A frase analisada na crônica passada é tão esdrúxula que escrevi esta
continuação para acentuar o aspecto de, como dito na semana passada, ser
mais um jogo de palavras para enganar incautos que a conclusão
decorrente de qualquer exercício do método cartesiano (em suas quatro
regras básicas: verificar, analisar, sintetizar e enumerar).
A frase:
“Você pensa que pensa? Pensa mal. Quem pensa por você são as redes
sociais. Quem vota por você são as redes sociais”. Ao se pronunciar a
“Ministra” disse estar partindo de outra que ouviu de um dos melhores
amigos – um velho comunista (aqui) – que dizia: “Você pensa que pensa? Pensa mal. Quem pensa por você é o Comitê Central”.
Opa! Mudou
de figura, com o novo dado emerge o verdadeiro sentido da frase.
Efetivamente, em sistemas comunistas, inexiste liberdade de expressão e
pensamento, como a história (para quem quer ver) ensina, realmente, há
um comitê central que dita as narrativas que serão contadas pelos meios
de comunicação, sempre oficiais como Pravda na URRS/Rússia ou o Granma – em Cuba.
Sistema
consagrado na figura do Ministério da Verdade do icônico 1984, cujo
slogam era “ignorância é poder”.
Esse comitê ou ministério controlador é
um dos pontos mais buscados no PL 2630 e do qual o atual governo não abre mão nas discussões que hoje acontecem para tentar aprovar o projeto. Querem controle do que é dito ou discutido.
No sistema
de narrativas comandadas e fiscalizadas por comitê – qualquer que seja o
nome -, as pessoas serão impedidas de se expressar e, por fim, de
pensar. Merece, aí, menção outra frase da Ministra durante a
manifestação: “A democracia se baseia na força e na ciência de que
quanto mais você pensar mais você é livre. A Constituição é um documento
de libertação”.
A Constituição de 1988, sim, era um documento de
libertação. Lá está o capítulo dos direitos e garantias individuais,
onde expressas as LIBERDADES do povo brasileiro.
Mas, hoje rasurada,
pisada e picotada pela casa onde a frasista ostenta cadeira - por vezes,
com seu voto - tais liberdades são negadas à nação brasileira.
Parecido
com a frase original é voltar aos tempos de antes das redes sociais.
Poucos meios de comunicação de massa comandavam a narrativa, sem
contraditório ou contestação, e, na maioria dos casos, comentada por
“especialistas” de único viés. Além disso, como sabido, concessões do
PODER CENTRAL e quando este quer se manter, compra favores, sugestiona,
coage, ameaça e até os fecha.
Exemplos nem tão longe na memória
comprovam tais possibilidades!
Produziam o
que hoje “dizem” combater, Fake News? Lógico. Basta lembrar o Fórum de
São Paulo criado em 1990, pelo comunista e ditador Fidel Castro e os
“companheiros” da América Latina, que a velha mídia escondeu por 20
anos e quem ousava falar era tachado de Teorista da Conspiração, só veio
à tona para o grande público quando as redes sociais se popularizaram
pelos idos de 2010.
Breve, breve o inexistente se reunirá em Brasília.
A frase com
a troca de “comitê” por “redes sociais” é falsa. Expressa o oposto da
original. Nada há mais democrático que as redes sociais, onde
surgem milhares de informações, por minuto, e incontáveis opiniões com
vieses de todos os matizes a discuti-las. Isso é liberdade, é
democracia, é permitir pensar e deixar ser livre. Criar órgão regulador
vai igualar as redes à frase original, o comitê (não importa o nome)
controlará a narrativa... alguém ingênuo a ponto de achar que não haverá
interferência do establishment no órgão?
Modificada
nada tem de cartesiano, é uma grande empulhação, inverte o sentido do
original para confundir. Ao fim e ao cabo, o establishment – do qual faz
parte a frasista e seu “tribunal”, hoje com mais poder do que nunca, –
quer voltar ao controle da narrativa, pois como disse na mesma
manifestação: “povo que não pensa não é livre”.
Esqueçam
quando falam ser o PL 2630 para combater as Fake News da extrema-direita
(como a velha mídia chama quem estiver do centro para a direita) ou
regular o poder das Big Techs.
Não se deixem enganar, a busca dos atuais
detentores do poder é CENSURAR e retomar o perdido DOMÍNIO DA
NARRATIVA, que significa poder – como no comitê do velho comunista –,
pois impede o povo de pensar e ser livre.
Encerro com frase que expressa o ideal da liberdade de expressão.
“Posso não
concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito
de dizê-lo.” Evelyn Beatrice Hall, biografista de Voltaire ao sintetizar
seu pensamento sobre liberdade de expressão.
Que Deus tenha piedade de nós!
Do site Percival Puggina - Silvio Munhoz