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quinta-feira, 22 de abril de 2021

NÃO É CPI, NEM PIZZA. É OUTRA COISA - Percival Puggina

Ao longo de minha vida acompanhei o trabalho de inúmeras CPIs. Onde havia cobertura jornalística, havia teatro, gritaria, disputa por protagonismo e holofotes. Os exemplos de trabalho produtivo são raros. Estes, que me lembre, não tinham objetivos que afetassem os hormônios da política. Atinham-se a questões de interesse do setor privado.

Haverá, agora, uma CPI de grande motivação política e, supostamente ao menos, de impacto eleitoral. Haverá mais jornalistas do que senadores. Ela é, na prática, uma criação da mídia militante. 
Há mais de ano essa mídia  atribui ao governo cada morte de brasileiro acometido pela covid-19. 
Em sua estreita perspectiva, o grande vilão é o governo federal. Não é o vírus e não são as comorbidades. É o governo. Seu alvo é o presidente.
 
Trata-se de um sarcasmo fúnebre, sem paralelo, até agora, nas democracias ocidentais. 
Contudo, é uma acusação insistente e continuada, obediente às regras do nazista Goebbels, o repetitivo propagandaminister, colhendo os resultados previstos. 
Mesmo países com mais óbitos devidos à covid-19 por milhão de habitantes reproduzem em seus noticiários essa imagem danosa do nosso país. Todos estão mal, mas o Brasil é o problema...
As dificuldades para lidar com o vírus são globais. Cientistas continuam aprendendo sobre ele e suas mutações. 
Em toda parte, os surtos da pandemia se sucedem após rápidos recuos. Há países que já estão se havendo com a quarta onda. Tratamentos precoces, isolamentos (ou lockdowns) são adotados por uns e desaconselhados por outros. 
Idem em relação a certas vacinas que, depois de aplicadas, ora têm as bulas alteradas para apontar novas contraindicações, ora são aceitas ali e rejeitadas acolá. 
Só não falta vacina nos quatro países que as fabricam em grandes laboratórios. O Brasil é o quinto que mais vacina. A demanda por insumos é mundial e há escassez.

Apesar de tudo e de tanto, genocídio, mesmo, só no vocabulário ardiloso de demagogos brasileiros de tribuna, teclado e microfone. Muitos deles, aliás, defensores de formas de governo e de governantes efetivamente genocidas, que já fizeram mais de cem milhões de vítimas ao longo da história.

É assim que nasce uma CPI e se instala uma crise. Não por que houvesse necessidade dela para resolver problemas concretos, mas por ser considerado politicamente indispensável criá-la. “Por quê?”, perguntará o leitor. Porque após um ano sendo repetida ao modo nazista, sem produzir o efeito desejado, é preciso autenticar essa narrativa que põe a culpa no governo federal. 
Afinal, não foi essa, também, a finalidade da Comissão da Verdade? Não foi criada entre os perdedores para carimbar sua versão política dos acontecimentos?

Como haverá mais jornalistas do que senadores a cada sessão da comissão, vai ter holofote para todo mundo. Veremos teatro e pastelão, como atos preparatórios do ambicionado golpe. Punto e basta.

Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

[Decidimos por destacar o comentário, abaixo - mais como um lembrete ao seu  ilustre autor:

"Uma CPI capitaneada por corruptos oportunistas que não foram julgados até hoje pelo STF por também saberem muito ou seja rabo preso dos dois lados é preocupante. Pelo andar da carruagem, apenas visarão detonar nosso Presidente Bolsonaro e os malfeitores e realmente cúmplices da morte de milhares de inocentes não serão atingidos (prefeitos, governadores e os sinistros do STF" 

Caro leitor: uma CPI pode ser sempre uma surpresa;  a de agora, tenta, de forma inútil e estúpida, atingir ao nosso Presidente Bolsonaro - nada conseguirão - faltam as provas,  falta 'sua excelência', o fato.
mas, vão cavoucar muito,  e algo pode ser encontrado.

Sabemos que buscam um genocídio - ao qual faltam cadáveres - mas, genocídio envolve TPI, cuja jurisdição abrange todo o planeta. E Dela  ninguém escapa, e está abaixo apenas da JUSTIÇA DIVINA.]  

 

 


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Em livro, Villas Bôas revela que postagens polêmicas na véspera de julgamento de Lula foram escritas com Alto Comando do Exército - O Globo

Pedro Capetti

No Twitter, general fez repúdio à impunidade, um dia antes de o STF julgar se o ex-presidente podia ser preso após ter sido condenado em 2ª instância

O general Eduardo Villas-Bôas, comandante do Exército nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer Foto: Arquivo O Globo
O general Eduardo Villas-Bôas, comandante do Exército nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer Foto: Arquivo O Globo
Comandante do Exército nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer, o general Eduardo Villas Bôas revelou que postagens polêmicas feitas no Twitter na véspera do julgamento, em 2018,  pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de  habeas corpus do ex-presidente Lula para recorrer da condenação em liberdade, em 2018, foram articuladas e “rascunhadas” em conjunto com o Alto Comando da instituição.
[o essencial é que a mensagem, o 'alerta', foi entendido e contou com o aval de todo o Alto Comando do Exército Brasileiro.]

As declarações fazem parte do livro “General Villas Bôas: conversa com o comandante", recém-lançado pela Editora FGV, a partir de depoimentos concedidos pelo general ao longo de cinco dias entre agosto e setembro de 2019. A entrevista, com mais de 13 horas de duração, foi comandada pelo professor e pesquisador Celso de Castro. Vítima de uma rara doença neuromotora de caráter degenerativo, [Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)] Villas Bôas hoje respira com ajuda de aparelho e se locomove em cadeira de rodas.

Na véspera do julgamento, Villas Bôas afirmou, no Twitter, que a instituição "julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade". E que o Exército também defende o "respeito à Constituição, à paz social e à Democracia", e que a instituição "se mantém atenta às suas missões institucionais". Na época, a postagem foi interpretada, principalmente no PT, como uma pressão sobre o STF.

Leia: Aras envia à Corregedoria do conselho do MP pedido de investigação contra procuradores da Lava-Jato de Curitiba

No livro, o militar narra que o texto foi redigido por várias mãos na alta cúpula do Exército.  "O texto teve um 'rascunho' elaborado pelo meu staff e pelos integrantes do Alto Comando residentes em Brasília. No dia seguinte  da expedição, remetemos para os comandantes militares de área. Recebidas as sugestões, elaboramos o texto final, o que nos tomou todo expediente, até por volta das 20 horas, momento que liberei para o CComSEx (Setor de comunicação do Exército) para expedição", descreveu Villas Bôas.

A postagem gerou reação na época. Sem citar diretamente Villas Bôas, o então ministro do STF Celso de Mello disse que um comentário realizado por "altíssima fonte" foi "claramente infringente do princípio da separação de Poderes" e alertou contra "práticas estranhas e lesivas à ortodoxia constitucional".

O general afirma que o então ministro da Defesa, Raul Jungmann, e o então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchegoyen, não foram avisados da postagem, assim como os chefes da Marinha e da Aeronáutica. Mesmo não sendo alertados, o texto do post não foi rechaçado por Jungmann e Etchegoyen, após a publicação.

Durante a entrevista, o general afirma que duas motivações moveram o Alto Comando do Exército a adotar a ofensiva. Uma delas foi o aumento das demandas por uma intervenção militar em encontros com empresários e pessoas da sociedade civil. Apesar de classificar estes que clamavam por uma ruptura em outra parte do livro como “tresloucados”, ele afirma que agiu daquela forma para conter uma possível convulsão social.

"Externamente, nos preocupavam as consequências do extravasamento da indignação que tomava conta da população. Tínhamos aferição decorrente do aumento das demandas por uma intervenção militar. Era muito mais prudente preveni-la do que, depois, sermos empregados para contê-la. Internamente, agimos em razão da porosidade do nosso público interno, todo ele imerso na sociedade. Portanto, compartilhavam de ansiedade semelhante", descreve.

No livro, o militar voltou a classificar o episódio como "oportuno". "Tratava-se de um alerta, muito antes que uma ameaça", narra em trecho da entrevista. A mesma opinião já havia sido manifestada pelo general em entrevista ao GLOBO, na série "Décadas de Ruptura".

A postura de Villas Bôas nas redes sociais converge com um projeto pessoal empregado por ele naquela oportunidade para que o "Exército voltasse a ser ouvido com naturalidade". Com isso, os militares falariam mais com a imprensa, ocupando os espaços de debate. Vários deles, como Villas Bôas, foram para o Twitter. Outros atuavam nos bastidores na tentativa de influenciar a narrativa política.

Ao longo da última década, o general Rêgo Barros, então chefe do Centro de Comunicação do Exército, foi responsável por comandar todo o planejamento para discutir estratégias e atitudes de comunicação, cuja agenda envolvia reuniões diárias.

Bolsonaro rompeu com politicamente correto
Em outro trecho, ao falar sobre o governo Bolsonaro, Villas Bôas refuta a ideia de que o presidente representa a volta dos militares ao poder, mesmo havendo recorde de militares em cargos de primeiro e segundo escalão. Para o general, "Bolsonaro deu ênfase ao combate ao politicamente correto, do qual a população estava cansada.”

Segundo o general, a esquerda aderiu ao "politicamente correto" com "pautas esvaziadas desde a queda do comunismo", a partir da oposição de classes. Isso faz, na avaliação do militar, que haja dificuldade de enxergar a realidade, sem se importar com os resultados produzidos  Para ele, isso mostra que a sociedade está "carente de valores universais, que igualem as pessoas pela condição humana, acima da classificação aleatória que se lhes atribui."

"Quanto maior a ênfase, por exemplo, nas teorias de gênero, maior a homofobia; quanto mais igualdade de gêneros, mais cresce o feminicídio; quanto mais se combate a discriminação racial, mais ela se intensifica; quanto maior o ambientalismo, mais se agride o meio ambiente; e quanto mais forte o indigenismo, pior se tornam as condições de vidas de nossos índios", relatou na entrevista.

Questionado sobre a conversa entre ele e o presidente, quando este disse que o general era um dos responsáveis pela sua chegada ao Palácio do  Planalto, disse que a conversa “morrerá” entre eles e que “não foi um tema de caráter conspiratório”.

No livro, ao mesmo tempo em que rechaça a sua proximidade com a política, assim como a do Exército, o militar relata encontros com o ex-presidente Michel Temer para discutir uma reação do Exército à possibilidade de impeachment e também com os presidenciáveis de 2018 para debater “projeto nacional”.

Sobre o governo Dilma, o general afirma que havia um distanciamento da cúpula militar com o Planalto, diferentemente da relação nos dois mandatos do ex-presidente Lula. Diz que os indícios de corrupção, a evolução negativa da economia e os moldes da Comissão da Verdade despertaram "um sentimento de traição em relação ao governo". "Foi uma facada nas costas, mesmo considerando que foi decorrência de antigos compromissos assumidos pela presidente Dilma", relata o general, para quem a comissão foi vista como "revanchismo". 

Brasil - Jornal O Globo


quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Bolsonaro põe militares e integrantes do PSL na Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos - O Globo

[PARABÉNS !!! PRESIDENTE BOLSONARO, pelos ajustes efetuados na Comissão de Mortos e Desaparecidos do Ministério dos Direitos Humanos, incluindo a demissão sumária da presidente Eugênia Gonzaga.

Foi para agir com energia, firmeza e determinação em situações idênticas a presente que o senhor foi eleito. Existem no Brasil diversas situações em que   uma ação ponderada, porém,   enérgica, decidida, sem recuos, do Presidente da República vale mais do que mil palavras.

A demitida ainda tem a ousadia de sair acusando que foi 'represália', temos certeza que se trata de uma MOTIVADA e MERECIDA DEMISSÃO.

Quer exercer cargo público, de livre nomeação e exoneração, e ao mesmo tempo desrespeitar a hierarquia.] 

Além da presidente Eugenia Gonzaga, outros três dos sete membros do órgão foram substituídos por decreto também assinado por ministra Damares 

Ex-integrante da Comissão da Verdade e defensora de perseguidos políticos, Rosa Maria Cardoso da Cunha dará lugar a Weslei Antônio Maretti , coronel reformado do Exército. Já João Batista da Silva Fagundes, coronel da reserva e ex-deputado, deixará o posto para Vital Lima Santos , oficial do Exército. O deputado federal Paulo Roberto Severo Pimenta (PT-RS) foi trocado pelo parlamentar Filipe Barros Baptista de Toledo Ribeiro , do PSL.

A mudança na composição da comissão chega dois dias depois de Bolsonaro contrariar dados de documentos oficiais e atribuir a morte do ex-militante Fernando Santa Cruz, desaparecido desde 1974, a guerrilheiros de esquerda. Em nota, a presidente substituída, Eugênia Gonzaga, disse que lamentava pelas famílias de mortos e desaparecidos. Para ela, "ao que tudo indica", a decisão do governo foi "uma represália" . [o que a presidente exonerada pensa que o ocupante de um função de livre nomeação e exoneração merece quando ofuscado por holofotes dá uma entrevista criticando superior.
Titular de função pública, não estável, deve até por uma questão de lealdade, dignidade, antes de dar entrevista falando  do presidente da República, deve pedir exoneração.
Não foi REPRESÁLIA e sim, uma MERECIDA DEMISSÃO.]
Ao deixar o Palácio do Planalto nesta quinta-feira, Bolsonaro disse que a mudança reflete a orientação política de seu governo. "Agora o presidente é de direita" , afirmou.

A Comissão de Mortos e Desaparecidos do Ministério dos Direitos Humanos havia emitido, em 24 de julho, um atestado de óbito que contrastava com a versão paralela do presidente para o desaparecimento de Fernando Santa Cruz. [convenhamos que uma situação de morte presumida não pode ser objeto de um atestado de óbito.
a declaração - parte transcrita adiante, com destaques em vermelho - ela declara condições que só podem ser constatadas em face do exame do corpo.
Sem contar que não é função do atestado de óbito fazer um discurso sobre situação política.
Uma pessoa exercendo função pública, integrante de uma 'comissão' subordinada ao Poder Executivo Federal, concede entrevista criticando o presidente da República, declarando que pediu providências e insinuando que o Brasil foi condenado internacionalmente a revelar fatos - o Brasil é uma NAÇÃO SOBERANA e não tem obrigação de se curvar a vontade de qualquer comitê internacional, cuja autoridade só é reconhecida por maus brasileiros.]

O documento afirma que o estudante "faleceu provavelmente no dia 23 de fevereiro de 1974, no Rio de Janeiro/RJ, em razão de morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro, no contexto da perseguição sistemática e generalizada à população identificada como opositora política ao regime ditatorial de 1964 a 1985". 

Na mesma semana em que fez ironias sobre a morte do perseguido político durante a ditadura e pai do atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o presidente Jair Bolsonaro decidiu trocar quatro dos sete membros da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos . A presidente da comissão Eugênia Augusta Fávero, que esta semana criticou Bolsonaro pelas declarações , está entre as excluídas. Ela foi substituída por Marco Vinicius Pereira de Carvalho , advogado, filiado ao PSL e assessor da ministra da Mulher e dos Direitos Humanos Damares Alves. O ato que muda a composição da comissão é assinado por Bolsonaro e Damares, a quem o grupo está vinculado. 


Em entrevista ao GLOBO, na segunda-feira, Eugenia Gonzaga classificou como "constrangedora" a declaração de Jair Bolsonaro de que poderia contar ao presidente da OAB como o pai dele morreu na ditadura. Segundo ela, o que o chefe do Planalto dizia saber "é tudo o que as famílias desejam saber".

É constrangedora [a declaração]. Não tem outra palavra. No nosso entendimento, revelação do destino dos corpos é dever de todas as autoridades especialmente da Presidência da República. O Brasil já foi condenado internacionalmente a promover a revelação desses fatos. Nós da comissão, no final do ano passado, enviamos ofício para o presidente eleito, como faríamos com qualquer presidente, reiterando esse direito dos familiares. Pedimos providências. Não houve resposta — contou Eugenia.



Veja quem são os novos membros

  • Marco Vinicius Pereira de Carvalho (advogado filiado ao PSL) substitui Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, atual presidente do colegiado
  • Weslei Antônio Maretti (coronel reformado do Exercito) substitui Rosa Maria Cardoso da Cunha (ex-integrante da Comissão da Verdade)
  • Vital Lima Santos (oficial do Exército) substitui João Batista da Silva Fagundes (coronel da reserva e ex-deputado)
  • Filipe Barros Baptista de Toledo Ribeiro ( deputado federal do PSL) substitui Paulo Roberto Severo Pimenta (deputado federal do PT)
Na terça-feira, um dia depois de insistir que não havia documentos sobre a morte de Fernando Santa Cruz, Bolsonaro contestou o trabalho da Comissão Nacional da Verdade , que apura violações dos direitos humanos no período da ditadura militar, e minimizou registros formais da repressão do Estado no regime. 


Comissão reconheceu 479 vítimas

Ao longos das últimas três décadas, o governo criou, por meio de leis aprovadas no Congresso Nacional, três comissões para reconhecer a responsabilidade do Estado frente a desaparecimentos, assassinatos, torturas e perseguição durante a ditadura militar.



Em O Globo, MATÉRIA COMPLETA