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sábado, 30 de julho de 2022

Bolsonaro exalta o 7 de Setembro e anuncia desfile militar em Copacabana

No lançamento da candidatura de Tarcísio de Freitas em São Paulo, presidente diz que atos do Dia da Independência irão garantir mais ‘200 anos de liberdade’

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou neste sábado, 30, a convocar os seus apoiadores para irem às ruas no feriado de 7 de Setembro, quando será comemorado o bicentenário da Independência, disse que os atos servirão para garantir mais “200 anos de liberdade” e anunciou que, pela primeira vez, haverá uma parada militar, com a sua presença, na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.

“Nos aproximamos de 7 de Setembro. Não vamos só comemorar 200 anos de Independência. Vamos comemorar também como um marco para mais 200 anos de liberdade”, disse a apoiadores durante a convenção estadual do Republicanos, no Expo Center Norte, em São Paulo, que confirmou as candidaturas dos ex-ministros Tarcísio de Freitas ao governo do estado e de Marcos Pontes ao Senado.

Bolsonaro, que esteve em São Paulo, na Avenida Paulista, no 7 de Setembro do ano passado, onde desferiu ataques contra o Supremo Tribunal Federal, pediu desculpas aos paulistas e disse que dessa vez irá ao Rio de Janeiro, para onde anunciou que haverá um inédito desfile das Forças Armadas e de outras forças de segurança na Praia de Copacabana. “Pela primeira vez, as Forças Armadas e as nossas irmãs forças auxiliares (policiais militares) [e bombeiros militares] estarão desfilando na Praia de Copacabana ao lado do nosso povo. Vamos mostrar que o nosso povo, mais do que querer, tem direito e exige paz, democracia, transparência e liberdade”, afirmou. O evento no Rio está previsto para as 16h.

Bolsonaro também confirmou que, de manhã, participará dos desfiles militares em Brasília, como fez no ano passado. “Estarei em Brasília, com o povo nas ruas, com as tropas desfilando”, disse.

Reportagem de VEJA publicada na edição desta semana mostra que o presidente tem, desde o lançamento da sua candidatura, no domingo, 24, convocado os seus apoiadores a irem às ruas no 7 de Setembro e a preocupação e a reação que isso tem provocado nas autoridades e na sociedade civil, em razão do caráter de afronta às instituições e à democracia que as convocações vêm ganhando.

 Ataques à esquerda
Durante o seu discurso, o presidente fez um discurso bastante ideológico contra a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele voltou a repetir que a eleição deste ano será “uma luta do bem contra o mal” e disparou conhecidas acusações contra o “outro lado”. Disse que a oposição quer “destruir a família”,  “liberar as drogas”, “legalizar o aborto”, desarmar a população brasileira”, “relativizar a propriedade privada” e serem “aliados de ditaduras”. “Não nos aproximaremos da Venezuela, não nos aproximaremos de Cuba. Quero distância dessas ditaduras’, afirmou.

Elogios à economia
O presidente também elogiou o ministro da Economia, Paulo Guedes, segundo ele sempre muito criticado e incompreendido, e disse que a situação econômica do país está melhorando. “Os números da economia estão aí, no tocante ao desemprego, PIB, inflação, entre outros. Está aí à vista de todos”, disse.

O presidente também voltou a citar a primeira-dama Michelle Bolsonaro em uma tentativa, que tem se tornado cada vez mais frequente, de se aproximar do eleitorado feminino, onde a desvantagem para Lula ainda é grande. “Esposas são âncoras, são aquelas pessoas que nos dão força em momentos difíceis”, afirmou.

Blog Maquiavel - Revista VEJA


quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Entrevista não pode ser propaganda - Jornalistas, não robôs - parte 2

Jornalistas, não robôs (2)

Não se trata de exibir o programa do candidato, mas de tentar mostrar como ele é


Dos comentários a propósito da coluna da semana passada, um merece atenção especial por colocar questão chave: os jornalistas podem ou devem tomar partido? Podem ou devem escolher um lado?

Eis o ponto levantado pelo leitor, a propósito das entrevistas do JN: quando o entrevistado era Alckmin, os âncoras contestaram o caráter ético da grande aliança formada pelo candidato, perguntando que transações havia feito para sustentar tal base. Já quando o candidato não tinha essa base, continua nosso leitor, os entrevistadores perguntavam como ele poderia fazer reformas sem amplo apoio no Congresso.

E conclui o leitor: “o jornalista, para ser levado a sério, deveria decidir antes qual das duas posições é a correta. Se vale a pena ter base de apoio, cabia parabenizar Alckmin. Se não, parabenizar os outros. Pau nuns, e pau no outro, é falta de critério”.  É critério jornalístico. Trata-se de questionar cada candidato sobre suas ideias, seus planos, seu passado. Não se trata de aderir ou não a um programa, de parabenizar ou dar pau. Se o candidato monta uma determinada aliança e se propõe governar com ela, cabe, sim, perguntar sobre a natureza ética e política da base.

Inversamente, se o candidato a presidente, com base política restrita, faz um monte de promessas, cabe perguntar como espera conseguir a aprovação do Congresso.  Nas entrevistas do JN, a pergunta sobre falta de alianças foi feita a Ciro. Dada a dificuldade do candidato em negociar uma chapa eleitoral mais ampla, inclusive por conta de seu temperamento, cabia perguntar como ele pretenderia formar uma aliança de governo.

A entrevista não pode ser propaganda. Não se trata de exibir o programa do candidato, mas de tentar mostrar ao público como ele é – pelo que fala e disse, pelo que faz e fez, com quem anda e com quem não anda. Se o candidato promete ética e tem pessoas acusadas de corrupção entre seus aliados, esse é até um tema óbvio da entrevista; se outro promete reformas constitucionais, que exigem ampla maioria no Congresso, é obrigatório questionar sua capacidade de aprová-las.

Tudo considerado, a resposta às perguntas colocadas no primeiro parágrafo resulta evidente: não, o jornalista não deve tomar partido nem escolher lado quando faz reportagens e entrevistas.  Jornalistas e os veículos de mídia que assumem um programa partidário, político ou religioso ou ambos, estão fora do campo da imprensa livre e independente.  A situação é diferente quando se trata das páginas de opinião e editoriais. Um veículo, no seu editorial e avisando isso para seu público, pode dizer que considera tal candidato o mais adequado. Jornais americanos costumam fazer isso. Já nos veículos Globo, não se faz.

Um comentarista pode e deve sustentar teses, um determinado projeto para o país. Por exemplo: o Brasil não tem futuro se não for feito um ajuste consistente nas contas públicas, com reforma da previdência. Também poderia, usando o mesmo critério do editorial, apoiar um determinado candidato.  Mas não deve, nem precisa. Sustentando um projeto, uma ideia de país, o comentarista já oferece ao público os dados para que este entenda e selecione este ou aquele candidato.  Comentaristas americanos e europeus endossam candidatos. Nos veículos Globo, isso não é permitido.

Mas se jornalistas não podem ter programa, devem ter princípios: liberdade, democracia, oportunidades iguais, independência.  Há sutilezas, claro. Por exemplo: é possível demonstrar por um mais um que o estado brasileiro está falido e que déficits frequentes empobrecem o país e a população. Mas como arrumar as contas públicas? Quais gastos cortar? Onde gastar mais? Quais impostos eliminar? Quais introduzir? Quem paga a conta? Aqui já se trata de opção política.

No caso, o papel do jornalista é mostrar qual é a opção, os fatos e números e, sempre, questionar, duvidar, importunar. E, de novo, o público escolhe – onde vai se informar e em quem vai votar.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista