maquiavel - VEJA

 

sábado, 28 de agosto de 2021

Buscas por farda disparam na web e acendem alerta sobre uso de uniforme militar por civis em 7 de setembro

Johanns Eller

Crise institucional

A procura por uniformes militares em serviços de busca dispararam mais de 1.000% nos útimos 28 dias, em relação ao mesmo período do ano passado, indicam dados do Google. As buscas preferenciais mostram que os interesses pela compra de "farda", "farda militar" e "loja militar" foram os que mais cresceram no mes de agosto, em comparação com agosto de 2020.

Bolsonaristas protestam por intervenção militar diante do quartel do Comando Sudeste do Exercito no Ibirapuera, em São Paulo, no mês de abril
[comportamento típico da covarde esquerda; intensificam as buscas no Google e outros buscadores, compram muitos uniformes, tudo é divulgado pela midia militante como se fosse práticas do governo Bolsonaro e apoiadores;
Em 7 de setembro, alguns serão atacados por indivíduos fardados (na realidade esquerdistas) e acusarão apoiadores de Bolsonaro = a fake news de que estão comprando uniformes está sendo divulgado.
Mais uma vez os esquerdistas, comunistas, terroristas e coisas do tipo serão derrotados
.
O exército particular que existia no Brasil, e só no pensamento do criminoso Lula era o do general da banda Stédile = os facínoras dos sem-terra) que agora, com a posse do capitão,  estão debaixo das saias das esposas e/ou companheiras  na covardia.]

As métricas são da ferramenta conhecida como Think with Google, feita para medir o comportamento do consumidor no varejo. A ferramenta não traz números absolutos sobre a quantidade de buscas, apenas a tendência geral, mas destaca as categorias de produtos em ascensão e é atualizada diariamente, segundo a Google. Os dados mostram, porém, que os uniformes militares registraram o quarto maior aumento de interesse nessa comparação por períodos. Perdem só para caixas de itens de padaria, produtos químicos e barco a motor.

 Mas a alta coincide com o fortalecimento da mobilização bolsonarista para os atos do 7 de setembro. Coincidem, também, com exortações nas redes bolsonaristas e grupos de WhatsApp para que os seguidores usem fardas nas manifestações para representar o "Exército" do presidente. 

Não é à toa que Bolsonaro tem dito que os protestos do feriado da independência servirão como uma "foto do Brasil para o mundo". Para o diretor do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio Lima, os dados do Google indicam que a estratégia para os atos é simular uma falsa adesão massiva de militares e policiais. O movimento visaria co-optar os setores ainda resistentes para o projeto de ruptura propalado pelo presidente. 

"É a construção da ruptura com a tentativa de angariar simpatia dos militares de verdade para apoiá-la, mostrar que há unidade. Isso mostra que entramos em um novo patamar da fake news, eu chamaria de deep fake news, para potencializar a manifestação", diz Lima. "As Forças Armadas não podem deixar serem instrumentalizadas dessa forma. É um sequestro dos símbolos nacionais para o projeto de poder do Bolsonaro. É muito preocupante e exige manifestação dessas instituições". 

O uso indevido de uniformes, distintivos ou insígnias é tipificado como crime no Código Penal Militar. Os infratores militares estão sujeitos a uma pena de detenção de seis meses a um ano. Civis, por sua vez, podem ficar detidos por até seis meses.

Em uma rápida pesquisa na internet é possível encontrar réplicas de fardas do exército por preços que variam entre R$ 200 e R$ 800. Aos olhos leigos, facilmente poderiam ser confundidas com as de um soldado. "Fantasias" de fardas de polícias militares de diferentes estados são encontradas por menos de R$ 200. Há também sites especializados na venda de artigos militares, o que inclui vestimentas. 

O estado de São Paulo é o que registrou o maior interesse em uniformes militares, segundo a ferramenta do Google. A manifestação na capital, prevista para ocorrer na Avenida Paulista, é vista como ponto central dos protestos contra o Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional e a favor do voto impresso, derrotado na Câmara. É lá que Bolsonaro deve fazer o discurso em que ele diz que vai mostrar seu apoio ao mundo.

Pouco atrás, nas buscas por uniformes verdes, está o Rio de Janeiro, de onde devem partir caravanas para São Paulo. Na sequência aparecem Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia. 

A alta na procura por roupas militares coincidem com a radicalização do discurso bolsonarista em algumas PMs. O exemplo maior foi afastamento, no início da semana, de um comandante da PM de São Paulo, Aleksander Lacerda, pelo governador João Doria (PSDB).

O coronel da ativa, que tinha sob seu comando uma tropa de 5 mil homens em sete batalhões, publicou nas redes sociais convocações para os atos e criticou o STF, o Congresso e o próprio governador, o chefe das PMs.

Para o diretor do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a estratégia dos fardados, se replicada às centenas ou milhares, pode prejudicar inclusive a punição dos agentes da ativa que comparecerem aos atos antidemocráticos.  "Quando verem a massa de fardados, será muito mais difícil punir policiais que irão, de fato, armados. Como definir quem é policial e quem não é? Isso irá provocar uma grande impunidade e é uma estratégia para gerar comoção", alerta Renato Sérgio de Lima. 

Lima teme, ainda, que uma multidão de fardados nas ruas possa provocar desdobramentos imprevisíveis. "As fardas militares da PM também serão usadas para confundir a população. Policiais podem ser induzidos a determinados comportamentos a partir das ações daqueles (falsos) fardados", diz.

Malu Gaspar, jornalista - Blog em O Globo


quarta-feira, 30 de junho de 2021

NUNCA SUBESTIME O LIMITE DA MILITÂNCIA EM DEFENDER TUDO O QUE NÃO PRESTA - Antes de tudo, arme-se

Felipe Fiamenghi

O que mais ouvi, nos últimos dias, foram bobagens sobre esse vagabundo: “Era satanista”; “Se escondia graças a bruxaria e poderes ocultos”; “Era um mateiro experiente que estava dando ‘baile’ na policia”, etc…

Hoje, a foto do defunto barbeado mostrou que o “capeta” que o escondia era de carne e osso. Esse, afinal, sempre foi o propósito da maioria das “lendas”: atribuir às bestas os atos atrozes da humanidade numa tentativa hipócrita e até inocente de negar a capacidade humana de cometer tais barbáries. A policia, tão menosprezada e diminuída, é quem lida diariamente com estes indivíduos. Gente tão ruim que faz com que histórias sobrenaturais sejam criadas.

São eles, os homens por baixo da farda, que exorcizam os demônios da sociedade.  Lázaro, por definição, apesar da divulgação errônea e midiática da imprensa, não era um “Serial Killer”. O que não o deixa menos perigoso. Ao contrário, aliás. O criminoso era um psicopata, sem empatia, remorso ou escrúpulos, que não matava por fantasias, rituais ou alucinações (como um serial Killer), mas por total e completo desprezo à vida alheia.

Quem hoje “chora” a sua morte, que chama de desastrosa a ação da policia, é tão ou mais psicopata do que o mesmo, pois não consegue ter empatia por suas vítimas, nem qualquer senso de preservação de sociedade, já que, vivo, seria um risco constante para qualquer um que cruzasse o seu caminho.  Eu sou um cara cético, que não costuma acreditar no “sobrenatural”. Não importa, porém, a sua crença; se acha que o mesmo era protegido pelo oculto, por forças malignas ou magia negra. Não teve reza forte ou mandinga que parasse o chumbo no seu lombo.

Portanto, ficam as lições:

1 – RESPEITE A POLICIA. É ela a fronteira entre você e um Lázaro.
2 – Não menospreze a maldade humana. O que muitas vezes achamos que, pela crueldade, só poderia ser obra de um demônio, pode ser feito por seu vizinho.
3 – Nunca subestime o limite da militância em defender tudo o que não presta. Não choraram a morte de nenhuma vítima, mas estão se debulhando em lágrimas pelo vagabundo.
4 – ARME-SE! O Estado é incapaz de te proteger, uma viatura não atinge 1045Km/h e, para cada Lázaro, existem muitos cúmplices. VOCÊ É RESPONSÁVEL PELA SEGURANÇA DA SUA FAMÍLIA! Na dúvida, releia o item 2.

“Antes de tudo, arme-se.”


 Reproduzido do Diário do Brasil, em 29/06/2021 - MAQUIAVEL, Nicolau

 

sábado, 26 de junho de 2021

Presidente do STM defende Pazuello e elogia Bolsonaro: “É um democrata” - VEJA

General Luis Carlos Gomes Mattos afirma que não há hipótese de retrocesso institucional e diz que a oposição está esticando demais a corda

O general Mattos tinha 16 anos quando ingressou na escola de cadetes do Exército, em abril de 1964, dias depois do golpe militar. Hoje, aos 73 anos, preside o Superior Tribunal Militar (STM), corte responsável por julgar crimes cometidos por integrantes das Forças Armadas.[atualização: e crimes militares ainda que cometidos por civis.]  No cargo desde março, ele diz que se impôs duas missões. A primeira é conseguir um assento no Conselho Nacional de Justiça, órgão que, entre outras coisas, investiga acusações contra magistrados. [foi uma picuinha barata a exclusão do Superior Tribunal Militar da composição do CNJ - a Corte Castrense é o mais antigo Tribunal da Justiça no Brasil e não poderia, nem deveria, ter sido excluída;
mas, sua inclusão não é complicada, não sendo necessário sequer ampliar o número de integrantes do Conselho Nacional de Justiça, entrando o ministro indicado pelo STM, em substituição ao  juiz previsto no inciso V ou XI, ou pela redução para um do número previsto no inciso XII - os incisos são do artigo 103-B, da Constituição Federal. Efetuar o ajuste no inciso XIII do citado artigo provocaria uma ciumeira entre deputados e senadores.] A segunda, talvez a mais complicada, é trabalhar para reduzir o “ranço” que ainda existe em relação aos militares. 
 

Luis Carlos Gomes Mattos - Cristiano Mariz/VEJA
 
Ex-comandante da Amazônia, o general é um atento observador da cena política. Orgulhoso de sua farda, não vê exagero algum na participação de seus colegas no governo. Muito pelo contrário. Segundo ele, os militares são profissionais corretos, competentes, honestos e, por isso, agregam credibilidade e confiabilidade. Nesta entrevista a VEJA, Mattos defende o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, elogia o presidente Jair Bolsonaro, afirma que o receio de um retrocesso institucional é usado como discurso daqueles que, na verdade, não têm apreço algum pela democracia e critica a maneira como se faz oposição ao Planalto. A seguir os principais trechos.
 
Com cinquenta anos de carreira militar, como o senhor avalia a imagem do Exército hoje? 
Eu vou lhe responder com as pesquisas. O povo é quem mostra nesses levantamentos a credibilidade do Exército. Veja que a credibilidade não caiu. A que se deve isso? Eu vou dizer: é simplesmente porque a gente procura fazer as coisas de maneira correta. Talvez haja um ou outro desvio de comportamento, mas isso a Justiça resolve. Para isso tem a Justiça Militar, para isso tem o Regulamento Disciplinar do Exército, [Marinha e Aeronáutica possuem regulamentação disciplinar específica.] que pune eventuais transgressões. As Forças Armadas, por formação, se conduzem de maneira séria.
 
A CPI da Pandemia vem dissecando a atuação do general Eduardo Pazuello à frente do Ministério da Saúde e já é dado como certo que o relatório final vai responsabilizar Bolsonaro e o ex-ministro pela maior crise sanitária da história do país. Isso não contradiz o que o senhor acabou de afirmar?  
Não tenho a menor dúvida de que a CPI não vai abalar em nada, porque nada tem a ver com as Forças Armadas. A CPI está lá no Senado. As Forças Armadas continuam fazendo e cumprindo sua missão, inclusive ajudando a combater essa pandemia de Covid-19, disponibilizando grandes efetivos, distribuindo material.
 
Não incomoda ver um general da ativa sendo interrogado pelo Congresso na condição de investigado, ter o sigilo quebrado e provavelmente ser indiciado? 
Lógico que isso me incomoda, especialmente a forma como as coisas acontecem. Vejo uma falta de respeito. Eu sempre respeitei as pessoas. Não como militar, mas como gente, como homem. Pazuello foi muito preciso e objetivo nas respostas. Não sei se eu seria. Na minha opinião, ele não vai ser acusado de nada. E, se acontecer, isso não vai abalar as Forças Armadas. Eu conheço o general Pazuello. Não tenho dúvidas da competência e honestidade dele. Quebraram o seu sigilo. A família do Pazuello é rica. Ele não está no Exército por necessidade, está por gosto.

(.........)

Fala-se muito em uma ameaça de retrocesso democrático. Esse risco existe? 
De jeito nenhum. Muito pelo contrário. O presidente Bolsonaro é um democrata, fala com o palavreado do povo, mas nada disso com a intenção de quebrar as estruturas, destruir as instituições, dar um golpe.
 
O senhor tem certeza sobre as convicções democráticas do presidente da República? 
O presidente Bolsonaro passou quantos anos no Legislativo? É um político que entrou na política, como outros entraram, pelo voto. Além disso, todos os poderes estão funcionando normalmente. Outro absur­do que dizem por aí é que as Forças Armadas foram capturadas pelo governo. Não fomos capturados por ninguém. 
Nós passamos quantos anos em governos de esquerda? 
As Forças Armadas se mantiveram fiéis ao presidente, que é o comandante em chefe das forças, seja ele de que ideologia for.

(..........)

Mas parece claro que o governo federal demorou para comprar vacinas contra a Covid-19.
Só vou fazer uma pergunta: você compraria, com seu CPF, alguma coisa que ainda está sendo cientificamente estudada? 
Você colocaria o seu CPF numa compra de bilhões? 
Veja que é uma decisão difícil. Eu acho que ele não demorou. Toda autoridade tem responsabilidade jurídica. Eu tomo uma decisão do tribunal, mas se eu tomar uma decisão errada, o meu CPF é que está lá, e eu vou responder como pessoa física. Quem vai sofrer as consequências sou eu.
 
Qual a avaliação que o senhor faz do governo Bolsonaro? 
Houve alguma acusação de corrupção contra o presidente Bolsonaro? 
Ele se elegeu para combater a corrupção. E de todas as maneiras estão tentando atribuir alguma coisa a ele e não conseguiram até agora. Deviam deixar o presidente governar, mas não deixam. Quem critica Bolsonaro faz isso de manhã, de tarde, de noite. Tudo atribuem ao presidente. [a maioria os que criticam o presidente Bolsonaro -  conspiram contra ele, contra o Brasil e os brasileiros -  são ladrões, corruptos e teriam que estar presos. Não é necessário a citação de nomes, a maior parte deles é bem conhecida.] Tudo de errado. Será que você aguentaria isso? Que reação eu teria? Não sei. E alguma coisa boa atribuem? O Brasil está crescendo, a economia está crescendo, mesmo com todas as dificuldades. Não tenho dúvida de que estão esticando demais a corda.
 
Quem está esticando demais a corda? 
De maneira geral, todos aqueles que são contra o governo… porque a política é assim: tem gente contra e tem gente a favor. Quem está contra logicamente vai esticar essa corda, como se diz, até que ela arrebente. Esses, na verdade, são os que não têm muito apreço pela democracia, os que defendem ditaduras e apoiam ditadores. Quando a corda vai arrebentar? Isso eu não sei.
 
O que seria exatamente arrebentar a corda? 
Tomar uma medida fora da Constituição. Não tenho dúvida de que estão esticando, para ver até onde se pode ir. 
Tenho a certeza de que nós já suportamos muito. Nós saímos dos governos militares com a maior credibilidade institucional no país. Por quê? Porque aplicamos e não desviamos o pouco que recebemos. Essa verdade incomoda muita gente, porque, apesar de tudo o que falaram dos militares — “autoritário, ditador” —, nós continuamos e vamos continuar cumprindo a nossa missão.
 
A Lei de Segurança Nacional, herdada do regime militar, está sendo contestada no Supremo Tribunal Federal e em discussão pelo Congresso. Ela precisa de reparos? 
A Lei de Segurança Nacional permanece, até o momento, em nosso ordenamento jurídico. Há, de fato, a discussão sobre se ela está ou não completamente alinhada aos cânones constitucionais, inclusive com ação no STF.  
É importante destacar que deve existir o ordenamento legal que discipline e controle o comportamento do cidadão diante de situações que ponham em risco a segurança nacional
Não podemos viver em um mundo de sonhos em que pensemos que, de alguma maneira, a segurança nacional não pode ser afetada.
 
A polarização que se avizinha nas eleições do ano que vem preocupa? 
Vivemos em um Brasil que tem a sua democracia consolidada, onde os poderes e as instituições vêm cumprindo o seu papel. Exerceremos o direito democrático do voto e, certamente, prevalecerá a vontade da população brasileira. O povo brasileiro tem de saber votar.
 
O que significa “saber votar”? 
Votar nas pessoas que vão responder às necessidades do país. Aí você me pergunta: “Quais?”. Vou lhe dar um exemplo do que estou dizendo. O Brasil precisa de infraestrutura. O ministro Tarcísio (Tarcísio Gomes de Freitas, ministro da Infraestrutura, capitão da reserva) está fazendo isso. Está fazendo as estradas, que outros governos começaram e não acabaram. Está fazendo ferrovia, que outros governos pagaram e o dinheiro sumiu. É nisso que o eleitor precisa estar atento. Um governo que faça as coisas sem corrupção.

ÍNTEGRA DA ENTREVISTA - Clique aqui

Publicado em VEJA, edição nº 2743, de 23 de junho de 2021

 

sábado, 22 de maio de 2021

Circo Parlamentar de Inquérito - Revista Oeste

Edição de arte Oeste | Fotos: Shutterstock

No plenário da CPI, equipado com chapas acrílicas de proteção nas bancadas e tubos de álcool em gel, Renan ajeitou a placa que deveria levar sua identificação, trocada propositadamente com o placar das mortes da covid — na quarta, o alagoano era o senador 439.379. O presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), anunciou a abertura dos trabalhos. Respeitável público, vai começar o espetáculo!

9 horas
Pazuello surpreende e fala (muito)
A grande questão que agitou a bolsa de apostas dos parlamentares e dos analistas da CPI foi dirimida logo na primeira fala do militar, que escolheu para o dia uma gravata com listras verdes e amarelas em lugar da farda. O ex-ministro não só respondeu a todos os questionamentos, como suas respostas irritaram desde o primeiro minuto a Renan, para quem ele foi prolixo e escapista. Mais: Pazuello lançou mão de um discurso de apresentação de 40 minutos, no qual narrou sua trajetória desde o colégio militar na infância à Academia das Agulhas Negras, com menções saudosas aos pais — uma gaúcha da fronteira de Bagé e um paraibano judeu.

10 horas
A estrela do espetáculo entra em cena
Para quem acompanha diuturnamente as apresentações teatrais do escrete da CPI, a impaciência do relator 439.379 e de Omar Aziz com as falas do ex-ministro pôde ser notada desde as primeiras horas. Uma das características do seu interrogatório é repetir perguntas em contorcionismo retórico até fisgar a resposta que se encaixe na conclusão que parece estabelecida antes mesmo de a comissão começar a funcionar — em entrevistas, Renan afirmou que pretende culpar o governo pela condução das políticas públicas na pandemia. A expressão “Vamos ser mais objetivos” foi certamente a mais utilizada.
— Vossa excelência está aqui para responder às perguntas dos senadores, e para muitas delas basta um “sim” ou um “não”. Quando a gente fala muito e não consegue explicar nada, fica difícil para a gente ficar ouvindo — reclamou Aziz. [senador Aziz, é simples: peça para sair da presidência da Comissão, ou melhor, privilegie o Brasil, a começar pelos que se enganaram e votaram no senhor, com sua renúncia ao mandato parlamentar.]
— Está compreendido, senador — assentiu o militar.

Espécie das mais sofisticadas na rapinagem política em atividade, Renan parece satisfeito com o papel de protagonista depois de um longo calvário no banco dos réus das manchetes em 2007, ano em que caiu da cadeira de presidente da Casa para não ter o mandato cassado, por exemplo, estampou cinco capas da revista Veja de maio a setembro. Ex-defensor de sessões secretas na Casa, ele agora monitora as transmissões pela internet e faz perguntas enviadas pelos seus seguidores nas redes sociais.

— Por que não tomou o comando e o protagonismo dessa negociação com a Pfizer? — disse Renan.
— Pela simples razão de que eu sou o dirigente máximo, eu sou o decisor, eu não posso negociar com a empresa. O senhor deveria saber disso.

A maranhense Eliziane Gama (Cidadania) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) — nervoso, ele tem dificuldade com decibéis — quase saltaram das cadeiras em rodopio:
— Isso é desrespeito, presidente!
Renan olhou para o celular e lembrou-se da audiência nas plataformas de streaming de emissoras e dos portais de notícias:

— Estamos sendo acompanhados pelo Brasil inteiro! [comentário do Prontidão Total - só após a CPI Covidão é que nos tornamos sabedores que a senadora em questão não nasceu no Gama (cidade satélite do DF) e sim no MA,estado que a elegeu,  e a vimos por foto (apesar dela frequentar o Congresso desde 2016... falta de produtividade, atrapalha a visibilidade do congressista.
Já o senador do Acre dispensa apresentação - qualquer investigação que não leve a nada conta com a presença dele.]

12 horas
Sobre o Covidão nos Estados, não!
Há um momento crucial nas sessões: quando as oitivas enveredam para além do governo Bolsonaro, é o caso de freá-las só na CPI, dois integrantes são pais de governadores: o filho de Renan administra Alagoas, e Jader Barbalho (MDB) é o pai de Helder, no Pará.  
Até agora, nenhum depoente, seja ele político, empresário ou lobista, foi ouvido sobre o “Covidão”.  
Já quase na próxima hora cheia, depois que a bateria do relator perdeu a energia, Aziz derrapou e por muito pouco não comprometeu o acordo velado entre os seus pares para impedir que a investigação siga os bilhões da União destinados aos demais entes federativos:

— Os gestores desses Estados e municípios, vendo essa experiência no Amazonas, por que eles não se prepararam para isso?
Deveriam ter se preparado — disse Pazuello.
O petista Humberto Costa (CE) [codinome 'drácula' pelo seu envolvimento, quando ministro da Saúde do Lula, na roubalheira nos bancos de sangue, investigada na operação sanguessuga.percebeu a barbeiragem e entrou em ação:
Para corrigir aqui, já temos o acesso a um inquérito do Ministério Público que trata de Manaus, e a informação é de que o Ministério da Saúde foi informado da iminência de falta de oxigênio em janeiro.

Pazuello resolve, então, falar sobre o tema:
Deixa eu dizer para o senhor. Isso causou toda essa confusão, foi na leitura do e-mail que a White Martins mandou para… Esse e-mail, eu também tenho aqui, eu vou lhe passar, é o e-mail que foi mandado para a Secretaria de Saúde do Estado do Amazonas…
Mas Aziz achou melhor encerrar o diálogo:
— Não precisa responder porque esse processo está sob sigilo. Eu espero que a gente não toque mais nesse assunto aqui. Vamos passar essa parte.

13 horas
O “pixulé” e a campainha
No picadeiro da CPI qualquer CPI, porque quase nenhuma terminou em algo sério —, uma das cenas favoritas do público é o faroeste engravatado. Quem assiste aos vídeos aguarda ansiosamente pelo momento do dedo em riste, sempre interrompido pela clássica campainha — esta, aliás, uma espécie de despertador de que o show está em curso. Na quarta-feira, o duelo foi entre Luis Carlos Heinze (PP-RS) e Omar Aziz sobre recursos da União transferidos ao Amazonas.
Você não está falando a verdade, rapaz! É um mentiroso! — disse Aziz.
Não me chame de mentiroso! Não sou! Não sou! Vou lhe mostrar agora! — reagiu o gaúcho.
As notas taquigráficas da sessão registraram assim:
Tumulto no recinto. Campainha.

Sete minutos depois, de volta aos microfones, Renan quer saber de Pazuello o que ele quis dizer com o termo “pixulé”, utilizado quando era ministro. Ele explicou:
É porque eu morei muito tempo no Rio de Janeiro, e a gente tem algumas palavras que saem. Todo final de ano é normal ter recursos não aplicados em projetos e programas. Então, se você tem um programa que tem R$ 100 milhões e aplicou R$ 92 milhões… Então, você tem saldos não aplicados. Chega no final do ano, começa prefeitura, começa hospital… Não tem nada aí de ilegítimo, mas são as sobras…
Ao falar em “pixulé”, quis citar alguém?
Claro que não! Se eu quisesse citar, teria citado.
Enquanto isso, Heinze foi às redes sociais.

14 horas
Ajuda dos universitários
Com cinco horas transcorridas de depoimento, as sirenes das agências de checagem nas redações já estavam a mil. Era hora de incluir nos títulos que, aqui ou ali, de um jeito ou de outro, Pazuello mentiu à CPI — e, como isso pode ser imputado como crime lá na frente, nada melhor do que a “polícia da notícia” chamar a atenção do xerife Renan desde já. Um giro rápido pelos portais tradicionais na internet aponta de quatro a dez “informações falsas” e devidamente marcadas com o selo de quem ostenta ter o monopólio da informação. A sessão é suspensa para o lanche — é servido sanduíche com frios, suco, café e frutas.

15 horas
Precisamos falar sobre a cloroquina
Às 15h11, Randolfe Rodrigues, vice-presidente e autor do requerimento da CPI, assume o comando para a reabertura do espetáculo. O próximo a elaborar perguntas é o petista Humberto Costa, ainda irritado com a informação de que circula no Twitter um meme no qual ele cita “a fronteira do México com o Brasil” numa fala na CPI — apenas um lapso por confundir Donald Trump com Jair Bolsonaro, argumentam os petistas em mexericos, “deve ser coisa do gabinete do ódio”. A bronca da vez é com o descumprimento do uso de máscara — Pazuello foi flagrado em um shopping center sem máscara, embora o alvo sejam as aglomerações promovidas por Bolsonaro. Quem pega carona na cena é Tasso Jereissati (PSDB-CE), chamado pelos jornais do país de “Joe Biden brasileiro”. Além das máscaras, ele quer levantar a bola para o assunto predileto da turma: a cloroquina. O áudio falha, já que o tucano participa por meio de videoconferência de casa, e nada fica muito claro. Aí surge novamente a maranhense Eliziane Gama, sobre Manaus:
— Mas o senhor tinha conhecimento de que estava indo hidroxicloroquina e não o oxigênio, que era a necessidade premente do momento?
Vamos para a próxima hora.

16 horas
Apagam-se as luzes
Alertado pelos colegas de que fora iniciada a ordem do dia no plenário, o que retira regimentalmente a prioridade das transmissões das comissões pela TV da Casa, Omar Aziz faz um alerta ao elenco:
Foi cortada a sessão daqui. Acho melhor a gente suspender, depois a gente volta.
Renan Calheiros dá a palavra final, fora do microfone (as notas taquigráficas, contudo, registraram):
— É a melhor providência.

17 horas
Cenas dos próximos capítulos
Nesse intervalo da sessão, surge o break news do dia: o ex-ministro teria passado mal na antessala da comissão e foi socorrido pelo senador Otto Alencar (PSD), que é médico. O Twitter explode em hashtags. A sessão seria retomada no dia seguinte. No estacionamento do Congresso, porém, Pazuello negou aos repórteres ter sentido mal-estar. Marcos Rogério (DEM-RO), aliado do Palácio do Planalto, foi ao Twitter esclarecer.

Quinta-feira 20 – Dia 2
O público pediu e teve bis
De volta ao palco no início da manhã, depois de uma exaustiva sessão, Eduardo Pazuello foi informado de que enfrentaria perguntas de mais 23 senadores. Sim, 23, porque, além dos 11 titulares e 7 suplentes, outros parlamentares sempre conseguem uma ginástica regimental para pegar carona nos holofotes — a manobra da vez nessa comissão é argumentar que a bancada feminina tem pouco espaço de fala, ainda que, proporcionalmente, elas sejam 12 em 81 na Casa. [proporcionalme4nte, 12 x 81, permite na Covidão, menos de meia pergunta. Dói, mas democracia é em função da maioria - desconsiderar a maioria é implantar a ditadura da minoria = acabar coma democracia.]  Quem roubou a cena logo no início foi o escudeiro do governo Marcos Rogério, ao exibir por meio de um tablet um vídeo no qual governadores críticos ao presidente avaliavam positivamente, no começo da pandemia, o uso da cloroquina contra a covid, entre eles João Doria (PSDB-SP), Wellington Dias (PT-PI), Renan Filho (MDB-AL) e Helder Barbalho (MDB-PA). [David Uip, braço direito do governador de S. Paulo usou a cloroquina para seu tratamento quando teve covid - temos o receiturário.] 

Como citar governadores é assunto proibido, houve nova troca de farpas, só resolvida pela campainha. Durante a bagunça, o primogênito dos Bolsonaro, o senador Flávio (Republicanos-RJ), sugeriu que o pastor Silas Malafaia fosse convocado já que a comissão quer ouvir alguém com quem o presidente mantém contato frequentemente
Otto Alencar ainda tentou sabatinar o ex-ministro sobre seus conhecimentos médicos e o criticou por não ter feito um curso intensivo sobre doenças virais quando assumiu o cargo. No mais, até o apagar das luzes, às 17h05, o espetáculo cumpriu rigorosamente o roteiro.

Em cartaz
Extras
Do lado de fora do plenário da CPI, ainda restam as entrevistas no chamado “cercadinho da imprensa”, instalado no corredor e devidamente preparado para que os detetives da covid com mandato, por ordem de chegada, anunciem a próxima atração: na terça-feira 25, estará em cartaz o episódio “Capitã Cloroquina” (como foi apelidada a depoente Mayra Pinheiro, secretária da pasta da Saúde).

Revista Oeste -  MATÉRIA COMPLETA

 


quarta-feira, 19 de maio de 2021

Covidão = Pazuello é aconselhado a ir sem farda, mas será acompanhado por assessores do Exército

O Globo 

[General Pazuello, o senhor é um oficial-general do Exército  Brasileiro, da ativa,  e tem o DIREITO e a HONRA de usar uniforme da gloriosa Força Terrestre. 
O uso do uniforme do EXÉRCITO BRASILEIRO se causa algum constrangimento, certamente não é aos que podem usá-lo]
 
Ex-ministro conseguiu habeas corpus ao STF para ficar em silêncio diante de perguntas que possam incriminá-lo
Ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello Foto: Anderson Riedel/PR

Ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello Foto: Anderson Riedel/PR

Segundo interlocutores do general, Pazuello também estudou o estilo de cada senador para evitar ser surpreendido.  O militar também teve conversas com o presidente Jair Bolsonaro, pessoalmente no Palácio da Alvorada e por telefone, além de ter sido orientado pelo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni. 

Nesta quarta-feira, Pazuello quer fazer um depoimento respaldado por toda a documentação que conseguiu reunir nos últimos dias.  Ele estará acompanhado do advogado da União, Diogo Palau, e de dois assessores designados pelo Exército para auxílio a checar datas e documentos a cada tema que for questionado por parlamentares. 

Entre militares, existe o receio de que o depoimento de Pazuello associe as ações do governo com o Exército. Um senador governista contou ao GLOBO ter sido procurado por um representante do Exército para que os parlamentares diferenciassem a gestão Pazuello da instituição militar. O objetivo é tentar evitar que a atuação do general na Saúde gere desgaste à Força. 

Após o depoimento do ex-secretário especial de Comunicação Fabio Wajngarten, o Palácio do Planalto cobrou de sua tropa de choque na CPI da Covid uma atuação mais contundente, inclusive cobrando responsabilidades de governadores.  Durante a oitava de Pazuello, senadores governistas querem mostrar um vídeo do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciando a compra de cloroquina ao lado do médico infectologista David Uip.

 

© Governo do Estado de São Paulo - 8.abr.2020 O médico infectologista David Uip, então coordenador do Centro de Contingência contra a covid-19 em São Paulo, discursa no Palácio dos Bandeirantes   

 

 Receituário prescrevendo cloroquina para o paciente David Uip

Mais detalhes: aqui

O Globo - Brasil