Parlamentares
que representam o funcionalismo público se aliam a integrantes da
''bancada da bala'' e a partidos de oposição para derrubar decisão de
Bolsonaro que congela salários dos servidores até o fim de 2021. E dizem
ter apoio entre governistas
Sancionado
há menos de uma semana, o plano de socorro aos estados e municípios já
passa por mais uma bateria de negociações no Congresso Nacional. A
oposição está se articulando para derrubar o veto do presidente Jair
Bolsonaro que manteve o congelamento dos salários dos servidores
públicos até 2021, como contrapartida para a liberação dos recursos para
o enfrentamento à covid-19 nos entes federativos. E pode contar até com
o apoio de aliados do governo. Deputados da base governista confirmaram
que deve haver “uma unificação de forças” e dizem que, por isso, “não é
impossível derrubar o veto”.
A
negociação está sendo conduzida pela Frente Parlamentar Mista do
Serviço Público, que diz já ter fechado questão pela derrubada do veto
com as bancadas do PDT, PV, Rede e PSB. A medida conta com o apoio do
PT, tanto que o deputado Carlos Veras (PT-PE) apresentou até um projeto
de lei complementar que tenta revogar o artigo que impede o aumento dos
salários de servidores nos próximos 18 meses. O projeto servirá como um
plano B caso os parlamentares não consigam derrubar o veto.
Coordenador
da frente, o deputado Professor Israel (PV-DF) disse que não é só a
oposição que não concorda com a ideia de cobrar dos servidores públicos o
custo da pandemia do novo coronavírus. “Alguns parlamentares de outros
partidos também têm dito que podem apoiar a derrubada do veto, caso a
proposta favoreça os servidores de saúde, educação e também da
segurança. Por isso, estamos fazendo costuras individuais e achamos que
vamos conseguir apoio em muitos partidos”, afirmou Israel, que disse já
ter identificado essa disposição para o acordo até em deputados do DEM e
do PL.
Presidente da bancada da bala, o
deputado Capitão Augusto (PL-SP) admitiu que alguns integrantes da
frente, apesar de apoiarem o governo de Jair Bolsonaro, devem votar pela
derrubada do veto para tentar garantir o reajuste de servidores da
segurança pública, como os policiais. “Seria muito ruim votar contra a
categoria. Eu mesmo estou pedindo a derrubada do veto, assim como os
deputados da saúde e da educação estão fazendo com suas bases”, revelou.
“Acho
que, no fundo, o Bolsonaro aprova o reajuste. Ele só vetou por conta do
Paulo Guedes”, disse Capitão Augusto, que chegou a contar com o apoio
do líder do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), na
tentativa de deixar os policiais de fora da lista de servidores que não
poderão ter reajuste salarial nos próximos 18 meses. O
líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO) disse que
ainda é cedo para dar um veredicto a essa questão.
Ele explicou ainda
que não há data para a avaliação do veto pelo Congresso. E lembrou que o
governo pode negociar do outro lado. Líderes do Centrão, que entrou
recentemente na lista de aliados de Bolsonaro, dizem que, apesar do
apelo dos servidores, estão dispostos a votar pela manutenção do veto
por conta do impacto fiscal dessa medida. Segundo a equipe econômica, o
congelamento deve gerar economia de cerca de R$ 130 bilhões para o setor
público nos próximos 18 meses.
Correio Braziliense