Bruno Araújo suspendeu portaria contratando a construção de 11.250 unidades, que seriam gerenciadas por aparelhos do PT
Ai, ai…
Bruno Araújo (PSDB), ministro das Cidades, acabou caindo numa armadilha
preparada por Dilma Rousseff, a afastada. No dia 11, quando seu
julgamento já estava em curso e se tinha a certeza de que seria apeada
do Palácio, a petista assinou uma portaria contratando a construção de
11.250 unidades do Minha Casa Minha Vida na modalidade “Entidades”.
Que
estrovenga é essa? Ora, o governo repassa dinheiro para aparelhos
políticos, como o MTST por exemplo, para que estes cuidem da construção
das moradias, entenderam? É a forma esquerdista de privatização do
Estado. É claro
que considero isso um absurdo. Ademais, é uma forma de institucionalizar
o fura-fila no sistema. Quem aceitar se submeter, por exemplo, à,
digamos, disciplina do sr. Guilherme Boulos acaba tendo prioridade. É
mesmo o fim da picada!
Mais:
Dilma assinou a portaria e não disse de onde tiraria o dinheiro. Pra
quê? A medida fazia parte do seu pacote de bondades anunciado no ato da
CUT e das esquerdas contra o impeachment, realizado no dia 1º de Maio. E, ora
vejam!, por óbvio, essa tal “Modalidade Entidades” é um exemplo de
ineficiência. Informa VEJA.com que, do total de casas contratadas por
esse meio na primeira etapa, ainda no governo Lula, mais da metade ainda
precisa ser entregue. Da segunda fase, sob o comando de Dilma, apenas
8,9% das moradias foram finalizadas.
Digam aí:
vocês esperavam coisa diferente? Eu não! Esses tais “movimentos sociais”
costumam ter como prioridade fortalecer os… “movimentos sociais” e o
partido ao qual estão ligados. Os pobres e necessitados são apenas um
pretexto e a massa de manobra mobilizável. Do ponto
de vista técnico, pois, não tenho a menor dúvida de que Bruno Araújo fez
a coisa certa. Mas lhe faltou um pouco de malícia política.
Ora, qual é
a tecla em que insiste o PT desde quando o fantasma do impeachment de
Dilma tomou corpo? Os “companheiros” asseguram que a intenção do governo
Temer é cortar programas sociais. Araújo não está cortando nada. No
máximo, quer rever uma mamata garantida a alguns petralhas. Mas e daí?
Essa é a versão que vai prosperar e que está se tornando dominante
inclusive na imprensa que se diz “isenta”.
Sim, é
preciso que se revejam os privilégios concedidos a essas franjas do
petismo que se travestem de “movimentos sociais”. Não é segredo para
ninguém que parte dos bilionários recursos da agricultura familiar, por
exemplo, vai parar nas mãos do MST, por intermédio de cooperativas. E,
como se nota, prática semelhante se dá no programa de moradia. E não
duvidem: onde quer que haja um programa social, lá estarão os
companheiros prontos para mamar nas tetas oficiais.
Assim, a
atitude de Bruno Araújo mereceria só aplausos não tivesse sido ele um
tanto ingênuo, acho eu. Ainda que a atitude esteja essencialmente
correta, não é hora de tornar verossímil o falso discurso dos golpistas
de esquerda, segundo os quais o governo que aí está tem a intenção de
acabar com os programas sociais.
Fazer o certo na hora errada será sempre um erro.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo