Grupo de sem-teto invade hotel de luxo que ofereceu
emprego a José Dirceu
O Saint
Peter ganhou as manchetes ao oferecer R$ 20 mil para o ex-ministro da Casa
Civil José Dirceu trabalhar como gerente no estabelecimento. Na época, ela já havia sido condenado no caso do mensalão
vagabundos só gostam de conforto
Palco de casos que
colocaram Brasília nos noticiários nacional e internacional, o Hotel Saint Peter volta a ser
notícia na manhã desta segunda-feira (14/9). O edifício, fechado em março deste ano no meio do expediente por uma
ordem de despejo, amanheceu ocupado por famílias do Movimento Resistência Popular pelo Direito à Cidade, dissidentes
do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).
O prédio localizado na Asa Sul, é o mesmo que, em
setembro do ano passado, foi invadido por um homem que
se apresentou como terrorista, fez um mensageiro refém e ameaçou explodir uma
bomba no local. O Saint Peter também ganhou os noticiários no fim de
2013, quando o empresário Paulo de Abreu, um dos donos do hotel, ofereceu ao
ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu – condenado no escândalo do mensalão – salário de R$ 20 mil como gerente, valor bem acima do pago
pelo mercado.
Após a denúncia ser publicada pela imprensa, Dirceu
formalizou a desistência do trabalho. Em ofício à Vara de Execuções Penais a defesa do
ex-ministro, condenado nas denúncias do mensalão, escreveu que o Dirceu “não considera justo que outras pessoas,
transformadas em alvo de ódio e perseguição exclusivamente por um gesto de
generosidade, estejam obrigadas a partilhar da sanha persecutória que se abate
contra ele”. Após a repercussão do caso, Dirceu recuou e foi trabalhar no
escritório do advogado José Gerardo Grossi.
Os sem-teto chegaram ao local por volta das 2h da madrugada desta segunda-feira (14/9). Pelas contas do movimento são 450 famílias, mas a Polícia Militar informou que são cerca de 150 pessoas. Elas teriam ocupado pelo menos sete andares do edifício. As imagens mostram que, apesar de estar fechado desde março, os quartos estão mobiliado com colchões, frigobar, aparelhos de televisão e cortinas.
O
coordenador do movimento, Francinaldo Silva relatou que as famílias foram
retiradas do estacionamento do Setor Bancário Norte (SBN) no sábado (12/9).
Então, seguiram para o Conic, de onde também foram expulsas no domingo (13/9). "Decidimos ir para a Codhab (Companhia
de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal) mas, no meio do caminho
vimos o prédio abandonado e ocupamos", relatou. [o governo é convivente quando deixa esses arruaceiros se deslocarem
livremente pelas ruas. Na primeira retirada – estacionamento do SBN, o
autointitulado coordenador do movimento deveria ter sido detido para
averiguações – e outros pseudo líderes – e o restante dos invasores dispersados
pela polícia.]
O
grupo é o mesmo que estava acampado há mais de dois meses no SBN, próximo à sede da Secretaria de
Fazenda. Apesar de o prédio estar abandonado há algum tempo, o agente Carlos
Reis, da Defesa Civil do DF disse que o órgão não deve atuar, pois, "não há indicação de risco de queda ou
desabamento da estrutura".
Terminou
no fim da manhã uma reunião entre integrantes da Secretaria de Relações
Institucionais e Sociais (Seris); da Codhab, Secretaria de Desenvolvimento
Urbano e Social e do Subsecretaria de Estado da Ordem Pública e Social do
Distrito Federal (Seops). Após discutir o problema, o
governo chegou a conclusão de que as negociações com o grupo estão encerradas
até que eles apresentem um documento que prove a existência do movimento, como
um estatuto, por exemplo.
No que diz respeito à possíveis
ações de desocupação, o governo
só vai agir se houver uma decisão judicial de reintegração de posse por se
tratar de um imóvel particular. “O
governo não vai se opor a uma decisão judicial”, informou Manoel Alexandre,
subsecretário da Seris.
Desde o
início da invasão, policiais militares
se posicionaram em frente ao prédio para impedir aqueles que saiam do prédio de
retornarem. Entre outras coisas, os sem-teto reivindicam
a prorrogação do pagamento do auxílio-aluguel. No feriado do Dia da
Independência, cerca de 300 integrantes bloquearam o Eixo Monumental, altura da
Rodoviária do Plano Piloto, e atearam fogo em pneus.
Fonte: Correio Braziliense