"No Brasil, raramente se vê uma crítica construtiva ou entidade disposta a ajudar e prestar solidariedade aos policiais mortos"
[o exemplo mais evidente do afirmado na frase acima é o incidente havido na favela da Rocinha e que, lamentavelmente, resultou na morte de uma vítima inocente, porém, que estava aos cuidados de um motorista e uma guia de turismo irresponsáveis - para dizer o mínimo.
Qualquer pessoa que acompanhe o noticiário percebeu que houve um esforço intenso, incluindo grande parte da mídia, delegado da Polícia Civil e outros, para responsabilizar os policiais militares.
Até o fato de após os tiros contra o veículo os PMs se aproximarem do mesmo com armas.
O lema é: houve confronto entre bandido e polícia, e alguém morreu, não sendo policial a culpa é da polícia.
Felizmente o Juiz de Custódia mandou liberar os policiais, decisão que foi mantida pela Justiça Militar.]
Dois
policiais militares, nos extremos da hierarquia, morreram violentamente ontem,
o coronel Luiz Gustavo Teixeira e o cabo Djalma Veríssimo Pequeno.
As vidas que se perderam tinham um detalhe em comum: ambos morreram em
decorrência de sua atividade profissional. Com essas duas mortes, chegamos a
112 PMs assassinados, este ano, no Rio de Janeiro. Aqui, no
Brasil, criticar a polícia é um hábito arraigado; raramente se vê uma crítica
construtiva ou entidades dedicadas a apoiar e a ajudar, nem mesmo para
demonstrar solidariedade nos féretros de tantos policiais mortos.
Carro
em que estava o comandante do 3º BPM fica crivado de balas - Domingos
Peixoto / Agência O Globo
A Polícia
Militar mais que simboliza a barreira entre a ordem e um ameaçador estado sem
lei, tomado pela barbárie. Cada vez que um policial morre, essa barreira é
enfraquecida com a vitória do mal sobre a sociedade. Por isso, a sociedade e as
autoridades devem entender — e os criminosos também — que a prioridade de toda
a polícia é prender quem agrediu e matou um policial. Afinal, a única proteção
que a sociedade tem contra os criminosos é sua polícia. [e quando no cumprimento dessa prioridade o criminoso é abatido pela Polícia a sociedade sai ganhando;
é necessário que os bandidos se convençam que assassinar policial e reagir a prisão será sempre igual a =bandido morto.
Criar na mente dos bandidos e da própria sociedade que a polícia não quer matar aquele que matou um policial, mas, se necessário, mata = matou policial, morreu.] Quando seus protetores
estão tão vulneráveis, a sociedade não tem para onde fugir.
É preciso
que o governo e a sociedade revejam o mais rapidamente possível as condições de
trabalho e o tratamento preconceituoso e de menosprezo que dedicam ao
importantíssimo e difícil trabalho de seus policiais. No Rio de Janeiro, o
governo sequer empresta a arma para o policial se proteger ao término de uma
dia de trabalho e ainda permite que milhares de PMs fiquem fora das ruas,
aumentando o perigo dos policiais que fazem — vejam só! — policiamento.
Precisamos
apoiar e fortalecer o organismo policial de todas as maneiras, deixando claro
esse apoio no momento em que eles fazem o derradeiro sacrifício por nós, por
nossas famílias e pela sociedade. Os sinos dobram por todos com essas mortes.
Fonte: José
Vicente da Silva Filho é coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo e
consultor e professor do Centro de Altos Estudos de Segurança da corporação
Carro
em que estava o comandante do 3º BPM fica crivado de balas - Domingos
Peixoto / Agência O Globo
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