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sexta-feira, 11 de agosto de 2023

O apocalipse com a inteligência artificial demora? - O Globo

Enquanto o medo de que o desenvolvimento da inteligência artificial (IA) leve à extinção da humanidade segue nos debates, não custa parar e ouvir os especialistas. Alguns acreditam, sim, que a tecnologia pode ser uma ameaça. Mas não todos. Na verdade, quem é do ramo se distribui, hoje, por três escolas distintas que separam a maneira como compreendem o desenvolvimento da IA. Duas dessas linhas apostam que estamos nos aproximando de uma inteligência superior à humana. 
Dentre os três grupos, apenas um teme que estejamos em risco.
Essa questão, chegarmos a uma inteligência artificial porém equivalente ou superior à humana, é o ponto fundamental do raciocínio. Large Language Models (LLM), modelos de linguagem amplos como o que faz funcionar o ChatGPT, são grandes calculadoras probabilísticas. Esses sistemas são alimentados e treinados com bilhões de textos diferentes. Em alguns casos, trilhões
Artigos, poemas, livros, textos de toda sorte escritos por seres humanos. Dissecam matematicamente cada um desses arquivos, fazem análise de contexto, compreendem como se constroem e, a partir daí, se tornam capazes de produzir novos textos.
 
Seguem sendo modelos probabilísticos. Perante a pergunta que qualquer um de nós faz, começam a redigir uma resposta. 
Nesse contexto, nesse assunto, qual a primeira palavra mais provável de aparecer? 
E, depois da primeira palavra, qual a segunda mais provável? 
Assim por diante. Se o modelo foi alimentado com muitos textos sobre aquele tema, a resposta será mais precisa. 
Se há poucos textos, possivelmente a resposta será inventada. 
Um LLM não sabe a diferença entre verdade e mentira. Tem sua 
memória, tem informação arquivada e faz contas para apresentar palavras. Nunca produzimos uma tecnologia assim. Os textos são incrivelmente plausíveis. 
Parecem escritos por seres humanos. E, de certa forma, são. 
Afinal, baseiam-se nas maiores bibliotecas jamais reunidas.

A questão é: essa lógica probabilística, se lhe dermos tempo suficiente para se desenvolver, será capaz de raciocinar com originalidade? 

Com criatividade?

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Pedro Doria,  jornalista - O Globo