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terça-feira, 24 de julho de 2018

Fala Haddad 1: petista defende mandato para ministros do STF e regulamentação de meios de comunicação. Ou: Sobre direitistas e arrogantes

É preciso ler com atenção a entrevista concedida por Fernando Haddad à Folha nesta terça. É ele o coordenador do programa de governo do PT. Mas não é só isso. Se Lula tiver a sua candidatura vetada pela Justiça, e terá, o ex-prefeito de São Paulo é, de longe, o mais cotado para assumir o posto de candidato. Será ele a dizer aos eleitores: “Lula sou eu”. Ou: “Eu sou o Lula”. De qualquer modo, dado o caminho escolhido, caso o partido seja bem-sucedido, teremos um país governado por um presidiário. Notem: posso até achar, e acho, que o petista foi condenado sem provas. Mas é evidente que esse é um mau caminho. E essa afirmação nada tem a ver com questões de natureza ideológica.

O PT vem com propostas ousadas, como o estabelecimento de um tempo de mandato para os tribunais superiores. Sou, obviamente, contra. Não que isso, por si, seja uma ameaça à democracia. Nas circunstâncias brasileiras, no entanto, o Supremo viraria mera área de manobra das questões políticas. Como está, convenham, já há uma politização excessiva do tribunal. Tenderia a piorar. Haddad alega ainda ter-se apegado ao que há de mais moderno no mundo em matéria de legislação sobre meios de comunicação — cita EUA e Inglaterra — para fazer a regulamentação econômica dos ditos-cujos, pondo fim ao que chama de “propriedade cruzada”, “concentração horizontal” e “concentração vertical”. A ver o que essas coisas significam, não é?

Fato: nos tempos em que o PT vivia em lua de mel com os tais meios de comunicação — e todos sabemos que isso aconteceu — não se tocava nesse assunto. Só os setores radicais do partido e os tais blogs sujos insistiam na regulamentação, com claro ânimo censório. Na entrevista, de saída, Haddad já afirma que só a “direita patrimonialista” há de se opor ao projeto. O ex-prefeito é um homem inteligente, mas tem o mau hábito de achar que os que discordam dele ainda não atingiram seu nível civilizatório. Foi assim com as suas tresloucadas ciclovias, onde sempre faltou tudo: da qualidade da pista às bicicletas. Basta andar meia hora por Amsterdam para entender o que era, por aqui, uma ideia fora do lugar.

Blog do Reinaldo Azevedo

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