Forças
Armadas fizeram relação de 151 fichas de alteração de oficiais que encaminharam
à comissão
A poucos dias do anúncio do relatório final da
Comissão Nacional da Verdade, no próximo dia 10, as Forças Armadas se preparam para rebater as eventuais críticas que
deverão constar no texto contra os militares. Em especial, a acusação de que os três comandos - Exército, Marinha e Aeronáutica - não contribuíram com os trabalhos da comissão e negaram
documentos do período da ditadura que pudessem revelar violações cometidas durante
aquele período.
Nesses
meses de trabalho, vários integrantes do grupo deram declarações criticando o
que eles entenderam ser má vontade dos militares. O Ministério da Defesa e os comandos entendem que atenderam às
solicitações da Comissão da Verdade e listaram uma série de ações que
demonstram a cooperação dos militares. Nessa relação, a qual O GLOBO teve
acesso, as Forças Armadas citam o
encaminhamento de 151 fichas de alteração de oficiais que atuaram na época
em unidades do Exército, várias delas de repressão. Uma dessas fichas - em que constam dados da carreira do
militar, promoções e por onde passou - ajudou a demonstrar o envolvimento
do coronel José Antônio Nogueira Belham na morte do deputado Rubens Paiva.
Nessa
relação, consta que o Ministério da
Defesa atendeu a mais de 63 requisições de documentos solicitados pela Comissão
da Verdade. Pedidos que tratam de assuntos diversos, como microfilmes de
documentos militares, nomes de oficiais responsáveis pela guarda de documentos,
critérios para classificação de documentos e informações sobre pessoas
desaparecidas.
O
Ministério da Defesa entende que a
garantia ao amplo acesso de membros da Comissão da Verdade às instalações
militares onde funcionaram centros de tortura e prisões como uma de suas
principais contribuições para a busca da memória, verdade e Justiça. Nos
textos, eles citam as visitas dos comissionados ao DOI-Codi do 2º Exército, em São Paulo; ao DOI-Codi do 1º Exército, no Rio; e à Base Aérea do Galeão, entre outros quartéis.
O
relatório da Comissão da Verdade será divulgado no dia 10 em solenidade no
Palácio do Planalto. O evento ocorrerá no Dia Mundial dos Direitos Humanos. A
presidente Dilma Rousseff receberá o documento das mãos dos seis integrantes da
comissão. Após o encontro, será feita
uma apresentação pública do documento na Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB).
Fonte: O Globo