David Uip: ‘A privacidade da minha clínica foi invadida’ - VEJA - Saúde

Por Da Redação 

Infectologista pediu que Bolsonaro respeite sua decisão de não divulgar se fez o uso de cloroquina durante o tratamento de Covid-19

O coordenador do Centro de Contingência de Coronavírus, o infectologista David Uip, pediu nesta quarta-feira, 8, que o presidente da República, Jair Bolsonaro acate seu desejo de não informar se usou cloroquina ou não em seu tratamento após o diagnóstico positivo para Covid-19. “Presidente, eu respeitei o direito do senhor em não revelar o seu diagnóstico, respeite o meu direito de não revelar o meu tratamento”,  afirmou

Já recuperado da doença, o médico afirmou que nunca revelou tratamento de seus pacientes. “A minha privacidade foi invadida, a privacidade da minha clínica, que é uma clínica que lida com doentes sob sigilo absoluto, foi invadida”, completou o médico, que diz que tomará as medidas legais adequadas por conta do episódio. [que o paciente comum, em uma situação comum, tenha o direito de manter  em sigilo sua situação de saúde e o tratamento utilizado, não cabe discutir.
Mas, o infectologista David Uip é um paciente e um caso incomum.
1º - ele é o coordenador do Centro de Contingência de Coronavírus - tem o dever de ofício, também moral, de revelar qualquer tratamento eficaz contra o coronavírus - sua recuperação ocorreu em tempo recorde.
2º - pelo cargo que ocupa e sua condição de médico infectologista manter o sigilo pode privar centenas ou mesmo milhares de pessoas de usufruir de um tratamento eficaz ou induzir milhares ao uso de medicação indevida.]

O incômodo de Uip se dá pela insistência de apoiadores do governo de Bolsonaro em descobrir se o especialista fez o uso de cloroquina após seu diagnóstico de coronavírus. O próprio presidente da República alfinetou o médico em publicação nas redes sociais, questionando detalhes sobre seu tratamento clínico. A cloroquina tornou-se o centro de uma discussão política sobre as medidas adequadas para conter o avanço da pandemia no Brasil.

Reunião com Mandetta
Durante sua fala, Uip ainda comentou que ele “sugeriu” ao Ministro da Saúde, Henrique Mandetta, que ampliasse o uso da cloroquina para todos os pacientes internados sob duas condições: “desde que o médico receitasse e o paciente autorizasse”, completou. A conversa teria ocorrido na quinta-feira, 2.

O médico ainda ressaltou que o remédio precisa ser usado com critério e cuidado por conta de seus efeitos adversos, que podem levar a problemas cardíacos, hepáticos e visuais.

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