Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador 'ideologia de gênero'. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador 'ideologia de gênero'. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Se preocupam com Bolsonaro no segundo turno e esquecem que ele pode levar já no primeiro

O risco de duas ondas opostas deve preocupar o PT. E pode abrir caminho para uma candidatura Temer

Um primeiro olhar sobre o cenário eleitoral mostra o campo à esquerda relativamente coeso em torno de Lula, com alguns pequenos focos de dispersão. Já do lado oposto prevalecem por enquanto as forças centrífugas. Bolsonaro parece ter um público cativo que é de um terço a metade do de Lula. O resto pulveriza-se entre alguns e o nenhum

Lula tem uma força e uma fraqueza. A força é dele próprio, ele é o dono dos votos de um terço dos brasileiros. A fraqueza relativa é de seu campo político, que hoje está algo isolado. O PT ganhou quatro eleições presidenciais fazendo alianças com pedaços da direita. A urna ainda está longe, mas os sinais são de que isso pode ser mais difícil agora.

A direita tem uma fraqueza e uma força. A fraqueza está na relativa anemia eleitoral exibida por enquanto pelos pré-nomes. O protagonista habitual, o PSDB, não aparece bem, e ninguém desponta até o momento para ocupar o espaço. A força está no antipetismo e no antilulismo: esse argumento tem potencial para criar uma onda antivermelha num eventual segundo turno. [todos consideram Bolsonaro com chances para um eventual segundo turno, só que nada impede que ele já ganhe no primeiro.
Um dos principais 'defeitos' apontados em Bolsonaro é não ser economista - presidente não tem que ser economista, tem que saber escolher quem vai conduzir a economia;
Criticam Bolsonaro por se declarar favorável ao combate a criminalidade, ao livre porte e posse de armas, ser contrário ao império dos que querem destruir a FAMÍLIA, VALORES MORAIS, BONS COSTUMES e outros que são tão caros à maioria dos brasileiros

(entre os que querem destruir a FAMÍLIA se alinham os defensores da maldita 'ideologia de gênero', os gays que querem impor à FAMÍLIA práticas reprováveis e outros que combatem qualquer VALOR que represente a MORAL e os BONS COSTUMES, os defensores do aborto) 
Também criticam Bolsonaro por ser contra os que defendem direitos humanos para bandidos.
Os que Bolsonaro defende são as maiores vítimas dos danos causados pelos que combatem o deputado, combate motivado por saber que com ele não terão vez.
Chega de ver que em um confronto bandido x polícia em que não morreu nenhum policial, a turma dos 'direitos humanos' já chega acusando a Polícia.] 
 
Lula sabe disso, e manobra para abrir caminhos de aliança, mas as circunstâncias da queda de Dilma e a competente narrativa de denúncia e resistência da esquerda, se ajudam a coesionar, também alimentam radicalização. Não seria sábio subestimar o equilibrismo de Lula, mas mesmo para ele não será trivial. E a falta da caneta também atrapalhará.  Um risco para o PT está na possibilidade de duas ondas opostas: uma vermelha no primeiro turno, talvez até para desagravar o eventualmente impedido Lula, e a antivermelha no segundo, fazendo convergir a direita, o “novo”, a antipolítica e uma parte do eleitorado que ficou em casa no primeiro. Tudo para evitar a volta do PT ao poder.

Assim, é lógico que na, digamos, situação a briga seja de foice. Quem for ao segundo turno, se houver, terá uma narrativa pronta e um magnetismo natural para atrair a maioria dos votos “desperdiçados” no primeiro. Por isso está agitado o PSDB e por isso pululam as ambições. E também por isso começa a surgir a possibilidade de Temer candidato.
Michel Temer possui a caneta e terá o discurso de alguma recuperação econômica. Pode inclusive usar o argumento de que apenas ele tem o compromisso com as reformas liberais e também a capacidade de fazê-las andar. O pior que pode lhe acontecer é perder e ser ejetado do cargo em 2019. Mas isso é o que está programado se ele não for candidato.

A movimentação em torno de uma eventual candidatura Temer, já ensaiada na semana que passou, pode atrapalhar a reforma da previdência e portanto enfraquecer o argumento temerista de que ele é capaz de fazer a coisa passar no Congresso. Mas também pode reforçar o discurso de que só ele tem compromisso verdadeiro com a agenda liberal. Além do mais, ao correr sozinho, o PMDB adia a decisão sobre quem apoiar. A opção seria uma aliança desde o início com o PSDB. Entretanto, o mundo tucano parece eletrizado pela hipótese de disputar o voto como força de oposição. Não se sabe bem como isso poderia ser explicado ao eleitor, mas sonhar costuma ser grátis, pelo menos até a hora em que a conta chega.

O detalhe é que uma candidatura Temer certamente seria do agrado do PT, ao manter e ampliar a confusão do outro campo. E, já que Lula, inteligentemente, anunciou ter perdoado os que ele chamou de golpistas, nunca é demais lembrar que PT e PMDB estiveram juntos durante pelo menos uma década antes do divórcio de 2016. É bom ficar de olho. [eventual candidatura Temer sepulta qualquer possibilidade de reforma da Previdência em 2019;
caso Temer venha a ser candidato e seja eleito (situações improváveis) herda um pepino criado por ele próprio:a necessidade - maior e mais urgente - de realizar a Reforma da Previdência, primeiro,  boicotada com as denúncias sem prova do ex-acusador-geral da República  e segundo,  boicote pelo próprio Temer com sua eventual candidatura à reeleição.
Óbvio que sendo eleito, iniciará 2019 com força total para aprovar reformas até mais duras do que as de agora.
Governo no inicio do mandato aprova tudo - já no último ano de mandato, não aprova nada, especialmente sendo candidato à reeleição.]

A lógica projeta que a direita e o automaquiado centro vão acabar convergindo em torno de um nome para ultrapassar Bolsonaro e ir ao segundo turno. Mas nem sempre a lógica prevalece. Na corrida para prefeito de São Paulo, foi tão feroz a disputa pela vaga contra Doria no segundo turno que ele acabou ganhando no primeiro.  Uma boa maneira de Lula e o PT evitarem a onda antivermelha no segundo turno é aproveitar a confusão do outro lado e ganhar no primeiro. É muito difícil, mas não impossível.


Por:  Alon Feuerwerker é jornalista e analista político/FSB Comunicação