Durante
algumas horas, um Eduardo Cunha em edição piorada fez Dilma sonhar com o
enterro do impeachment e a permanência no emprego
Nesta
segunda-feira, Dilma Rousseff estrelava
no Palácio do Planalto um comício da pelegagem estudantil quando recebeu a
notícia de que Waldir Maranhão fizera o que, na véspera, havia prometido fazer
ao fim do encontro com José Eduardo Cardozo: numa decisão monocrática, anulou a
sessão da Câmara que aprovou o impeachment da presidente. Para fingir que
ignorava a trama que aprovara com louvor, Dilma
caprichou na expressão de surpresa ─ até trocou por
um sorriso de aeromoça a carranca que exibe desde o primeiro dia no berçário.
Enfim
convencidos de que não vai ter golpe, os estudantes profissionais mudaram o grito
de guerra: “Uh, Maranhão!”, passaram
a berrar. À tarde, o presidente do Senado anulou a decisão que pretendia
anular tudo o que já foi decidido sobre o
impeachment da governante desgovernada. À noite, o próprio Maranhão revogou a anulação do que já se tornara irrevogável.
Substituto de Eduardo Cunha na presidência da Câmara, pode ter o mandato
cassado antes do titular deposto pelo Supremo.
Enredado
nas investigações da Lava Jato, a perda do direito ao
foro privilegiado deverá antecipar a mudança de Maranhão para a República de
Curitiba. Flávio Dino, que por algumas horas reivindicou a paternidade
da ideia de jerico, lembrou subitamente que havia um Estado à espera de algum
governador e caiu fora de Brasília. Com adversários assim, a Famiglia Sarney
tem o direito de sonhar com a retomada da capitania que lhe pertenceu por 50
anos.
Dois dias antes do fim da Era da
Canalhice, José
Eduardo Cardoso rasgou de vez a fantasia de advogado-geral da União para
assumir oficialmente o Ministério das Chicanas Imbecis. Vai ficar no cargo até
a hora de deixar o Planalto em companhia da patroa despejada. Saiam ou não pela rampa, os farsantes despejados
pelo povo entenderão já na primeira passada que estão descendo a ladeira que
termina no beco dos esquecidos. Ali
se aglomeram presunçosos que descobriram tarde demais que a morte política
frequentemente precede a morte física.
Fonte: Coluna do Augusto Nunes