VOZES - Gazeta do Povo
Uma das principais características da eleição presidencial de 2022 é a ausência absoluta, por parte dos políticos e das suas aglomerações, de qualquer coisa que possa parecer com uma ideia. Tudo bem: política, como é do conhecimento geral, sempre tem muito mais a ver com interesses do que com princípios. Não dá para exigir seriedade de ninguém numa campanha eleitoral, não é mesmo? Mas dessa vez a politicalha brasileira está indo ainda mais longe do que costuma ir em matéria de descaso pelo eleitor. É uma genuína história de superação.
O único Brasil que os políticos brasileiros querem é o Brasil que seja melhor para eles – ou, mais exatamente, para eles, seus amigos e os amigos dos amigos. Dá para levar a sério um cidadão que diz que o seu grande propósito, como futuro presidente, é “acabar com a fome” no país? E os que prometem “democracia”? Ou “progresso”, “honestidade”, “justiça”, etc.? Ou levar o Brasil para “o centro?” A coisa vai daí para baixo. Não é que os candidatos não tenham um programa de governo que faça algum sentido. Eles não têm sequer uma sugestão decente a respeito do que deve ser feito.
No fim vai acabar sendo um torneio entre governo e gente que quer ir para o governo. O resto é conversa para encher noticiário político.