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sexta-feira, 27 de outubro de 2017

'Coronel e cabo da PM morreram por causa de sua atividade profissional'


"No Brasil, raramente se vê uma crítica construtiva ou entidade disposta a ajudar e prestar solidariedade aos policiais mortos"

[o exemplo mais evidente do afirmado na frase acima é o incidente havido na favela da Rocinha e que, lamentavelmente, resultou na morte de uma vítima inocente, porém, que estava aos cuidados de um motorista e uma guia de turismo irresponsáveis - para dizer o mínimo.

Qualquer pessoa que acompanhe o noticiário percebeu que houve um esforço intenso, incluindo grande parte da mídia, delegado da Polícia Civil e outros,  para responsabilizar os policiais militares.

Até o fato de após os tiros contra o veículo os PMs se aproximarem do mesmo com armas.

O lema é: houve confronto entre bandido e polícia, e alguém morreu, não sendo policial a culpa é da polícia.

Felizmente o Juiz de Custódia mandou liberar os policiais, decisão que foi mantida pela Justiça Militar.]


Dois policiais militares, nos extremos da hierarquia, morreram violentamente ontem, o coronel Luiz Gustavo Teixeira e o cabo Djalma Veríssimo Pequeno. As vidas que se perderam tinham um detalhe em comum: ambos morreram em decorrência de sua atividade profissional. Com essas duas mortes, chegamos a 112 PMs assassinados, este ano, no Rio de Janeiro. Aqui, no Brasil, criticar a polícia é um hábito arraigado; raramente se vê uma crítica construtiva ou entidades dedicadas a apoiar e a ajudar, nem mesmo para demonstrar solidariedade nos féretros de tantos policiais mortos. 

Carro em que estava o comandante do 3º BPM fica crivado de balas - Domingos Peixoto / Agência O Globo
A Polícia Militar mais que simboliza a barreira entre a ordem e um ameaçador estado sem lei, tomado pela barbárie. Cada vez que um policial morre, essa barreira é enfraquecida com a vitória do mal sobre a sociedade. Por isso, a sociedade e as autoridades devem entender e os criminosos também — que a prioridade de toda a polícia é prender quem agrediu e matou um policial. Afinal, a única proteção que a sociedade tem contra os criminosos é sua polícia. [e quando no cumprimento dessa prioridade o criminoso é abatido pela Polícia a sociedade sai ganhando;
é necessário que os bandidos se convençam que assassinar policial e reagir a prisão será sempre igual a =bandido morto.
Criar na mente dos bandidos e da própria sociedade que a polícia não quer matar aquele que matou um policial, mas, se necessário, mata = matou policial, morreu.] Quando seus protetores estão tão vulneráveis, a sociedade não tem para onde fugir. 

É preciso que o governo e a sociedade revejam o mais rapidamente possível as condições de trabalho e o tratamento preconceituoso e de menosprezo que dedicam ao importantíssimo e difícil trabalho de seus policiais. No Rio de Janeiro, o governo sequer empresta a arma para o policial se proteger ao término de uma dia de trabalho e ainda permite que milhares de PMs fiquem fora das ruas, aumentando o perigo dos policiais que fazem — vejam só! — policiamento.

Precisamos apoiar e fortalecer o organismo policial de todas as maneiras, deixando claro esse apoio no momento em que eles fazem o derradeiro sacrifício por nós, por nossas famílias e pela sociedade. Os sinos dobram por todos com essas mortes. 

Fonte: José Vicente da Silva Filho é coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo e consultor e professor do Centro de Altos Estudos de Segurança da corporação