Hábitos cotidianos são alterados com o isolamento social necessário para prevenção ao coronavirus. A partir da quarentena, algumas mudanças no comportamento podem se tornar permanentes
Poucos estão podendo sair de casa. Quem sai, provavelmente ficará pouco tempo com tal privilégio. Inclusive, se o governo brasileiro determinar isolamento compulsório de pacientes, o que ainda não aconteceu, o cidadão pode ser responsabilizado criminalmente por tais atos, podendo até ser preso, dependendo do grau de infração, de acordo com portaria interministerial publicada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Shoppings centers e lojas de todo o País estão sendo fechados por determinação dos governos dos estados, podendo permanecer com as vendas online. O estado de calamidade pública foi aprovado no Congresso. Nesse contexto, não há outra saída. As pessoas devem continuar suas vidas dentro de casa. E a importância da internet vai aumentar, na mesma medida em que o home office e o ensino à distância se tornarão indispensáveis.
Carolina Ruiz, moradora em Niterói no Rio de Janeiro, é uma das muitas mães que precisam trabalhar em casa e cuidar dos filhos, um de dois e outro de três anos. Sua ocupação foi atingida duramente pela pandemia do coronavírus: ela faz a gestão do Avance Centro-Dia 60+, em Botafogo, uma entidade que oferece atividades para idosos ocuparem seus dias, visando justamente tirar pessoas dessa faixa etária do isolamento social — o que é necessário para prevenção da pandemia. Nesse modelo de centro de convivência, as pessoas retornam para suas casas ao final do dia, ou só passam a manhã nele, o que impede qualquer tipo de controle.
As oficinas diárias oferecidas aos idosos, que integram o principal grupo de risco para infecções com o coronavirus, precisaram ser suspensas a partir da segunda-feira 16. Mesmo dia em que a escola dos filhos de Carolina suspendeu as aulas. Os filhos não podem ficar com os pais dela, pois ambos têm mais de 70 anos. “É uma rede de apoios. As pessoas precisam entender e se conscientizar”, diz. Ela e o marido, George Albin, que também administra o Avance, se revezam entre trabalhar de casa e cuidar das crianças. O centro-dia ficará provisoriamente fechado até 1o de abril, mas dificilmente haverá condições apropriadas para reabrir após essa data.
Muita gente terá de trabalhar de casa. A rotina das empresas será drasticamente alterada, com muitas correndo atrás de equipamentos para home office, como computadores e notebooks, para que a rotina não pare. Nesse cenário, quem já trabalhava com alguma espécie de regime misto entre trabalho presencial e de casa está se saindo bem. Francisco Figueiredo, sócio-gestor da Pacífico Contabilidade e Consultoria Financeira, oferece aos funcionários home office optativo desde setembro de 2015 e a habitualidade com o trabalho à distância não parece ser um obstáculo. “Estou vendo empresas comprando laptops e monitores de última hora e adotando regras rígidas para verificar que o funcionário fique 100% do tempo online”, diz, encarando com naturalidade o processo de desconfiança para os gestores que nunca trabalharam dessa forma.
Nestes dias de pandemia, atividades cotidianas seguem acontecendo com o auxílio da tecnologia
Mudanças permanentes
A obrigatoriedade para o trabalho à distância pode ser algo que durará após a pandemia. Andreia Girardini, diretora de Pessoas e Cultura da plataforma GetNinjas, afirma que a empresa adotou o home office total durante o período de pandemia. Ela já considerava este hábito de trabalho antes da crise, oferecendo um dia semanal para cada funcionário, mas compreende que talvez seja um processo acelerado por causa da situação“Vai quebrar paradigmas que existem de que quem trabalha em home office não está trabalhando de verdade”, avalia. A empresa elaborou um manual de boas práticas, e Andreia entende que o isolamento do coronavírus vá acelerar a adoção deste tipo de trabalho nas empresas em geral.
Outro setor impactado pelo isolamento forçado e que não pode parar é o da educação. Os ensinos fundamentais e médio precisarão continuar ministrando aulas à distância, algo praticamente inédito no ensino em larga escala no País. Claudio Sassaki, CEO da plataforma de educação online Geekie, avalia que é um período em que certos cuidados devem ser tomados, tanto pelas escolas como pelos alunos e pais. É necessário um espaço na casa para que o estudante consiga se concentrar e que seja separado, enquanto os professores não devem confiar em aulas expositivas longas — intervalos com atividades individuais do aluno são necessárias para que haja desenvolvimento de habilidades.“Não sei se o ensino à distância vai ser mais procurado, mas vai ser mais usado”, afirma, projetando a educação após a pandemia.
Ele observa que a tecnologia pode permitir que um professor conheça melhor a turma de alunos, possibilitando tarefas mais direcionadas para o nível de proficiência de cada estudante através de dados e de plataformas digitais. Nestes dias de pandemia, o importante é a compreensão da situação e dos riscos de contágio. A comunidade só sairá dessa situação cooperando e entendendo que tocar a vida dentro de casa tem limitações. Mas, apesar de todos os problemas, a mudança de rotina pode trazer novos hábitos saudáveis para muitas pessoas e mostrar que as atividades remotas podem ser realizadas com a mesma eficiência das presenciais.
IstoÉ- OnLine
Carolina Ruiz, moradora em Niterói no Rio de Janeiro, é uma das muitas mães que precisam trabalhar em casa e cuidar dos filhos, um de dois e outro de três anos. Sua ocupação foi atingida duramente pela pandemia do coronavírus: ela faz a gestão do Avance Centro-Dia 60+, em Botafogo, uma entidade que oferece atividades para idosos ocuparem seus dias, visando justamente tirar pessoas dessa faixa etária do isolamento social — o que é necessário para prevenção da pandemia. Nesse modelo de centro de convivência, as pessoas retornam para suas casas ao final do dia, ou só passam a manhã nele, o que impede qualquer tipo de controle.
As oficinas diárias oferecidas aos idosos, que integram o principal grupo de risco para infecções com o coronavirus, precisaram ser suspensas a partir da segunda-feira 16. Mesmo dia em que a escola dos filhos de Carolina suspendeu as aulas. Os filhos não podem ficar com os pais dela, pois ambos têm mais de 70 anos. “É uma rede de apoios. As pessoas precisam entender e se conscientizar”, diz. Ela e o marido, George Albin, que também administra o Avance, se revezam entre trabalhar de casa e cuidar das crianças. O centro-dia ficará provisoriamente fechado até 1o de abril, mas dificilmente haverá condições apropriadas para reabrir após essa data.
Muita gente terá de trabalhar de casa. A rotina das empresas será drasticamente alterada, com muitas correndo atrás de equipamentos para home office, como computadores e notebooks, para que a rotina não pare. Nesse cenário, quem já trabalhava com alguma espécie de regime misto entre trabalho presencial e de casa está se saindo bem. Francisco Figueiredo, sócio-gestor da Pacífico Contabilidade e Consultoria Financeira, oferece aos funcionários home office optativo desde setembro de 2015 e a habitualidade com o trabalho à distância não parece ser um obstáculo. “Estou vendo empresas comprando laptops e monitores de última hora e adotando regras rígidas para verificar que o funcionário fique 100% do tempo online”, diz, encarando com naturalidade o processo de desconfiança para os gestores que nunca trabalharam dessa forma.
Nestes dias de pandemia, atividades cotidianas seguem acontecendo com o auxílio da tecnologia
Mudanças permanentes
A obrigatoriedade para o trabalho à distância pode ser algo que durará após a pandemia. Andreia Girardini, diretora de Pessoas e Cultura da plataforma GetNinjas, afirma que a empresa adotou o home office total durante o período de pandemia. Ela já considerava este hábito de trabalho antes da crise, oferecendo um dia semanal para cada funcionário, mas compreende que talvez seja um processo acelerado por causa da situação“Vai quebrar paradigmas que existem de que quem trabalha em home office não está trabalhando de verdade”, avalia. A empresa elaborou um manual de boas práticas, e Andreia entende que o isolamento do coronavírus vá acelerar a adoção deste tipo de trabalho nas empresas em geral.
Outro setor impactado pelo isolamento forçado e que não pode parar é o da educação. Os ensinos fundamentais e médio precisarão continuar ministrando aulas à distância, algo praticamente inédito no ensino em larga escala no País. Claudio Sassaki, CEO da plataforma de educação online Geekie, avalia que é um período em que certos cuidados devem ser tomados, tanto pelas escolas como pelos alunos e pais. É necessário um espaço na casa para que o estudante consiga se concentrar e que seja separado, enquanto os professores não devem confiar em aulas expositivas longas — intervalos com atividades individuais do aluno são necessárias para que haja desenvolvimento de habilidades.“Não sei se o ensino à distância vai ser mais procurado, mas vai ser mais usado”, afirma, projetando a educação após a pandemia.
Ele observa que a tecnologia pode permitir que um professor conheça melhor a turma de alunos, possibilitando tarefas mais direcionadas para o nível de proficiência de cada estudante através de dados e de plataformas digitais. Nestes dias de pandemia, o importante é a compreensão da situação e dos riscos de contágio. A comunidade só sairá dessa situação cooperando e entendendo que tocar a vida dentro de casa tem limitações. Mas, apesar de todos os problemas, a mudança de rotina pode trazer novos hábitos saudáveis para muitas pessoas e mostrar que as atividades remotas podem ser realizadas com a mesma eficiência das presenciais.
IstoÉ- OnLine