O Brasil de 17 de abril
Não vou falar dos milhares de
brasileiros que foram às ruas mostrar a sua cidadania e brasilidade,
lutando por um Brasil melhor, mais justo, mais democrático, com mais
esperança e menos ladroagens. Esse dia já é parte da nossa história.
Quero me reportar aos seus
representantes, pelo espetáculo único que promoveram na Câmara dos Deputados,
ao expressarem os seus votos, ainda que alvo de críticas acerbas
nas mídias sociais.
Goste-se ou não de Eduardo Cunha, réu
e na iminência de ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal, não há como
desconhecer a sua capacidade de decisão, competência política, energia e
equilíbrio na condução da histórica sessão legislativa que
culminou pela admissibilidade do impedimento da Presidente da Republica,
levando-a a bom termo, com absoluto êxito, até o seu final, indiferente
às pesadas críticas que pessoalmente recebeu. Poucos teriam as qualidades
exigidas e demonstradas por Cunha para evitar que aquele
plenário, tão heterogêneo e tomado por violentas paixões, se transformasse numa
balbúrdia, comprometendo a colimação dos seus fins.
Destaque-se, também, as palavras
introdutórias dos líderes Pauderney Avelino, Antônio Imbassay e Alfredo
Nascimento, moderadas, equilibradas, que realçaram a gravidade do momento
vivido pelo país. Mas o verdadeiro espetáculo foi dado
pelos deputados presentes, com os seus emocionados votos, exaltando não apenas
os motivos maiores do julgamento, mas ao citar, quase que
unanimemente, as suas famílias, estavam deixando bem claro as suas origens, as
suas insatisfações de como a chefe do governo vem gerindo o país, com posturas
absolutistas, na tentativa de implantação de um ultrapassado socialismo
bolivariano que agride as origens do povo brasileiro.
Ao lado da degradação econômica e
social, realçaram a ameaça sempre presente à célula mater da sociedade –
a Família, com iniciativas que insistentemente pugnam pela sua desagregação.
Não importa se do baixo, médio ou alto cleros, os deputados votaram com
os olhos nas famílias, nas gentes simples que representam por todos os
rincões desse imenso país e que veem os seus costumes e as suas tradições mais
caras ameaçados por projetos e leis da autoria do executivo. Raramente, essa
relação biunívoca de representatividade foi tão presente. No seu voto,
manifestaram a imensa contrariedade com as constantes ingerências
do governo nos aspectos mais íntimos da vida familiar, na educação dos filhos,
procurando até mesmo definir as suas tendências sexuais. Supremo absurdo,
a tentativa de impor a irresponsável teoria da indefinição do gênero da
criança na infância, situações que veem sendo defendidas pelo
Ministério da Educação .
O governo pareceu desconhecer as suas
demandas, afrontou-as, ignorando que o nosso povo é por natureza conservador,
amante das suas tradições e profundamente religioso, não importa a
denominação que professe. O plenário da Câmara, com toda aquela aparente
algazarra , pelo voto dos seus membros ,parece ter sido atendido nas suas
preces deixando transbordar a presença de Deus.
O orgulho nacional, representando as
ruas, esteve muito bem definido nos laços e cores verde-oliva ostentados por
todos os que votaram pelo SIM, em vergonhoso contraste aos votantes do
NÃO, que com exagerada manifestação de ódio, trajavam cores vermelhas,
como que envergonhados, desdenhando da nação que os viu nascer e
acolhe. Alguns, como máxima tolerância, misturavam laços amarelo-vermelho, como
a dizer muito claramente que a cor do Brasil é a vermelha, há muito introduzida
nos folhetins e na propaganda oficial do governo.
Também, chamava a atenção
o orgulho com que a imensa maioria dos deputados ostentava a bandeira do
Brasil, nela envoltos, muitos declarando com emoção que ela jamais seria
vermelha. Por tudo o que representou foi
de fato uma sessão histórica, transbordante de patriotismo, emoção e
brasilidade.
Com profunda emoção, o povo
brasileiro viu chegar ao tão esperado voto 342, que admitiu a
admissibilidade do impedimento de Dilma, não apenas pelas pedaladas fiscais que
cometeu , mas pelo conjunto da sua nefasta obra, que combinando
traição política e o comprometimento com roubalheiras sem fim, levou o nosso país
a esse estado desesperador, com infindáveis problemas por resolver nas esferas
da segurança pública, educação, saúde, previdência social e trabalho, com a
economia praticamente paralisada e destruída e, como consequência, o demolidor
saldo de 10 milhões de desempregados que atormenta e massacra as famílias
brasileiras.
A única saída digna de Dilma, para o
bem da sociedade brasileira que ela e Lula ajudaram a dividir, é se demitir.
Mas, a ela, falta espírito cívico para tanto.
Luiz Gonzaga Schroeder Lessa é General de Exército, na reserva.
Blog Alerta Total - Jorge Serrão