É preciso ler com atenção a entrevista concedida
por Fernando Haddad à Folha nesta terça. É ele o coordenador do
programa de governo do PT. Mas não é só isso. Se Lula tiver a sua
candidatura vetada pela Justiça, e terá, o ex-prefeito de São Paulo é,
de longe, o mais cotado para assumir o posto de candidato. Será ele a
dizer aos eleitores: “Lula sou eu”. Ou: “Eu sou o Lula”. De qualquer
modo, dado o caminho escolhido, caso o partido seja bem-sucedido,
teremos um país governado por um presidiário. Notem: posso até achar, e
acho, que o petista foi condenado sem provas. Mas é evidente que esse é
um mau caminho. E essa afirmação nada tem a ver com questões de natureza
ideológica.
O PT vem com propostas ousadas, como o
estabelecimento de um tempo de mandato para os tribunais superiores.
Sou, obviamente, contra. Não que isso, por si, seja uma ameaça à
democracia. Nas circunstâncias brasileiras, no entanto, o Supremo
viraria mera área de manobra das questões políticas. Como está,
convenham, já há uma politização excessiva do tribunal. Tenderia a
piorar. Haddad alega ainda ter-se apegado ao que há de mais moderno no
mundo em matéria de legislação sobre meios de comunicação — cita EUA e
Inglaterra — para fazer a regulamentação econômica dos ditos-cujos,
pondo fim ao que chama de “propriedade cruzada”, “concentração
horizontal” e “concentração vertical”. A ver o que essas coisas
significam, não é?
Blog do Reinaldo Azevedo
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