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sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Mídia terrorista: a pá de cal da velha imprensa - Rodrigo Constantino

Gazeta do Povo

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Militantes disfarçados de jornalistas que utilizam dados oficiais do grupo terrorista Hamas para trazer "informações" sobre a guerra na Faixa de Gaza já desmoralizam por completo o trabalho da imprensa - e são muitos, de grupos grandes e "sérios", mencionando o Ministério da Saúde do Hamas como fonte.

Agora, o que dizer de "jornalistas" que participam dos atentados terroristas, que recebem beijos dos líderes do Hamas?! Imagens circulando - e pelos próprios terroristas disfarçados de jornalistas - mostram um deles com uma granada na mão na garupa da moto de um terrorista do Hamas. O outro recebe beijinho no rosto do líder terrorista. São "freelancers" que prestam serviço para CNN, AP e Reuters!

Ben Shapiro comentou: "A distinção entre a 'imprensa' e o Hamas em Gaza é extremamente vaga. 
Todos os 'jornalistas' em Gaza são propagandistas do Hamas ou ameaçados por ele. 
Não há liberdade de imprensa em Gaza".
Isso é o óbvio ululante que qualquer pessoa minimamente sensata por inferir. 
Agora temos as provas concretas. Vão adiantar para alguma coisa?

Leandro Ruschel comentou: Repórteres freelancers da Associated Press, Reuters e da CNN PARTICIPARAM dos atentados terroristas do dia 07, segundo imagens e vídeos divulgados por autoridades israelenses. Um dos repórteres pode ser visto com uma granada nas mãos, na garupa da moto de um terrorista. Para piorar, funcionários da agência da ONU para refugiados palestinos COMEMORARAM o ataque terrorista do 07 de outubro em posts nas redes sociais, revelou a ONG UN Watch. Abaixo, um "jornalista" da AP (à direita) sendo beijado por líder terrorista do Hamas.

 


Vale notar que não é a própria imprensa "profissional" quem está dando destaque para esse verdadeiro escândalo que coloca em xeque toda a cobertura do conflito. João Luiz Mauad comenta: "O mundo finalmente toma conhecimento (por enquanto, pelas redes sociais, não pela mídia oficial) que vários jornalistas, de grandes conglomerados de imprensa que cobrem a Faixa de Gaza, têm ligações estreitas com o Hamas. Alguns deles, inclusive, cobriram ao vivo o massacre do dia 7/10, em Israel. E tem gente graúda por aqui que ainda confia cegamente nas 'notícias' divulgadas por esses autênticos porta-vozes dos terroristas..."

Grosso modo, uns nove em cada dez "jornalistas" dos principais veículos de comunicação são simpatizantes do comunismo e até do terrorismo palestino, pelo visto. Há uma quase hegemonia da esquerda radical nas redações. Por isso a mídia troca fatos por narrativas, de maneira cada vez mais despudorada. E não por acaso sua credibilidade afunda mais e mais, e esses "jornalistas" clamam por "regulamentação" (censura) das redes sociais.

Quem não foi corrompido financeiramente, parece que foi ideologicamente. E o resultado é esta campanha insana pró-terrorismo. Espalhar "notícias" que vêm diretamente do Hamas como fatos é mesmo a pá de cal do velho jornalismo...


sábado, 22 de julho de 2023

Curtiu, compartilhou ou seguiu Bolsonaro? Cuidado que agora isso será crime no Brasil - Jocelaine Santos

Vozes - Gazeta do Povo

Liberdade de expressão é condição necessária para a democracia

Dizem que vivemos em uma democracia – e nas democracias, ao menos é o que se espera, deve haver espaço para a pluralidade de ideias e posicionamentos políticos. 
Não faria nenhum sentido chamar de democrata um país onde só apenas um partido ou viés ideológico fosse permitido e todos os demais proibidos ou criminalizados. 
Mas é exatamente isso que vemos em curso no Brasil – e você sabe bem disso.

Mesmo parecendo o maior dos absurdos – e, de fato, é mesmo – hoje no Brasil impera uma perseguição nem um pouco disfarçada a quem professa ideias que destoem da cartilha do petismo e seus apoiadores. Prova disso foi o recente e absurdo pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para que as redes sociais forneçam uma “lista completa com os nomes e dados de identificação dos seguidores” do ex-presidente Jair Bolsonaro. O argumento, nem um pouco convincente, foi o de “dimensionar o impacto das publicações e o respectivo alcance” das publicações feitas por Bolsonaro que supostamente teriam relação com os eventos de 8 de janeiro.

    Seja bem-vindo para debater comigo toda semana temas relacionados à liberdade de expressão.

Trata-se de uma desculpa esfarrapada, claro, e que não convence ninguém. 
Uma listagem com nomes e dados pessoais dos 15 milhões de seguidores de Bolsonaro no Facebook; 25,3 milhões no Instagram; 11,4 milhões no Twitter; 6,47 milhões no YouTube; 5,5 milhões no TikTok; e 426 mil no LinkedIn, só interessa mesmo a quem está empenhado em ver crime onde nunca houve (ou pelo menos nunca deveria haver): na expressão pública de apoio a uma ideia ou pessoa.
 
Quando alguém curte uma postagem ou compartilha uma ideia na rede social está exercendo seu direito de liberdade de expressão
Mesmo que muitos acreditem que esse termo só diz respeito aos jornalistas, políticos, juristas, humoristas, artista, enfim, pessoas cujas opiniões aparecem aqui e ali na imprensa, trata-se de um direito que afeta diretamente a vida de todo mundo – inclusive a sua
O simples fato de seguir um determinado político não poderia ser nem de longe considerado algo digno de chamar a atenção do poder público. 
Mas a verdade é que vivemos tempos sombrios, onde expressar certas posições ou questionamentos legítimos começa ser tratado como crime de Estado.
 
Curtiu um post com ideias conservadoras? 
Questionou o Supremo Tribunal Federal (STF), algum político ou o governo? 
 Defendeu a família? 
Publicou uma frase da Bíblia? 
Tudo isso deveria ser algo corriqueiro dentro de uma democracia, mas no Brasil de hoje corre o risco de ser criminalizado.  
Mas, inacreditavelmente, poucos são os que parecem perceber o quão perigoso é esse movimento em torno do cerceamento da liberdade de expressão em curso no país
Se nada for feito, corremos o risco de vermos a tal democracia – que ao menos oficialmente ainda é o regime em vigor no Brasil – esmilinguir-se cada vez mais até simplesmente desaparecer e dar lugar àquilo que vemos em países como Venezuela, Cuba, Coreia do Norte, China, Nicarágua... a lista é grande demais para caber aqui.
 
Com certeza não é isso que você quer para o Brasil
É por isso que te convido a participar dessa discussão. 
Seja bem-vindo para debater comigo toda semana temas relacionados à liberdade de expressão. 
Gostaria muito de poder contar com sua leitura, seus comentários, compartilhamentos, críticas e sugestões. Na luta em defesa da liberdade, a pior ação é calar-se ou se isentar: é preciso levantar a voz enquanto é tempo, antes que seja tarde.

Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

Jocelaine Santos, colunista  - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 19 de junho de 2023

O maior inimigo da Pátria - Rodrigo Constantino

Revista Oeste

Nenhuma ditadura consegue se impor sem a cumplicidade de parte relevante da elite. E tem sido exatamente assim no Brasil

 Ilustração: Shutterstock

“Quem espera que o diabo ande pelo mundo com chifres será sempre sua presa”, alertou o filósofo Schopenhauer. Quando um marginal aparece como tal, temos ao menos a chance de reagir. Mas, quando vem disfarçado de amigo, de bom-moço, e consegue ser convidado para a sua casa antes de roubá-la, aí ele representa um perigo muito maior.

O PT, para a imensa maioria dos brasileiros decentes, é o marginal trombadinha, o bandido tosco que já chega gritando “perdeu, mané”. Já os “moderados” que “até criticam” o governo Lula, mas repetem que tudo está dentro da normalidade em nosso país, são os maiores inimigos da Pátria neste momento. Afinal, não há nada de normalidade no funcionamento de nossas instituições.

Nenhuma ditadura consegue se impor sem a cumplicidade de parte relevante da elite. E tem sido exatamente assim no Brasil. Por ojeriza, nojo ou revolta por motivos obscuros e nada nobres contra Bolsonaro, houve uma aliança nefasta para retirá-lo do poder e permitir que “o ladrão voltasse à cena do crime”. Para atingir esse objetivo, a imprensa se corrompeu, o TSE agiu como partido político e a censura voltou com força sem precedentes ao Brasil.

Há jornalistas censurados e intimidados, parlamentares presos, todo um aparato de perseguição para calar os “inconvenientes” que denunciam todo o esquema podre
A cada dia temos um novo capítulo de descalabros nesse abuso de poder. É puro arbítrio inconstitucional, mas o medo já se espalhou, e praticamente nenhum jurista tem coragem de peitar o STF em público. E assim a tirania vai avançando.
 
O mais recente alvo do ministro Alexandre foi Monark. Moraes ordenou novo bloqueio das contas de Monark nas redes sociais, sob multa de R$ 100 mil por dia se não acatar. 
O comentarista libertário desabafou constatando que já é ditadura quando não se pode sequer emitir uma opinião, a menos que seja aprovada pelo ditador, que só permite robozinhos.

Monark

Monark, ex-apresentador do Flow Podcast - Foto: Divulgação

Glenn Greenwald, jornalista norte-americano de esquerda, tem sido um crítico veemente do abuso de poder de Alexandre, mas somente após a vitória de Lula. Ele escreveu: “Que fundamento jurídico tem Moraes para continuar a mandar silenciar comentadores nas redes sociais? Essa lei deveria expirar no dia em que a eleição terminasse. Alguém se importa se ele tem uma base legal para isso, ou apenas reverenciamos nosso monarca benevolente?”.

Ora, não havia nenhum fundamento jurídico para tal censura durante as eleições também, mas ali o arbítrio não incomodou tanto o jornalista, pois ajudou seu candidato de esquerda. Glenn voltou a atacar a decisão de Moraes em seguida: “Segundo Cármen Lúcia, a Lei das Fake News que Moraes está usando para mandar censurar quem quer que seja expirou no dia seguinte às eleições de 2022. Mas, quando se venera líderes autoritários, ninguém se importa se eles têm base legal para suas ordens”.

Até mesmo Cármen Lúcia reconheceu que era censura, mas acabou aprovando uma censura temporária, mostrando que o cala-boca, na prática, não morreu coisa alguma. 
Eis o que claramente está em jogo aqui: o sistema se uniu ao petismo para eliminar Bolsonaro, e agora os rachas internos começam a ficar aparentes. A esquerda petista tem medo de que o poder concentrado em Moraes seja usado eventualmente para derrubar Lula também, para dar uma espécie de golpe dentro do golpe.
 
Eis a única explicação plausível para jornais tucanos que “fizeram o ‘L’” ou passaram a eleição inteira demonizando Bolsonaro mudarem de postura, finalmente apontando os abusos supremos que antes ignoravam ou até elogiavam
Eles sempre quiseram se livrar da direita bolsonarista, mas Lula não era sua escolha nem de perto. 
O petista foi o remédio amargo que tiveram de engolir após várias tentativas de parir uma “terceira via”. Essa “frente democrática” nunca passou de uma união instável e oportunista por esquerdistas e corruptos sem nenhum apreço pela democracia.
 
Volto ao começo: o grande perigo não é aquele que se apresenta mostrando suas garras, segurando a foice e o martelo, elogiando os modelos venezuelano, cubano e chinês. 
A ameaça petista assusta muita gente, com toda a razão. 
Ameaça até mais sombria é aquela que vem sob o manto de legitimidade, um Poder Judiciário que finge ser o guardião da Constituição, enquanto persegue conservadores pelo crime de opinião e protege traficantes.
 
Quando alguém como Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso, vem falar para as câmeras com aquela pose de estadista, todo engomadinho, com tom de seriedade como se o Brasil fosse uma república de verdade, e os jornalistas e muitos empresários fingem acreditar que estão diante de algo muito respeitável, é aí que mora o maior perigo.  

Coluna Rodrigo Constantino - Revista Oeste

 


sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Depois de brigar com os fatos, jornalistas estão brigando com o povo - Gazeta do Povo

VOZES - Alexandre Garcia

Manifestações

Discurso de Bolsonaro é acompanhado por milhares de pessoas em Brasília.| Foto: Reprodução/Facebook

Estou notando que muita gente no jornalismo expressou surpresa pelo público que lotou as ruas e praças de praticamente todas as cidades brasileiras nas manifestações do dia 7 de setembro
Em geral, a gente só vê as grandes capitais, mas eu vi imagens de cidades do interior do Maranhão, do Acre, do Rio Grande do Sul, de toda parte. Foi no país inteiro. 
Isso surpreende muitos porque certamente estão acreditando nas pesquisas, embora tenham sido enganados pelas pesquisas em 2018. Mas estão insistindo naquele “me engana que eu gosto” e aí se surpreendem quando aparece um mar de gente, embora tenham feito a maior propaganda de que haveria violência nas manifestações para ver se as pessoas ficariam em casa. 
Na Avenida Paulista, em São Paulo, chegou a ter chuva, e mesmo assim ela esteve superlotada. Foi um mar de gente.
 
As pessoas não se dão conta do “passar recibo”. Estou falando de colegas meus. Contam que Flores da Cunha era viciado em pôquer e jogava no Jóquei Clube do Rio de Janeiro. Certa vez, ele estava jogando e havia um sujeito atrás dele, “peruando” o seu jogo. 
Ele estava com todas as cartas para ganhar aquela rodada e jogou tudo errado. Olhou para trás e disse: “Sofre, peru”. Estou vendo que os que foram “peruar” as manifestações estão sofrendo.
 
Houve até aquela história da pergunta para o Aldo Rebelo, que foi ministro dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, foi filiado ao Partido Comunista do Brasil e atualmente está no PDT. Perguntaram a ele o que achava dos bolsonaristas “se apropriando” da bandeira nacional. Óbvio que a bandeira nacional é de todos. Então ele respondeu que as pessoas de esquerda jogaram a bandeira no chão, adotaram a bandeira vermelha, e isso foi a oportunidade para que Bolsonaro e seus seguidores erguessem a bandeira nacional
Bandeira que foi pisoteada pelos seguidores do outro lado, pisoteada e queimada como aconteceu em Curitiba e na Califórnia.

O mais grave de tudo é que esses colegas jornalistas, que têm brigado contra os fatos desde meados de 2018, agora estão brigando com o povo. Estão xingando o povo que foi para a rua, essa massa que foi para a rua. Estão esquecendo que a democracia é o governo do povo para o povo, o governo da maioria.

De condenado a candidato

O candidato Lula e seu companheiro de chapa, Geraldo Alckmin, fizeram um comício na noite desta quinta-feira em Nova Iguaçu (RJ). 

Foi um dia em que puderam festejar o registro da candidatura de Lula, mesmo ele tendo sido condenado em três instâncias, já que a condenação foi simplesmente anulada por um ato praticamente administrativo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin; ele depois encaminhou a liminar ao plenário do Supremo, que a aprovou.

No entanto, não aprovaram a candidatura de Roberto Jefferson (PTB), que foi indultado, depois de ser condenado pelo mensalão que ele mesmo denunciou. Aplicaram a Lei da Ficha Limpa ao Roberto Jefferson, como aplicaram na quinta-feira ao ex-governador Anthony Garotinho (União Brasil) no Rio de Janeiro; e ao senador Izalci Lucas (PSDB), que queria ser candidato ao governo do Distrito Federal. Fica estranho, a gente demora para entender uma coisa dessas.
O que Bolsonaro quis dizer

Eu demorei a entender a palavra que virou quase um adjetivo e que foi pronunciada lá no dia 7 pelo presidente Jair Bolsonaro. O tal do “imbrochável”. Parece o Antonio Rogério Magri, que inventou o “imexível”. 
Eu acho que entendi o que ele quis dizer porque o presidente sai do Palácio do Alvorada, preside como comandante supremo a parada militar, se despe da faixa presidencial, vai para outro palanque, daí para um carro de som numa manifestação com uma massa nunca vista em Brasília. 
Sai da manifestação, pega avião e vai para o Rio de Janeiro, onde comanda uma motociata do Aterro do Flamengo até o Posto Seis, em Copacabana. 
Comanda uma manifestação gigantesca e depois de tudo isso ainda vai ao Maracanã ver o jogo do Flamengo, onde foi aplaudido no estádio que vaia até minuto de silêncio, como dizia Nelson Rodrigues. Meu Deus, o homem não cansa. Deve ser isso o que ele quis dizer com “imbrochável”.[sendo recorrente: uma colunista do jornal O Globo, escreveu um verdadeiro tratado sobre o tema.
A Vera Magalhães, a jornalista que o presidente Bolsonaro disse ser apaixonada por ele - não larga o pé presidencial - também tuítou  sobre o tema.]
 
A eleição está chegando
Já estamos em 9 de setembro e está se esgotando o prazo para chegar ao 2 de outubro
 Se alguém ainda não escolheu seus candidatos, já está na hora de definir. Não é só para presidente da República, tem de escolher bem o deputado estadual, o deputado federal, o senador, o governador. 
Porque tudo isso influencia na vida de todos nós, dos nossos filhos e nossos netos. 
Vamos escolher os chefes de Executivo e os legisladores que fazem as leis estaduais e federais, que podem até mudar a Constituição. 
Vamos pensar bastante nisso. Vejam o que aconteceu no Chile e na Colômbia por falta de voto, por abstenções ou por votar em branco ou votar nulo. Tem de escolher, seja qual for o critério.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
 
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZE
 

quinta-feira, 9 de junho de 2022

Machado de Assis, o STF e a lei da equivalência das janelas - Luciano Trigo

Gazeta do Povo - VOZES


E não é que um ministro do Supremo me fez voltar a Machado de Assis na semana que passou? Reli, para ser mais preciso, os breves capítulos de “Memórias póstumas de Brás Cubas” que fazem referência a uma genial descoberta do narrador/protagonista: a lei da equivalência das janelas.

“Assim, eu, Brás Cubas, descobri uma lei sublime, a lei da equivalência das janelas, e estabeleci que o modo de compensar uma janela fechada é abrir outra, a fim de que a moral possa arejar continuamente a consciência.”

Dois episódios do romance esclarecem como a lei funciona. No primeiro, Brás Cubas encontra na rua uma meia dobra, moeda sem muito valor, e a enfia no bolso. Na manhã seguinte, sente uns repelões da consciência:

“...uma voz que me perguntava por que diabo seria minha uma moeda que eu não herdara nem ganhara, mas somente achara na rua. Evidentemente não era minha; era de outro, daquele que a perdera, rico ou pobre, e talvez fosse pobre, algum operário que não teria com que dar de comer à mulher e aos filhos; mas se fosse rico, o meu dever ficava o mesmo. Cumpria restituir a moeda e o melhor meio, o único meio, era fazê-lo por intermédio de um anúncio ou da polícia. Enviei uma carta ao chefe de polícia, remetendo-lhe o achado, e rogando-lhe que, pelos meios a seu alcance, fizesse devolvê-lo às mãos do verdadeiro dono. Mandei a carta e almocei tranquilo, posso até dizer que jubiloso.”

No segundo episódio, caminhando pela Praia de Botafogo, Brás Cubas esbarra em um embrulho misterioso, que leva para casa. O embrulho contém cinco contos de réis, uma pequena fortuna. Após um breve embate com sua consciência, o narrador decide ficar com o dinheiro, porque a boa ação da véspera (a devolução da moeda sem valor) criara, por assim, dizer, um crédito moral, que ele podia agora resgatar:

“De noite, no dia seguinte, em toda aquela semana pensei o menos que pude nos cinco contos, e até confesso que os deixei muito quietinhos na gaveta da secretária. (...) Crime é que não podia ser o achado; nem crime, nem desonra, nem nada que embaciasse o caráter de um homem. Era um achado, um acerto feliz, como a sorte grande, como as apostas de cavalo, como os ganhos de um jogo honesto e até direi que a minha felicidade era merecida, porque eu não me sentia mau, nem indigno dos benefícios da Providência.

- Estes cinco contos, dizia eu comigo, três semanas depois, hei de empregá-los em alguma ação boa, talvez um dote a alguma menina pobre, ou outra coisa assim... hei de ver...

Nesse mesmo dia levei-os ao Banco do Brasil. Lá me receberam com muitas e delicadas alusões ao caso da meia dobra, cuja notícia andava já espalhada entre as pessoas do meu conhecimento; respondi enfadado que a coisa não valia a pena de tamanho estrondo; louvaram-me então a modéstia.”

(A “ação boa”, vejam só, acaba sendo a compra do silêncio de Dona Plácida, alcoviteira que dará cobertura aos amores adúlteros de Brás Cubas com Virgília, uma mulher casada.)
Machado de Assis revela com ironia a duplicidade de Brás Cubas – e, por extensão, a relatividade moral que parece ser um traço distintivo do nosso caráter nacional

É assim que funciona a lei da equivalência das janelas: pequenas boas ações, sobretudo se bastante divulgadas, compensam grandes e muitas más ações. Se a consciência pesar por causa de um grande mal causado, basta lembrar o pequeno bem que foi feito, para arejá-la. Trata-se, evidentemente, de uma falsa equivalência.

Por meio dessa lei universal do comportamento humano descoberta por Brás Cubas, Machado de Assis revela com ironia a duplicidade do personagem – e, por extensão, a relatividade moral que parece ser um traço distintivo do nosso caráter nacional.

A lei, aliás, permanece atualíssima.

Pensei em Machado de Assis, em Brás Cubas e na lei da equivalência das janelas quando li que o STF, depois de enquadrar um sem-número de apoiadores do governo; depois de censurar e desmonetizar canais conservadores do Youtube;  
depois de intimidar e silenciar jornalistas;  
depois de tornar réus manifestantes por crime de opinião; 
depois de mandar prender e colocar tornozeleiras eletrônicas em deputados no exercício do mandato; 
depois, em suma, de mandar às favas o direito à liberdade de expressão consagrado no Artigo 220 da Constituição - tudo isso com base no misterioso inquérito das fake news (mais misterioso que o embrulho encontrado por Brás Cubas, já que até hoje ninguém conhece seu conteúdo) - decidiu mandar bloquear perfis do PCO – Partido da Causa Operária nas redes sociais.

Imagino que, com isso, se pretenda demonstrar alguma isenção na condução do chamado “inquérito do fim do mundo”: de agora em diante, frente a qualquer insinuação de parcialidade por parte do STF, a resposta estará na ponta da língua: “Ah, mas eu também enquadrei a esquerda, bloqueei as redes sociais do PCO!”

Imediatamente associei o gesto do STF à atitude do imortal personagem de Machado de Assis.  
Pois o gênio da lei da equivalência das janelas reside justamente aí, na total falta de equivalência: para afastar repelões da consciência causados por erros enormes, basta um pequeno acerto.  (Aqui, na verdade, nem de acerto, grande ou pequeno, se trata, já que tirar a voz de um partido político na internet apenas cria mais um precedente perigoso em ano de eleição.)

Além disso, não dá para comparar o bloqueio dos perfis de um partido de extrema-esquerda no Facebook e no Tik Tok à perseguição implacável movida contra o governo e seus apoiadores. 

Temos aqui mais uma falsa equivalência, pois não se trata de coibir dois extremos: pois somente com muita ignorância ou má-fé se pode classificar o governo de Bolsonaro e a política econômica de Paulo Guedes como sendo de direita na mesma medida em que o PCO é de esquerda. A não ser que se tenha tornado normal classificar como fascista e de extrema-direita qualquer pessoa ou partido à direita do lulopetismo.

Tempos muito estranhos. Agradeço, em todo caso, ao STF, por me fazer voltar a ler Machado de Assis.


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Vacina não obrigatória - O que aconteceu com Camylli? - Gazeta do Povo

 Guilherme Fiuza

Recebo múltiplos relatos sobre eventos adversos de saúde ocorridos em sequência à aplicação das vacinas de Covid, através de um grupo de voluntários que inclui médicos, advogados, jornalistas e outros profissionais.

 Uma das organizadoras desse grupo é Arlene Ferrari Graf, cujo filho Bruno morreu aos 28 anos de AVC hemorrágico causado pela vacina de Covid, conforme reconhecido pela Secretaria de Saúde de Santa Catarina, após investigação e peticionamento conduzidos e custeados pela própria Arlene.

O que aconteceu com Camylli? -  Foto: Arquivo Pessoal

Como são vacinas em desenvolvimento, sem conclusão dos estudos clínicos sobre eficácia e segurança, só se saberá os porcentuais e tipos de riscos representados por essas substâncias novas a partir da investigação dos eventos adversos. Nenhum dos casos registrados na Anvisa por familiares das vítimas com a assistência desse grupo de voluntários obteve, até hoje, qualquer resposta da autoridade sanitária sobre resultados de investigação dos eventos.

Enquanto não se tem respostas, o que se pode fazer é expor os relatos, de forma individualizada, para que o restante do público tenha contato ao menos com as dúvidas que cercam a vacinação de Covid – e o sofrimento de pessoas reais que eram saudáveis e deixaram de ser após se vacinarem.

A revisão do Código Penal está de volta
Pregar o fim do Estado de Israel – como a extrema-esquerda faz – é antissemitismo?


Segue o relato da mãe de Camylli Vitória, de São Paulo (Bragança Paulista), registrado na Anvisa sob o número 11-359-353-602:

“Quero relatar o ocorrido com minha filha Camylli, uma linda e saudável garota de 12 anos que no dia 20/12/2021 foi inoculada com a primeira dose da Pfizer. Minha filha sempre foi muito saudável, nunca teve nenhuma doença grave, e nunca havia sido hospitalizada.

No dia 05/01/2022, por volta das 18h30, eu estava dormindo, pois trabalho no período noturno, e a Camylli relatou para meu esposo que as mãos dela estavam ficando longe, que a vista dela estava embaçada e que ela não estava conseguindo focar. Estava com a visão turva. Logo em seguida ela apagou, teve um mal súbito.


Neste momento meu esposo me chamou e nós saímos correndo, moramos a duas quadras de uma Santa Casa e fomos para lá. Porém, meu seguro saúde não era aceito lá, então a levamos para o hospital da USF. Chegando na USF os médicos a internaram para ver o que estava acontecendo. Eu estava com ela e estávamos esperando os enfermeiros virem para aplicar o soro, quando de repente ela se levantou da cama e ficou muito estranha, com um olhar estranho, parado e não parecia que era ela.

Ela começou a caminhar, comecei a chamá-la e ela não respondia. Então peguei ela pelo braço e ela me disse: Quem é você? O que você está fazendo? Eu tentei chamar a atenção dizendo: Cacá sou eu, a mãe! E nisso ela teve o segundo desmaio, por volta das 20h30. Os enfermeiros e médicos correram com ela, colocaram monitor cardíaco, até então os sinais vitais estavam normais, e não se tinha uma explicação do que estava acontecendo com minha filha.


Quando ela acordou do segundo desmaio não voltou normal. Ela estava com o olhar fixo, parado. Chamávamos a atenção e ela não respondia, parecia que minha filha estava longe. Era como se ela não estivesse ali. Minha filha ficava com olhar perdido, estava lenta, não conseguia responder de imediato coisas simples, e às vezes não nos reconhecia.

Após esse segundo desmaio ela começou a ter mais e mais desmaios, com intervalos curtos, e isso foi assim até às 3h da madrugada. Ela ficou hospitalizada por três dias. Fizeram alguns exames mais básicos, e todos os resultados foram normais. Então, recebemos alta com indicação de procurarmos um neurologista.


Comecei a pesquisar e vi que outras crianças e adolescentes estavam passando pelo mesmo problema após vacinação. Conheci o caso da Vanessa Figueiredo, de 13 anos. Vendo os vídeos feitos pela mãe dela e os relatos, vi que minha filha estava como ela, mas infelizmente a Vanessa não resistiu e faleceu.

Levei minha filha em uma consulta com uma médica neurologista, que solicitou diversos exames. Muitos não tinham cobertura pelo seguro saúde e foi necessário pagarmos no particular. Está sendo muito difícil, pois gastamos mais de R$ 6 mil em exames. Estamos aguardando o resultado destes exames.


Minha filha vem melhorando lentamente, mas tudo o que aconteceu nos preocupa demais. Pois a curto prazo, 15 dias após ser inoculada aconteceu tudo isso com a Camylli, e todos os dias nos perguntamos o que acontecerá com ela a longo prazo. Toda essa preocupação tem nos deixados aflitos, não conseguimos deixar minha filha por um minuto sozinha. Até quando ela está dormindo vigiamos o sono dela. Tenho conversado com diversos médicos e minha filha não poderá receber mais nenhuma dose desta vacina. Ela está proibida de receber outras doses.”

Guilherme Fiuza, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

sábado, 23 de outubro de 2021

Não vou mais criticar o STF - Rodrigo Constantino

Revista Oeste

Vivemos num estado policialesco, numa “ditadura da toga”. Não há mais império das leis, até porque as leis podem ser inventadas do nada  

O recado foi dado. E compreendido. Há crime de opinião em nosso país. Grupos em redes sociais podem virar “milícias virtuais” perigosas se algum ministro supremo assim entender. Até mesmo um jornalista pode ser preso se subir o tom nas críticas contra o arbítrio do STF
Caso ele tenha ido para um país mais livre, com receio desse tipo de perseguição, isso poderá ser encarado como fuga da Justiça, e um pedido para extraditar o “fugitivo” será acatado pela Corte Suprema, apesar de a PGR discordar.

Traduzindo de forma direta, vivemos num estado policialesco, numa “ditadura da toga”. Não há mais Estado Democrático de Direito, império das leis, até porque as leis podem ser inventadas do nada. Não há, afinal, crime de opinião em nosso sistema, tampouco o de espalhar fake news — sabe-se lá por quem definidas essas mentiras. Logo, a lei hoje é aquilo que Alexandre determina. E o tucano não gosta muito de “bolsonaristas”. Conta com a cumplicidade da imprensa para persegui-los em paz, inclusive jornalistas, que serão chamados de “blogueiros” para não despertar a necessidade de uma reação das entidades de classe.

A corda não foi esticada; ela já arrebentou. Aquela conversa entre Bolsonaro e o ministro não foi um apaziguamento, mas uma rendição, pelo visto. E isso depois de milhões tomarem as ruas justamente para defender a liberdade, a Constituição. Foi um rugido forte, de um leão acuado. Mas foi só barulho. A montanha pariu um rato. O lado de lá continuou avançando, e subindo o sarrafo. 
Mudou de patamar, escolheu alvos mais relevantes, demonstrou todo o seu poder ilimitado. Ninguém mais está seguro, ao menos não quem enxerga graves defeitos na postura do atual STF.

Vou escrever sobre música, sobre culinária, sobre alienígenas

E o pior de tudo é ver a turma “liberal” aplaudindo, por não gostar do jornalista alvo do pedido bizarro de prisão. Essa gente não tem princípios, e não se dá conta de que a arma sem freios que hoje mira em seus adversários amanhã poderá se voltar contra qualquer um. O ambiente é tóxico, e a tática está produzindo o efeito desejado: aqueles independentes começam a praticar a autocensura, com medo das consequências de uma crítica mais dura.

Falo por mim. Muitos leitores elogiam minha coragem, mas não tenho vocação para mártir. Está claro que o arbítrio supremo não tem limites, e que ninguém tem como parar o homem. É por isso que decidi não mais criticar o STF. 
Está claro que se trata de um tribunal de exceção, de uma corte política, não constitucional. Impossibilitado de saber a priori o que configura crime ou não, já que não tenho como me calcar na Constituição ou no Código Penal, prefiro então simplesmente encerrar qualquer análise sobre o Supremo. Vou escrever sobre música, sobre culinária, sobre alienígenas.
 
Resolvo também só chamar os ministros de vossas excelências, ou mesmo deuses, se eles assim preferirem
Reconheço em Alexandre uma figura acima do bem e do mal, das leis, da Constituição. Admito sua vitória absoluta, assim como seu poder absoluto.  
E é por essa razão que comunico ao todo-poderoso que, a partir de hoje, ele tem total controle sobre a minha vida. 
Se Alexandre decidir que devo me tornar um vegano, adeus carne. 
Se Alexandre resolver que é para eu ser abstêmio, adeus vinho. 
Posso até ver o copo meio cheio: ao menos vou perder uns quilos…
 
Estou numa peregrinação espiritual que vem me aproximando mais de Deus, mas absorvi o alerta de Jesus Cristo, e saberei separar as coisas: a César o que é de César. E nosso César é Alexandre, o Grande. 
No Juízo Final terei um julgamento que, estou certo, será mais justo. 
Mas, aqui na Terra, nesta vida, abandonei as esperanças e entreguei minha liberdade ao homem mais poderoso do Brasil, quiçá do planeta. Espero apenas que Alexandre não ache ruim meu hobby de tocar bateria, pois isso seria triste de perder. Mas estou disposto a só tocar as músicas que agradam ao ministro.
 
De tempos em tempos lanço mão da ironia como artifício retórico, mas se Alexandre julgar isso inadequado, adeus ironia. A partir de hoje, prometo andar na linha. Qual? Difícil dizer, pois não tenho bola de cristal para inferir o que Alexandre pensa. Mas farei meu melhor para tentar antecipar seus passos e atender a suas expectativas. 
Reconhecer virtudes neste governo, por exemplo, está fora de cogitação. Já penso até mesmo em me filiar ao PSDB, só por precaução. Imagino que seja um ato merecedor de muitos pontos com o ministro. Se for necessário dizer uma ou duas palavras de elogio ao governador oportunista de São Paulo, tomo um Engov e digo. Alexandre é quem manda.

Tenho família para sustentar, filhos para criar e, como já disse, não tenho a menor vontade de ser mártir. Alexandre foi bem claro em transmitir seu recado. Captado, amado mestre. Diga-me o que pensar sobre cada assunto polêmico, e este será meu pensamento. Ou ao menos a minha expressão do pensamento em público. Manda quem pode; obedece quem tem juízo. Não vou mais criticar o STF ditatorial a partir de hoje.

Leia também “A constituição do atraso” 

Rodrigo Constantino, colunista - Revista Oeste

 

segunda-feira, 12 de julho de 2021

Cubanos clamam por liberdade em ilha controlada por companheiros de Lula - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino
 
Várias pessoas ficaram feridas ou foram detidas durante os protestos contra o regime comunista de Cuba neste domingo (11), segundo a imprensa independente. Em Havana, jornalistas da Associated Press flagraram pelo menos 20 prisões de manifestantes, que foram levados em carros policiais ou particulares.

Também há relatos de pessoas que ficaram feridas em confrontos com a polícia.
Em Havana, um repórter cinematográfico da AP foi agredido por simpatizantes do regime e um fotógrafo da mesma agência de notícias foi ferido pela polícia. Em Camagüey, moradores denunciaram que a ditadura castrista enviou tropas especiais para reprimir os protestos e relataram ao menos dois feridos em ação das forças de segurança.
 
LEIA TAMBÉM: Análise sobre a prisão arbitrária na CPI da Covid. Abuso de autoridade marca a semana no Senado e ameaça o Estado Democrático de Direito
 

A Anistia Internacional condenou a repressão da ditadura comunista. "Pessoas foram feridas por tiroteios policiais, prisões arbitrárias, ameaças e ataques a jornalistas, incluindo um fotógrafo da agência AP, uma forte presença militar nas ruas e um governo intolerante", disse Erika Guevara Rosas, diretora da Anistia Internacional para as Américas, na noite deste domingo.

Nas redes sociais, o apoio aos cubanos que clamam por liberdade é enorme. Já são quase 2,5 milhões de tweets, a imensa maioria torcendo por uma Cuba livre. Já os comunistas espalhados pelo mundo tomam o partido da tirania assassina criada pela família Castro, o ídolo de Lula. É o caso do MST, o braço armado do PT no campo:  Observem o que se passa em Cuba - ou tentem, pois a tirania comunista cortou a luz e a internet já limitada e capenga - e entendam por que todo totalitário quer desarmar o povo. Arma é liberdade! Milhões de escravos desarmados estão à mercê de milicianos lulistas, sem chance de defesa.

Essa foi a pegada de várias mensagens também. Barbara, do canal TeAtualizei, comentou: "O povo de Cuba desarmado, agora é alvejado pelo 'revolucionários' que protegem a ditadura comunista. Que Deus proteja e livre esse povo". O canal Dama de Ferro sintetizou: "O povo cubano é uma maioria desarmada... Deus os proteja!" A advogada Flavia Ferronato foi direto ao ponto: "O povo cubano está desarmado… Não é sobre armas é sobre liberdade!!"

Yoani Sánchez, líder ativista na ilha-presídio comunista, pediu ajuda ao mundo: "Eles reprimem e censuram. Chegou o dia e eles não querem aceitar que as pessoas já tenham dito 'basta'. Sem internet, sem suprimentos e com as ruas tomadas pela polícia: é assim que a gente está. Pelo menos dois colaboradores do 14ymedio estão desaparecidos. SOSCuba".

O senador republicano da Flórida, Marco Rubio, de origem cubana, explicou: "Os protestos em Cuba não são apenas sobre 'escassez'. O socialismo promete comida, remédios e renda garantidos se você desistir de sua liberdade. Quando, como sempre, falha em entregar, você não tem sua liberdade de volta. É por isso que os manifestantes estão gritando 'Libertad'".

O portal Senso Incomum lembrou quem são os alinhados ao regime opressor cubano no Brasil, aqueles que nos acusam de antidemocráticos na maior inversão cara de pau do planeta: E há, claro, os "isentões", aqueles que garantem defender a democracia, MAS sempre colocam um "mas" depois para justificar atrocidades oriundas da esquerda. A realidade cubana em nada se parece com as falácias repetidas por esquerdistas.

Os bobinhos, vale lembrar, diziam que tudo melhoraria desde Obama, um "paizão" para os Castro, e a morte de Fidel. Apostaram suas fichas numa abertura gradual e voluntária, como se alguma vez na história tiranos comunistas tivessem aberto mão de poder e controle sem forte pressão externa e interna. Cuba só será livre com atos de rebeldia contra a tirania, de preferência com ajuda internacional concreta. Os cubanos merecem respirar ares livres. São escravos há meio século, numa situação e penúria. E pensar que vagabundos comunistas querem importar essa realidade para o Brasil, com apoio até de certos banqueiros...  [fosse só dos banqueiros...] 
 
Rodrigo Constantino, colunista - VOZES - Gazeta do Povo

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Vassalos da China - Rodrigo Constantino

VOZES - Gazeta do Povo

Meu vizinho vende insumos básicos para mim, e eu vendo alimentos que produzo de forma competitiva para ele. Mas ele é um brutamontes criminoso, com ampla passagem pela polícia. Finjo não saber disso, pois afinal somos vizinhos e temos interesses comerciais. Não preciso ser a polícia do mundo. Tampouco preciso falar bem dele pela vizinhança. Ocorre que o marginal resolveu fazer chantagem: se eu fizer uma só crítica pública a ele, meus insumos serão suspensos.

Diante dessa abjeta ameaça, típica de um cafajeste da pior espécie, quem deveria ser o alvo das mais duras críticas, ainda mais por quem tem algum senso de justiça e apreço pelas liberdades? Mas muita gente preferiu me condenar por ter questionado a origem da sujeira na calçada. Ficaram revoltados... comigo! Acham que devo pagar o resgate desse sequestro sem qualquer tipo de reclamação, ignorando que nosso comércio é via de mão-dupla, já que ele compra os alimentos de sua família de mim.

A Folha deu a seguinte manchete nesta sexta: “Produção de vacina está totalmente parada e ritmo da imunização pode diminuir, diz governo de SP”. O subtítulo dizia: “Insumos para Coronavac estão parados na China em meio a crise diplomática após frases de Bolsonaro”. Causa espanto ver tanto jornalista e “liberal” usando a ocasião para desferir novos ataques contra o presidente, poupa
vidas humanasndo a ditadura chinesa.

Um regime opressor faz chantagem aberta com vacinas, ou seja, com vidas humanas, mas essa gente resolve demonizar nosso presidente e aliviar a barra do regime ditatorial? Essa turma precisa rever imediatamente seus valores.  
Mas sabemos que a China tem muitos assessores de imprensa e lobistas no Brasil. 
São os mesmos que se recusam a admitir que o maior culpado pela pandemia é justamente o regime que perseguiu médicos e jornalistas quando a coisa começou em Wuhan.
Algum grau de pragmatismo diplomático é essencial, sem dúvida. Não dá para querer fazer justiça contra todos os bandidos do mundo de uma vez. Mas seria aconselhável que nossos jornalistas e “liberais” ao menos tivessem a coragem de apontar para condutas inaceitáveis de uma ditadura. O embaixador chinês no Brasil já tentou intimidar deputado federal, e o então presidente da Câmara tomou o partido da ditadura. Ele já enviou cartas aos nossos deputados “recomendando” não reconhecer as eleições em Taiwan, e ficou por isso mesmo. [o problema desse pessoal, os inimigos do Brasil é que para eles o que importa é DERRUBAR o presidente Bolsonaro - o compromisso que assumiram com o diabo e contra os brasileiros é se livrar do capitão, o custo de vidas humanas é apenas um detalhe.
Eles esquecem que se o Brasil precisa dos insumos chineses, eles precisam do que o agronegócio produz - O Brasil ficar livre da dependência dos insumos é questão de tempo, já eles se livrarem da necessidade de alimentos...
Um pouco a contragosto, temos que reconhecer que o nosso presidente as vezes complica por não escolher o momento dos seus comentários  - as vezes os profere no momento mais inadequado.]
Se dependesse desses jornalistas e “liberais”, o Brasil virava logo uma província chinesa, e o jornalismo desapareceria de vez, como as liberdades. Pragmatismo sim, subserviência e vassalagem não! 
Por fim, vale notar que apesar de toda a narrativa e ameaças, o Brasil bateu recordes de exportação para a China este ano
Foram quase US$ 30 bilhões até agora, o maior volume na década. Menos histeria e covardia, portanto...   

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Doria põe fogo no ninho - Nas entrelinhas

“O eixo de gravidade da maioria dos tucanos no Congresso não é o Palácio dos Bandeirantes, é o Palácio do Planalto”

O governador de São Paulo, João Doria, pode ter dado um grande passo em falso para a consolidação de sua candidatura. Nem tanto por exigir do PSDB um claro posicionamento de oposição ao presidente Jair Bolsonaro, uma vez que já se coloca nesse campo, mas porque fez duas exigências para as quais, no momento, ainda não reúne forças suficientes para obtê-las dentro de seu próprio partido: a renúncia do deputado Bruno Araújo (PE), que preside a legenda, e a expulsão do deputado Aécio Neves MG), uma eminência parda nas bancadas da Câmara e até do Senado, onde ainda tem muitos aliados.

Doria fez as exigências num jantar com lideranças tucanas na segunda-feira. Bruno Araújo foi surpreendido pela proposta e não gostou nem um pouco da ideia de passar o comando da legenda para o governador paulista, de quem, inclusive, era aliado. A reação do presidente do PSDB foi defender a realização de prévias, pois o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, tem revelado a aliados que não deseja se reeleger ao cargo e gostaria de disputar a Presidência da República. O líder da bancada na Câmara, Rodrigo Castro (MG), muito menos. É muito ligado a Aécio, que reagiu confrontando Doria diretamente: “O partido não tem dono”.

O ninho foi incendiado por Doria, mas a divisão interna já estava patente na disputa pelos comandos da Câmara e do Senado. No primeiro caso, por muito pouco a bancada não se retirou do bloco encabeçado pelo líder do MDB, Baleia Rossi (SP), que foi derrotado por Arthur Lira (PP-AL). Foi preciso que Doria e até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso interviessem nas articulações, porque a maioria da bancada estava com o candidato do Centrão. No segundo, cinco dos oito senadores tucanos apoiaram Rodrigo Pacheco (DEM-MG) contra Simone Tebet (MDB-MS). Ou seja, o eixo de gravidade da maioria dos tucanos no Congresso não é o Palácio dos Bandeirantes, é o Palácio do Planalto.

Repete-se no PSDB uma situação muito parecida com a do DEM, que se alinhou com o presidente Jair Bolsonaro na eleição das Mesas do Senado e da Câmara, com a diferença de que os tucanos já têm uma candidatura própria. Desde a eleição de Fernando Henrique Cardoso, os candidatos paulistas à Presidência do PSDB enfrentam dificuldades internas fora do estado, principalmente em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. No caso de Doria, essa dificuldade é ainda maior porque o governador paulista não tem nenhuma experiência parlamentar, ou seja, não conhece o Congresso. Além disso, há contenciosos entre os estados nos quais São Paulo fica num certo isolamento, principalmente em matérias financeiras e tributárias.

Doria disputava uma aliança com o DEM com o presidente Jair Bolsonaro e o apresentador Luciano Huck, que também tentava atrair a legenda para sua candidatura, inclusive com a possibilidade de a ela se filiar. Os recentes episódios na Câmara fizeram com que ambos despertassem desse sonho. Doria, agora, tenta atrair para o PSDB o vice-governador Rodrigo Garcia, que deve assumir o governo e se candidatar à reeleição. Isso resolveria o problema do descolamento do DEM em São Paulo, facilitando, também, a acomodação dos tucanos paulistas. O governador paulista também tenta atrair o deputado Rodrigo Maia (RJ), que anunciou sua saída do DEM com duras críticas ao ex-prefeito de Salvador (BA) ACM Neto, presidente da legenda. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), é outro assediado por Doria.

Rodrigo Maia e Eduardo Paes são atores importantes no quadro político nacional, mas precisam de um partido para ter protagonismo. O primeiro tem pressa em se reposicionar, para não sair do jogo; o segundo, não tem a mesma urgência, pois não pretende se candidatar em 2022. Além do PSDB,  as principais opções para Maia são o PSL, com a saída dos parlamentares ligados a Bolsonaro, e o MDB, que precisa se reestruturar no Rio de Janeiro. Corre por fora o Cidadania, caso se confirme a filiação de Luciano Huck.

Comitê de imprensa
Oscar Niemeyer, Carlos Castelo Branco, Ari Cunha, Tarcísio Holanda e Jorge Bastos Moreno, para não estender a lista, certamente estariam engrossando o coro de protestos contra o despejo do comitê de imprensa da Câmara do local que historicamente lhe foi destinado, ao lado do plenário, para facilitar o acesso recíproco de jornalistas e deputados a ambos os espaços. O “ato administrativo” do novo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), obviamente, é uma retaliação política à cobertura da imprensa durante a sua campanha eleitoral, na qual se consolidou uma imagem negativa.

A exposição que todo presidente da Casa tinha ao atravessar o Salão Verde da Câmara era sempre um rito democrático [sic] : ao transitar do gabinete para o plenário, mesmo cercado de seguranças, era abordado por jornalistas, parlamentares, lobistas e cidadãos. Provavelmente, o espaço do comitê de imprensa será reconfigurado, com novos banheiros, amplo gabinete, salas reservadas e novas cortinas, para impedir os olhares indiscretos de quem chega pela chapelaria e avista o espaço inteiramente livre no qual os jornalistas trabalham em suas bancadas. Muitas vezes, eram os últimos a deixar a Câmara, depois de sessões que entravam pela madrugada. [nos tempos modernos, em que um celular bem operado vale por um estúdio de televisão, não há necessidade de sacrificar tanto espaço para acomodar os jornalistas - nos tempos dos transmissores à válvula, das filmadoras de celuloide, o espaço era vital. Hoje, um simples pendrive grava o que na década de 60 existia dezenas de rolos de filme.]

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense

 

domingo, 13 de dezembro de 2020

Estado do crime – O Estado de S. Paulo

Opinião

‘Estado paralelo’ é uma realidade em vastas porções do Rio e cada vez mais no Brasil

O fenômeno da máfia pode ser sintetizado em uma fórmula: “a polícia dos criminosos”. Transitando na interface entre sociedades desservidas pelo Estado e organizações criminosas, as máfias vendem proteção às primeiras e arbitragem às segundas. Nessa posição privilegiada, os mafiosos expandem seu poder cooptando negócios legítimos para encobertar atividades criminosas e lavar seu dinheiro, ao mesmo tempo que se valem do mercado negro para comercializar serviços às populações marginalizadas. O fenômeno das milícias tem todas essas características com uma agravante: não são apenas a “polícia dos criminosos”, mas os “criminosos da polícia”.

[a matéria não destaca que o 'estado paralelo' é reforçado pela existência, de fato, do estado independente, classificação adequada a certas áreas do Rio de Janeiro, nas quais a polícia não pode agir livremente e com a rapidez que uma efetiva ação policial exige.

Recente decisão do Supremo Tribunal Federal, inicialmente monocrática, impede que a polícia ingresse em áreas conflagradas, algumas favelas, para ações de combate ao crime - antes da iniciar a operação, existe um demorado protocolo de notificação e justificação ao MP, Justiça, o que enseja além da demora,  o risco de vazamento  (a demora e/ou o vazamento prejudicam a eficácia e o êxito da medida, favorecendo o crime).
Extrapolar os meios convencionais de combate ao crime, sugerido no último parágrafo, é de difícil e até mesmo impossível implantação - além das restrições impostas às ações de combate ao crime, há a entendimento implantado de forma gradativa e inexorável de que a polícia sempre está errada. Se tratando de grupo operacional especial a rejeição é ainda mais forte - o abate de um bandido tem sempre como principal suspeito à polícia. 
Quando a vítima é um inocente as acusações contra a polícia são ainda mais fortes - esquecem que essa cultura de responsabilizar agentes de segurança, fortalece os bandidos - quando querem a polícia fora de um local ou constrangida, moralmente linchada,  é só matar um inocente. O principal suspeito do crime, na maior parte das vezes partem para a acusação, é um agente das forças de segurança.]
 
 Um levantamento da Universidade Federal Fluminense e da Universidade de São Paulo sobre o território da cidade do Rio de Janeiro estima que 55,7% dele é controlado pelas milícias; 15,4%, pelo narcotráfico; e 25,2% estão sob disputa. Ou seja, apenas 1,9% não estaria sob o jugo do crime.  Há mais de um ano a Rede Fluminense de Pesquisas sobre Violência, Segurança Pública e Direitos Humanos tem promovido debates com pesquisadores, policiais, promotores, jornalistas, ativistas e especialistas em dados sobre o controle territorial de grupos armados.[os ativistas não merecem credibilidade devido a evidente e obrigatória parcialidade, quanto aos especialistas a pouca credibilidade que possuíam até o inicio da pandemia, foi explodida por seus chutes - a notória e sempre presente  incompetência,   somada ao desejo de agradar ao órgão de imprensa que os entrevistava, resultou nos especialistas em nada.] Os resultados apresentados em uma nota técnica mostram que a dinâmica da milícia e do tráfico é um fenômeno em acelerada mutação.

As milícias podem ser definidas originariamente como “antagonistas do tráfico”. Mas, uma vez consolidado o mercado de “proteção”, elas se expandem rapidamente em dois sentidos: a diversificação das atividades econômicas e a infiltração em instâncias regulatórias. Com o tempo, estabelece-se a mais perversa das simbioses: por um lado os milicianos passam a cobiçar os negócios do narcotráfico e, por outro, os traficantes assimilam as estratégias das milícias. “Há registro de atuação das milícias em serviços de transporte coletivo, gás, eletricidade, internet, agiotagem, cestas básicas, grilagem, loteamento de terrenos, construção e revenda irregular de habitação, assassinatos contratados, tráfico de drogas e armas, contrabando e roubo de cargas, receptação de mercadorias e revenda de produtos de diversos tipos e proveniências”, aponta a nota.

Além disso, “o vínculo original das milícias com elites política e econômica locais se desdobra rápida e perigosamente em um outro tipo de conexão, dessa feita com instâncias do Estado”. Na polícia, “há cada vez mais indícios de indicações para cargos de comando, nomeação para chefia de batalhões, definição de focos prioritários de operações policiais e desenhos abrangentes de abordagem”.

Além das forças policiais, as milícias estão se infiltrando nos Poderes Executivos e nas Casas Legislativas. Segundo a Polícia Federal, há riscos para o processo eleitoral em pelo menos 18 Estados, em especial aqueles com altos índices de violência, serviços públicos precários e corrupção policial. No Rio de Janeiro, milicianos são recorrentemente condecorados pelo poder público e guardam relações estreitas com autoridades. Como se sabe, há indícios nesse sentido em relação ao próprio presidente da República e seus familiares.

Assim, em contraste com o crime organizado tradicional, as milícias transitam com muito mais liberdade entre a legalidade e a ilegalidade – entre o submundo, a sociedade civil e o poder público –, diversificando e expandindo seus negócios com muito mais rapidez. A venalidade das milícias ultrapassou a dimensão da segurança pública e ameaça perverter o tecido civil e o próprio Estado. A rapidez e a diversidade características da sua expansão exigem uma resposta igualmente rápida e diversificada. Além de uma atualização da legislação, é preciso extrapolar os meios convencionais de combate ao crime e investir em grupos especializados, novas táticas de inteligência e pesquisas. O “Estado paralelo” já é uma realidade em vastas porções do Rio de Janeiro e cada vez mais no Brasil. Sem uma repressão ampla, coordenada e implacável, há o risco de uma nova fase: a subversão do Estado de Direito em “Estado do Crime”.

Opinião - O Estado de S. Paulo - 13 dezembro 2020

 

 

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Tempos de aflição - Valor Econômico

 Claudia Safatle 

“Rombo” fiscal se arrasta desde os anos 1980, com breve período de exceção

O país vive um momento em que decisões na economia vão ter grande impacto nos próximos anos, de forma mais ou menos análoga ao que os ex-presidentes Geisel e Figueiredo viveram quando dos choques de preços do petróleo em que optou-se por pisar no acelerador ao invés de ajustar a economia àquela condição de grave restrição. Foram os 20 anos seguintes de elevadíssimas taxas de inflação, só domada após o Plano Real, em meados de 1994. Ao ouvir as alternativas que tinha à mão na ocasião, Geisel teria dito: “Mas logo na minha vez vocês querem brecar a economia?”.

[apesar da forte tendência contra o presidente Bolsonaro, a ilustre articulista tem a sinceridade de apontar que o surgimento do rombo fiscal e de todos os males causados à economia, ocorreu nos anos 1980 - Geisel encerrou seu mandato em 1979 - e não em2017.] 

O momento, agora, é o retrato de um desequilíbrio que está na cobertura da imprensa desde a crise da dívida externa nos anos de 1980, quando os jornalistas de economia começaram a escrever sobre o “rombo” nas finanças públicas. Para alguns, iniciava-se alí um aprendizado da importância da política fiscal para a estabilidade da economia. Foi a partir de um acordo de socorro financeiro com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que preconizava austeridade nas contas do setor público como medida de controle da inflação, que tomou-se conhecimento das metodologias de cálculo do déficit e o assunto passou a ser parte da pauta de cobertura da imprensa de 1983 para cá.

O fato é que os governos não foram capazes de resolver, até hoje, as restrições fiscais que se arrastam, freiam o crescimento da economia e atrasam a vida de milhões de brasileiros. Houve períodos de enfrentamento, quando no segundo mandato o governo de Fernando Henrique Cardoso começou, em 1999, a política do tripé macroeconômico calcado no regime de metas para a inflação, câmbio flutuante e superávit primário nas contas públicas.

As primeiras iniciativas de abandono das metas fiscais começaram no segundo mandato de Lula, mas foi Dilma Rousseff que deu um basta nos superávits e inaugurou o tempo dos déficits públicos. Ficou famosa a definição da presidente de que “gasto [público] é vida.”

Na gestão de Michel Temer foi aprovada a PEC do Teto do Gasto, pela qual o aumento da despesa anual é limitado à correção pela inflação acumulada em 12 meses até meados do ano anterior. Foi uma forma, talvez dura demais, de lidar com uma expansão desmedida do gasto público nos últimos quarenta anos.

Quando Bolsonaro assumiu, parecia muito claro no discurso do ministro Paulo Guedes o entendimento da dimensão do problema. Mas o tempo mostrou que o presidente não comungava das convicções liberais do ministro da Economia nem tinha a compreensão das limitações que o “rombo” das contas públicas impunha aos seus eventuais planos de governo. Bolsonaro nunca gostou das privatizações, não apoiou a reforma da Previdência, aceitou a reforma administrativa desde que vigorasse só para os novos entrantes no setor público e não concordou com a proposta de reestruturação dos programas assistenciais (tais como o abono salarial, seguro-defeso e vários outros) para financiar um projeto de renda básica. O Congresso, nesse aspecto, foi mais reformista.

O presidente, definitivamente, não lida bem com as restrições que lhe são colocadas pelo “buraco” das contas públicas. Mas não há muitas alternativas para ele a não ser a perda da confiança e da credibilidade na sustentação da trajetória da dívida pública como proporção do PIB. Dívida que era de 51,7% do PIB em 2010 e uma década depois já encosta em 100% do PIB. [o PIB caiu = redução do parâmetro de cálculo -  e tivemos uma pandemia = aumentou os gastos que formam a dívida pública].Os economistas do setor público e privado entendem que esse não é um patamar sustentável e o mercado reage mudando os preços dos ativos.

Dois sinais muito claros dos mercados nos últimos meses são: a inclinação da curva de juros que dá uma diferença grande, de cerca de 500 pontos-base, entre as taxas de longo prazo e as de curto prazo; e a desvalorização de 40% do real frente ao dólar americano“A trajetória da dívida começa a estar sob os holofotes”, diz uma fonte que opera no mercado desde os anos 1970. “A questão fiscal não está equacionada e a aparente guinada de Bolsonaro para acordos políticos torna inverossímil a possibilidade de um ajuste”, avalia.

Sem a pandemia da covid-19, a história seria diferente?, indaga ele, que responde: “Marginalmente, seria diferente porque os agentes entenderam a pandemia como um evento ‘once for all’ do ponto de vista fiscal. Foi preciso gastar R$ 900 bilhões e não dá para chamar isso de irresponsabilidade fiscal”, diz a fonte.

A pandemia, porém, empurrou o endividamento para a casa dos 100% do PIB. Isso não seria um enorme problema se fosse possível manter a taxa de juros baixa. Mas a inclinação da curva está dizendo que a taxa de juros de curto prazo, a Selic de 2% ao ano, está fora de lugar. Uma enorme diferença entre agora e os anos da década perdida de 1980 é a taxa de câmbio flutuante que somada às reservas cambiais dá um conforto na área externa e afasta o risco de uma crise cambial. De positivo, atualmente, o país tem juros baixos (condicionado à responsabilidade fiscal) e taxa de câmbio desvalorizada.

Em artigo publicado na “Folha de S. Paulo” do fim de semana, Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, sugeriu um roteiro de mudanças possíveis com o retorno à meta de primário como âncora fiscal, já que o teto do gasto levaria cinco anos para colocar o país em uma situação de equilíbrio das contas públicas. Arminio não acredita que o país tenha todo esse tempo. Ele propõe uma pequena folga para o teto e um ajuste de seis pontos percentuais do PIB nos próximos quatro anos, pelo qual o déficit primário de 3% do PIB de 2019 se converta em superávit de 3% do PIB em 2024. Não quero acabar com o teto, mas dar uma pequena folga de 1% além da inflação porque no curto prazo dá um espaço de manobra e, no longo prazo, eu prefiro ter um governo em condições de investir na redução das desigualdades”, explica ele.

Outro ex-presidente do BC, Affonso Celso Pastore, em artigo publicado no “Estadão”, alerta para o risco de o Banco Central ser forçado a tomar medidas de repressão ao livre movimento de capitais para evitar uma eventual sangria nas reservas. Tal situação decorreria da dominância fiscal - da qual a dificuldade na administração da dívida é uma primeira manifestação - que leva à inflação e à repressão financeira, com todas as distorções que ela produz. O tempo corre, o ambiente se deteriora e o governo espera passar as eleições para tomar uma atitude.

Claudia Safatle, jornalista - Valor Econômico