Gazeta do Povo - VOZES
Imagem ilustrativa.| Foto: Pixabay
Com três anos de atraso se comparado ao Brasil,
os Estados Unidos
lançaram mês passado o FedNow, o
“Pix americano”,
o seus sistema de
pagamentos instantâneos. Você poderia ficar muito alegre com isso,
celebrando nosso pioneirismo na tecnologia de pagamentos instantâneos.
Em tese, fomos mais rápidos que o país mais poderoso do mundo.
Mas eu
não vejo grandes motivos para comemoração, uma vez que, para o cidadão
atento, algo estranho está em jogo.
Em outubro de 2020, uma matéria do InfoMoney abriu meus olhos
para essa questão. O sobretítulo era bem sugestivo: “Sem papel”. O
título trazia um insight ainda mais importante: “Pix é o primeiro passo
do BC no caminho da substituição da moeda em espécie pelo real digital,
dizem especialistas”. Ou seja, ficava claro que o Pix
não era um fim em si, mas uma ponte, uma fase de transição, o início de
um processo para uma realidade completamente distinta, não apenas para
as transações financeiras, mas para a economia em geral e a sociedade
como um todo.
O mundo
inteiro caminha no sentido da substituição do dinheiro físico pelo
dinheiro digital. Um cenário distópico, porém, cada vez mais real.
Para aqueles que estavam pensando que o Brasil havia sido
pioneiro e singular nessa ideia “inovadora”, trata-se, na verdade, de uma
tendência global. Ou, melhor dizendo, uma agenda mundial. Cada vez mais temos
visto um fortalecimento dos bancos centrais ao redor do planeta, conquistando
presença crescente na sociedade.
O mundo inteiro caminha nesse sentido da
substituição do dinheiro físico pelo dinheiro digital.
Essa mudança viabilizará
o monitoramento da pegada de carbono, o estabelecimento do crédito de carbono
e, consequentemente, do crédito social. Um cenário distópico, porém, cada vez
mais real.
Parece inevitável o avanço do poder estatal sobre o poder social. Se você ainda não percebeu isso, faço um convite para ler um artigo de fevereiro de 2020,
com o título: “Federal Reserve apresenta Fedcoin, sua criptomoeda
ameaçadora”. No texto, há uma frase do economista Robert Wenzel que
abriu meus olhos sobre toda essa agenda de mudança: “Uma moeda digital
criada pelo Fed
poderia ser um dos passos mais perigosos tomados por uma agência do
governo. Colocaria, nas mãos do governo, a possibilidade de criar uma
moeda digital com a capacidade de rastrear todas as transações em uma
economia — e proibir transações por algum motivo. Em termos de liberdade
individual no futuro, isso seria um pesadelo”. Fica a reflexão.
O
fato de os Estados Unidos terem inaugurado o seu Pix mostra que seu
processo de substituição do dinheiro físico pelo dinheiro digital
(Fedcoin)
está em processo acelerado. Por aqui
, a crise sanitária e o auxílio emergencial
criaram um cenário muito propício para a inauguração do Pix.
No caso
norte-americano, a justificativa surgiu posteriormente, com a chamada
“desdolarização” do mundo,
junto ao fim do “petrodólar”.
A digitalização das moedas mundo afora pode parecer algo muito empolgante para os chamados “early adopters”,
ou seja, aqueles que adotam novas tecnologias ou novos produtos antes
dos demais.
Porém, o processo inspira preocupação naqueles que entendem o
rumo que as coisas têm seguido em todo o planeta.
No Pix, fomos
pioneiros. Mas,
quanto ao segundo passo –
a inauguração da moeda digital
controlada pelo Banco Central – quem você acha que será o primeiro: Brasil ou EUA? Deixe sua opinião nos comentários. Que Deus nos proteja. Daniel Lopez, jornalista e teólogo, autor de ‘Manual de Sobrevivência do Conservador no Séc. XXI’.- Gazeta do Povo - VOZES