Há manifestações na porta de mais de 20 batalhões. Veículos e policiais dos BPMs da Tijuca e de Olaria não estão indo às ruas
O porta-voz da Polícia Militar, major Ivan Blaz, afirmou, na manhã
desta sexta-feira, que 95% do policiamento no estado estão funcionando
normalmente, apesar de haver manifestações de familiares de PMs na
entrada de diferentes batalhões. Segundo ele, veículos e policiais do 6º
BPM (Tijuca) e do 16º BPM (Olaria), ambos na Zona Norte, no entanto,
não estão indo às ruas.
Há protestos em diversas outras unidades, os parentes dos soldados exigem o pagamento do 13º salário, que está atrasado, além de reajuste. Mas o porta-voz explica que foi montado um esquema tático de rendição das tropas nas ruas para que os policais não sejam impedidos de sair dos batalhões.
Blaz esteve no 6º BPM e pede que a população acesse o perfil da PM no Twitter e outros canais oficiais da Polícia Militar nas redes sociais para obter informações: — Estamos lidando com um momento sensível. O pleito é pertinente, mas impedir que as tropas saiam para as ruas é prejudicar a população. A Polícia Militar já está neste momento mostrando a importância de seu papel para a população — disse Blaz.
A tática foi usada pelo comando do 9ºBPM (Rocha Miranda). O tenente-coronel Ivan Araújo, comandante da unidade, disse que a rendição dos policiais foi feita nas outras bases do batalhão para evitar que os policiais militares fossem impedidos de trabalhar pelo grupo de mulheres que está na porta da unidade. — O policiamento na área do 9ºBPM está normal. Todos os carros estão na rua — afirmou o comandante. [óbvio que a tática da rendição em bases só funciona uma vez; na próxima rendição, se o movimento continuar crescendo, as mulheres estarão em todas as bases e nas sedes de batalhão.
Sem contar que o contingente incompleto nas ruas, com lacunas não esperadas, coloca em risco a segurança dos próprios policiais milites.
Veja aqui, matéria em vídeo sobre incidente ocorrido em Cariacica - ES - quando policiais que foram direto para o posto de serviço, sem passar pelo quartel, foram cercados e alvejados por bandidos. ]
Segundo ele, das cerca de cem unidades operacionais no estado, pelo menos 20 têm manifestações na porta na manhã desta sexta-feira. De acordo com o porta-voz, a PM não irá usar força contra os manifestantes. — De forma alguma iremos usar a força contra esses manifestantes. Eles são nossos familiares, mas precisamos chamá-los à consciência para que o policiamento desempenhe sua função — disse Blaz.
O agente também comparou o que acontece no Rio com as manifestações de parentes que paralisam, desde sábado, a atuação de policiais militares no Espírito Santo, o que levou o estado à uma crise de segurança. Em seis dias, mais de cem pessoas foram mortas em municípios capixabas. — O Espírito Santo está vivendo uma situação de barbárie. Não podemos chegar a esse ponto. A Polícia Militar, somente pelo calor público temendo sua ausência, já mostrou sua importância. Não há como viver de forma civilizada sem que a polícia esteja nas ruas. E esse é o principal argumento que estamos utilizando junto aos manifestantes. Pedimos encarecidamente que eles permitam que o policiamento ganhe as ruas (no Rio) para cumprir sua missão — acrescentou.
PROTESTO NA TIJUCA
Na porta do 6º BPM, cerca de dez mulheres impedem a saída dos policiais. Elas deixam os carros de passeio entrarem, mas informam que eles não poderão sair. Ela gritam palavras de ordem como “não vai passar”.— Nós somos seres humanos. Não tenho nada contra ninguém, mas temos que valorizar a polícia sim. Eles não têm como trabalhar, não tem nada. Chega — disse uma manifestante.
Fonte: O Globo