Para não sofrer represálias do crime organizado, militares das Forças
Armadas que moram em favelas do Rio de Janeiro estão usando máscaras e cobrindo
suas etiquetas de identificação com coletes à prova de balas quando participam
de ações da intervenção federal. Alguns desses militares ouvidos pelo UOL
disseram que podem sofrer represálias ou colocar suas famílias em risco se
forem identificados por criminosos ao participar de operações.
Militares
com coletes à prova de balas sobre a identificação na Vila Kennedy
Militares com coletes à
prova de balas sobre a identificação na Vila Kennedy... - Veja mais em
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2018/03/07/mascara-e-nome-coberto-como-militares-que-moram-em-favelas-protegem-identidade-no-rio.htm?cmpid=copiaecola
Nas favelas onde eles moram, ninguém sabe que são militares. "Não é
uma questão de ter medo. O que eu não quero é expor os meus familiares, que
moram na mesma comunidade", disse à reportagem um soldado do Exército sob
anonimato. "No planejamento de uma operação, eles [comandantes]
já tiram quem mora no bairro", disse o militar.
O UOL acompanhou duas operações das Forças Armadas, nas favelas Vila
Kennedy, na zona oeste carioca, e Jardim Catarina, em São Gonçalo, região
metropolitana. A reportagem observou que parte dos militares andava com os
rostos e identificações cobertos, geralmente os soldados que aparentavam ser
mais jovens. Sargentos e oficiais mais velhos em geral atuavam sem se preocupar
com identificação. Outro soldado afirmou que cobrir o rosto e o nome dá mais
segurança. "Já aconteceu com um amigo meu de ser escalado no próprio
bairro. Nesses casos, o jeito é botar a balaclava", disse.
Balaclava é o nome do gorro justo que cobre todo o rosto do militar
deixando visíveis apenas os olhos e parte do nariz. Popularmente conhecida como
touca ninja, ela foi criada no século 19 e era usada por soldados sob o capacete
para proteção contra o frio. Tropas que operam em regiões de deserto a usam
para evitar a poeira. Mas nada disso se aplica ao Rio de Janeiro. "Não tem outra utilidade, é só para esconder o rosto mesmo. A gente
inclusive fica suando muito por causa disso", disse outro militar. Outra
medida adotada pelos militares é vestir o colete à prova de balas sobre a
jaqueta - gandola, no jargão militar--, onde fica grudada uma etiqueta com seu
nome. Dessa forma, a identificação não fica visível. Os comandantes militares
não têm repreendido esse tipo de conduta por entender que se trata da do
militar que mora em favela.
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Um oficial disse ao UOL, sem se identificar, que isso não seria
irregular. Ele afirmou que qualquer cidadão que quiser saber a identidade de um
militar em uma operação deve se dirigir ao comandante do grupo desse militar
(eles nunca andam sozinhos e sempre têm um encarregado presente, por menor que
seja o grupo) e fazer a pergunta. O encarregado tem obrigação de dar a
informação ou fazer o soldado mostrar sua identificação.
Em 2017, militares
usaram balaclavas de caveira em operação na Rocinha... - Veja mais em
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Em 2017,
militares usaram balaclavas de caveira em operação na Rocinha
Caveiras
Em
setembro, militares das Forças Armadas usaram balaclavas com imagens de
caveiras durante operações na favela da Rocinha. Reprovada, a conduta foi
considerada perturbadora por moradores. [lidar com moradores de favelas é complicado; os traficantes fazem deles o que querem, já os militares quando fazem qualquer coisa diferente são logo criticados.] Após
fotos serem divulgadas na imprensa, eles foram repreendidos pelos superiores e
uma investigação foi aberta. As balaclavas de caveira foram consideradas
irregulares.