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sábado, 27 de outubro de 2018

Chegada eletrizante

“A maior dificuldade enfrentada por Haddad para virar a eleição é sua própria rejeição. A de Bolsonaro subiu de 41% para 44%, mas a do petista é quase intransponível: 52%  não votam nele [nem nele, nem no partido 'perda total', nem no presidiário Lula.]


Caiu a distância entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), segundo pesquisa Datafolha divulgada ontem, o que confirma as previsões de que parcela significativa dos eleitores começa a definir ou mesmo rever o voto que pretende sufragar no próximo domingo. Realizada na quarta e na quinta-feira, a pesquisa mostra uma diferença de 12 pontos percentuais entre os dois candidatos, considerando-se os votos válidos: 56% a 44%, ou seja, uma queda de seis pontos no decorrer de uma semana. Dessa vez, a movimentação de ambos está fora da margem de erro. [não somos expert em pesquisa - confiamos mais na da boca de urna - mas, temos o DEVER de esclarecer:

- a distância entre Haddad e Bolsonaro aumentou seis pontos, o que não significa que o poste petista tenha ganho 6% de votos - nada disso; o sistema de votos válidos empregado pelo TSE faz com que eventual oscilação para cima ou para baixo de um dos candidatos repercuta, em sentido contrário, no percentual do outro candidato;
ao oscilar, positivamente, três pontos, Haddad provocou uma oscilação para baixo, no mesmo percentual, de Bolsonaro;

a oscilação de Haddad (apenas um ponto acima da margem de erro) não foi motivada, necessariamente, por votos retirados de Bolsonaro pode, perfeitamente, ser em parte motivada por votos de indecisos e mudança de opinião de alguns eleitores que pretendiam votar em branco ou nulo.

Nada impede que a mesma oscilação ocorra a favor do capitão e provoque o seu crescimento.
Além do que, para empatar com Bolsonaro, o petista precisa superar uma diferença acima de 10.000.000 de votos.
Só castigo de DEUS impedirá que o capitão triture o ateu petista.]
A alteração decorre dos erros cometidos por Bolsonaro e seu filho, Eduardo Bolsonaro.[será??? se foi, já parou de acontecer e foi insignificante,   apenas 1%, descontando a margem de erro.]  Os ataques ao Judiciário, à imprensa e às ameaças de prisão e exílio aos adversários “vermelhos” favoreceram as acusações de Fernando Haddad quanto ao viés autoritário do adversário. O petista também foi beneficiado pela adesão de personalidades e políticos que são desafetos do PT, mas foram empurrados para esse reposicionamento em razão dessas atitudes. Na verdade, o salto alto e o fogo amigo complicaram uma disputa que parecia decidida. Entretanto, a pesquisa ainda mostra que uma virada nos próximos dois dias é muito difícil.

Os votos totais revelam queda de 50% para 48% de Bolsonaro e a subida de 35% para 38% de Haddad; redução de 10% para 8% nos votos nulos e brancos; e aumento de 5% para 6% dos que não sabem ou não quiseram responder. Ambos estão na margem de erro. A maior dificuldade enfrentada por Haddad para virar a eleição é sua própria rejeição. A de Bolsonaro subiu de 41% para 44%, mas a do petista, mesmo caindo de dois pontos, continua sendo uma muralha quase intransponível: 52% dizem que não votam no petista de jeito nenhum. Enquanto 94% dos eleitores de Bolsonaro não admitem mudar de posição, no caso de Haddad, são 91%.

Narrativas
Na reta final da campanha, Haddad centralizou sua propaganda eleitoral na defesa da democracia, [petista falando em democracia - sequer admitem reconhecer os erros que cometeram, com destaque para o assalto aos cofres públicos com destaque, sem limitar, para MENSALÃO e PETROLÃO.] com uma narrativa alarmista em relação aos riscos de implantação de uma ditadura por Bolsonaro. Ao mesmo tempo, mudou o discurso para atrair os políticos e personalidades [personalidades que assinaram um manifesto antes do primeiro turno e cujo único resultado foi que,  por pouco, muito pouco, Bolsonaro não ganhou já no primeiro turno - aliás, tais personalidades, começando por FHC e outros do mesmo naipe, incluindo artistas, caminham em queda livre para o ostracismo ou lá já estão.] que apoiaram outros candidatos no primeiro turno, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que já admite votar no petista, e Ciro Gomes, que somente chegará do exterior hoje à noite. Todas as declarações autoritárias do candidato do PSL estão sendo exibidas à exaustão. Criou-se um clima de verdadeiro pavor entre os militantes das chamadas causas identitárias, como os movimentos negro e LGBT, que temem perseguições racistas e homofóbicas.

Em resposta, Bolsonaro centralizou seus ataques no envolvimento do PT com os escândalos de corrupção, principal causa da rejeição de Haddad. Foram exibidos depoimentos do ex-ministro Antônio Palocci e da marqueteira Mônica Moura ao juiz Sérgio Moro, na Operação Lava-Jato, nos quais ambos acusam Haddad de ter se beneficiado de recursos desviados da Petrobras. Também as ligações de Haddad com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi visitado todas as semanas pelo candidato petista no primeiro turno. Até o assassinato do prefeito Celso Daniel, de Santo André, foi exumado por Bolsonaro, que aparece no vídeo como paladino da luta contra a corrupção.

O tempo é muito curto para uma mudança de curso das campanhas, o jogo já foi jogado. Agora, o que vai decidir a eleição é a vontade soberana do eleitor. Os erros cometidos na reta final da campanha vão pesar apenas na faixa de eleitores que admitem ainda mudar o voto: 6% no caso de Bolsonaro; 9% no de Haddad. Essa margem é muito estreita, sobretudo, se não houver um fato extraordinário na campanha. A artilharia dos dois candidatos, porém, não tem nenhum Exocet capaz de pôr a pique o adversário. Não há outro protagonista na eleição que possa influenciar no processo. A carta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em apoio a Haddad, depois que a pesquisa do Ibope revelou que apenas 11% estão votando no petista por causa do apoio de Lula, serviu mais para atrapalhar do que para ajudar o candidato petista.

A diferença entre os dois candidatos está em 13 milhões de votos, num universo de 147, 3 milhões de eleitores. O próximo presidente da República governará um país dividido, que precisará ser pacificado. O Congresso terá um protagonismo grande na negociação das políticas governamentais, assim como o Supremo Tribunal Federal (STF), como poder moderador. O grande apoio de militares, policiais e agentes de segurança a Bolsonaro — uma militância política armada — aumenta sua responsabilidade na reta final de campanha, para evitar incidentes. Não são em vão os apelos que faz para que seus partidários mantenham a calma e evitem confrontos.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB