Num
dezembro, há 259 anos, unia-se a Tríplice Aliança para reagir ao
ditador Solano López. Perderam todos os envolvidos naquela guerra. Hoje
os povos da Venezuela e da Guiana não
merecem um novo morticínio, provocado por ambições políticas de um
ditador.
A Comissão Eleitoral da Venezuela anunciou que o resultado do
referendo foi 95% favorável a uma “retomada" do Essequibo, negando o
Acordo de Paris e dando “sim” para as outras quatro perguntas, inclusive
a última, sobre a “retomada”.
Mas o resultado engana porque, dos 20,7
milhões de eleitores, compareceram apenas 10,5 milhões, e 95% de 10,5
milhões são 9,97 milhões de eleitores, ou seja, 48% do total de
eleitores. Se fosse exigida maioria absoluta, e não simples, a ideia de
invasão da Guiana estaria reprovada pelo povo.
O que Maduro quer
é desviar a atenção dos problemas internos, suspender uma eleição,
tentar unir os venezuelanos em torno de um objetivo e, se tudo der
certo, ainda assumir reservas de petróleo que
equivalem a 75% das reservas brasileiras.
O PIB da Guiana, no ano
passado, cresceu 63% por causa do petróleo. A Venezuela tem suas razões
históricas, como tem a Argentina sobre
as Malvinas. Mas – meninos, eu vi – Maduro pode repetir o destino de
Galtieri. Eu cobri aquela guerra de abril de 1982.
O ditador Galtieri
precisava unir o país, fazer os argentinos esquecerem os problemas
internos, e aproveitou uma reivindicação histórica. Só que se tornou a
invasora, a agressora. Perdeu a razão; depois, perdeu seus jovens; e
Galtieri perdeu o poder, encerrando um ciclo de generais.
A derrota
argentina derrubou o moral nacional. Fez muito mal para todos.
Veja Também:
O presidente do Brasil é a pessoa mais indicada para demover Maduro de qualquer aventura. Ele próprio sugeriu que amigos do Hamas interviessem no conflito com Israel;
pois agora ele é o amigo de Maduro que pode interferir. Afinal, Maduro
já lhe deve muito. É mandar Maduro baixar o facho. Só que ele deixa isso
no genérico. “Espero que o bom-senso prevaleça do lado da Venezuela e
do lado da Guiana”. Como assim? A Guiana ameaça? A Guiana é agressora?
Nesse conflito, o sujeito ativo é a Venezuela e o passivo é a Guiana.
O
que é ter bom senso para a Guiana? Entregar 74% do seu território para
não ter guerra? Aliás, foi esse o conselho que Lula deixou em outra
guerra: a Ucrânia poderia ceder suas províncias de etnia russa e terminar a guerra.[o presidente 'Da Silva', cada vez que expele alguma bobagem pela boca, mostra de forma inequívoca que consegue ser mais provido de excesso de falta de inteligência do que o colega venezuelano.
Quanto ao Maduro não detalhar seu plano de ação é simples.
Maduro é bobo mas bem menos que Lula e sabe que as grandes potências, as que realmente contam, começando pelos EUA, anseiam por uma oportunidade de mostrar que ainda tem poder de manter a ordem no mundo, via demonstração de poder econômico, incluindo, sem limitar, fornecimento de armas boicote ao país 'rebelde'.
Precisam compensar o fracasso do boicote que tentaram impor à Rússia, operação na qual não conseguiram êxito - dizem que estão sufocando Putin, mas quem está com falta de ar é a Ucrânia - inclusive o conflito Israel x Hamas desviou atenção da operação militar da Rússia contra a Ucrânia e Zelenski perdeu plateia.
Fica fácil, até para o Maduro, deduzir que será ótimo para os policiais do mundo ter um pretexto para intervir em eventual conflito Venezuela x Guiana e conseguirem fazer com o ditador venezuelano e seus adeptos o que não conseguiram com a Rússia.]
A
Venezuela pode ter armas russas – fuzis, aviões, submarinos – e
chinesas.
Mas os russos estão por demais ocupados com a Ucrânia e a
Europa Ocidental;
e os chineses não vão querer chegar tão perto dos
Estados Unidos agora. Fica mais fácil para Lula convencer Maduro que o
melhor é tentar negociar alguma coisa.
Quem sabe uma nova demarcação do
mar territorial, onde está a maior riqueza de petróleo. Interessante é
que a Venezuela tem reservas de petróleo e está com déficit, porque o
regime acabou com a capacidade industrial do país e a renda está cada
vez mais concentrada numa nomenklatura. [não pode ser olvidado que uma das metas do presidente 'Da Silva' é que amanhã o Brasil esteja em situação igual ou pior que a Venezuela de hoje.] E o povo vai fugindo,
embora não se divulgue mais o acolhimento brasileiro na Operação
Acolhida, em Roraima.
E não custa lembrar: a Guiana era colônia inglesa,
como os Estados Unidos.
Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES