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sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Dois meses para evitar um colapso político-administrativo

Lula não terá a tradicional trégua de 100 dias para se instalar no Palácio do Planalto e começar a governar

Que ninguém se engane. A primeira tarefa da transição iniciada, ontem, sob a coordenação do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin é evitar um colapso político-administrativo do governo federal, em razão da ruptura de políticas em curso, uma vez que a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva significa a retomada de um projeto nacional centrado em três grandes eixos: a construção de um Estado democrático ampliado, permeável à participação da sociedade; a retomada do desenvolvimento, em novas condições de sustentabilidade, numa economia globalizada; e o combate às desigualdades, com objetivo de erradicar a miséria e promover a inclusão social. O governo Bolsonaro tinha metas diametralmente opostas. [até os petistas sabem que o eleito não tem condições administrativas, intelectuais, morais,éticas, etc ... para construir nada = aprovar uma PEC - essencial, mas que ainda está sendo cogitada - em menos de 45 dias,parece piada; a única forma de evitar o colapso apontado é o eleito desistir - renunciar, desistir de voltar à cena do crime = ele desistindo o Alckmin, ele é vice-presidente, portanto, até a posso o eleito não é presidente e o Alckmin não vice]
 
(...)  
 
Com a derrota eleitoral, o governo Bolsonaro acabou, mas seu mandato ainda não. É preciso um mínimo de entendimento, mesmo se sabendo que não haverá diálogo entre o atual presidente e o sucessor por absoluta incompatibilidade de gênios, como diria o falecido compositor Aldir Blanc. Todos os sinais de Bolsonaro são de que não pretende passar a faixa para Lula no Palácio do Planalto. 
Do ponto de vista institucional, é apenas um gesto simbólico. O petista será diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e empossado pelo Congresso. [Não tem sentido o presidente Bolsonaro passar a faixa; já o trecho destacado em vermelho nos lembra os cinco passos que o falecido Carlos Lacerda mencionava com relação ao Getúlio Vargas - o eleito, por enquanto cumpriu os dois primeiros, o dois seguintes são os apontados pelo articulistas e após cumpridos falta o último ... governar.]

Correio Braziliense - MATÉRIA COMPLETA

 

domingo, 3 de julho de 2022

"Ninguém mais honesto" - Por que a relação de Lula com a corrupção é bipolar - J. R. Guzzo

Gazeta do Povo - VOZES

O ex-presidente Lula, candidato a voltar ao cargo nas eleições de 2022, [o vice do Lula, Geraldo Alckmin, declarou que o descondenado quer voltar à cena do crime.] é um homem rigorosamente bipolar quando se trata de corrupção. 
Numa parte do tempo, garante que nunca foi roubado um tostão em seus oito anos de passagem pela presidência. 
Em seus momentos de maior agitação, diz até que não existe no Brasil “ninguém mais honesto” do que ele - o que realmente não seria pouca coisa. Como essa afirmação costuma ser recebida com risadas gerais, Lula, em outra parte do tempo, diz que “foi traído” pelos companheiros, que levou uma punhalada “nas costas” e que não sabia nada da roubalheira espetacular que aconteceu em seus dois mandatos – foi, simplesmente, a maior de toda a história mundial da ladroagem, mas ele nunca chegou a perceber nada.
 
Em sua última manifestação pública de campanha, Lula acionou a “fase 2”. No primeiro momento, fez, sem que lhe tivessem perguntado nada a respeito, uma revelação interessante: contou que em sua estadia na presidência foi avisado com 12 horas de antecedência de uma operação de busca da Polícia Federal na casa de um irmão. 
Pelo que deu para entender, ele quis dizer que não interferiu no trabalho policial, mesmo sabendo das coisas. 
Pelo que dá para uma criança de 10 anos concluir, doze horas são tempo suficiente para o mais distraído dos irmãos preparar a melhor recepção possível para a polícia.  
Em seguida, fez um desafio ao radialista que o entrevistava: “Você sabe tudo o que acontece na sua casa? Você sabe o que o seu filho está fazendo”? Então: ele, Lula, também não poderia saber tudo o que acontece num governo com “1 milhão de pessoas”.

Uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra, é claro. É impossível para o radialista, ou para qualquer dos 8 bilhões de seres vivos no mundo, saber tudo o que acontece em suas casas – a menos que fiquem 24 por dia trancados, ou que não tenham casa nenhuma. 

Com a autoridade pública, sobretudo a que pediu para ser eleita, é o contrário: o sujeito tem, sim senhor, a obrigação de saber que diabo estão fazendo em seu nome e em seu governo, o tempo todo. 
O sujeito é o presidente da República ou é um otário? 
No primeiro caso, o combate aos atos de corrupção é imediato e eficaz – faz, basicamente, que se roube pouco. No segundo caso, essa atitude de “não dá para saber” leva à maior roubalheira da história.

Com a autoridade pública, sobretudo a que pediu para ser eleita, é o contrário: o sujeito tem, sim senhor, a obrigação de saber que diabo estão fazendo em seu nome e em seu governo, o tempo todo

Os governos Lula têm a maior prova da prática de corrupção que se pode esperar de uma investigação criminal: os corruptores e os corruptos confessaram de livre e espontânea vontade os crimes que cometeram, em acordos oficiais com a procuradoria.  
Mais: devolveram o dinheiro roubado, ou pelo menos parte dele, no valor de bilhões de reais.  
Por que um sujeito haveria de devolver dinheiro se não roubou nada? 
Só para agradar o juiz e o promotor? Para isso Lula nunca deu uma explicação, em nenhum dos seus dois polos.
 

J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES 

 

segunda-feira, 28 de março de 2022

Lula-Alckmin é a aliança mais cínica de que se tem notícia na vida política brasileira - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Alckmin, ao se unir a Lula, está se unindo a tudo o que sempre combateu em sua vida

O ex-governador Geraldo Alckmin está entrando para a história política do Brasil como um caso extremo de hipocrisia, de falsidade ou de oportunismo ou, muito provavelmente, as três coisas ao mesmo tempo.  
Trata-se de um exagero, mesmo para os baixíssimos padrões de moralidade da política nacional: é comum que a fauna deste ecossistema vire casaca o tempo todo, e passe a dizer hoje o contrário do que dizia ontem, mas Alckmin é realmente uma história de superação. Dias atrás ele assinou sua ficha de inscrição num desses pequenos partidos que prestam serviços ao PT e se qualificou, oficialmente, para ser candidato a vice-presidente na chapa de Lula nas eleições presidenciais de 2022. É a aliança mais cínica de que se tem notícia, há anos, na vida política brasileira.

Desde que começou a se anunciar a possibilidade desta aberração, tempos atrás, Alckmin passou a ter um problema insolúvel. Antes de se dispor ao papel que está representando hoje, ele disse o seguinte: “Depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz que quer voltar ao poder. Ou seja, meus amigos, ele quer voltar à cena do crime”. Como sair, agora, de um negócio desses? Não foi a mídia que falou em volta à cena do crime, nem os adversários; foi ele mesmo, Alckmin, de sua livre e espontânea vontade, e por iniciativa própria.

Falando em português claro, para não complicar as coisas, Alckmin chamou Lula de ladrão coisa que o seu principal adversário, o presidente e também candidato Jair Bolsonaro até agora não fez, não com essas palavras ou com essa clareza. Depois de ter dito, não retirou o que disse. Quer dizer, então, que o ex-governador está pronto a servir como vice de alguém que ele considera corrupto? Sim, quer dizer exatamente isso.

Lula foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro pela Justiça brasileira, em três instâncias e por nove magistrados diferentes; Alckmin, portanto, estava apenas anunciando um fato, quando falou em volta “à cena do crime”. 
O problema é por que ele, agora, se bandeou para o lado dos que considerava criminosos até outro dia. 
Não é só a questão da ladroagem, que bateu recordes na era Lula-Dilma – um caso raro na história universal da roubalheira, com os ladrões assinando confissões de culpa e devolvendo dinheiro roubado. Alckmin, ao se unir a Lula, está se unindo a tudo o que sempre combateu em sua vida. Ele está agora, por exemplo, no mesmo palanque que o MST – que, segundo Lula, vai “participar” ativamente do seu governo. 
Um de seus colegas de campanha já disse que escritura de propriedade de terra, para ele, só se for assinada por Deus, com firma reconhecida. É o novo Alckmin.

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo


segunda-feira, 23 de março de 2020

Bolsonaro cava sua própria sepultura - Blog do Noblat

Por Ricardo Noblat 

Ele de um lado, o povo do outro

O presidente Jair Bolsonaro ficará rouco de tanto repetir que ele está do lado do povo. O que acontece, segundo a mais recente pesquisa do instituto Datafolha, é que o povo não está do lado dele.

[Pontos da pesquisa Datafolha que mostram não ser um retrato fiel - não por má fé ou incompetência dos seus realizadores e sim pela situação que o Brasil atravessa - da situação.
NÚMERO DE PESQUISADOS: pouco mais de 1.500 e comparando fatores diferentes - total para todo o Brasil.
- qual o significado concreto dado por uma pesquisa que compara o desempenho do presidente da República com o desempenho do governador do Rio? 
- declara que o desempenho dos governadores no combate ao coronavírus é muito parecido = 54%. São 27 governadores, o que motiva a pergunta: comparou um com outro ou cada um de forma individual?]

A pesquisa feita por telefone em todas as capitais e no Distrito Federal mostra que 55% dos brasileiros consideram ótimo ou bom o desempenho do ministro da Saúde. O desempenho dos governadores no combate ao coronavírus é muito parecido – 54%. Quanto ao presidente que arrisca a própria viva em defesa do povo, só 35% aprovam a sua conduta. [qual conduta? em que situação? até para um bolsonarista de raiz o meu caso fica dificil não reconhecer que só na questão do corona vírus o Presidente do Brasil, adotou várias posturas.
Qual delas motivou os 35%? qual o critério? ou foi escolhido o menor percentual pró Bolsonaro?]

Quase 70% dos entrevistados reprovaram o gesto de Bolsonaro de recepcionar seus devotos na rampa do Palácio do Planalto. Foi durante a manifestação convocada contra o Congresso e a Justiça. Ali, Bolsonaro foi duplamente irresponsável. Primeiro porque participou de um ato que ele mesmo desaconselhara. Segundo porque pôs em risco a vida dos manifestantes. [como se chegou a esses 70%? uma pergunta do tipo: sendo o coronavírus extremamente contagioso, você acha que o presidente se arriscou e aos seus apoiadores?]

Ele acabara de voltar dos Estados Unidos. Trouxera na sua comitiva um auxiliar contaminado. Mais de um. Até aqui, foram 27 contaminados. E tocou em 272 pessoas. Que tal? A primeira parte da pesquisa, publicada, ontem, pela Folha de São Paulo, mostrara que Bolsonaro está na contramão dos brasileiros ao se preocupar com mais com a economia do que com vidas. 92% das pessoas concordam com a suspensão de aulas, 94% aprovam a proibição de viagens internacionais e 92% apoiam o fechamento de fronteiras. Bolsonaro era contra tudo isso.

[O importante é onde é feita a pergunta:
Este blog [Blog do Noblat]  perguntou no Twitter: 
Quem está enfrentado melhor o coronavírus?
E 44.977 leitores, numa mobilização formidável para um dia de domingo e de coronavírus, responderam assim:
Bolsonaro – 64.1%

Os governadores – 35.9% ]

Em entrevista, nesse domingo, à TV Record, nervoso, gaguejando muito, Bolsonaro afirmou que julga “exagerados” os números sobre a pandemia divulgados pelo Ministério da Saúde. Ora, ele não havia feito questão de dizer que seu time “está ganhando” por governar bem? E de lembrar que o técnico do time era ele? Suplicava por reconhecimento.
Numa hora dessas, como ele ousa pôr em dúvida o que anuncia um ministro escolhido por ele mesmo? Se o que informa Luiz Henrique Mandetta não merece fé, por que Bolsonaro não o demite? Não manda Mandetta embora porque ele não seria tão maluco a esse ponto. Mas o ministro está convencido de que será mandado embora antes do fim do ano. Não se incomodará se for.

Pesquisa IBOPE, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, quis saber quanto valeria o apoio de Bolsonaro e de outros líderes políticos a um candidato a prefeito da capital paulista. O apoio de Bolsonaro diminuiria em 41% a vontade do eleitor em votar no candidato que ele apoiasse. O apoio de Lula, em 36%. O de João Doria, em 40%. E o de Geraldo Alckmin em 34%. [A pesquisa  IBOPE mostra o inexplicável
O apoio de Bolsonaro, comparado com o dos outros 3 - faltou incluir Marcola e Fernandinho Beira-mar, já que a presença do condenado petista credencia os não inclusos a participarem = questão de isonomia - é o que mais prejudica o candidato apoiado.
Só que o atual presidente venceu com quase 60.000.000 de votos o mais bem colocado na pesquisa.] 

O apoio de Bolsonaro aumentaria em 17% a vontade do eleitor em votar no candidato dele. No caso do apoio de Lula, aumentaria em 26%. No de Doria, 9%. No de Alckmin, 10%.  Pesquisa XP-Ipesp, da última sexta-feira, conferiu que a popularidade de Bolsonaro recuou quatro pontos percentuais se comparada com a pesquisa de fevereiro último. O processo de derretimento da imagem do presidente da República está correndo mais rápido do que ele próprio imaginara. Daí o seu pânico.

Blog do Noblat - Ricardo Noblat, jornalista - VEJA


quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Apoio de outros candidatos no 2º turno é indiferente para a maioria dos eleitores - Bolsonaro tem 58% dos votos válidos contra 42% de Haddad, conforme pesquisa Datafolha

Pesquisa Datafolha mostrou que uma grande parcela dos eleitores de Ciro, Alckmin e Marina diz que não é influenciada por recomendações

Apesar da expectativa em torno das articulações por apoio no segundo turno, esse tipo de movimento deve ter pouco efeito na disputa entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) no segundo turno das eleições 2018. Pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira mostra que a maior parte dos eleitores de candidatos derrotados no último dia 7 de outubro se diz indiferente em relação à recomendação de voto dos postulantes. O levantamento foi contratado pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo.

Do total de eleitores entrevistados pelo instituto, 72% afirmaram que não faz diferença o apoio de Marina Silva (Rede), oitava colocada no primeiro turno com 1% dos votos.
O apoio de Geraldo Alckmin é considerado irrelevante para 69% dos eleitores, enquanto o de Ciro Gomes não teria influência para 63% dos entrevistados. Ciro ficou em terceiro lugar na disputa, com 12,67% dos votos e Alckmin, em quarto, com 4,75%.

Eleitores indiferentes
Quando a pergunta é direcionada aos eleitores declarados dos três candidatos há uma maior divisão. Entre quem votou em Marina, 50% se dizem indiferentes em relação a um apoio da candidata, enquanto 36% poderiam levar isso em conta.  Embora a ex-senadora tenha anunciado que irá fazer oposição a qualquer governo, seu partido, a Rede, recomendou oficialmente que seus filiados não votem em Bolsonaro mas a legenda não assume apoio a Haddad.

No caso de Ciro Gomes, cujo PDT anunciou “apoio crítico” ao candidato petista, 48% de seus eleitores consideram a possibilidade de votar em quem o ex-governador cearense recomendar – 44% se dizem indiferentes.  O eleitorado de Geraldo Alckmin (PSDB) é o que demonstra maior independência em relação a uma eventual recomendação do tucano: 57% se dizem indiferentes enquanto só 29% votariam em quem ele apoiasse. Alckmin já anunciou que ficará neutro na disputa.

Disputa
Na primeira pesquisa Datafolha divulgada após o primeiro turno das eleições de 2018, Bolsonaro tem 58% dos votos válidos contra 42% de Haddad. A contagem não considera votos brancos, nulos e indecisos.  Considerando as respostas de todos os entrevistados, o deputado federal do PSL mantém a dianteira com 49% das intenções de voto, enquanto o ex-prefeito paulistano tem 36%. Brancos e nulos somam 8% enquanto não sabe ou não respondeu representam 6% do total.  O instituto ouviu 3.235 pessoas nesta quarta-feira. A margem de erro é de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos. O levantamento, contratado pela Folha de S.Paulo e TV Globo, foi registrado no TSE com o número BR-00214/2018.

 

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Oposição antecipada

“Hoje, com a volta dos parlamentares a Brasília, o Congresso deve fervilhar em razão do resultado das eleições proporcionais. Será um grande encontro de derrotados”

Derrotados nas urnas, os candidatos Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede) derivam para a oposição antecipada aos dois candidatos que vão disputar o segundo turno das eleições, Jair Bolsonaro (PSL), que obteve 46,3% dos votos, e Fernando Haddad (PT), com 29,8% dos votos. Como outras lideranças do chamado “centro democrático”, entre as quais o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, não pretendem apoiar nenhum dos dois candidatos, com o argumento de que ambos não têm claros compromissos democráticos, nem apoiar o governo a ser formado por eles, seja quem quer que ganhe. É uma espécie de “oposição, já!”.

A mesma posição está sendo discutida no PPS, partido que sofreu duas derrotas importantes: o senador Cristovam Buarque (DF) não conseguiu se reeleger; Roberto Freire (SP), presidente da legenda, também foi surpreendido pelo tsunami eleitoral que afastou do Congresso muitas lideranças políticas de prestígio. “Posso lhe adiantar que, pelo Brasil democrático, defendo que o PPS não apoie nenhum dos dois contendores nesse segundo turno. E se posicione desde logo como oposição responsável respeitando a Constituição de 88 e lutando pelas reformas, seja qual for o presidente eleito”, anunciou Freire no Twitter.

Bolsonaro, líder da disputa, ontem anunciou que não fará concessões para vencer as eleições. Em entrevista à rádio Jovem Pan, disse que não pode “virar o Jairzinho paz e amor” e se “violentar”, mas falou em pacificar o país e insistiu na plataforma política focada no binômio: mais segurança, menos corrupção. Em entrevista à TV Globo, negou a intenção de modificar a Constituição, proposta do general Hamilton Mourão, seu vice: “Sou capitão, mas quem manda sou eu, serei o presidente”. Bolsonaro se beneficia da onda gerada a seu favor no primeiro turno, que provocou grandes viradas em alguns estados importantes, nos quais seus candidatos obtiveram grande votações em eleições majoritárias e proporcionais.

O candidato do PT, Fernando Haddad, ontem esteve mais uma vez em Curitiba, para conversar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como fez em todas as semanas de campanha. Também em entrevista à TV Globo, anunciou que havia reformulado seu programa e que não mais pretende convocar uma Constituinte. Disse que fará emendas constitucionais via Congresso para fazer a reforma tributária e acabar com o teto de gastos. Adiantou que está procurando entendimentos com o PDT, de Ciro Gomes, e com o PSB, o grande aliado nos estados do Nordeste, onde Haddad venceu as eleições. Nos bastidores da campanha, a grande mudança foi a entrada do senador eleito Jaques Wagner, ex-governador da Bahia, no estado-maior petista, para cuidar dos entendimentos políticos. O governador baiano Rui Costa, reeleito com grande votação, anunciou que pretende ampliar ao máximo as alianças de Haddad para o segundo turno.

Bancadas
Hoje, com a volta dos parlamentares a Brasília, o Congresso deve fervilhar em razão do resultado das eleições proporcionais. Será um grande encontro de derrotados. Na Câmara, não se reelegeram 240 dos 513 deputados. A bancada do PT terá 56 deputados e a do PSL, de Jair Bolsonaro, 52 (tinha apenas 8), seguidos pelo PP, 37; MDB, 34; e PSD, 34. A fragmentação aumentou, com a representação de 30 partidos, mas 16 não ultrapassaram a cláusula de barreira.

No Senado, o strike foi ainda maior. A renovação atingiu 74% dos senadores, deixando de fora do parlamento o presidente da Casa, Eunício de Oliveira (CE); o presidente do MDB, Romero Jucá (RR), entre outros. Neste ano, a sigla que mais ganhou cadeiras no Senado ainda foi o MDB, com sete senadores eleitos. Rede e PP têm cinco senadores cada; DEM, PSD, PT, PSDB e PSL, quatro. O PPS elegeu dois, o PTC, um. PMN, PSOL e PCdoB não reelegeram seus senadores.

Nas entrelinhas: Luiz Carlos Azedo - CB


Sob Alckmin, PSDB decide se apoia Bolsonaro

A participação de Geraldo Alckmin na disputa presidencial de 2018 transformou-se numa excursão para o inferno. Na campanha, Alckmin assistiu ao avanço de Jair Bolsonaro sobre o eleitorado tucano de São Paulo, que o PSDB julgava cativo. Nas urnas, Alckmin amargou um vexatório quarto lugar, com menos de 5% dos votos. Nesta terça-feira, Alckmin comanda, na condição de presidente do PSDB, uma reunião da Executiva do seu partido. Na pauta, um drama hamletiano do tucanato: apoiar ou não apoiar Bolsonaro?, eis a questão.

Como se tudo isso fosse pouco, um afilhado político de Alckmin, o tucano João Doria, vai à Executiva, em Brasília, com o propósito de defender o apoio do PSDB ao algoz do seu padrinho. “Colocarei com clareza o que já sabem que é minha posição. Eu apoio Bolsonaro”, disse Doria em entrevista ao UOL.
 
Bolsonaro empurra o PSDB para o seu habitat natural: o muro. Entretanto, os outros cinco tucanos que disputam governos estaduais no segundo turno também flertam com o apoio ao capitão do PSL. Doria esboçou a cena: “Pode haver até uma situação inusitada, em que os candidatos que disputam governo no segundo turno, contando comigo são seis, tenham uma posição hipoteticamente pró-Bolsonaro. Pode ser que o partido tome uma decisão de neutralidade, não ter posição alguma.”

Vai seguir a decisão partidária?, quis saber o repórter. E Doria: “Nenhuma neutralidade. Serei absolutamente contra o PT, Fernando Haddad, Lula… E, neste caso, alinhado com a candidatura Jair Bolsonaro.” Os outros cinco tucanos que disputam poltronas de governador são: Eduardo Leite (RS), Expedito Júnior (RO), José de Anchieta (RR), Reinaldo Azambuja (MS) e Antonio Anastasia (MG). Nos seus respectivos Estados, Bolsonaro foi o mais votado.

A descida de Alckmin pelos nove círculos do inferno inclui a visão de uma disputa que contribuiu para a derrocada do seu projeto presidencial. Ex-vice de Alckmin e herdeiro da poltrona de governador, Marcio França (PSB) mede forças com Doria pelo governo de São Paulo. Em tese, Alckmin teria dois palanques no seu Estado. Em verdade, não teve nenhum. Hoje, França dedica-se a trocar farpas com Doria. Sobre o duplo palanque, ele diz: “Foi um erro grave”. (veja a entrevista abaixo). Como se observa, Alckmin exerceu em sua plenitude o direito de escolher seu próprio caminho para o inferno.
 


sábado, 6 de outubro de 2018

CNT/MDA: Bolsonaro chega a 42,6% dos votos válidos; Haddad, 27,8%

[Bolsonaro precisa de apenas 8% para liquidar já no primeiro turno]

O candidato Jair Bolsonaro (PSL) segue na liderança isolada das intenções de voto para a Presidência, seguido por Fernando Haddad (PT), conforme os resultados da pesquisa do instituto MDA encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada neste sábado (6). Na pesquisa espontânea, Bolsonaro cresceu 8,4 pontos porcentuais, de 25,5% no levantamento revelado no dia 30 de setembro para os atuais 33,9% na simulação de primeiro turno. No mesmo intervalo, Haddad oscilou 0,7 para cima, de 19,7% para 20,4%. A margem de erro é de 2,2 pontos porcentuais para mais ou para menos. Considerando essa margem, Bolsonaro pode ter entre 31,7% e 36,1%. Já Haddad pode ter entre 18,2% e 22,6%.

Ciro Gomes (PDT) surge com 7,3% das intenções de voto (de 6,7% antes), seguido por Geraldo Alckmin (PSDB), com 4,1% (de 5%). Marina Silva (Rede) oscilou de 1,2% para 1,1%.
Eis as intenções de voto em cada candidato:
Jair Bolsonaro: 33,9%
Fernando Haddad: 20,4%Bolsonaro
Ciro Gomes: 7,3%
Geraldo Alckmin: 4,1%
João Amoêdo: 1,8%
Henrique Meirelles: 1,2%
Marina Silva: 1,1%
Alvaro Dias: 1,1%

(...)

Em simulação de segundo turno, Jair Bolsonaro venceria Fernando Haddad, caso a eleição fosse hoje, por 45,2% a 38,7%. Jair Bolsonaro também venceria Geraldo Alckmin (de 43,3% a 33,5%) e aparece em empate técnico contra Ciro Gomes. Fernando Haddad perderia para Ciro Gomes (de 40,9% a 31,1%) em eventual segundo turno e aparece empatado com Geraldo Alckmin. [o grande problema para os que torcem por uma vitória do chiliquento Ciro é que ele não tem a chance de passar para o segundo turno - exceto se repetir o ocorrido com a candidatura de Marina Silva, em 2014, estava previsto sua ida para o segundo turno, porém, seus votos sumiram e com isto quem foi para o segundo foi Aécio.]

Instituto MDA - CNT


 

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Resta ao PT torcer por Alckmin

O preço da arrogância e da incúria

Seria ingenuidade pedir ao PT ou a qualquer outro partido que admitisse seus erros passados em plena campanha eleitoral ou às vésperas dela. Mas o PT teve tempo suficiente para pedir desculpas bem antes, e não pediu.  Deixou o eleitor sem saída: ou ele engolia a seco os erros não confessados e votava no PT ou simplesmente negava seu voto ao partido. É o que acontece, segundo as pesquisas de intenção de voto para presidente.  O transplante de votos de Lula para Fernando Haddad se deu a uma velocidade que surpreendeu os adversários. É possível que tenha acabado. O transplante da rejeição a Lula e ao PT ainda está em curso.

A quatro dias da eleição, resta ao PT acender velas para que Geraldo Alckmin (PSDB) cresça ou se mantenha como está, represando preciosos votos que poderiam eleger Jair Bolsonaro (PSL) direto no primeiro turno.  Alckmin ainda se mexe, embora respire por meio de aparelhos. Conforme-se o PT em apanhar dele hoje e amanhã, quando acaba no rádio e na televisão a propaganda eleitoral. Até torça para apanhar.  Por fim, cuide-se o PT para que Haddad não proceda mal no debate entre os candidatos nesta quinta-feira, o último e o mais decisivo da atual temporada. Fora isso, não terá muito mais o que fazer.

O medo de apanhar ao vivo e a cores
O dilema do capitão
Se ouvir o conselho dos amigos mais próximos e atender à recomendação dos médicos que o trataram no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, o deputado Jair Bolsonaro não irá ao debate entre candidatos a presidente promovido pela TV Globo nesta quinta-feira. A apanhar de corpo presente, escolherá apanhar de longe, acompanhando tudo pela televisão instalada no quarto de sua casa, no Rio, onde se recupera da facada que levou em Juiz de Fora. Em 2006, quando Lula fugiu ao debate da Globo no primeiro turno, o lugar dele ficou vago. [Lula se acovardou e fugiu ao debate; o deputado Jair Bolsonaro tem ordens médicas, expressas, para não comparecer, visto que sofreu duas cirurgias de grande porte.
Não é possível comparar uma ausência motivada por covardia com outra motivada por obediência a  recomendações médicas.]

Não se sabe se no caso de Bolsonaro ficaria. A situação dele é outra. De casa, Bolsonaro sempre poderá responder aos ataques por meio das redes sociais. É seu ambiente preferido. É onde se sente seguro, protegido. De todo modo, seria tentador para ele comparecer ao debate em uma maca e ligado a aparelhos.

Blog do Noblat - Veja
 

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

A eleição que virou um duelo




A eleição que virou um duelo entre bolsonarismo e lulismo


A nova pesquisa do Ibope mostra que a corrida presidencial mudou de cara. Há uma semana, cinco candidatos ainda pareciam ter chance de vitória. Agora a disputa se afunila para um plebiscito entre o bolsonarismo e o lulismo.  Jair Bolsonaro se consolidou na liderança. Ele oscilou positivamente e chegou a 28% das intenções de voto. Fernando Haddad deu um salto expressivo e aparece com 19%. O petista abriu oito pontos de vantagem para Ciro Gomes, que estacionou em 11%.

Os números apontam para um duelo final entre Bolsonaro e Haddad. No entanto, as campanhas passaram a trabalhar com outra hipótese. Com a polarização, o eleitor pode antecipar a decisão para o primeiro turno. “Acho dificílimo, improvável, mas não impossível”, diz o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro. “Vai depender do voto útil. Do jeito que a população está chateada, pode haver um movimento para decidir logo”.

Considerando apenas os votos válidos, Bolsonaro tem 36% e Haddad tem 24%. Os dois estão em alta e tendem a crescer mais na reta final. Se ficar claro que um deles será presidente, eleitores de outros candidatos devem engordá-los com o voto útil. A taxa de abstenção e a soma de brancos e nulos terão peso decisivo.  Bolsonaro fará o possível para atrair quem topa tudo para evitar a volta do PT. O capitão tentará recrutar eleitores de Geraldo Alckmin e dos nanicos Alvaro Dias, Henrique Meirelles e João Amoêdo. O desafio de Haddad é buscar quem se desiludiu com o PT, mas não deseja entregar o país a um militar que já pregou o fechamento do Congresso e o fuzilamento de adversários. Ele já começou a ensaiar uma guinada ao centro. Agora deve se apresentar como a única “opção contra a barbárie”.

Ciro ficou espremido em sua tentativa de terceira via. Agora precisa rezar por um tropeço dos líderes. Salvo uma reviravolta, Alckmin e Marina Silva parecem fora do jogo. A campanha do tucano tende a se transformar numa crônica diária de traições, com o centrão se dividindo entre Bolsonaro e Haddad. A da ex-senadora caminha para um fim melancólico. Em 14 dias, ela perdeu metade dos votos. Quase todos para o escolhido de Lula.