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terça-feira, 9 de outubro de 2018

Sob Alckmin, PSDB decide se apoia Bolsonaro

A participação de Geraldo Alckmin na disputa presidencial de 2018 transformou-se numa excursão para o inferno. Na campanha, Alckmin assistiu ao avanço de Jair Bolsonaro sobre o eleitorado tucano de São Paulo, que o PSDB julgava cativo. Nas urnas, Alckmin amargou um vexatório quarto lugar, com menos de 5% dos votos. Nesta terça-feira, Alckmin comanda, na condição de presidente do PSDB, uma reunião da Executiva do seu partido. Na pauta, um drama hamletiano do tucanato: apoiar ou não apoiar Bolsonaro?, eis a questão.

Como se tudo isso fosse pouco, um afilhado político de Alckmin, o tucano João Doria, vai à Executiva, em Brasília, com o propósito de defender o apoio do PSDB ao algoz do seu padrinho. “Colocarei com clareza o que já sabem que é minha posição. Eu apoio Bolsonaro”, disse Doria em entrevista ao UOL.
 
Bolsonaro empurra o PSDB para o seu habitat natural: o muro. Entretanto, os outros cinco tucanos que disputam governos estaduais no segundo turno também flertam com o apoio ao capitão do PSL. Doria esboçou a cena: “Pode haver até uma situação inusitada, em que os candidatos que disputam governo no segundo turno, contando comigo são seis, tenham uma posição hipoteticamente pró-Bolsonaro. Pode ser que o partido tome uma decisão de neutralidade, não ter posição alguma.”

Vai seguir a decisão partidária?, quis saber o repórter. E Doria: “Nenhuma neutralidade. Serei absolutamente contra o PT, Fernando Haddad, Lula… E, neste caso, alinhado com a candidatura Jair Bolsonaro.” Os outros cinco tucanos que disputam poltronas de governador são: Eduardo Leite (RS), Expedito Júnior (RO), José de Anchieta (RR), Reinaldo Azambuja (MS) e Antonio Anastasia (MG). Nos seus respectivos Estados, Bolsonaro foi o mais votado.

A descida de Alckmin pelos nove círculos do inferno inclui a visão de uma disputa que contribuiu para a derrocada do seu projeto presidencial. Ex-vice de Alckmin e herdeiro da poltrona de governador, Marcio França (PSB) mede forças com Doria pelo governo de São Paulo. Em tese, Alckmin teria dois palanques no seu Estado. Em verdade, não teve nenhum. Hoje, França dedica-se a trocar farpas com Doria. Sobre o duplo palanque, ele diz: “Foi um erro grave”. (veja a entrevista abaixo). Como se observa, Alckmin exerceu em sua plenitude o direito de escolher seu próprio caminho para o inferno.