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sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

O MUNDO DE OLHO NA ELEIÇÃO BRASILEIRA - Percival Puggina

Você quer um candidato a presidente perfeito, assim como você? Não tem. Então, vamos falar sério.

O mercado eleitoral para 2022 se movimenta em torno do que temos e salta aos olhos a grande responsabilidade dos conservadores brasileiros em relação às posições reavidas em 2018. É em torno delas que, desde então, a disputa se trava! Tudo mais, do mi-mi-mi ao blábláblá, das rotulagens às narrativas, gira em torno desse eixo. E o mundo, com interesse, observa.

Pense nas famílias norte-americanas, notadamente no caso iniciado pela senhora Stacy Langton, do Condado de Fairfax, na Virgínia, quando soube que uma escola local passara como temas a alunos de high school (14 a 17 anos) descrever “uma cena de sexo que você não mostraria à sua mãe” e escrever “um cenário Disney x-rated” (proibida para menores). Pense nas bibliotecas escolares (e o mesmo acontece em outros estados), que disponibilizam aos estudantes livros com cenas pornôs entre adultos e jovens.

Pondere, agora, a contestação a essas denúncias feita pelo autor de Lawn Boy, um desses livros. Entrevistado pelo Washington Post, ele respondeu:

“Penso que essas pessoas estão aterrorizadas porque estão perdendo a guerra cultural”.

E tudo começará a ficar mais claro. O fenômeno é mundial, tem inúmeras faces e frentes, multidões de agentes, muito dinheiro envolvido e inesgotáveis fontes de recursos.  
Voltei a ler os discursos de Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU nos anos de 2019, 2020 e 2021. Os três foram, como de hábito, severamente criticados pela mídia nacional. No entanto, encontrei, em todos, momentos de grande coragem e fortíssimos motivos para chamar a atenção de muitos, mundo afora.

Note-se que o presidente fala à nata mais fina do “politicamente correto”. Fala a chefes de Estado e de governo, chanceleres e à alta diplomacia mundial. No que diz, em acréscimo a temas de específico interesse brasileiro, o presidente adiciona afirmações assim:

A ideologia se instalou no terreno da cultura, da educação e da mídia, dominando meios de comunicação, universidades e escolas.

A ideologia invadiu nossos lares para investir contra a célula mater de qualquer sociedade saudável, a família.

Tentam ainda destruir a inocência de nossas crianças, pervertendo até mesmo sua identidade mais básica e elementar, a biológica.

A ideologia invadiu a própria alma humana para dela expulsar Deus e a dignidade com que Ele nos revestiu. (2019)

O Brasil é um país cristão e conservador e tem na família sua base. (2020)

O Brasil tem um presidente que acredita em Deus, respeita a Constituição e seus militares, valoriza a família e deve lealdade a seu povo.

Temos a família tradicional como fundamento da civilização. E a liberdade do ser humano só se completa com a liberdade de culto e expressão.

Sempre defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. As medidas de isolamento e lockdown deixaram um legado de inflação, em especial, nos gêneros alimentícios no mundo todo. (2021)

Mesmo sendo uma das 10 maiores economias do mundo, somos responsáveis por apenas 3% da emissão de carbono. (2020)

Esta não é a Organização do Interesse Global! É a Organização das Nações Unidas. Assim deve permanecer! (2019)

Deus abençoe a todos! (2021)

Vejo aí motivos mais do que suficientes para que o presidente desperte atenções na também imensa parcela da população do Ocidente que não quer dar razão ao autor de “Lawn boy”.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Bolsonaro adia escolha do PGR - Vera Magalhães - BR 18

A disputa pela Procuradoria-Geral da República embolou, e Jair Bolsonaro deve adiar a escolha do sucessor de Raquel Dodge.

Para tudo
O presidente fez um gesto na direção do subprocurador-geral José Bonifácio de Andrada, que entrou no páreo depois que o favoritismo do também subprocurador Augusto Aras foi abalado por uma campanha contra por parte de pessoas próximas ao presidente. O Planalto confirmou que a escolha, antes prevista para se dar até esta sexta-feira, deverá ficar para a próxima semana.

Climão
No interior do Ministério Público Federal, o clima é de apreensão. O desprezo demonstrado pelo presidente em relação à lista tríplice da categoria e a imprevisibilidade quanto ao critério que vai, afinal, definir a escolha, levam incerteza aos procuradores quanto à continuidade de investigações e procedimentos e à acolhida interna que o indicado terá. [o presidente não é obrigado a seguir indicação da categoria e menos ainda a seguir critérios que não os estabelecidos em lei.]

Gestos
Ainda no páreo, Raquel Dodge segue fazendo gestos em direção ao governo. Deu parecer pelo arquivamento de uma representação que pedia abertura de investigação contra Sergio Moro no âmbito da Operação Spoofing. Isso depois de evidências de que segurou investigações que tinham o próprio Bolsonaro como pivô, como a denúncia de que abrigou funcionária-fantasma em seu gabinete de deputado.

Congresso
Enquanto isso, no Legislativo, a pauta econômica avança, a despeito da ausência de uma base parlamentar formal. Sinal de que Bolsonaro estava certo e “reinventou” a articulação política? Apoiadores do presidente dirão que sim, mas o fato é que a agenda econômica tem mais aderência no Parlamento que os demais projetos, entre eles os relativos a segurança e à pauta de costumes (que avançam a passos lentos ou sofrem derrotas). [há uma ação orquestrada, por parte dos inimigos do presidente Bolsonaro e do Brasil, no sentido da continuidade da política esquerdista  da destruição dos VALORES MORAIS, dos BONS COSTUMES e da FAMÍLIA = CÉLULA MATER DA SOCIEDADE.]

Morde e assopra
Além disso, ao mesmo tempo em que votam matérias como a reforma da Previdência e a MP da Liberdade Econômica, deputados investem num grito de independência, avançando com projetos próprios, discutindo a limitação ao uso de instrumentos como decretos e MPs e aprimorando instrumentos que lhes garantam poder, como o Orçamento impositivo.
 
Vera Magalhães - BR 18 - O Estado de S. Paulo
 
 

domingo, 6 de janeiro de 2019

O menino da Rua do Cupim

“A ministra Damares cumpre um duplo papel no governo: provoca a oposição em relação à identidade de gênero e sai em defesa da segurança das crianças e suas famílias”

Damares Alves, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, já é uma estrela da nova equipe de governo de Jair Bolsonaro. Pastora evangélica, roubou a cena entre os seus pares ao afirmar, logo após a posse, para um grupo de apoiadores, que “menino veste azul e menina veste rosa”. Como quase tudo que acontece entre amigos, alguém gravou e vazou nas redes sociais a frase polêmica, que viralizou e levantou um debate sobre identidade de gênero muito maior do que aquele que ela própria pretendia.

A oposição e a imprensa atravessaram a rua para escorregar na casca de banana. Apontada pela mídia como patinha feia da equipe ministerial, Damares deu a volta por cima durante entrevista à GloboNews, na qual driblou os craques do jornalismo político da emissora com respostas que miravam os eleitores de Bolsonaro e não os seus interlocutores. Falou o que eles gostariam de ouvir. Não foi à toa, portanto, que o escritor, dramaturgo e jornalista Aguinaldo Silva disparou no Twitter: “Venderam a ministra Damares como uma espécie de “maluquete xiita” e ontem ela provou que na verdade é outra coisa: uma mulher conservadora, sim. Mas sensata, convencida do que diz, preparadíssima e disposta a fortalecer os vínculos na célula mater da sociedade, que é a família.”

O novelista sabe das coisas, é um premiado campeão de audiência no horário nobre da tevê brasileira e mais do que um observador arguto da revolução dos costumes sociais e políticos no Brasil, que já dura meio século. É um protagonista dessa revolução, ao lado de outros autores. Damares reagiu às críticas que recebeu com o argumento que repete à exaustão: “Fiz uma metáfora contra a ideologia de gênero, mas meninos e meninas podem vestir azul, rosa, colorido, enfim, da forma que se sentirem melhores.” Garantiu que não haverá retrocesso em termos de direitos adquiridos, em matéria de identidade de gênero. E partiu para a ofensiva num tema que explica muita coisa na eleição de Bolsonaro e que a oposição ainda não captou: a defesa das crianças e da família como instituição.

Ao contrário do que muitos imaginam, Damares não é só a pastora evangélica e assessora parlamentar que deu uma rasteira no chefe, o ex-senador Magno Malta, e virou ministra em seu lugar. É uma militante reconhecida do movimento em defesa das crianças que sofrem de depressão e outros distúrbios psicológicos, que têm impactado os altíssimos indicadores de suicídio e automutilação entre pré-adolescentes e adolescentes no Brasil. “Pobre, gay, mulato e abençoado”, Aguinaldo Silva, o menino da Rua do Cupim, no Recife, sacou que a ministra sabe o que está fazendo.


(...)

Identidade de gênero
Aguinaldo já escreveu mais de 100 mil páginas de livros, novelas, séries, minisséries, peças de teatro, crônicas, artigos e reportagens, sem contar os textos do seu blog, no qual faz uma espécie de striptease da sua vida intelectual: “Aos 75 anos, escrevo todos os santos dias, sem falhar carnaval, Natal, ano-novo ou qualquer feriado. Não preciso fazer como o general Coriolano, da tragédia de Shakespeare, e ir à praça pública mostrar minhas muitas cicatrizes. Minhas 14 novelas e meus 16 livros estão aí para isso”.

A chamada pauta identitária de gênero virou uma armadilha política. Serviu para que o PT saísse do isolamento após os escândalos de corrupção que protagonizou no poder e o impeachment de Dilma Rousseff. O movimento “#EleNão” foi uma ponte com as manifestações de gênero e deu sustentação à campanha de Fernando Haddad, principalmente depois da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entretanto, como no caso de Hillary Clinton, nas eleições norte-americanas, é uma agenda progressista, mas ideologicamente minoritária na sociedade. 

 Espertamente, foi associada por Bolsonaro à desagregação da família, uma tragédia para os mais pobres, principalmente numa conjuntura de desemprego em massa.  Damares cumpre um duplo papel no governo: de um lado, espicaça a oposição em relação a um tema no qual a opinião pública ainda é conservadora e, majoritariamente, está ao lado de Bolsonaro; de outro, se propõe a enfrentar um problema que as políticas públicas oficiais, segmentadas, não deram conta de resolver. A atenção dada a gestantes, idosos e crianças, por exemplo, é estanque e não cuida da segurança da família como um todo. Quando fala em virar esse jogo, Damares sabe que é música para os eleitores do capitão. A estratégia de penetração dos pastores evangélicos nas comunidades pobres do país é focada exatamente nisso. Hoje, é uma experiência exitosa de trabalho social, religioso e político, que comeu o mingau eleitoral pelas beiradas.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB

sábado, 23 de abril de 2016

O Brasil de 17 de abril,

O Brasil de 17 de abril


Não vou falar dos milhares de brasileiros que foram às ruas mostrar a sua cidadania e brasilidade, lutando  por um Brasil melhor, mais justo, mais democrático, com mais esperança e menos ladroagens. Esse dia já é parte da nossa história.
Quero me reportar aos seus representantes, pelo espetáculo único que promoveram na Câmara dos Deputados, ao expressarem os seus votos, ainda que  alvo de críticas acerbas nas  mídias sociais.
Goste-se ou não de Eduardo Cunha, réu e na iminência de ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal, não há  como desconhecer a sua capacidade de decisão, competência política, energia e equilíbrio na condução da  histórica sessão  legislativa  que culminou pela  admissibilidade do impedimento da Presidente da Republica, levando-a a bom termo, com absoluto  êxito, até o seu final, indiferente às pesadas  críticas que pessoalmente recebeu. Poucos teriam as qualidades exigidas  e demonstradas por Cunha  para evitar  que aquele plenário, tão heterogêneo e tomado por violentas paixões, se transformasse numa balbúrdia,  comprometendo a colimação  dos seus fins.
Destaque-se, também, as palavras introdutórias dos líderes Pauderney Avelino, Antônio Imbassay e Alfredo Nascimento, moderadas, equilibradas, que realçaram  a gravidade do momento vivido pelo país. Mas o verdadeiro espetáculo foi dado pelos deputados presentes, com os seus emocionados votos, exaltando não apenas os motivos  maiores  do julgamento, mas ao citar, quase que unanimemente, as suas famílias, estavam deixando bem claro as suas origens, as suas insatisfações de como a chefe do governo vem gerindo o país, com posturas absolutistas,  na tentativa de implantação de um ultrapassado socialismo bolivariano que agride as origens do povo brasileiro.
Ao lado da degradação econômica e social,  realçaram a ameaça sempre presente à célula mater da sociedadea Família, com iniciativas que insistentemente pugnam pela sua desagregação. Não importa se do baixo, médio  ou alto cleros, os deputados votaram com os olhos nas  famílias, nas gentes simples que representam por todos os rincões desse imenso país e que veem os seus costumes e as suas tradições mais caras ameaçados por projetos e leis da autoria do executivo. Raramente, essa relação biunívoca de representatividade foi tão presente. No seu voto, manifestaram  a  imensa contrariedade com as constantes ingerências do governo nos aspectos mais íntimos da vida familiar, na educação dos filhos, procurando até mesmo definir as suas tendências sexuais.  Supremo absurdo, a tentativa de impor a irresponsável teoria da indefinição do gênero  da criança na infância, situações que veem  sendo defendidas pelo Ministério  da Educação .
O governo pareceu desconhecer as suas demandas, afrontou-as, ignorando que o nosso povo é por natureza conservador, amante das suas tradições e  profundamente religioso, não importa  a denominação que professe. O plenário da Câmara, com toda aquela aparente algazarra , pelo  voto dos seus membros ,parece ter sido atendido nas suas preces  deixando transbordar a presença de Deus.
O orgulho nacional, representando as ruas, esteve muito bem definido nos laços e cores verde-oliva ostentados por todos os que votaram pelo SIM, em vergonhoso contraste aos votantes do NÃO,  que com exagerada manifestação de ódio, trajavam cores vermelhas, como que envergonhados,  desdenhando da nação que os viu nascer  e acolhe. Alguns, como máxima tolerância, misturavam laços amarelo-vermelho, como a dizer muito claramente que a cor do Brasil é a vermelha, há muito introduzida nos folhetins e  na  propaganda oficial do governo.
Também, chamava a atenção   o orgulho com que a imensa  maioria dos deputados ostentava a bandeira do Brasil, nela envoltos, muitos declarando  com emoção que ela jamais seria vermelha.  Por tudo o que  representou foi de fato uma  sessão histórica, transbordante de patriotismo, emoção e brasilidade. 
Com profunda emoção, o povo brasileiro viu chegar ao tão esperado voto 342, que admitiu a  admissibilidade do impedimento de Dilma, não apenas pelas pedaladas fiscais que cometeu , mas pelo conjunto da sua  nefasta obra, que combinando  traição política e o comprometimento com roubalheiras sem fim, levou o nosso país a esse estado desesperador, com infindáveis problemas por resolver nas esferas da segurança pública, educação, saúde, previdência social e trabalho, com a economia praticamente paralisada e destruída e, como consequência, o demolidor saldo de 10 milhões de desempregados que atormenta e massacra as famílias brasileiras.
A única saída digna de Dilma, para o bem da sociedade brasileira que ela e Lula ajudaram a dividir, é se demitir. Mas, a ela, falta espírito cívico para tanto.

Luiz Gonzaga Schroeder Lessa é General de Exército, na reserva.
Blog Alerta Total - Jorge Serrão