Cerveró é preso no Rio ao desembarcar de um voo vindo de Londres; MP o acusa de cometer novos crimes.
Ou: O que Dilma nunca explicou sobre este senhor
Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras e um dos
principais investigados na Operação Lava Jato, foi preso no começo da madrugada
desta quarta, pouco depois da 0h30, no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no
Rio, ao desembarcar de um voo vindo de Londres — segundo outros passageiros, ele estava na primeira classe. Sabem como é…
Ninguém é de ferro. A operação foi
realizada pela Polícia Federal, cumprindo ordem de prisão preventiva expedida
pela Justiça. Em nota, o Ministério Público afirma haver “indícios de que o ex-diretor continua a praticar crimes”.
O MP informa ainda que, nesta terça,
realizaram-se mandados de busca e apreensão na casa de Cerveró e de parentes. Atenção! Essa operação foi motivada,
diz a nota, por “seu envolvimento em novos
fatos ilícitos relacionados aos crimes de corrupção passiva e lavagem de
dinheiro”. O que se conclui é que os documentos recolhidos nessa ação
justificaram o pedido e o mandado de prisão preventiva. Para o Ministério
Público, “a custódia cautelar é necessária,
também, para resguardar as ordens pública e econômica, diante da dimensão dos
crimes e de sua continuidade até o presente momento, o que tem amparo em
circunstâncias e provas concretas do caso”.
Com base em informações fornecidas pelo
Coaf (Conselho de Controle de Atividades
Financeiras), o MP constatou que, tão logo a Justiça acatou a denúncia
contra Cerveró,
o ex-diretor tentou transferir R$ 500 mil para a conta de sua filha — 20% da uma aplicação financeira —, a quem doou,
recentemente, três apartamentos. Comprados por R$ 560 mil, o MP garante
que eles valem pelo menos R$ 7 milhões.
Cerveró era um peixão
da Operação Lava Jato que estava fora da cadeia. O MP o acusa de ter
recebido US$
40 milhões de propina em 2006 e 2007 ao intermediar a contratação de navios-sonda
da Petrobras. Ele é ainda protagonista, como
se sabe, de outro caso rumoroso, que não está sendo investigado nessa operação:
a compra da refinaria de Pasadena, nos
EUA, que, segundo o TCU, rendeu à
estatal brasileira um prejuízo de US$ 792 milhões. Quando estava
tentando se livrar do abacaxi, a presidente Dilma Rousseff disse que Cerveró
fez um memorial omisso sobre a aquisição, ocultando a cláusula que impunha à
empresa brasileira a compra da outra metade da refinaria americana.
Muito bem! Cerveró deixou a área
Internacional da Petrobras em 2008. O
que Dilma nunca explicou é por que ela própria o
reconduziu a uma subsidiária da empresa: no dia 16 de junho de 2011, ele foi
nomeado diretor financeiro da poderosa BR Distribuidora, de onde só foi
demitido no dia 21 de março do ano passado, quando o caso Pasadena já estava
fervendo.
Cerveró, tudo indica,
tem muitas explicações a dar. Mas Dilma também.
Fonte:
Blog do Reinaldo Azevedo – Veja OnLine