Seca agrava crise hídrica e governo não descarta aumentar racionamento
Com precipitações abaixo do esperado, especialistas reforçam a necessidade de continuar a economizar água até o próximo período chuvoso
A ausência de chuvas nos meses considerados essenciais para o
abastecimento deixou a situação do Distrito Federal ainda mais crítica.
No ano em que Brasília atravessa a sua maior crise hídrica registrada, a
seca começou mais cedo do que o normal. Em abril, choveu apenas 26,7mm —
78% menos do que a média histórica, que é de 123,8mm. O nível ficou
abaixo até mesmo do esperado para maio (38,6mm). Diante desse cenário, o
governo não descarta incluir mais um dia de racionamento. Especialistas
avaliam que, nesse momento, é importante economizar ainda mais até a
chegada do novo período chuvoso.
As
chuvas só devem voltar com intensidade à capital no fim de setembro, de
acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Ontem, a
Barragem do Descoberto estava com 55,87% da capacidade, e a de Santa
Maria, com 53,71%. Ano passado, nesse mesmo período os reservatórios
estavam cheios. “As chuvas foram abaixo da média no período considerado
chuvoso. Daqui para frente, dificilmente ocorrerá precipitações capazes
de repor os volumes dos reservatórios. Então, é preciso fazer uma boa
administração dos recursos hídricos para o DF não ficar totalmente na
seca”, observa o meteorologista Luiz Cavalcante.
A
possibilidade de ampliação do racionamento no DF não é bem-aceita pela
população. Moradora do Guará, Ana Maria Veras, 69 anos, adotou medidas
de economia desde quando começou o rodízio. Na casa da aposentada, os
banhos foram encurtados, as faxinas passaram a ser feitas apenas com
pano e as roupas sujas acumuladas. “Passar dois dias com os registros
desligados é preocupante. Nunca achei que poderíamos chegar a essa
situação. O medo é que a caixa-d’água não dê conta e fiquemos
completamente sem nada”, disse. Em dia de racionamento, ela costuma
armazenar o líquido em um contêiner.
O
plano de racionamento interferiu na programação de uma lavanderia no
Sudoeste. Atualmente, quando falta água, a entrega das roupas é agendada
para dias posteriores. Em dia de rodízio, é possível apenas passar as
roupas, uma vez que o comércio não possuí caixa-d´água. O armazenamento é
feito apenas em garrafas de 5 litros, usadas justamente nos ferros e
nos banheiros. “Fica impossível atender algum pedido de urgência. Se
realmente forem dois dias sem água eu não sei como faremos. Não quero
fechar as portas, então vamos ter de nos adaptar”, argumentou João
Eliseu, gerente do local.
Os níveis dos
reservatórios estão sendo observados de semana a semana, segundo o
presidente da Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb), Maurício
Luduvice. “Isso está relacionado a chuva e a evaporação. Apesar de o
volume de precipitações ter sido aquém do esperado, desde o início do
rodízio conseguimos a recuperação a um nível de 50% da capacidade dos
reservatórios”, explicou. Luduvice detalhou que, se a medida for
implantada, a população será avisada a tempo de uma adaptação.
Em
setembro passado, no auge da seca, eram captados 5,1 mil litros de água
do Reservatório do Descoberto. Depois do rodízio, esse volume caiu para
3,8 mil l/s — 13,3% de economia. Na região abastecida pelo Sistema
Santa Maria/Torto também houve redução. De lá eram tirados em torno de
2.090 l/s, número que passou para 1.830 l/s. De acordo com Maurício
Luduvice, agora, é ainda mais importante a economia por parte da
população. “Vamos trabalhar com gestão de estoque. Esse volume terá que
aguentar até o fim da seca. O consumo precisará ser responsável e mais
racional.”
O especialista em recursos hídricos
pela Universidade de Brasília (UnB) Gustavo Souto Maior Salgado observa,
que, se a seca este ano for tão intensa ou igual à de 2016, as
barragens correm risco de ficarem abaixo de 20%, como chegou a acontecer
com a do Descoberto. “A situação é grave e, com isso, a única solução
será implantar um rodízio maior. Mesmo assim, o governo terá que fazer
uma avaliação melhor, uma vez que não é possível saber se a implantação
de um dia a mais seria suficiente para garantir o abastecimento no DF”,
observa.
Fonte: Correio Braziliense
Governador Rollemberg, presidente Luduvice, perguntas bobas:
- e o conserto dos vazamentos?
- o combate ao furto de água? são milhares de ligações clandestinas, de fácil detecção;
e já que estamos perguntando: e os supersalários da Caesb, CEB, Terracap, Adasa?